Guillermo del Toro, Denis Villeneuve, Pedro Almodóvar e mais 10 cineastas elegem os melhores filmes de 2017
Vários cineastas fizeram listas de melhores filmes do ano, a pedido de diversas publicações. 13 delas podem ser lidas abaixo, representando os filmes favoritos de 2017 de Andrew Haigh (“45 Anos”), Denis Côté (“Vic+Flo Viram um Urso”), Denis Villeneuve (“Blade Runner 2049”), Guillermo del Toro (“A Forma da Água”), James Ponsoldt (“O Círculo”), Joshua Oppenheimer (“O Ato de Matar”), Kelly Fremon Craig (“Quase 18”), Luca Guadagnino (“Me Chama pelo seu Nome”), Matt Ross (“Capitão Fantástico”), Paul Schrader (“Vale do Pecado”), Pedro Almodóvar (“Julieta”), Sean Baker (“Projeto Flórida”) e Xavier Dolan (“É Apenas o Fim do Mundo”). O diretor do favorito ao Oscar 2018, Luca Guadagnino, fez a lista mais longa, com 20 títulos, enquanto o queridinho indie Sean Baker assinou a menor, com apenas quatro filmes. Algumas unanimidades emergem de forma evidente nas relações, como o próprio filme de Guadagnino, “Me Chama pelo seu Nome”. Mas há também muitas idiossincrasias. E pelo menos uma cara-de-pau: Pedro Almodóvar selecionou o argentino “Zama”, que ele próprio produziu. Confira abaixo: GUILLERMO DEL TORO “A Ghost Story”, de David Lowery “Lady Bird”, de Greta Gerwig “Dunkirk”, de Christopher Nolan “Três Anúncios para um Crime”, de Martin McDonagh “Corra!”, de Jordan Peele “Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe”, de Noah Baumbach “Bom Comportamento”, de Ben e Joshua Safdie “Tigers Are Not Afraid”, de Issa López “Ingrid Goes West”, de Matt Spicer “Confronto no Pavilhão 99”, de S. Craig Zahler DENIS VILLENEUVE “Dunkirk”, de Christopher Nolan “Those Who Make Revolution Halfway Only Dig Their Own Graves” “The Square – A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund “Três Anúncios para um Crime”, de Martin McDonagh “Mãe!”, de Darren Aronofsky “Pequena Grande Vida”, de Alexander Payne “O Estranho que Nós Amamos”, de Sofia Coppola Os curtas do Oats Studio, de Neill Blomkamp XAVIER DOLAN “Me Chame pelo Seu Nome”, de Luca Guadagnino “Lady Bird”, de Greta Gerwig “A Forma da Água”, de Guillermo Del Toro “O Sacrifício do Servo Sagrado”, de Yorgos Lanthimos “Terra Selvagem”, de Taylor Sheridan “The Post”, de Steven Spielberg “It – A Coisa”, de Andy Muschietti “Três Anúncios para um Crime”, de Martin McDonagh PEDRO ALMODÓVAR “Me Chame pelo Seu Nome”, de Luca Guadagnino “Trama Fantasma”, de Paul Thomas Anderson “120 Batimentos por Minuto”, de Robin Campillo “Três Anúncios para um Crime”, de Martin McDonagh “You Were Never Really Here”, de Lynne Ramsay “Zama”, de Lucrecia Martel “A Ghost Story”, de David Lowery “Colossal”, de Nacho Vigalondo “O Sacrifício do Servo Sagrado”, de Yorgos Lanthimos “Projeto Flórida”, de Sean Baker LUCA GUADAGNINO “Uma Mulher Fantástica”, de Sebastian Lelio “Depois da Tempestade”, de Hirokazu Kore-eda “Alien: Covenant”, de Ridley Scott “Austerlitz”, de Sergei Loznitsa “Doentes de Amor”, de Michael Showalter “Cinema, Manoel de Oliveira e Eu”, de João Botelho “Dunkirk”, de Christopher Nolan “Eight Hours Are Not a Day” (restaurado), de Rainer Werner Fassbinder “Visages, Villages”, de Agnes Varda “Eu Não Sou Seu Negro”, de Raoul Peck “Logan”, de James Mangold “Logan Lucky – Roubo em Família”, de Steven Soderbergh “A Cidade Perdida de Z”, de James Gray “Mrs. Fang”, de Wang Bing “Na Praia à Noite Sozinha”, de Hong Sang-soo “Paddington 2”, de Paul King “Fragmentado”, de M. Night Shyamalan “Twin Peaks: The Return”, de David Lynch “The Venerable W”, de Barbet Schroeder “Planeta dos Macacos: A Guerra”, de Matt Reeves ANDREW HAIG “Loveless”, de Andrey Zvyagintsev “A Festa”, de Sally Potter “Trama Fantasma”, de Paul Thomas Anderson “First Reformed”, de Paul Schrader “Mãe!”, de Darren Aronofsky “Lady Macbeth”, de William Oldroyd “God’s Own Country”, de Francis Lee “Corra!”, de Jordan Peele MATT ROSS “Thelma”, de Joachim Von Trier “Trama Fantasma”, de Paul Thomas Anderson “Grave”, de Julia Ducournau “A Forma da Água”, de Guillermo Del Toro “A Ghost Story”, de David Lowery “The Square – A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund “Lady Macbeth”, de William Oldroyd SEAN BAKER “120 Batimentos por Minuto”, de Robin Campillo “O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki”, de Juho Kuosmanen “Lady Macbeth”, de William Oldroyd “Dawson City, Frozen Time”, de Bill Morrison JAMES PONSOLDT “Visages, Villages”, de Agnes Varda “Corra!”, de Jordan Peele “Lovesong”, de So Yong Kim “Trama Fantasma”, de Paul Thomas Anderson “A Ghost Story”, de David Lowery “Bom Comportamento”, de Ben e Joshua Safdie “Projeto Flórida”, de Sean Baker “Lady Bird”, de Greta Gerwig “Me Chame pelo Seu Nome”, de Luca Guadagnino KELLY FREMON CRAIG “Mulher-Maravilha”, de Patty Jenkins “Me Chame pelo Seu Nome”, de Luca Guadagnino “Doentes de Amor”, de Michael Showalter “Corra!”, de Jordan Peele “Três Anúncios para um Crime”, de Martin McDonagh “Artista do Desastre”, de James Franco “The Post”, de Steven Spielberg “Meu Malvado Favorito 3″, de Kyle Balda e Pierre Coffin “The Keepers”, de Ryan White “Mommy Dead and Dearest”, de Erin Lee Carr JOSHUA OPPENHEIMER “Loveless”, de Andrey Zvyagintsev “A Gentle Creature”, de Sergei Loznitsa “Bom Comportamento”, de Ben e Joshua Safdie “Komunia”, de Anna Zamecka “First Reformed”, de Paul Schroeder “Wormwood”, de Errol Morris “Land of the Free”, de Camilla Magid DENIS CÔTÉ “Western”, de Valeska Grisebach “Twin Peaks: The Return”, de David Lynch “Ex Libris – The NY Public Library”, de Frederick Wiseman “Na Praia à Noite Sozinha”/ “The Day After”, de Hong Sang-soo “O Outro Lado da Esperança”, de Aki Kaurismäki PAUL SCHRADER “Detroit”, de Kathryn Bigelow “Uma Mulher Fantástica”, de Sebastian Lelio “Projeto Flórida”, de Sean Baker “Jane”, de Brett Morgen “Além das Palavras”, de Terence Davies “Lady Bird”, de Greta Gerwig “Eu, Tonya”, de Craig Gillespie “The Post”, de Steven Spielberg “Wormwood”, de Errol Morris “Doentes de Amor”, de Michael Showalter
