Henry Jaglom morre aos 87 anos após carreira fora do padrão em Hollywood
Diretor independente explorou relações pessoais em obras fora do padrão e manteve parceria com Orson Welles
Ator de “Família Soprano” Jerry Adler morre aos 96 anos
O veterano dos bastidores da Broadway e ator de séries morreu no sábado em Nova York
Trenó Rosebud, de “Cidadão Kane”, é leiloado por US$ 14,75 milhões e se torna uma das maiores relíquias do cinema
Objeto icônico de "Cidadão Kane" foi vendido por valor recorde, tornando-se a segunda peça mais cara da história dos leilões de memorabilia do cinema
Academia investiga venda do Oscar de Orson Welles por “Cidadão Kane”
A estatueta do Oscar que Orson Welles ganhou por escrever seu épico de 1941, “Cidadão Kane”, foi vendida por US$ 645 mil em um leilão realizado pela Heritage Auctions. No entanto, a venda pode não ter sido totalmente legal, devido a uma estipulação em um termo assinado pela filha de Welles, Beatrice, ao receber o troféu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Estatueta substituta com cláusula de venda A peça vendida não era o Oscar original que Welles ganhou, mas uma substituição que Beatrice solicitou em 1988, três anos após a morte de seu pai em 1985, aos 70 anos de idade. Beatrice pediu à Academia uma substituição, já que a família do cineasta não conseguiu encontrar o Oscar original entre seus pertences quando ele faleceu. A Academia atendeu e enviou uma estatueta substituta, mas ela veio com uma estipulação em um termo que Beatrice assinou. O termo declarava que a estatueta não poderia ser vendida a menos que fosse primeiro oferecida de volta à Academia pelo preço de apenas um dólar. Este é o acordo padrão que a Academia implementou em 1950, depois que Oscars ganhos antes disso foram vendidos ou leiloados. A história se complica A história se complica ainda mais, pois, em 1994, o Oscar “perdido” original de Welles foi colocado em leilão na Sotheby’s de Londres. A estatueta foi vinculada a Gary Graver, um diretor de fotografia que estava trabalhando no inacabado filme de 1974 de Welles, “O Outro Lado do Vento”. Graver alegou que Welles lhe deu o Oscar como pagamento por trabalhar no projeto financeiramente restrito. Graver então vendeu o Oscar por US$ 50 mil para uma empresa não identificada que o colocou em leilão na Sotheby’s com um lance inicial de US$ 250 mil. Quando a Sotheby’s notificou Beatrice para verificar se o Oscar era autêntico, ela processou e o tribunal decidiu que o Oscar não foi dado como “pagamento”, devolvendo o Oscar original para ela. Ela até tentou vender o original em 2003, já que ele não era coberto pela cláusula da Academia. Ainda assim, a organização tentou impedir que ela vendesse o troféu. Ao final, um juiz decidiu a favor de Beatrice e ela vendeu a estatueta por um valor não especificado. Esse comprador desconhecido tentou por anos revendê-la sem sucesso até 2011, quando arrematou impressionantes US$ 871,5 mil. O Oscar ganho pelo co-roteirista de “Cidadão Kane”, Herman J. Mankiewicz, foi leiloado um ano depois por outra soma considerável, US$ 588,4 mil. A questão da legalidade Embora o leilão da Heritage tenha listado vários itens que vieram do Patrimônio de Welles – como três estatuetas do Grammy (US$ 45 mil), a máquina de escrever de Welles (US$ 81,2 mil) e três certificados de indicação ao Oscar de “Cidadão Kane” (US$ 105 mil), o Oscar substituto não foi listado como vindo da família. O consignatário não foi identificado, embora a listagem tenha dito que viria com um certificado de autenticidade. A Heritage também tem uma política que garante que todo consignatário deve ser legítimo e capaz de vender legalmente o item. Se o Oscar substituto veio de Beatrice, a questão permanece por que ela não o listaria sob o Patrimônio de Welles, como fez com os outros itens. A Heritage também tem uma política que permite que os vencedores do leilão ofereçam imediatamente o item à venda por meio deles assim que o leilão termina, e o comprador misterioso parece estar fazendo exatamente isso, oferecendo-o novamente à venda por US$ 967 mil. A Academia investigará Ainda assim, o comprador (e agora potencial vendedor) ainda não foi identificado, embora pareça que a Academia lançará uma investigação de algum tipo. “Eles estarão investigando isso”, disse um porta-voz da organização em uma breve declaração sobre a venda.
