Os Mortos Não Morrem: Filme de zumbis que abriu o Festival de Cannes ganha novo trailer
A Focus Features divulgou uma coleção de pôsteres e o segundo trailer de “Os Mortos Não Morrem” (The Dead Don’t Die), o filme de zumbis de Jim Jarmusch que abriu o Festival de Cannes deste ano. Depois de filmar vampiros em “Amantes Eternos” (2013), o veterano cineasta indie aprofunda sua fase horrorosa com zumbis, que saem dos cemitérios e necrotérios para atacar uma cidadezinha indefesa. O vídeo chega a lembrar “Zumbilândia” em suas lições sobre como matar quem já está morto. O elenco reúne diversos atores com quem Jarmusch trabalhou ao longo dos anos. Bill Murray (“Flores Partidas”), Adam Driver (“Paterson”) e Chloë Sevigny (também de “Flores Partidas”) vivem os policiais que precisam lidar com a situação, enquanto Tilda Swinton (“Amantes Eternos”) emula Michonne, como uma espadachim pronta para usar sua técnica samurai em mortos-vivos. O elenco ainda destaca Selena Gomez como uma adolescente em apuros e Iggy Pop como um dos zumbis canibais, o rapper RZA (do Wu Tang Clan) e até o cantor Tom Waits, que Jarmusch dirigiu no começo da carreira (em “Daunbailó”, de 1986). A estreia comercial está marcada para 14 de junho nos Estados Unidos e um mês depois, em 11 de julho, no Brasil.
Zumbis abrem Festival de Cannes de baixas expectativas
Não deixa de ser sintomático que o Festival de Cannes tenha sido aberto na noite de quarta (14/5) por zumbis, após barrar a Netflix e seus filmes de prestígio, dignos de Oscar, como se viu em relação a “Roma” – vencedor do Festival de Veneza. “Os Mortos Não Morrem’ (The Dead Don’t Die), de Jim Jarmusch, é um filme assumidamente trash, que concorre à Palma de Ouro com Iggy Pop no papel de zumbi e um elenco repleto de estrelas – Adam Driver, Tilda Swinton, Bill Murray, Chloë Sevigny, Steve Buscemi, Selena Gomez, Tom Waits e outros que, pelo menos, dão ao tapete vermelho do festival a ilusão de glamour hollywoodiano. A trama não se preocupa com lógica, os personagens são clichês e Jarmusch ainda assumiu, em entrevista coletiva no evento, ter se inspirado em George A. Romero, o criador dos zumbis modernos, cujos filmes originais jamais foram tratados com a mesma reverência por Cannes. Por sinal, que entrevista coletiva desanimada! A crítica ficou dividida. “Como é um filme de zumbi de Jim Jarmusch? Exatamente como você esperaria: uma comédia de mortos-vivos irônica e hipster que visualiza o apocalipse de forma blasé e autoconsciente. ‘Os Mortos Não Morrem’ quer ser uma comédia macabra de ponta, mas a verdade é que está atrás da curva da cultura pop. Por isso é tão decepcionante”, tascou a revista Variety. Agora, a imprensa torce para não se decepcionar com “Dor e Glória”, de Pedro Almodóvar, “Sorry We Missed You”, do britânico Ken Loach, e “A Hidden Life”, de Terrence Malick. A lista inclui ainda “Frankie”, de Ira Sachs, “Le Jeune Ahmed”, dos irmãos Dardenne, “Matthias and Maxime”, de Xavier Dolan, “Oh Mercy”, de Arnaud Desplechin, “O Traidor”, coprodução brasileira dirigida pelo italiano Marco Bellocchio. São filmes de cineastas óbvios, que estão sempre em Cannes, como se sua inclusão fosse obrigatória ou resultado de piloto automático. O flerte com o tédio só é interrompido pela expectativa da première de “Era uma Vez em Hollywood”, o novo lançamento de Quentin Tarantino. Uma inclusão de última hora. E pela perspectiva embutida nas premières de “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, “Parasite”, de Bong Joon-ho, “Portrait de la Jeune Fille en Feu”, de Céline Sciamma, e “It Must Be Heaven”, de Elia Suleiman, representantes da nova geração. Cannes encontra-se numa encruzilhada em sua cruzada contra o streaming, mas não se deve descartar a possibilidade de surpresas. Se parece haver poucas novidades sob o sol da Riviera Francesa, o escuro do cinema sempre pode reverter as baixas expectativas inauguradas por zumbis que fazem rir.