La La Land, ops, Moonlight vence o Oscar 2017
Mais politizado, divertido e atrapalhado de todos os tempos, o Oscar 2017 culminou sua noite, após discursos e piadas disparadas na direção de Donald Trump, premiando o filme errado. No melhor estilo Miss Universo, só após os agradecimentos dos produtores de “La La Land” veio a correção. O vencedor do Oscar de Melhor Filme não foi o anunciado por Warren Beatty e Faye Dunaway. O próprio Beatty explicou ao microfone que tinham recebido o envelope errado, que premiava Emma Stone por “La La Land”. E foi o nome do filme da Melhor Atriz que Dunaway anunciou. O que deve dar origem a uma profusão de memes e piadas foi, na verdade, quase um ato falho. Enquanto a falsa vitória de “La La Land” foi aplaudidíssima, a verdadeira vitória de “Moonlight” foi um choque. De pronto, foi um prêmio para o cinema indie. Um dia antes, “Moonlight” tinha vencido o Spirit Awards, premiação do cinema independente americano. Rodado por cerca de US$ 5 milhões, o filme fez apenas US$ 22,2 milhões nos EUA e jamais venceria um concurso de popularidade. Pelo conjunto da noite, sua vitória também representou um voto de protesto. Menos visto pelo grande público entre todos os candidatos, era o que representava mais minorias: indies, pobres, negros, imigrantes, latinos e gays. Para completar, o ator Mahershala Ali, que venceu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu micro papel de traficante cubano radicado em Miami, é muçulmano na vida real – e se tornou o primeiro ator muçulmano premiado pela Academia. Ao todo, “Moonlight” levou três Oscars. O terceiro foi de Melhor Roteiro Adaptado, dividido entre o cineasta Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney, autor da história e da peça original. “La La Land”, porém, venceu o dobro de prêmios: seis ao todo. Entre as conquistas do musical, a principal foi tornar Damien Chazelle o diretor mais jovem a ganhar um Oscar, aos 32 anos de idade. Além disso, Emma Stone venceu como Melhor Atriz. “Manchester à Beira-Mar” e “Até o Último Homem” se destacaram a seguir, com dois Oscar cada. Enquanto o filme de Mel Gibson levou prêmios técnicos, o segundo drama indie mais premiado da noite rendeu uma discutível vitória de Casey Affleck como Melhor Ator e a estatueta de Melhor Roteiro Original para o cineasta Kenneth Lonergan. Viola Davies confirmou seu favoritismo como Melhor Atriz Coadjuvante por “Um Limite Entre Nós”, tornando-se a primeira atriz negra a vencer o Emmy, o Tony e o Oscar. Sua vitória ainda ajudou a demonstrar como o Oscar se transformou com as mudanças realizadas por sua presidente reeleita Cheryl Boone Isaacs, que alterou o quadro de eleitores, trazendo maior diversidade para a Academia. Após um #OscarSoWhite 2016 descrito francamente como racista pelo apresentador Jimmy Kimmel, na abertura da transmissão, a Academia premiou negros como atores, roteiristas e até produtores. Mas o recado foi ainda mais forte, ao premiar os candidatos com maior potencial de dissonância, especialmente aqueles ligados aos países da lista negra de Donald Trump. O diretor inglês de “Os Capacetes Brancos”, Melhor Documentário em Curta-Metragem, sobre o trabalho humanitário em meio à guerra civil da Síria, generalizou em seu agradecimento, mesmo tendo seu cinematógrafo impedido de viajar aos EUA para participar do Oscar. Já o iraniano Asghar Farhadi, que venceu seu segundo Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira com “O Apartamento”, foi na jugular. Sua ausência já era um protesto em si contra o que ele chamou, em texto lido por seus representantes, ao “desrespeito” dos EUA. “Minha ausência se dá em respeito aos povos do meu pais e de outros seis países que foram desrespeitados pela lei inumana que bane a entrada de imigrantes nos Estados Unidos”. Foi bastante aplaudido. Interessante observar que, apesar do clima politizado manifestado por meio da seleção de vencedores, apenas os estrangeiros e Jimmy Kimmel fizeram discursos contundentes. Os americanos sorriram amarelo e agradeceram suas mães, enquanto artistas de outros países provocaram reações pontuadas por aplausos com suas declarações contrárias à política internacional americana. Até Gael Garcia Bernal, convidado a apresentar um prêmio, deixou seu texto de lado para se manifestar “como mexicano”. Menos evidente, mas igualmente subversivo, foi o fato dos serviços de streaming e a TV paga terem se infiltrado na premiação. Assim como aconteceu no Globo de Ouro, Jeff Bezos, dono da Amazon, ganhou destaque e propaganda gratuita (será?) do apresentador no discurso de abertura. A Amazon produziu um dos filmes premiados, “Manchester à Beira-Mar”, e foi a distribuidora oficial de “O Apartamento” nos EUA – filme que, prestem atenção, não entrou em circuito comercial nos cinemas americanos. A Netflix também faturou seu Oscar por meio de “Os Capacetes Brancos”, que – prestem mais atenção – é inédito nos cinemas. Para completar, o Oscar de Melhor Documentário foi para “O.J. Simpson: Made in America”, uma minissérie de cinco episódios do