Bert I. Gordon, diretor de filmes B de terror e sci-fi, morre aos 100 anos
Bert I. Gordon, diretor de filmes B de terror e ficção científica, morreu na quarta-feira (8/3) na sua casa em Los Angeles devido a complicações de uma queda. Ele tinha 100 anos. Entre seus muitos filmes, destacam-se as produções de baixo orçamento “A Maldição do Monstro Sinistro” (1957), “O Monstro Atômico” (1957), “Attack of the Puppet People” (1958) e “Sangue no Farol” (1960). Bert Ira Gordon nasceu em 24 de setembro de 1922, em Kenosha, Wisconsin. Ele ganhou sua primeira câmera quando tinha apenas 9 anos e já começou a fazer experimentos com imagens desde a infância. Após se formar na Universidade de Wisconsin, ele começou a carreira em comerciais de TV. O pulo para o cinema aconteceu em 1954, quando produziu o filme “Serpent Island” (1954), estrelado por Sonny Tufts. Sua estreia como diretor aconteceu no ano seguinte, com “King Dinosaur” (1955), filme com um orçamento de US$ 18 mil em que Godon filmava um pequeno iguana no papel do tal dinossauro do título. Especializando-se em produções baratas, apenas na década de 1950 Gordon dirigiu sete filmes, incluindo “War of the Colossal Beast” (1958) e “A Maldição da Aranha” (1958) que, como os próprios nomes sugerem, mostram as pessoas sendo aterrorizadas por feras do mar e por aranhas. Ainda que seus filmes fossem de baixo orçamento, ele conseguia atrair grandes atores para os projetos. Don Ameche, Martha Hyer e Zsa Zsa Gabor estrelaram “O Estranho Retrato” (1966), Peter Graves protagonizou “Beginning of the End” (1957), Basil Rathbone participou de “As Sete Maldições de Lodac” (1962) e os jovens Beau Bridges e Ron Howard estrelaram “A Cidade dos Gigantes” (1965). E se isso não fosse suficiente, Gordon ainda conseguiu escalar ninguém menos que Orson Welles para interpretar o líder de um grupo de bruxas no terror “O Feiticeiro” (1972). Aventurando-se em outros gêneros, ele também escreveu e dirigiu a comédia “How to Succeed with Sex” (1970), sobre um homem que lê um livro sobre sedução e tenta usar esses ensinamentos para conseguir uma namorada. Sua filmografia também inclui o policial “The Mad Bomber” (1973), a comédia “Terapia do Amor” (1982) e o romance “A Grande Aposta” (1987). Porém, seu maior interesse era mesmo por filmes de terror e de monstros, que incluem alguns clássicos trash, como “A Fúria das Feras Atômicas” (1976), “O Império das Formigas” (1977), “Testemunha do Diabo” (1982) e “Força Satânica” (1989). Após o lançamento deste último, Bert I. Gordon se manteve afastado do cinema por 26 anos, voltando à cadeira do diretor apenas em 2015, quando realizou o terror “Secrets of a Psychopath”, seu último crédito como cineasta. Veja abaixo trailers de cinco filmes que, de tão ruins, transformaram Bert I. Gordon num diretor cultuado.
Filme de Chantal Akerman é eleito o melhor de todos os tempos
A revista britânica Sight & Sound, publicação oficial do British Film Institute, divulgou nessa quinta (1/12) a nova versão atualizada de sua tradicional lista com os melhores filmes de todos os tempos. A lista é organizada a cada dez anos e conta com a participação de alguns dos críticos e estudiosos de cinema mais importantes do mundo, que enviam as suas listas individuais para serem contabilizadas. O resultado deste ano foi surpreendente por incluir um filme europeu à frente dos habituais favoritos da velha Hollywood, “Um Corpo Que Cai” (1958), escolhido da crítica em 2012, e “Cidadão Kane” (1941), o eleito de 2002. Eles continuam no Top 3, mas atrás de “Jeanne Dielman” (1975), da belga Chantal Akerman. Com quase três horas e meia de duração, a produção franco-belga mostra a rotina de uma dona de casa solitária (Delphine Seyrig) que faz suas tarefas diárias, cuida do apartamento e do filho adolescente. No entanto, acontece algo que muda sua rotina. Curiosamente, “Jeanne Dielman” tinha aparecido na lista de 2012 apenas em 35° lugar. Seu crescimento entre a crítica também marcou a primeira vez que um filme dirigido por uma mulher ficou em 1º lugar na lista britânica. A