Festival de Cannes barra Netflix e fica com poucos filmes americanos
O Festival de Cannes 2019 vai começar em 14 de maio com a exibição do novo longa de Jim Jarmusch, “The Dead Don’t Die”. Mas sua seleção de títulos, anunciada nesta quinta (18/4), aponta uma das edições do festival com menos filmes americanos em todos os tempos – apenas três obras dos Estados Unidos disputam a Palma de Ouro. Também terá a abertura mais trash de todas, com os zumbis de Jarmusch. O diretor do festival, Thierry Frémaux, descreveu a seleção como uma mistura “romântica e política” que enfatiza uma gama colorida de personagens, de mortos-vivos a pintores e imigrantes. Não deixa de ser sintomático que um dos nomes mais famosos da lista de cineastas concorrentes à Palma de Ouro seja Pedro Almodóvar, que presidiu o júri do festival há dois anos, ocasião em que fez muitas críticas à participação da Netflix. Os filmes da plataforma de streaming foram barrados no evento. Frémaux dobrou sua aposta contra a Netflix, após impedir “Roma” de disputar a Palma de Ouro no ano passado. Mas “Roma” acabou vencendo o Festival de Veneza e três Oscars. Neste ano, Cannes poderia lançar “The Irishman”, o novo filme de Martin Scorsese, além de “The Laundromat”, de Steven Soderbergh, e “The King”, de Noah Baumbach, todos estrelados por grandes astros de Hollywood. Mas prefere ver esses filmes brilharem no festival italiano. O caso de “Parasite”, novo filme do sul-coreano Bong Joon-ho, chama atenção porque seu filme anterior, “Okja”, lançado pela Netflix, foi responsável por gerar a polêmica da participação de produções de streaming em Cannes. Depois de toda a controvérsia, o cineasta volta ao festival com um filme sem a chancela da Netflix. E é um dos poucos nomes conhecidos da seleção oficial. Além de “Parasite”, de Joon-ho, e “Dor e Glória”, o novo Almodóvar, outras obras de diretores renomados no evento são “Sorry We Missed You”, do britânico Ken Loach, de 82 anos (que ganhou a Palma de Ouro em 2016 com “Eu, Daniel Blake”), “A Hidden Life”, do americano Terrence Malick, “Frankie”, do também americano Ira Sachs, “Le Jeune Ahmed”, dos belgas irmãos Dardenne, “Matthias and Maxime”, do canadense Xavier Dolan, “Oh Mercy”, do francês Arnaud Desplechin e “O Traidor”, coprodução brasileira dirigida pelo italiano Marco Bellocchio. Saiba mais sobre os longas brasileiros da competição aqui. Muitos esperavam que Quentin Tarantino aproveitasse o festival para lançar o aguardado “Era uma Vez em Hollywood”, mas ele ainda não terminou a edição do filme. Caso consiga finalizá-la a tempo, tem vaga reservada. O Festival de Cannes 2019 acontece de 14 a 25 de maio. Veja abaixo a lista completa dos filmes selecionados. Competição da Palma de Ouro “Dor e Glória”, de Pedro Almodovar “O Traidor”, de Marco Bellocchio “Wild Goose Lake”, de Yinan Diao “Parasite”, de Bong Joon-ho “Le Jeune Ahmed”, de The Dardenne Brothers “Oh Mercy!”, de Arnaud Desplechin “Atlantique”, de Mati Diop “Matthias and Maxime”, de Xavier Dolan “Little Joe”, de Jessica Hausner “Sorry We Missed You”, de Ken Loach “Les Miserables”, de Ladj Ly “A Hidden Life”, de Terrence Malik “Bacurau”, de Kleber Mendonca Filho e Juliano Dornelles “The Whistlers”, de Corneliu Porumboiu “Frankie”, de Ira Sachs “The Dead Don’t Die”, de Jim Jarmusch “Portrait of a Lady on Fire”, de Celine Sciamma “It Must Be Heaven”, de Elia Suleiman “Sybil”, de Justine Triet Fora de Competição “Rocketman”, de Dexter Fletcher “The Best Years of Life”, de Claude Lelouch “Maradona”, de Asif Kapadia “La Belle Epoque”, de Nicolas Bedos “Too Old to Die Young”, de Nicolas Winding Refn (dois episódios da série) Exibições Especiais “Share”, de Pippa Bianco “Family Romance LLC”, de Werner Herzog “Tommaso”, de Abel Ferrara “To Be Alive and Know It”, de Alain Cavalier “For Sama”, de Waad Al Kateab e Edward Watts Sessão da Meia-Noite “The Gangster, The Cop, The Devil”, de Lee Won-Tae Mostra Um Certo Olhar “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, de Karim Aïnouz “Beanpole”, de Kantemir Balagov “The Swallows of Kabul”, de Zabou Breitman e Eléa Gobé Mévellec “A Brother’s Love”, de Monia Chokri “The Climb”, de Michael Covino “Joan of Arc”, de Bruno Dumont “A Sun That Never Sets”, de Olivier Laxe “Chambre 212”, de Christophe Honoré “Port Authority”, de Danielle Lessovitz “Papicha”, de Mounia Meddour “Adam”, de Maryam Touzani “Zhuo Ren Mi Mi”, de Midi Z “Liberte”, de Albert Serra “Bull”, de Annie Silverstein “Summer of Changsha”, de Zu Feng “EVGE”, de Nariman Aliev