canal pago ESPN. Sinal dos tempos. E sinal de alerta para o parque exibidor. Confira abaixo a lista completa dos vencedores. Vencedores do Oscar 2017 Melhor Filme “La La Land” “Moonlight” Melhor Direção Damien Chazelle (“La La Land”) Melhor Ator Casey Affleck (“Manchester à Beira-Mar”) Melhor Atriz Emma Stone (“La La Land”) Melhor Ator Coadjuvante Mahershala Ali (“Moonlight”) Melhor Atriz Coadjuvante Viola Davis (“Um Limite entre Nós”) Melhor Roteiro Original Kenneth Lonergan (“Manchester à Beira-Mar”) Melhor Roteiro Adaptado Barry Jenkins (“Moonlight”) Melhor Fotografia Linus Sandgren (“La La Land”) Melhor Animação “Zootopia” Melhor Filme em Língua Estrangeira “O Apartamento” (Irã) Melhor Documentário “O.J. Made in America” Melhor Edição John Gilbert (“Até o Último Homem”) Melhor Edição de Som Sylvain Bellemare (“A Chegada”) Melhor Mixagem de Som Kevin O’Connell, Andy Wright, Robert Mackenzie e Peter Grace (“Até o Último Homem”) Melhor Desenho de Produção David Wasco e Sandy Reynolds-Wasco (“La La Land”) Melhores Efeitos Visuais Robert Legato, Adam Valdez, Andrew R. Jones e Dan Lemmon (“Mogli, o Menino Lobo”) Melhor Canção Original “City of Stars”, de Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul (“La La Land”) Melhor Trilha Sonora Justin Hurwitz (“La La Land”) Melhor Cabelo e Maquiagem Alessandro Bertolazzi, Giorgio Gregorini e Christopher Nelson (“Esquadrão Suicida”) Melhor Figurino Colleen Atwood (“Animais Fantásticos e Onde Habitam”) Melhor Curta “Sing” Melhor Curta de Animação “Piper” Melhor Curta de Documentário “Os Capacetes Brancos”
Elle vence o César 2017 e é o Melhor Filme francês do ano
O suspense “Elle” foi o grande vencedor do César 2017, a principal premiação do cinema francês, equivalente ao Oscar americano. Além de vencer como Melhor Filme do ano, o longa do holandês Paul Verhoeven rendeu o César de Melhor Atriz para sua estrela, Isabelle Huppert, em cerimônia realizada na noite desta sexta-feira (24), em Paris. Verhoeven, porém, não levou o troféu de Melhor Diretor. Ele foi superado pelo jovem canadense Xavier Dolan, que venceu por “É Apenas o Fim do Mundo”, drama que divide opiniões da crítica. O cineasta, por sinal, venceu dois César. O segundo foi pela edição do filme. “É Apenas o Fim do Mundo” também premiou o desempenho Gaspard Ulliel com o César de Melhor Ator. Outro filme que também recebeu três troféus foi “Divines”, distribuído pela Netflix: venceu na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Deborah Lukumuena), Revelação Feminina (Oulaya Amamra) e Melhor Filme de Estreia para a diretora Houda Benyamina, que já tinha sido premiada com a Câmera de Ouro (Melhor Filme de Estreia) no Festival de Cannes. Também repetindo Cannes, o Vencedor da Palma de Ouro, o britânico “Eu, Daniel Blake”, de Ken Loach, ficou com a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro, superando o brasileiro “Aquarius”. Favorito na premiação, o drama “Frantz”, de François Ozon, acabou decepcionando. Indicado a 11 troféus, o longa só venceu um: de Melhor Fotografia. Perdeu até como Roteiro Adaptado, categoria que foi vencida, de forma surpreendente, por “Minha Vida de Abobrinha”, premiada também como Melhor Animação. Confira abaixo a lista completa dos premiados. Vencedores do César 2017 Melhor Filme “Elle” Melhor Direção Xavier Dolan (“É Apenas o Fim do Mundo”) Melhor Atriz Isabelle Huppert (“Elle”) Melhor Ator Gaspard Ulliel (“É Apenas o Fim do Mundo”) Melhor Atriz Coadjuvante Déborah Lukumuena (“Divines”) Melhor Ator Coadjuvante James Thierrée “Chocolate” Melhor Revelação Feminina Oulaya Amamra (“Divines”) Melhor Revelação Masculina Niels Schneider (“Diamant Noir”) Melhor Roteiro Original Raoul Ruiz (“O Efeito Aquático”) Melhor Roteiro Adaptado Céline Sciamma (“Minha Vida de Abobrinha”) Melhor Filme Estrangeiro “Eu, Daniel Blake” (Reino Unido) Melhor Filme de Estreia “Divines” Melhor Animação “Minha Vida de Abobrinha” Melhor Trilha Sonora Ibrahim Maalouf (“Dans les Forêts de Sibérie”) Melhor Fotografia Pascal Marti (“Frantz”) Melhor Edição Xavier Dolan (“É Apenas o Fim do Mundo”) Melhor Figurino Anaïs Romand (“La Danseuse”) Melhor Cenografia Jérémie D. Lignol (“Chocolate”) Melhor Som Marc Engels, Fred Demolder, Sylvain Réty, Jean-Paul Hurier (“L’odyssée”) Melhor Documentário “Merci Patron”
Associação de críticos franceses elege Aquarius o Melhor Filme Estrangeiro
O drama brasileiro “Aquarius” foi eleito o Melhor Filme Estrangeiro do ano passado pela União Francesa de Críticos de Cinema. O filme dirigido por Kleber Mendonça Filho e protagonizado por Sônia Braga teve sua première mundial na França, exibido no Festival de Cannes, de onde saiu sem prêmios, exatamente como, por coincidência, “Elle”, de Paul Verhoeven, que os críticos franceses consideraram o Melhor Filme de 2016. A produção estrelada por Isabelle Huppert recebeu até uma indicação ao Oscar 2017, na categoria de Melhor Atriz. Por outro lado, a Vitagraphic, que fez a distribuição invisível de “Aquarius” nos EUA, não inscreveu o longa brasileiro no Oscar, deixando-o inelegível. Outro filme indicado pela Academia, a animação “A Tartaruga Vermelha”, também foi destaque e levou o prêmio de Melhor DVD/Blu-ray Recente. Os prêmios da associação de críticos franceses foram criados em 2006 e são concedidos por jornalistas especializados. “Aquarius” também concorre ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no César 2017, maior premiação de cinema da França, comparada ao Oscar no país. A cerimônia está marcada para 24 de fevereiro.