diversidade também se manifestou nos filmes que completam o Top 5: o japonês “Era uma vez em Tóquio” (1953), de Yasujiro Ozu, seguido pelo chinês “Amor à Flor da Pele” (2000), de Wong Kar-Wai. O Top 10 segue mesclando produções de Hollywood e do cinema europeu, com “2001, Uma Odisséia no Espaço” (1968), de Stanley Kubrick, “Bom Trabalho” (1998), de Claire Denis, “Cidade dos Sonhos” (2001), de David Lynch, “Um Homem com uma Câmera” (1929), de Dziga Vertov, e “Cantando na Chuva” (1952), de Stanley Donen e Gene Kelly. A lista completa é uma relação com todos os suspeitos esperados pelos cinéfilos, mas também guarda algumas idiossincrasias, como o curta-metragem “Tramas do Entardecer” (1943), da pioneira cineasta indie Maya Deren em 16º lugar. E entre os clássicos de Bergman, Murnau, Ford, Coppola, Renoir, Varda, Kurosawa, Dreyer, Tati, Chaplin, Lang, Wilder, Scorsese, Godard, Tarkovsky, Fellini, Visconti e Bresson, a maior surpresa é encontrar três filmes muito contemporâneos: “Retrato de Uma Jovem em Chamas” (2019), da francesa Céline Sciamma, “Parasita” (2019), do sul-coreano Bong Joon Ho, e “Corra!” (2017), do americano Jordan Peele. Confira abaixo o trailer de “Jeanne Dielman” e o Top 100 completo. 1. “Jeanne Dielman” (Chantal Akerman, 1975) 2. “Um Corpo Que Cai” (Alfred Hitchcock, 1958) 3. “Cidadão Kane” (Orson Welles, 1941) 4. “Era Uma Vez em Tóquio (Ozu Yasujiro, 1953) 5. “Amor à Flor da Pele” (Wong Kar-wai, 2001) 6. “2001: Uma Odisseia no Espaço” (Stanley Kubrick, 1968) 7. “Bom Trabalho” (Claire Denis, 1998) 8. “Cidade dos Sonhos” (David Lynch, 2001) 9. “Um Homem com uma Câmera” (Dziga Vertov, 1929) 10. “Cantando na Chuva” (Stanley Donen e Gene Kelly, 1951) 11. “Aurora” (F.W. Murnau, 1927) 12. “O Poderoso Chefão” (Francis Ford Coppola, 1972) 13. “A Regra do Jogo” (Jean Renoir, 1939) 14. “Cléo de 5 às 7” (Agnès Varda, 1962) 15. “Rastros de Ódio” (John Ford, 1956) 16. “Tramas do Entardecer” (Maya Deren e Alexander Hammid, 1943) 17. “Close-Up” (Abbas Kiarostami, 1989) 18. “Quando Duas Mulheres Pecam” (Ingmar Bergman, 1966) 19. “Apocalypse Now” (Francis Ford Coppola, 1979) 20. “Os Sete Samurais” (Akira Kurosawa, 1954) 21. (EMPATE) “A Paixão de Joana D’Arc” (Carl Theodor Dreyer, 1927) 21. (EMPATE) “Pai e Filha” (Ozu Yasujiro, 1949) 23. “Playtime – Tempo de Diversao” (Jacques Tati, 1967) 24. “Faça a Coisa Certa” (Spike Lee, 1989) 25. (EMPATE) “A Grande Testemunha” (Robert Bresson, 1966) 25. (EMPATE) “O Mensageiro do Diabo” (Charles Laughton, 1955) 27. “Shoah” (Claude Lanzmann, 1985) 28. “As Pequenas Margaridas” (Věra Chytilová, 1966) 29. “Taxi Driver” (Martin Scorsese, 1976) 30. “Retrato de Uma Jovem em Chamas” (Céline Sciamma, 2019) 31. (EMPATE) “O Espelho” (Andrei Tarkovsky, 1975) 31. (EMPATE) “8½” (Federico Fellini, 1963) 31. (EMPATE) “Psicose” (Alfred Hitchcock, 1960) 34. “O Atalante” (Jean Vigo, 1934) 35. “Pather Panchali” (Satyajit Ray, 1955) 36. (EMPATE) “Luzes da Cidade” (Charlie Chaplin, 1931) 36. (EMPATE) “M – O Vampiro de Dusseldord” (Fritz Lang, 1931) 38. (EMPATE) “Acossado” (Jean-Luc Godard, 1960) 38. (EMPATE) “Quanto Mais Quente Melhor” (Billy Wilder, 1959) 38. (EMPATE) “Janela Indiscreta” (Alfred Hitchcock, 1954) 41. (EMPATE) “Ladrões de Bicicleta” (Vittorio De Sica, 1948) 41. (EMPATE) “Rashomon” (Akira Kurosawa, 1950) 43. (EMPATE) “Stalker” (Andrei Tarkovsky, 1979) 43. (EMPATE) “O Matador de Ovelhas” (Charles Burnett, 1977) 45. (EMPATE) “Intriga Internacional” (Alfred Hitchcock, 1959) 45. (EMPATE) “A Batalha de Argel” (Gillo Pontecorvo, 1966) 45. (EMPATE) “Barry Lyndon” (Stanley Kubrick, 1975) 48. (EMPATE) “Wanda” (Barbara Loden, 1970) 48. (EMPATE) “A Palavra” (Carl Theodor Dreyer, 1955) 50. (EMPATE) “Os Incompreendidos” (François Truffaut, 1959) 50. (EMPATE) “O Piano” (Jane Campion, 1992) 52. (EMPATE) “News from Home” (Chantal Akerman, 1976) 52. (EMPATE) “O Medo Consome a Alma” (Rainer Werner Fassbinder, 1974) 54. (EMPATE) “Se Meu Apartamento Falasse” (Billy Wilder, 1960) 54. (EMPATE) “O Encouraçado Potemkin” (Sergei Eisenstein, 1925) 54. (EMPATE) “Sherlock Jr.” (Buster