Aquarius é indicado a Melhor Filme Estrangeiro no César, o Oscar francês
“Aquarius” não foi selecionado pelo Ministério da Cultura para concorrer a uma vaga no Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, mas acabou indicado no equivalente francês. O filme de Kleber Mendonça Filho vai disputar o César de Melhor Filme Estrangeiro. A lista dos indicados foi divulgada na manhã desta quarta (25/1) pela Academia Francesa de Cinema. E a disputa é dominada por “Elle”, de Paul Verhoeven, e “Frantz”, drama em preto e branco de François Ozon, ainda inédito no Brasil. Ambos foram selecionados em 11 categorias. Logo em seguida, aparece “Mistério na Costa Chanel”, de Bruno Dumont, com nove indicações – e que acaba de ser lançado nos cinemas brasileiros. Além destes, também conquistaram destaque “Victoria”, de Justine Triet, “Mal de Perres”, de Nicole Garcia, “La Danseuse”, de Stéphanie Di Giusto, e, principalmente, “Divines”, primeiro filme da cineasta Houda Benyamina, que venceu a Câmera de Ouro de Melhor Filme de Estreante no Festival de Cannes e foi adquirido pela Netflix para distribuição mundial. O filme pode ser visto na Netflix brasileira e confirma a tendência observada nas indicações do Oscar 2017, rumo ao streaming. Por sinal, Isabelle Huppert vai disputar os dois prêmios de Melhor Atriz, o César na França e o Oscar nos EUA, por “Elle”. A indicação francesa é a 16ª da carreira da estrela, que entretanto só venceu em uma oportunidade: em 1996, por “Mulheres Diabólicas”, de Claude Chabrol. É interessante observar o destaque obtido por filmes exibidos no Festival de Cannes do ano passado. Além do já citado “Divines”, o próprio “Elle” é um exemplo, assim como “Mistério na Costa Chanel”, “Mal de Perres” e “La Danseuse”. E fora justamente “Divines”, foram injustamente ignorados no evento de maio, cujo resultado foi recebido com contestação pela imprensa mundial. Mas é na categoria de Filmes Estrangeiros que o reflexo de Cannes se mostra mais evidente. Seis dos sete indicados foram exibidos no festival francês, inclusive “Aquarius” e o vencedor da Palma de Ouro, “Eu, Daniel Blake”. Assim, esta disputa permite uma espécie de tira-teima, revelando se a Academia francesa concorda que o drama político britânico de Ken Loach é realmente o melhor filme. Vale observar que há uma peculiaridade na disputa desta categoria. Ao contrário do Oscar, a seleção dos filmes estrangeiros do César não tem a palavra “Língua”, o que dá uma grande vantagem a filmes de outros países falados em francês, como o canadense “É Apenas o Fim do Mundo”, de Xavier Dolan, que inclusive é interpretado por astros franceses e concorre a vários outros prêmios da Academia. A cerimônia do César 2017 vai acontecer no dia 24 de fevereiro, dois dias antes do Oscar. E não será mais presidida por Roman Polanksi, que optou por recusar o convite da Academia, após a homenagem virar protesto feminista. Confira abaixo a lista completa dos indicados. Indicados ao César 2017 Melhor Filme “Divines” “Elle” “Frantz” “Agnus Dei” “Mistério na Costa Chanel” “Mal de Pierres” “Victoria” Melhor Direção Houda Benyamina (“Divines”) Xavier Dolan (“É Apenas o Fim do Mundo”) Bruno Dumont (“Mistério na Costa Chanel”) Anne Fontaine (“Agunus Dei”) Nicole Garcia (“Mal de Pierres”) François Ozon (“Frantz”) Paul Verhoeven (“Elle”) Melhor Atriz Judith Chemla (“Une Vie”) Marion Cotillard (“Mal de Pierres”) Virginie Efira (“Victoria”) Marina Fois (“Irrepreensível”) Isabelle Huppert (“Elle”) Sidse Babett Knudsen (“La Fille de Brest”) Soko (“La Danseuse”) Melhor Ator Francois Cluzet (“Médecin de Campagne”) Pierre Deladonchamps (“Le Fils de Jean”) Nicolas Duvauchelle (“Não Sou um Canalha”) Fabrice Luchini (“Mistério na Costa Chanel”) Pierre Niney (“Frantz”) Omar Sy (“Chocolate”) Gaspard Ulliel (“É Apenas o Fim do Mundo”) Melhor Atriz Coadjuvante Nathalie Baye (“É Apenas o Fim do Mundo”) Valeria Bruni Tedeschi (“Mistério na Costa Chanel”) Anne Consigny (“Elle”) Déborah Lukumuena (“Divines”) Mélanie Thierry dans (“La Danseuse”) Melhor Ator Coadjuvante Laurent Lafitte (“Elle”) Vincent Lacoste (“Victoria”) Vincent Cassel (“É Apenas o Fim do Mundo”) Gabriel Arcand (“Le Fils De Jean”) James Thierrée (“Chocolate”) Melhor Revelação Feminina Oulaya Amamra (“Divines”) Paula Beer (“Frantz”) Lily-Rose Depp (“La Danseuse”) Noémie Merlant (“Le Ciel Attendra”) Raph (“Mistério na Costa Chanel”) Melhor Revelação Masculina Damien Bonnard (“Na Vertical”) Corentin Fila (“Quando se Tem 17 anos) Kacey Mottet Klein (“Quando se Tem 17 anos”) Jonas Bloquet (“Elle”) Niels Schneider (“Diamant Noir”) Melhor Roteiro Original Houda Benyamina, Romain Compingt e Malik Rumeau (“Divines”) Raoul Ruiz (“L’Effet Aquatique”) Anne Fontaine, Pascal Bonitzer, Sabrina B. Karine e Alice Vial (“Agnus Dei”) Bruno Dumont (“Mistério na Costa Chanel”) Justine Triet (“Victoria”) Melhor Roteiro Adaptado Céline Sciamma (“Minha Vida de Abobrinha”) David Birke (“Elle”) François Ozon e Philippe Piazzo (“Frantz”) Emmanuelle Bercot e Séverine Bosschem (“La Fille de Brest”) Katell Quillévéré e Gilles Taurand (“Réparer les Vivants”) Nicole Garcia e Jacques Fieschi (“Mal de Pierres”) Melhor Filme Estrangeiro “Graduation” (Romênia) “A Garota Sem Nome” (Bélgica) “É Apenas o Fim do Mundo” (Canadá) “Aquarius” (Brasil) “Manchester à Beira-Mar” (Estados Unidos) “Eu, Daniel Blake” (Reino Unido) “Toni Erdmann” (Alemanha) Melhor Filme de Estreia “Cigarette et Chocolat Chaud” “La Danseuse” “Diamant Noir” “Divines” “Rosalie Blum” Melhor Animação “Minha Vida de Abobrinha” “A Tartaruga Vermelha” “La Jeune Fille Sans Main” Melhor Trilha Sonora Sophie Hunger (“Minha Vida de Abobrinha”) Gabriel Yared (“Chocolate”) Ibrahim Maalouf (“Dans les Forêts de Sibérie”) Anne Dudley (“Elle”) Philippe Rombi (“Frantz”) Melhor Fotografia “Elle” “Frantz” “Agnus Dei” “Mistério na Costa Chanel” “Mal de Pierres” Melhor Edição “Divines” “Elle” “Frantz” “É Apenas o Fim do Mundo” “Mal de Pierres” Melhor Figurino “La Danseuse” “Frantz” “Mistério na Costa Chanel” “Mal de Pierres” “Une Vie” Melhor Cenografia “Chocolate” La Danseuse” “Frantz” “Mistério na Costa Chanel” “Planétarium” Melhor Som “Chocolate” “Elle” “Frantz” “Mal de Pierres” “L’odyssée” Melhor Documentário “Dernières Nouvelles du Cosmos” “Merci Patron” “Fogo no Mar” “Voyage à Travers le Cinéma Français” “Swagger”
O Poderoso Chefão lidera lista dos 100 filmes favoritos de Hollywood, que ainda tem Pulp Fiction, E.T. e Star Wars