Keaton, 1924) 54. (EMPATE) “O Desprezo” (Jean-Luc Godard 1963) 54. (EMPATE) “Blade Runner, o Caçador de Androides” (Ridley Scott 1982) 59. “Sans soleil” (Chris Marker 1982) 60. (EMPATE) “Filhas do Pó” (Julie Dash 1991) 60. (EMPATE) “A Doce Vida” (Federico Fellini 1960) 60. (EMPATE) “Moonlight – Sob a Luz do Luar” (Barry Jenkins 2016) 63. (EMPATE) “Casablanca” (Michael Curtiz 1942) 63. (EMPATE) “Os Bons Companheiros” (Martin Scorsese 1990) 63. (EMPATE) “O Terceiro Homem” (Carol Reed 1949) 66. “A Viagem da Hiana” (Djibril Diop Mambéty 1973) 67. (EMPATE) “Os Catadores e Eu” (Agnès Varda 2000) 67. (EMPATE) “Metropolis” (Fritz Lang 1927) 67. (EMPATE) “Andrei Rublev” (Andrei Tarkovsky 1966) 67. (EMPATE) “Os Sapatinhos Vermelhos” (Michael Powell & Emeric Pressburger 1948) 67. (EMPATE) “La Jetée” (Chris Marker 1962) 72. (EMPATE) “Meu Amigo Totoro” (Miyazaki Hayao 1988) 72. (EMPATE) “Romance na Itália” (Roberto Rossellini 1954) 72. (EMPATE) “A Aventura” (Michelangelo Antonioni 1960) 75. (EMPATE) “Imitação da Vida” (Douglas Sirk 1959) 75. (EMPATE) “Intendente Sansho” (Mizoguchi Kenji 1954) 75. (EMPATE) “A Viagem de Chihiro” (Miyazaki Hayao 2001) 78. (EMPATE) “Um Dia Quente de Verão” (Edward Yang 1991) 78. (EMPATE) “Satantango” (Béla Tarr 1994) 78. (EMPATE) “Céline e Julie Vão de Barco” (Jacques Rivette 1974) 78. (EMPATE) “Tempos Modernos “(Charlie Chaplin 1936) 78. (EMPATE) “Crepúsculo dos Deuses” (Billy Wilder 1950) 78. (EMPATE) “Neste Mundo e no Outro” (Michael Powell & Emeric Pressburger 1946) 84. (EMPATE) “Veludo Azul” (David Lynch 1986) 84. (EMPATE) “O Demônio das Onze Horas” (Jean-Luc Godard 1965) 84. (EMPATE) “História(s) do Cinema” (Jean-Luc Godard 1988-1998) 84. (EMPATE) “O Espírito da Colmeia” (Victor Erice, 1973) 88. (EMPATE) “O Iluminado” (Stanley Kubrick, 1980) 88. (EMPATE) “Amores Expressos” (Wong Kar Wai, 1994) 90. (EMPATE) “Madame de…” (Max Ophüls, 1953) 90. (EMPATE) “O Leopardo” (Luchino Visconti, 1962) 90. (EMPATE) “Contos da Lua Vaga” (Mizoguchi Kenji, 1953) 90. (EMPATE) “Parasita” (Bong Joon Ho, 2019) 90. (EMPATE) “Yi Yi” (Edward Yang, 1999) 95. (EMPATE) “Um Condenado à Morte Escapou” (Robert Bresson, 1956) 95. (EMPATE) “A General” (Buster Keaton, 1926) 95. (EMPATE) “Era Uma Vez no Oeste” (Sergio Leone, 1968) 95. (EMPATE) “Corra!” (Jordan Peele, 2017) 95. (EMPATE) “Black Girl” (Ousmane Sembène, 1965) 95. (EMPATE) “Mal dos Trópicos” (Apichatpong Weerasethakul, 2004)
Norman Lloyd (1914-2021)
O ator, produtor e diretor norte-americano Norman Lloyd, que em mais de 80 anos de carreira colaborou com lendas do cinema como Charles Chaplin e Alfred Hitchcock, morreu dormindo aos 106 anos de idade nesta terça-feira (11/5), em sua casa em Los Angeles. O ator era uma parte da história de Hollywood. Ele adorava entreter colegas e o público de festivais com histórias de suas partidas de tênis com Chaplin, sua amizade com Alfred Hitchcock, o trabalho com o diretor francês Jean Renoir, a beleza da atriz Ingrid Bergman, e sobre com deu a Stanley Kubrick um de seus primeiros empregos na TV. Lloyd começou a se destacar como ator na conhecida Mercury Theatre, companhia de teatro fundada em 1937 pelo ator e diretor Orson Welles. Ele chegou a ser convidado a estrear no cinema em “Cidadão Kane” (1941), primeiro filme dirigido por Welles, mas recusou. Em vez disso, chegou às telas como o personagem-título de “Sabotador”, filme de espionagem dirigido pelo mestre Hitchcock em 1942, onde representou uma cena icônica, ao pular da Estátua da Liberdade no clímax da história. Ele foi outro vilão logo em seguida, em “Amor à Terra” (1945), co-escrito pelo lendário escritor William Faulkner e dirigido por Jean Renoir. Ainda voltou a trabalhar com Hitchcock no clássico noir “Quando Fala o Coração” (Spellbound, 1945), vivendo um paciente na clínica psiquiátrica de Ingrid Bergman. Também foi um soldado no célebre drama de guerra “Um Passeio ao Sol” (1945), de Lewis Milestone. E isso apenas em 1945. Nos anos seguintes, foi dirigido por outros mestres do cinema, como Jules Dassin (“Uma Carta para Eva”, 1946), Anthony Mann (“A Sombra da Guilhotina”, 1949), Jacques Tourneur (“O Gavião e a Flecha”), Joseph Losey (“O Maldito”, 1951), Richard Brooks (“O Milagre do Quadro”, 1951) e, claro, Chaplin. Ele interpretou um coreógrafo em “Luzes da Ribalta” (1952), o segundo longa falado de Chaplin. Inquieto, Lloyd não queria apenas atuar. Depois de participar de mais um filme dirigido por Lewis Milestone, “O Pintor de Almas” (1948), convenceu o cineasta a contratá-lo como assistente de produção, vindo a trabalhar nos bastidores de dois filmes do diretor, “Arco do Triunfo” (1948) e “O Vale da Ternura” (1949). Ao migrar para a TV nos anos 1950, decidiu começar a dirigir. Mas se sentia inseguro na nova função. Por isso, convocou um jovem estagiário para virar diretor de segunda unidade e ajudá-lo a gravar uma minissérie sobre Abraham Lincoln. O rapaz se chamava Stanley Kubrick. Depois disso, ele foi atrás de outro diretor amigo, Alfred Hichcock, para entrar na equipe da série que levava o nome do cineasta. Lloyd acabou virando produtor de “Alfred Hitchcock Apresenta”. Não só isso. Ele dirigiu 19 episódios da série de suspense, consolidando sua carreira de diretor de TV, que se estendeu até os anos 1980. Lloyd também foi o showrunner da série “Alfred Hitchcock Hour” nos anos 1960 e chegou a desenvolver a produção de um filme do diretor, “Short Night”, que Hitchcock filmaria após “Trama Macabra” (1976), mas uma piora na saúde do cineasta nunca permitiu que o projeto saísse do papel. Hitchcock morreu em 1980. Paralelamente a seus trabalhos atrás das câmeras, Lloyd continuou atuando em séries e filmes. Na TV, pareceu em “Galeria do Terror”, “Kojak”, “O Homem da Máfia” e “Jornada nas Estrelas: A Próxima Geração”, além de ter integrado o elenco central da série médica “St. Elsewhere”, responsável por popularizar Denzel Washington. No papel do Dr. Daniel Auschlander, Lloyd participou de todas as seis temporadas da atração, exibidas entre 1982 e 1988. No cinema, continuou colecionando grandes filmes e cineastas maiores, vivendo um médico no terror “As Duas Vidas de Audrey Rose” (1977), de Robert Wise, o diretor da escola do cultuadíssimo “A Sociedade dos Poetas Mortos” (1990), de Peter Weir, o dono de uma firma jurídica em “A Época da Inocência” (1993), de Martin Scorsese, etc. Até se despedir das telas com uma participação em “Descompensada”, de Judd Apatow, em 2015. “Lloyd acendia cada momento em que estivesse presente”, escreveu Apatow na revista Vanity Fair à época. Apesar dessa carreira tão ilustre, Norman Lloyd nunca virou um astro do primeiro time, tanto que um documentário de 2007 sobre sua vida chegou às telas com o título de “Who Is Norman Lloyd?” (Quem é Norman Lloyd).
Busca por filme perdido de Orson Welles no Brasil vai virar documentário
A busca por um filme perdido de Orson Welles no Brasil vai pautar um documentário do canal pago americano TCM, do conglomerado WarnerMedia. A investigação, que será conduzida pelo diretor Joshua Grossberg, buscará no território brasileiro pistas da versão original de “Soberba” (The Magnificent Ambersons), desaparecida há três quartos de século. Filmado por Welles logo após “Cidadão Kane” (1941), o drama teve sua exibição editada pelos estúdios RKO, que cortaram grande parte do material original – nada menos do que 43 minutos. Além disso, o estúdio acrescentou cenas não filmadas por Welles e mudou o final, originando o grande desgosto do diretor com Hollywood. Grossberg acredita que uma cópia do original possa estar no Brasil, porque Welles veio filmar aqui seu filme seguinte, o inacabado “É Tudo Verdade”, que teve cenas descobertas num depósito da Paramount durante os anos 1980. Seu objetivo é restaurar as imagens perdidas para projetar a “versão do diretor” de “Soberba” nos cinemas. “A versão estendida de ‘Metrópolis’ de Fritz Lang foi encontrada em um museu argentino em 2008, então também pode ser que a cópia perdida de ‘Soberba’ exista em algum lugar no Brasil”, disse o documentarista em um comunicado. Veja abaixo o trailer da versão lançada nos cinemas em 1942.