De tempos em tempos, publicações resolvem eleger os melhores filmes de todos os tempos. Os critérios de cada eleição são sempre determinados por grupos específicos: crítica, público, etc. Mas para sua lista, publicada no domingo (25/9), a revista The Hollywood Reporter buscou uma visão diferente, apresentando o resultado como os 100 filmes favoritos de Hollywood. Para chegar na seleção, a publicação ouviu 2120 membros da indústria, a maioria deles votantes na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, dentre os quais muitos vencedores do Oscar e até os chefes dos grandes estúdios. A lista revelou que o filme favorito de Hollywood é “O Poderoso Chefão” (1972), seguido de “Mágico de Oz” (1939) e “Cidadão Kane” (1941). São produções que também costumam disputar o favorecimento da crítica. Mas há surpresas no Top 5 como “Um Sonho de Liberdade” (1994), de Frank Darabont, e “Pulp Fiction” (1994), de Quentin Tarantino. E não é só. O fato de ter sido votada por Hollywood deixou de fora muitos clássicos absolutos do cinema internacional, como “Os Incompreendidos” (1959) e “A Doce Vida” (1960), por exemplo. Em compensação, sucessos comerciais como “De Volta para o Futuro” (1985), “Guerra nas Estrelas” (1977) e “Forrest Gump” (1994) aparecem entre os 25 filmes preferidos na votação. E há um excesso de produções de Steven Spielberg, com “”E.T. O Extraterrestre” (1982), “A Lista de Schindler” (1993) e “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981) entre os mais bem colocados. Confira abaixo os 20 favoritos de Hollywood e a lista completa aqui. 1. “O Poderoso Chefão” (1972) 2. “O Mágico de Oz” (1939) 3. “Cidadão Kane” (1941) 4. “Um Sonho de Liberdade” (1994) 5. “Pulp Fiction: Tempo de Violência” (1994) 6. “Casablanca” (1942) 7. “O Poderoso Chefão – Parte 2” (1974) 8. “E.T. O Extraterrestre” (1982) 9. “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968) 10. “A Lista de Schindler” (1993) 11. “Guerra nas Estrelas” (1977) 12. “De Volta Para o Futuro” (1985) 13. “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981) 14. “Forrest Gump. – O Contador de Histórias” (1994) 15. “Gone With the Wind” (1939) 16. “O Sol é Para Todos” (1962) 17. “Apocalypse Now” (1979) 18. “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977) 19. “Os Bons Companheiros” (1990) 20. “A Felicidade Não Se Compra” (1946)
Oscar 2016: Justiças, injustiças e as mudanças que a premiação antecipa
Leonardo DiCaprio conquistou seu Oscar. Mas, para os cinéfilos, a vitória de Ennio Morricone por “Os Oito Odiados” foi a mais significativa. Autor de trilhas clássicas do spaghetti western, com 87 anos de idade e já merecedor de um Oscar honorário pela carreira, ele foi reconhecido sob aplausos esfuziantes dos integrantes da Academia, que nem sempre têm a chance de corrigir lacunas históricas na premiação. O Oscar 2016 foi, por sinal, um evento focado nas injustiças da premiação, desde a falta de artistas negros em sua seleção, razão de vários discursos, até vitórias que relevaram o receio de repetir os eleitos do ano passado, casos de Alejandro G. Iñarritu, Melhor Diretor pelo segundo ano consecutivo, e Emmanuel Lubezki, único cinematógrafo a vencer o Oscar de Melhor Direção de Fotografia por três anos seguidos. Os vitoriosos por “O Regresso” eram, de fato, os melhores em suas categorias. Mas a premiação de “Spotlight – Segredos Revelados” como Melhor Filme, sobre o longa com a melhor direção, fotografia e ator (DiCaprio), aponta que os critérios da Academia não foram muito “justos”. Ao menos, não foram cinematográficos. Venceu a melhor história, supostamente, visto que “Spotlight” também conquistou o Oscar de Melhor Roteiro Original. Entretanto, há pouco cinema em “Spotlight”, que é praticamente um docudrama convencional, comparável, tecnicamente, a alguns telefilmes da TV paga. Além disso, seu diretor, Tom McCarthy, vem de realizações medíocres, entre elas a comédia “Trocando os Pés”, que, também neste ano, apareceu na lista do Framboesa de Ouro de piores filmes. Além de dirigir, ele assina o roteiro de “Spotlight” em parceria com Josh Singer, autor da bomba “O Quinto Poder” (2013), filme superficialíssimo sobre o Wikileaks execrado por todos, da esquerda à direita, do público à crítica. O que os cerca de 7 mil eleitores do Oscar se esquecem, na hora de votar, é que suas escolhas serão sempre lembradas e cobradas pela História. Será que Tom McCarthy seguirá fazendo filmes que mereçam novas indicações ao Oscar? Ou ganhará o ensaiado Framboesa de Ouro nos próximos anos? Ou, ainda, sumirá rumo à irrelevância, como Paul Haggis, o roteirista e diretor de “Crash: No Limite”, filme que venceu o Oscar de 2006 sobre “Brokeback Mountain”? Após sofrer a injustiça, Ang Lee fez novos filmaços, como “Desejo e Perigo” (2007) e “As Aventuras de Pi” (2012). E Haggis? Para ficar, então, no roteiro, que os acadêmicos de Hollywood consideraram o melhor do ano, não deixa de ser relevante que a trama de “Spotlight” falhe nas duas frentes em que avança. Como filme-denúncia, pouco tem a denunciar, uma vez que a questão da pedofilia na Igreja já foi absorvida pelo Vaticano. Mesmo assim, o assunto é tratado pela produção com um distanciamento burocrático que consegue fazer assepsia no asco. Sobre o mesmo tema e no mesmo ano, o drama chileno “O Clube”, também passado entre quatro paredes, é muito mais porrada. As paredes da redação de jornal, por sinal, fornecem o cenário em que “Spotlight” avança. A opção não é apenas teatral, mas pouco enaltecedora do jornalismo investigativo que o filme supostamente celebra. Os repórteres da tela não vão a campo investigar suspeitas. Eles recebem tudo mastigadinho, numa caixa repleta de depoimentos de vítimas, todas muito solícitas. E suas principais “descobertas” são notícias antigas, do arquivo da própria redação. O máximo de esforço investigativo se resume à leitura de anuários da Igreja, filtrada pelo cruzamento de informações. Assim, boa parte de sua “ação” acontece em salas cheias de pastas e papéis. Era assim que ainda se pesquisava nos anos 2000. Mas, se fosse trazida para os dias atuais, a trama mostraria simplesmente um jornalismo paralisado diante do Google. Desta forma, as comparações com “Todos os Homens do Presidente” (1976) não podem ser mais equivocadas. Quando o filme do mestre Alan J. Pakula chegou aos cinemas, não fazia uma década desde que o escândalo abordado esfriara – como em “Spotlight” – , mas apenas 20 meses que o presidente Richard Nixon renunciara. Além disso, o perigo da reportagem sobre Watergate era tamanho que as fontes não vinham à redação felizes pela atenção, balançando as provas nas mãos, mas se escondiam, falavam em off, usavam pseudônimo e forneciam apenas pistas de fatos que os jornalistas precisavam desvendar. Jornalismo investigativo com risco de vida é bem diferente de redação de pesquisa de texto – que é o que o roteiro premiado de “Spotlight” exibe. Só quem nunca trabalhou num grande jornal é capaz de confundir os dois. Como críticos de blog, roteiristas de filmes superficiais e eleitores da Academia. “Spotlight” era o filme favorito dos atores, maior grupo de votantes da Academia, como comprovou seu prêmio de Melhor Elenco na