David Fincher revela contrato de exclusividade com a Netflix
Durante a divulgação de seu novo filme “Mank”, que chega na Netflix em três semanas, o diretor David Fincher revelou que assinou um contrato de exclusividade com a plataforma de streaming para os próximos quatro anos. Sem divulgar detalhes de futuros lançamentos, o cineasta disse que os próximos projetos dependerão do desempenho de “Mank” “Dependendo da recepção, ou eu vou vê-los timidamente para perguntar o que posso fazer para me redimir, ou tomar a atitude arrogante de fazer mais filmes em preto e branco”, brincou o diretor, em entrevista à revista francesa Première. “Não, eu estou aqui para entregar conteúdo, não importa o que seja. Provavelmente atrair um público da minha pequena esfera de influência”. Fincher tem uma parceria antiga com a Netflix, tendo dirigido e produzido a primeira série premiada da plataforma, “House of Cards”. Ele também desenvolveu “Mindhunter” e produz “Love, Death & Robots”. Mas “Mank” é seu primeiro longa-metragem na plataforma. “Mank” é a cinebiografia do roteirista Herman J. Mankiewicz e aborda os bastidores das filmagens de “Cidadão Kane”, lançado em 1941. O personagem-título é vivido por Gary Oldman, vencedor do Oscar por “O Destino de uma Nação” (2017), e o elenco grandioso ainda inclui Tom Burke (“Strike”) como Orson Welles, Charles Dance (“Game of Thrones”) no papel do magnata William Randolph Hearst, Arliss Howard (“True Blood”) como o produtor Louis B. Mayer (o segundo M da MGM), Lily Collins (“Simplesmente Acontece”) como a secretária Rita Alexander, Amanda Seyfried (“Mamma Mia!”) como a atriz Marion Davis, Tuppence Middleton (“Sense8”) como Sara Mankiewicz, a jovem esposa (com 21 anos na época de “Cidadão Kane”) de Mank, além de Toby Leonard Moore (“Billions”) e Ferdinand Kinsley (“Vitória: A Vida de uma Rainha”) como os famosos produtores David O. Selznick e Irving Thalberg, respectivamente. As histórias sobre os bastidores de “Cidadão Kane” são lendárias, porque o filme de Orson Welles era baseada na figura real do magnata da imprensa William Randolph Hearst, um verdadeiro tirano, que tentou de tudo para impedir o lançamento do filme e não parou até sabotar a carreira do diretor, publicando calúnias e espalhando rumores de que ele era comunista, ao mesmo tempo em que manteve Hollywood acuada com ataques contra o excesso de imigrantes (judeus) que empregava. O filme é um projeto pessoal de Fincher. O roteiro foi escrito por seu pai, o jornalista Jack Fincher, que faleceu em 2002. Foi para fazer justiça ao projeto original que o diretor fechou com a Netflix, porque nenhum estúdio tradicional aceitou bancar as filmagens caras do longa com uma fotografia em preto e branco. Por outro lado, a Netflix já tinha investido em “Roma”, drama em preto e branco – e ainda por cima falado em espanhol – de Alfonso Cuarón, que acabou se provando um sucesso no streaming e ainda ganhou três Oscars. A estreia está marcada para 4 de dezembro.
Mank: Filme sobre bastidores de Cidadão Kane ganha novo trailer legendado
A Netflix divulgou o pôster e um novo trailer legendado de “Mank”, primeiro filme dirigido por David Fincher desde “Garota Exemplar”, há seis anos. Em preto e branco, a prévia recria a era de ouro de Hollywood com personagens e visual de época, incluindo cenas que recriam o clássico “Cidadão Kane”. “Mank” é a cinebiografia do roteirista Herman J. Mankiewicz e aborda os bastidores das filmagens de “Cidadão Kane”, lançado em 1941. O personagem-título é vivido por Gary Oldman, vencedor do Oscar por “O Destino de uma Nação” (2017), e o elenco grandioso ainda inclui Tom Burke (“Strike”) como Orson Welles, Charles Dance (“Game of Thrones”) no papel do magnata William Randolph Hearst, Arliss Howard (“True Blood”) como o produtor Louis B. Mayer (o segundo M da MGM), Lily Collins (“Simplesmente Acontece”) como a secretária Rita Alexander, Amanda Seyfried (“Mamma Mia!”) como a atriz Marion Davis, Tuppence Middleton (“Sense8”) como Sara Mankiewicz, a jovem esposa (com 21 anos na época de “Cidadão Kane”) de Mank, além de Toby Leonard Moore (“Billions”) e Ferdinand Kinsley (“Vitória: A Vida de uma Rainha”) como os famosos produtores David O. Selznick e Irving Thalberg, respectivamente. A presença de Louis B. Mayer significa que o filme deve contar como o poderoso produtor ofereceu uma fortuna para que a RKO Pictures queimasse os negativos e nunca lançasse “Cidadão Kane”. Esta é apenas uma das lendas em torno do clássico de Welles, por décadas considerado o melhor filme de todos os tempos. As histórias sobre os bastidores de “Cidadão Kane” são lendárias, porque o filme de Orson Welles era baseada na figura real do magnata da imprensa William Randolph Hearst, um verdadeiro tirano, que tentou de tudo para impedir o lançamento do filme e não parou até sabotar a carreira do diretor, publicando calúnias e espalhando rumores de que ele era comunista, ao mesmo tempo em que manteve Hollywood acuada com ataques contra o excesso de imigrantes (judeus) que empregava. “Mank” é um projeto pessoal de Fincher. O roteiro foi escrito por seu pai, o jornalista Jack Fincher, que faleceu em 2002. Foi para fazer justiça ao projeto original que o diretor fechou com a Netflix, porque nenhum estúdio tradicional aceitou bancar as filmagens caras do longa com uma fotografia em preto e branco. Por outro lado, a Netflix já tinha investido em “Roma”, drama em preto e branco – e ainda por cima falado em espanhol – de Alfonso Cuarón, que acabou se provando um sucesso no streaming e ainda ganhou três Oscars. O filme também fortalece os laços do cineasta com a Netflix, onde todas as suas parcerias foram bem-sucedidas, como as séries “House of Cards”, “Mindhunter” e “Love, Death + Robots”. A estreia de “Mank” está marcada para 4 de dezembro.