eleição do Sindicato. O SAG (Sindicato dos Atores) também emplacou três dos quatro vitoriosos de sua eleição sindical. A exceção ficou por conta de Sylvester Stallone, que perdeu para Mark Rylance, ator do teatro britânico, bastante elogiado por sua carreira nos palcos, mas que, num dos filmes mais fracos de Steven Spielberg, aparece sempre cansado, de pescoço enrijecido e dando impressão de sofrer de Alzheimer, alheio ao drama e lento em sua formulação de frases. Menosprezado por sua carreira repleta de filmes ruins, Stallone perdeu para que a Academia pudesse premiar o teatro inglês e o convencionalismo do filme menos polêmico da noite, “Ponte de Espiões”. A consagração de Alicia Vikander, por sua vez, premia a “it girl” do momento, para usar uma expressão da era de ouro de Hollywood. Ela é o que se salva do melodrama “A Garota Dinamarquesa”, sem dúvida, mas está ainda melhor em “Ex Machina”, filme que venceu a categoria de Efeitos Visuais de forma surpreendente – tinha o orçamento mais baixo entre os concorrentes – , talvez como compensação por sua ausência na lista de Melhor Filme. Já a vitória de DiCaprio era tão esperada que havia festas preparadas para esta comemoração. Assim como era esperado, pelo trabalho apresentado, o Oscar da estrela menos badalada da noite, Brie Larson. Embora tenha sido tratada como revelação pela mídia que não acompanha a indústria de perto, ela começou a fazer séries com 10 anos de idade e vem se destacando em filmes indies desde 2010. Aliás, já deveria ter sido indicada por “Temporário 12” (2013), filmaço que venceu o Festival SWSW – seu próximo drama será um filme do mesmo diretor. O Oscar de Melhor Atriz pode, inclusive, ser considerado uma antítese da vitória de DiCaprio. Enquanto o prêmio de Melhor Ator consolida o sistema alimentado por astros famosos, a conquista da “desconhecida” Larson destaca o valor do cinema independente. Isto porque “O Quarto de Jack” era a única produção realmente indie na disputa, tendo fechado sua distribuição com a pequena A24 apenas após sua exibição no Festival de Toronto – que, inclusive, venceu. Os demais supostos indies da competição, como “Spotlight” e “Carol”, além de destacar estrelas já consagradas, foram realizados com toda a estrutura de estúdio e distribuição garantidas. Brie Larson não era visada por paparazzi antes de “O Quarto de Jack”. O filme não é repleto de famosos, não tem diretor incensado e seus produtores não frequentam a lista dos VIP de Hollywood. Além disso, trata de questões femininas, de abuso e maternidade, representadas sem maquiagem ou glamour algum. Menos comentado entre todos os indicados, trata-se, entretanto, do filme que mais bem representa as mudanças que se espera do Oscar, pós-velhos brancos: renovação, talento e sensibilidade. Justiças e injustiças feitas, há mesmo promessas de grandes mudanças para o Oscar 2017. E a festa da cerimônia de domingo (28/2), carregada de discursos indignados, foi, no fundo, uma forma encontrada pela presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, de preparar terreno, inclusive com uma tentativa explícita, em sua intervenção durante o evento, de engajar os acadêmicos na sua agenda. Afinal, assim que anunciou seus planos, protestos ruidosos começaram a surgir entre a parcela mais velha do eleitorado, que ela pretende afastar. Isaacs anunciou, ainda em janeiro, que o direito a voto dos acadêmicos deixará de ser perpétuo. A partir do Oscar 2017, só poderão votar os integrantes da Academia que permaneceram ativos na última década, visando, com isso, eliminar a influência dos aposentados, profissionais que não acompanham mais o dia-a-dia da indústria e que vem impedindo, pelo conservadorismo típico da idade avançada, a implementação de mudanças desejadas. Ao mesmo tempo, a Academia tentará buscar maior diversidade ao escolher novos integrantes para as vagas que se abrirão. As premiações do Oscar refletem, sim, a composição étnica, etária e sexual da Academia, que, de acordo com relatos da mídia, é majoritariamente formada por homens brancos velhos – 94% são brancos, 77% do sexo masculino e a média de idade entre os votantes é superior a 60 anos. Visando mudar a composição desses eleitores, a Academia ainda adicionou três novos assentos para mulheres e minorias no conselho de sua administração. Assim, a governança da entidade passará a contar com 54 membros, que serão responsáveis por aprovar novas reformas nos próximos Oscars, com o objetivo de dobrar o número de mulheres e minorias votantes até 2020. É esperar para ver se, com isso, mais minorias serão destacadas entre os indicados ao Oscar 2017 e se, quem sabe, no próximo ano seja possível eleger o Melhor Filme de verdade. Clique aqui para conferir a lista completa dos vencedores do Oscar 2016.
Oscar 2016: Spotlight é o Melhor Filme, mas o Regresso e Mad Max são os maiores vencedores
“Spotlight – Segredos Revelados” foi eleito o Melhor Filme na cerimônia mais politizada da história do Oscar. Menos inventivo entre todos os candidatos, o longa em que jornalistas investigam a pedofilia disseminada na Igreja também conquistou o troféu de Melhor Roteiro Original e era o favorito do maior colégio eleitoral da Academia, os atores – o filme havia vencido o prêmio do Sindicato dos Atores por seu elenco. O reconhecimento técnico, entretanto, foi compartilhado por “O Regresso” e “Mad Max: Estrada da Fúria”. O primeiro rendeu bis para Alejandro G. Iñarritu, eleito Melhor Diretor pelo segundo ano consecutivo, e para Emmanuel Lubezki, único cinematógrafo a vencer o Oscar de Melhor Direção de Fotografia por três anos seguidos, enquanto o longa dirigido por George Miller liderou o arremate das demais estatuetas, conquistando seis prêmios técnicos – menos, curiosamente, o de Efeitos Visuais, vencido por “Ex Machina”. Entre os intérpretes, três premiados pelo Sindicato dos Atores foram confirmados. A vitória de Leonardo DiCaprio, que tinha torcida organizada nas ruas, rendeu os aplausos mais ruidosos dentro da própria cerimônia. Ele também fez um dos melhores discursos da noite, apontando as dificuldades de encontrar regiões nevadas para filmar “O Regresso”, devido às mudanças climáticas. Em seu alerta, ele ainda sugeriu medidas de apoio às lideranças globais não comprometidas pelos interesses das corporações, para que se possa salvar o planeta antes que seja tarde. Brie Larson e Alicia Vikander foram confirmadas, respectivamente, como Melhor Atriz por “O Quarto de Jack” e Atriz Coadjuvante por “A Garota Dinamarquesa”. Mas Sylvester Stallone não referendou seu favoritismo por “Creed”, perdendo a estatueta de Melhor Coadjuvante para Mark Rylance, em “Ponte dos Espiões”. Quem aplaudiu mais sem graça, porém, foi Lady Gaga, que viu Sam Smith conquistar a estatueta de Melhor Canção pela música-tema de “007 Contra Spectre”. Minutos antes, Gaga tinha emocionado os espectadores com a melhor performance musical da noite, levando ao palco diversas vítimas de abuso sexual, enquanto Smith desafinara sozinho, pavorosamente. Por sua vez, o apresentador Chris Rock (“Gente Grande”) intercalou críticas à indústria cinematográfica em quase todas as suas intervenções, realçando a falta de diversidade dos concorrentes – questão que chegou a inspirar um incipiente boicote. Diversos apresentadores negros, convocados para comentar a questão, seguiram a deixa, mas também houve quem debochasse, como Sacha Baron Cohen, que apareceu como sua persona black, Ali G. Mesmo assim, em contraste com o discurso racial, o Oscar 2016 acabou se provando um dos mais diversificados dos últimos anos, ao menos em termos de nacionalidades. Além dos mexicanos de “O Regresso”, os australianos, ingleses e sul-africanos de “Mad Max”, também comemoraram vitórias a sueca Alicia Vikander, o inglês Mark Rylance, o lendário italiano Ennio Morricone (Melhor Trilha Sonora) e os vencedores das categorias de Documentário, Curtas (entre eles, um chileno) e, claro, Filme Estrangeiro. Infelizmente, a animação brasileira “O Menino e o Mundo” não se juntou à lista, perdendo para “Divertida Mente”. Confira abaixo a lista completa dos premiados e aproveite para ler uma análise mais abrangente do Oscar 2016. Se tiver curiosidade, confira também o texto sobre a expectativa da premiação, que aborda vários pontos realçados pela confirmação dos vitoriosos. VENCEDORES DO OSCAR 2016 FILME “Spotlight – Segredos Revelados” DIREÇÃO Alejandro G. Iñarritu, “O Regresso” ATOR Leonardo DiCaprio, “O Regresso” ATRIZ Brie Larson, “O Quarto de Jack” ATOR COADJUVANTE Mark Rylance, “Ponte dos Espiões” ATRIZ COADJUVANTE Alicia Vikander, “A Garota Dinamarquesa” ROTEIRO ORIGINAL “Spotlight: Segredos Revelados” – Josh Singer e Tom McCarthy ROTEIRO ADAPTADO “A Grande Aposta” – Charles Randolph e Adam McKay FOTOGRAFIA “O Regresso” – Emmanuel Lubezki EDIÇÃO “Mad Max: Estrada de Fúria” – Margaret Sixel DOCUMENTÁRIO “Amy” ANIMAÇÃO “Divertida Mente” FILME ESTRANGEIRO “O Filho de Saul” (Hungria) TRILHA SONORA ORIGINAL “Os Oito Odiados” – Ennio Morricone CANÇÃO ORIGINAL “Writing’s On The Wall”, de “007 contra Spectre” (Jimmy Napes/Sam Smith) EFEITOS VISUAIS “Ex Machina” – Andrew Whitehurst, Paul Norris, Mark Williams Ardington e Sara Bennett CENOGRAFIA “Mad Max: Estrada da Fúria” – Colin Gibson e Lisa Thompson FIGURINO “Mad Max: Estrada da Fúria” – Jenny Beavan MAQUIAGEM E CABELO “Mad Max: Estrada da Fúria” – Lesley Vanderwalt, Elka Wardega e Damian Martin EDIÇÃO DE SOM “Mad Max: Estrada da Fúria” – Mark A. Mangini e David White MIXAGEM DE SOM “Mad Max: Estrada da Fúria” – Chris Jenkins, Gregg Rudloff e Ben Osmo CURTA-METRAGEM “Stutterer” CURTA DE ANIMAÇÃO “Bear Story” DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM “A Girl in the River: The Price of Forgiveness”
O Regresso é o principal lançamento do Oscar nos cinemas brasileiros
“O Regresso”, que estreia nesta quinta (4/2) em 534 salas, não é apenas o maior lançamento da semana. É o maior lançamento de um filme selecionado para o Oscar 2016. Isto representa o apelo de Leonardo DiCaprio, que conseguiu se tornar um ator prestigiado, após diversos papéis lhe renderem sucessivas indicações ao prêmio da Academia, sem, entretanto, perder a popularidade conquistada na juventude, quando as fãs idolatravam seu rosto bonito. Pois “Leo” não está nada bonito em “O Regresso”. Barbudo, sujo, marcado por cicatrizes e feridas abertas pelo corpo, ele interpreta uma força da natureza, superando feras, neve, corredeiras, traições e seu próprio funeral, tamanha sua determinação para sobreviver e se vingar. E vencer o cobiçado Oscar. A história de Hugh Glass é verídica, na medida em que os mitos surgem com bases reais. E esta é a segunda vez que inspira um filme. Outro grande ator, Richard Harris, interpretou o personagem (rebatizado de Zachary Bass) no western “Fúria Selvagem” (1971). Mas a direção do mexicano Alejandro Iñarritu, auxiliado pela fotografia de tirar o fôlego de Emmanuel Lubezki (praticamente um codiretor), fazem de “O Regresso” um espetáculo visceral bem diferente do cinema de outrora. A cena do ataque do urso já entrou para a história, só superada em sua brutalidade por filmes de terror, e de tão realista é capaz de induzir o público a acreditar que DiCaprio realmente contracenou com um urso verdadeiro. Mas há tantas outras sequências impressionantes, materializadas em ritmo intenso, que mal dá tempo para o cérebro processar o que, além da iluminação natural, é de fato real e o que não passa de ilusionismo cinematográfico. Não é à toa que “O Regresso” teve 12 indicações ao prêmio da Academia. A programação de estreias inclui outro drama indicado ao Oscar, o húngaro “O Filho de Saul”, favorito na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. O favoritismo reflete tanto o reconhecimento prévio, que inclui o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e o Globo de Ouro da categoria, quanto seu assunto. A Academia adora premiar filmes sobre o Holocausto. Mesmo assim, o longa de László Nemes é mais sombrio que a maioria das produções sobre o tema, ao se concentrar no judeu responsável por incinerar os cadáveres das vítimas das câmeras de gás. Sem Leonardo DiCaprio, esse “filme do Oscar” chega em apenas 22 salas. O circuito limitado também destaca um dos “injustiçados” da Academia, o filme indie “Tangerine”, premiado em diversos festivais, inclusive nos respeitados Karlovy Vary e Deauville. Por sinal, ele é um dos favoritos ao “Oscar independente”, o Spirit Awards. Se muito se lamenta a falta de diversidade entre os indicados ao prêmio máximo de Hollywood, “Tangerine” não pode ser mais diverso. Sua trama acompanha transexuais negros na Califórnia. Quando Sin-Dee Rella descobre que seu namorado a está traindo com outra, que não só é uma branquela como também uma mulher de verdade, sua reação é uma explosão de violência, representada de um jeito estabanado e bem-humorado. Filmado com iPhones, que realçam a iluminação das ruas e dão à produção uma textura artificial, “Tangerine” já virou um marco do cinema independente americano e entrou em diversas listas da crítica como um dos melhores filmes de 2015. Infelizmente, será lançado em circuito invisível, em poucas salas do Rio e São Paulo. Enquanto isso, três filmes muito ruins completam a ocupação das salas dos shopping centers de todo o país. Só o sucesso de “Os Dez Mandamentos” pode explicar o destaque conseguido por “Epa! Cadê o Noé?”, uma animação europeia de quinta categoria, sobre os bichinhos falantes da Arca de Noé, que chega em 232 salas. O besteirol americano “Tirando o Atraso” expõe Robert De Niro ao papel ridículo de vovô tarado, em 135 salas. Por fim, “A Escolha” serve para comprovar que os livros de Nicholas Sparks mudam de título, mas não de história, que inevitavelmente inclui um casal interiorano, que se apaixona de forma relutante, até que um acidente acontece no meio do lugar comum. A reciclagem ocupa 123 salas. Confira abaixo os trailers de todas as estreias da semana. Estreias de cinema nos shoppings Estreias em circuito limitado