Mank: Filme sobre bastidores de Cidadão Kane ganha primeiro trailer legendado
A Netflix divulgou o trailer legendado de “Mank”, primeiro filme dirigido por David Fincher desde “Garota Exemplar”, há seis anos. Em preto e branco, a prévia recria a era de ouro de Hollywood com personagens e visual de época, encerrando-se com uma imagem que recria a cena mais icônica de “Cidadão Kane”. “Mank” é a cinebiografia do roteirista Herman J. Mankiewicz e aborda os bastidores das filmagens de “Cidadão Kane”, lançado em 1941. O personagem-título é vivido por Gary Oldman, vencedor do Oscar por “O Destino de uma Nação” (2017), e o elenco grandioso ainda inclui Tom Burke (“Strike”) como Orson Welles, Charles Dance (“Game of Thrones”) no papel do magnata William Randolph Hearst, Arliss Howard (“True Blood”) como o produtor Louis B. Mayer (o segundo M da MGM), Lily Collins (“Simplesmente Acontece”) como a secretária Rita Alexander, Amanda Seyfried (“Mamma Mia!”) como a atriz Marion Davis, Tuppence Middleton (“Sense8”) como Sara Mankiewicz, a jovem esposa (com 21 anos na época de “Cidadão Kane”) de Mank, além de Toby Leonard Moore (“Billions”) e Ferdinand Kinsley (“Vitória: A Vida de uma Rainha”) como os famosos produtores David O. Selznick e Irving Thalberg, respectivamente. A presença de Louis B. Mayer significa que o filme deve contar como o poderoso produtor ofereceu uma fortuna para que a RKO Pictures queimasse os negativos e nunca lançasse “Cidadão Kane”. Esta é apenas uma das lendas em torno do clássico de Welles, por décadas considerado o melhor filme de todos os tempos. As histórias sobre os bastidores de “Cidadão Kane” são lendárias, porque o filme de Orson Welles era baseada na figura real do magnata da imprensa William Randolph Hearst, um verdadeiro tirano, que tentou de tudo para impedir o lançamento do filme e não parou até sabotar a carreira do diretor, publicando calúnias e espalhando rumores de que ele era comunista, ao mesmo tempo em que manteve Hollywood acuada com ataques contra o excesso de imigrantes (judeus) que empregava. “Mank” é um projeto pessoal de Fincher. O roteiro foi escrito por seu pai, o jornalista Jack Fincher, que faleceu em 2002. Foi para fazer justiça ao projeto original que o diretor fechou com a Netflix, porque nenhum estúdio tradicional aceitou bancar as filmagens caras do longa com uma fotografia em preto e branco. Por outro lado, a Netflix já tinha investido em “Roma”, drama em preto e branco – e ainda por cima falado em espanhol – de Alfonso Cuarón, que acabou se provando um sucesso no streaming e ainda ganhou três Oscars. O filme também fortalece os laços do cineasta com a Netflix, onde todas as suas parcerias foram bem-sucedidas, como as séries “House of Cards”, “Mindhunter” e “Love, Death + Robots”. A estreia de “Mank” está marcada para 4 de dezembro.
Juliette Gréco (1927 – 2020)
A cantora e atriz francesa Juliette Gréco, musa do existencialismo, morreu nesta quarta feira (23/9) aos 93 anos, em sua casa em Ramatuelle, na França. Ela foi símbolo de resistência, mas também ícone da moda, uma artista que simbolizou o “radical chique” da boemia parisiense. Foi grande amiga do casal formado pelo filósofo Jean-Paul Sartre e a escritora feminista Simone de Beauvoir, e também amante da lenda do jazz Miles Davis e do poderoso produtor de Hollywood Darryl F. Zanuck. Sua rebelião começou na adolescência e lhe rendeu prisão, com apenas 16 anos, pela Gestapo, a polícia nazista, durante a ocupação alemã da França. Ela tomou o lugar da mãe e da irmã mais velha na Resistência Francesa, após as duas serem enviadas a um campo de concentração, e lutou pela libertação de seu país. Presa, só foi poupada dos campos de concentração e da deportação para a Alemanha por causa de sua idade. Mas suas experiências de guerra selaram uma aliança vitalícia com as causas da esquerda política. Após a guerra, ela virou cantora e passou a se apresentar nos chamados cafés existencialistas da época. Seus shows e presença marcante na noite parisiense foram imortalizados por alguns dos fotógrafos mais famosos de todos os tempos, como Robert Doisneau e Henri Cartier-Bresson, que transformaram seu look entristecido, sempre de roupas pretas, em modelo para a juventude beatnik. Ela também foi uma das primeiras mulheres a usar camisetas no dia-a-dia, numa época em que o visual era identificado como masculino. Juntava-se a isso um voz sombria, que a tornava a intérprete perfeita das canções de “fossa” compostas por Jacques Prévert (“Je Suis Comme Je Suis”, “Les Feuiles Mortes”), Jacques Brel (“Ça va la Diable”), Leo Ferré (“La