A Grande Aposta vence prêmio dos produtores de Hollywood
A comédia dramática “A Grande Aposta” venceu o prêmio de Melhor Filme do Sindicato dos Produtores dos EUA (PGA, na sigla em inglês). A premiação aconteceu na noite de sábado (23/1) e é uma importante prévia para o Oscar. Para se ter ideia, a última vez que o vencedor do Oscar não coincidiu com o filme escolhido pelo Sindicato dos Produtores foi em 2006, quando “Pequena Miss Sunshine” venceu o PGA Awards e a Academia se equivocou ao eleger um remake inferior de um clássico de Hong Kong, ainda que dirigido por Martin Scorsese, “Os Infiltrados”. A vitória de “A Grande Aposta” ajuda a deixar o Oscar sem um favorito claro. O filme de Adam McKay não vinha se destacando como um forte concorrente a prêmios, sendo eclipsada em outras premiações da indústria por “Spotlight – Segredos Revelados”, “Mad Max – Estrada da Fúria” e “O Regresso”. Já nas outras duas categorias de cinema não houve surpresas. “Divertida Mente” levou como Melhor Animação, enquanto “Amy” venceu como Melhor Documentário. O PGA Awards também premiou as melhores produções de TV. E a 5ª temporada de “Game of Thrones” bateu o final de “Mad Men” como Melhor Série Dramática, enquanto “Transparent” foi considerada a Melhor Série Cômica e “Fargo” a Melhor Minissérie. Para completar, o comediante Jerry Seinfeld levou o troféu de Melhor Série Digital com “Comedians in Cars Getting Coffee”. VENCEDORES DO PGA AWARDS 2016 CINEMA Melhor Filme “A Grande Aposta” Melhor Animação “Divertida Mente” Melhor Documentário “Amy” TELEVISÃO Melhor Série de Drama “Game of Thrones” Melhor Série de Comédia “Transparent” Melhor Minissérie ou Telefilme “Fargo” WEB Melhor Série Digital “Comedians in Cars Getting Coffee”
Estreias da semana incluem quatro indicados ao Oscar 2016
A semana é movimentada nos cinemas, com a estreia de quatro indicados ao Oscar 2016 e do candidato antecipado a melhor filme brasileiro de 2016. Mas é a animação do “Snoopy & Charlie Brown – Peanuts, o Filme”, que recebe mais atenção do circuito, com lançamento em 814 salas. Dirigida por Steve Martino (“A Era do Gelo 4”), a primeira adaptação digital dos quadrinhos clássicos de Charles M. Schulz é simpática, porém reprisa várias situações já vistas nos desenhos anteriores dos personagens, apostando no visual computadorizado como maior diferencial. Dos indicados ao Oscar, “Creed – Nascido para Lutar” e “A Grande Aposta” tem a maior distribuição. O drama de boxe que resgata o personagem Rocky e a carreira de Sylvester Stallone, de volta ao Oscar após 39 anos, ganha a maior distribuição, chegando em 357 salas. Já a comédia financeira, que conquistou cinco indicações, inclusive Melhor Filme, Direção (Adam McCay) e Ator Coadjuvante (Christian Bale), tem lançamento em 222 salas. “Steve Jobs” e “Carol” chegam com menos prestígio, após terem sido preteridos pela Academia na categoria de Melhor Filme. A cinebiografia destaca o trabalho de Michael Fassbender como o fundador da Apple e da atriz Kate Winslet, ambos indicados ao Oscar. Por sua vez, “Carol” teve seis indicações, entre elas a de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante para o casal vivido por Cate Blanchett e Rooney Mara. Tamanho reconhecimento, curiosamente, não foi estendido ao próprio filme, que ficou de fora da disputa principal. Teria sido o tema homossexual? A obra é linda, já bastante premiada, e agora tem o incentivo da polêmica para lotar os cinemas. Infelizmente, são apenas 68 cinemas no Brasil, número similar ao atingido por “Steve Jobs”. Em meio ao burburinho do Oscar, o lançamento de “Boi Neon” corre o risco de passar em branco. A data foi mal escolhida. Mas não muda o fato de se tratar de um dos filmes brasileiros mais esperados por quem busca qualidade no cinema. Já candidato da Pipoca Moderna a Melhor Filme de 2016, a obra do diretor Gabriel Mascaro conquistou reconhecimento internacional com premiações nos festivais de Veneza, Toronto, Adelaide e Hamburgo, além do Rio. A trama se passa no Nordeste do Brasil, acompanhando o drama particular da família de um vaqueiro, que viaja acompanhando vaquejadas, mas cujo sonho é trabalhar com moda, confeccionando vestidos. O detalhe de partir o coração: estreia em apenas 31 salas. Estreias de cinema nos shoppings Estreias em circuito limitado
Indicação ao Oscar de O Menino e o Mundo é tapa no circuito de cinema do Brasil
A indicação de “O Menino e o Mundo” ao Oscar 2016 deve ser comemorada pelos brasileiros. Mas não pelos responsáveis pelos destinos do cinema no Brasil. A animação premiada de Alê Abreu foi lançada em apenas 12 salas no circuito nacional e ficou em cartaz poucas semanas. É um trabalho praticamente desconhecido no próprio país, graças aos critérios de distribuição que privilegiam estúdios estrangeiros e comédias televisivas. Não por acaso, o filme recebeu muito mais consideração no exterior. Vencedor do Festival de Anecy, espécie de Cannes da animação, “O Menino e o Mundo” chegou a 80 países e teve distribuição em 70 salas de cinema na França, onde ficou em cartaz por quase um ano. Ou seja, os franceses conhecem melhor a obra que os brasileiros. O diretor Alê Abreu também foi responsável pelo ótimo “Garoto Cósmico” (2007) e já mereceu homenagem do festival Anima Mundi. Trata-se de um dos maiores talentos da animação do país. Com uma arte coloridíssima e original, que evoca desenhos a lápis e giz, “O Menino e o Mundo” também é a antítese da computação gráfica genérica dos desenhos fraquinhos que as distribuidoras insistem em priorizar no país. A comparação nem precisa ser com os blockbusters da animação. Como parâmetro, basta verificar como as piores produções animadas internacionais são tratadas no Brasil. O alemão “As Aventuras dos Sete Anões” ganhou lançamento em 95 salas. O russo “O Reino Gelado 2” foi lançado em 320 salas. Até o DVD da Disney “Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca” entrou no circuito, em 438 cinemas. E há muitos outros de onde saíram estes lançamentos trash. Por que o mercado cinematográfico brasileiro não dá à animação criada no país o mesmo valor que o mundo lhe confere? É importante frisar que “O Menino e o Mundo” não é uma exceção, um caso raro que só acontece uma vez na vida. Um ano antes do filme de Alê Abreu vencer Anecy, quem conquistou o prêmio do festival foi outra produção brasileira, “Uma História de Amor e Fúria”, de Luiz Bolognesi. Quem viu no Brasil?