Rue”) e, nos anos 1960, Serge Gainsbourg (“La Javanaise”). Mas até Jean-Paul Sartre e o escritor Albert Camus escreveram letras para ela cantar. Em 1952, ela veio pela primeira vez ao Brasil, apresentando-se no Rio de Janeiro, numa turnê que deveria durar 15 dias. Mas ela se apaixonou pelo país e não queria mais ir embora. Ficou meses e chegou a considerar o casamento com um amante brasileiro. Sua carreira, porém, só decolou para valer dois depois, quando foi convidada a se apresentar na sala de concertos Olympia de Paris – então o templo da música popular francesa. Paralelamente, Gréco também se lançou como atriz, convidada pelos amigos cineastas e intelectuais para pequenos papéis, como em “Orfeu” (1950), de Jean Cocteau, e “Estranhas Coisas de Paris” (1956), de Jean Renoir, entre muitos outros filmes. Até que a indústria cinematográfica francesa passou a vê-la como protagonista, escalando-a como estrela de filmes como “Quando Leres Esta Carta” (1953) e “Rapto de Mulheres” (1956). Logo, ela começou a ser cortejada por Hollywood. Ou, mais especificamente, cortejada por Darryl F. Zanuck, o chefão da 20th Century Fox, que a importou para o filme “E Agora Brilha o Sol” (1957), de Henry King, superprodução com um dos elencos mais grandiosos da época – Tyrone Power, Ava Gardner, Errol Flynn, Mel Ferrer, etc. Juliette Gréco acabou promovida a protagonista de Hollywood em seu filme seguinte, “Raízes do Céu” (1958). Ela aparecia seminua no pôster, envolta numa toalha e com Errol Flynn, o grande machão do cinema americano, prostrado a seus pés. Zanuck apostava em consagrá-la, mas o filme enfrentou um grande problema de bastidores. Rodado na África equatorial, ficou mais conhecido pelas bebedeiras de Errol Flynn, pelo surto de malária que afligiu o elenco e pela ausências do diretor John Huston, que preferia caçar a seguir cronograma de filmagens. Foi um desastre e a produção teve que ser finalizada num estúdio em Paris, com a maioria dos atores febris. Para completar, Zanuck ainda decidiu realizar sua montagem em Londres, para ficar próximo de Gréco, enquanto ela fazia sua estreia no cinema britânico, no thriller “Redemoinho de Paixões” (1959). O próprio Zanuck escreveu o filme seguinte de sua musa, a adaptação de “Tragédia num Espelho” (1960), em que ela foi dirigida por Richard Fleischer e contracenou com Orson Welles. Fleischer também a comandou em “A Grande Cartada” (1961), mas sua carreira hollywoodiana não foi o sucesso esperado. Contratada como atriz, ninguém esperava que ela cantasse em seus filmes, e isso pode ter lhe frustrado. Não por acaso, o maior clássico de cinema de sua carreira foi uma produção em que interpretou a si mesma, cantando em inglês a música-título de “Bom Dia, Tristeza”, numa pequena cena do famoso filme estrelado por Jean Seberg em 1958. Ela acabou voltando para a França, onde estrelou mais alguns filmes. Mas foi uma minissérie francesa que lhe deu seu maior reconhecimento como atriz: “Belphegor – O Fantasma do Louvre”, um mistério sobrenatural de 1965 sobre um fantasma que assombrava o museu do Louvre. Gréco ainda atuou na superprodução “A Noite dos Generais” (1968), um suspense passado durante a 2ª Guerra Mundial e estrelado por Peter O’Toole e Omar Sharif, e na comédia “Le Far-West” (1973), escrita, dirigida e protagonizada por seu colega cantor Jacques Brel, antes de se afastar do cinema por um quarto de século. Sua carreira nas telas só foi retomada em 2001 por conta de uma homenagem, ao ser convidada a figurar rapidamente numa nova versão de sua célebre minissérie, lançada no cinema com o título de “O Fantasma do Louvre” e com Sophie Marceau em seu papel original. Depois disso, ela ainda estrelou um último filme, o alemão “Jedermanns Fest”, ao lado de Klaus Maria Brandauer no ano seguinte. No período em que se afastou das telas, a artista priorizou a música. Em 1981 foi praticamente expulsa do Chile, então sob a ditadura de Augusto Pinochet, por cantar canções censuradas pelo regime militar. Apesar de muitos amantes conhecidos, entre homens e até mulheres famosas, ela também foi uma esposa dedicada. Casou-se três vezes: brevemente em 1953 com o ator Philippe Lemaire, com quem teve uma filha (Laurence-Marie, falecida em 2016), depois, com o famoso ator Michel Piccoli entre 1966 e 1977 e, por fim, vivia desde 1988 com o pianista e compositor Gérard Jouannest, que co-escreveu algumas das melhores canções de Jacques Brel, incluindo “Ne Me Quitte Pas”. Ela seguiu cantando até os 89 anos, quando sua carreira foi encerrada por um derrame. A causa da morte não foi divulgada.











