Oscar 2016: Justiças, injustiças e as mudanças que a premiação antecipa
Leonardo DiCaprio conquistou seu Oscar. Mas, para os cinéfilos, a vitória de Ennio Morricone por “Os Oito Odiados” foi a mais significativa. Autor de trilhas clássicas do spaghetti western, com 87 anos de idade e já merecedor de um Oscar honorário pela carreira, ele foi reconhecido sob aplausos esfuziantes dos integrantes da Academia, que nem sempre têm a chance de corrigir lacunas históricas na premiação. O Oscar 2016 foi, por sinal, um evento focado nas injustiças da premiação, desde a falta de artistas negros em sua seleção, razão de vários discursos, até vitórias que relevaram o receio de repetir os eleitos do ano passado, casos de Alejandro G. Iñarritu, Melhor Diretor pelo segundo ano consecutivo, e Emmanuel Lubezki, único cinematógrafo a vencer o Oscar de Melhor Direção de Fotografia por três anos seguidos. Os vitoriosos por “O Regresso” eram, de fato, os melhores em suas categorias. Mas a premiação de “Spotlight – Segredos Revelados” como Melhor Filme, sobre o longa com a melhor direção, fotografia e ator (DiCaprio), aponta que os critérios da Academia não foram muito “justos”. Ao menos, não foram cinematográficos. Venceu a melhor história, supostamente, visto que “Spotlight” também conquistou o Oscar de Melhor Roteiro Original. Entretanto, há pouco cinema em “Spotlight”, que é praticamente um docudrama convencional, comparável, tecnicamente, a alguns telefilmes da TV paga. Além disso, seu diretor, Tom McCarthy, vem de realizações medíocres, entre elas a comédia “Trocando os Pés”, que, também neste ano, apareceu na lista do Framboesa de Ouro de piores filmes. Além de dirigir, ele assina o roteiro de “Spotlight” em parceria com Josh Singer, autor da bomba “O Quinto Poder” (2013), filme superficialíssimo sobre o Wikileaks execrado por todos, da esquerda à direita, do público à crítica. O que os cerca de 7 mil eleitores do Oscar se esquecem, na hora de votar, é que suas escolhas serão sempre lembradas e cobradas pela História. Será que Tom McCarthy seguirá fazendo filmes que mereçam novas indicações ao Oscar? Ou ganhará o ensaiado Framboesa de Ouro nos próximos anos? Ou, ainda, sumirá rumo à irrelevância, como Paul Haggis, o roteirista e diretor de “Crash: No Limite”, filme que venceu o Oscar de 2006 sobre “Brokeback Mountain”? Após sofrer a injustiça, Ang Lee fez novos filmaços, como “Desejo e Perigo” (2007) e “As Aventuras de Pi” (2012). E Haggis? Para ficar, então, no roteiro, que os acadêmicos de Hollywood consideraram o melhor do ano, não deixa de ser relevante que a trama de “Spotlight” falhe nas duas frentes em que avança. Como filme-denúncia, pouco tem a denunciar, uma vez que a questão da pedofilia na Igreja já foi absorvida pelo Vaticano. Mesmo assim, o assunto é tratado pela produção com um distanciamento burocrático que consegue fazer assepsia no asco. Sobre o mesmo tema e no mesmo ano, o drama chileno “O Clube”, também passado entre quatro paredes, é muito mais porrada. As paredes da redação de jornal, por sinal, fornecem o cenário em que “Spotlight” avança. A opção não é apenas teatral, mas pouco enaltecedora do jornalismo investigativo que o filme supostamente celebra. Os repórteres da tela não vão a campo investigar suspeitas. Eles recebem tudo mastigadinho, numa caixa repleta de depoimentos de vítimas, todas muito solícitas. E suas principais “descobertas” são notícias antigas, do arquivo da própria redação. O máximo de esforço investigativo se resume à leitura de anuários da Igreja, filtrada pelo cruzamento de informações. Assim, boa parte de sua “ação” acontece em salas cheias de pastas e papéis. Era assim que ainda se pesquisava nos anos 2000. Mas, se fosse trazida para os dias atuais, a trama mostraria simplesmente um jornalismo paralisado diante do Google. Desta forma, as comparações com “Todos os Homens do Presidente” (1976) não podem ser mais equivocadas. Quando o filme do mestre Alan J. Pakula chegou aos cinemas, não fazia uma década desde que o escândalo abordado esfriara – como em “Spotlight” – , mas apenas 20 meses que o presidente Richard Nixon renunciara. Além disso, o perigo da reportagem sobre Watergate era tamanho que as fontes não vinham à redação felizes pela atenção, balançando as provas nas mãos, mas se escondiam, falavam em off, usavam pseudônimo e forneciam apenas pistas de fatos que os jornalistas precisavam desvendar. Jornalismo investigativo com risco de vida é bem diferente de redação de pesquisa de texto – que é o que o roteiro premiado de “Spotlight” exibe. Só quem nunca trabalhou num grande jornal é capaz de confundir os dois. Como críticos de blog, roteiristas de filmes superficiais e eleitores da Academia. “Spotlight” era o filme favorito dos atores, maior grupo de votantes da Academia, como comprovou seu prêmio de Melhor Elenco na eleição do Sindicato. O SAG (Sindicato dos Atores) também emplacou três dos quatro vitoriosos de sua eleição sindical. A exceção ficou por conta de Sylvester Stallone, que perdeu para Mark Rylance, ator do teatro britânico, bastante elogiado por sua carreira nos palcos, mas que, num dos filmes mais fracos de Steven Spielberg, aparece sempre cansado, de pescoço enrijecido e dando impressão de sofrer de Alzheimer, alheio ao drama e lento em sua formulação de frases. Menosprezado por sua carreira repleta de filmes ruins, Stallone perdeu para que a Academia pudesse premiar o teatro inglês e o convencionalismo do filme menos polêmico da noite, “Ponte de Espiões”. A consagração de Alicia Vikander, por sua vez, premia a “it girl” do momento, para usar uma expressão da era de ouro de Hollywood. Ela é o que se salva do melodrama “A Garota Dinamarquesa”, sem dúvida, mas está ainda melhor em “Ex Machina”, filme que venceu a categoria de Efeitos Visuais de forma surpreendente – tinha o orçamento mais baixo entre os concorrentes – , talvez como compensação por sua ausência na lista de Melhor Filme. Já a vitória de DiCaprio era tão esperada que havia festas preparadas para esta comemoração. Assim como era esperado, pelo trabalho apresentado, o Oscar da estrela menos badalada da noite, Brie Larson. Embora tenha sido tratada como revelação pela mídia que não acompanha a indústria de perto, ela começou a fazer séries com 10 anos de idade e vem se destacando em filmes indies desde 2010. Aliás, já deveria ter sido indicada por “Temporário 12” (2013), filmaço que venceu o Festival SWSW – seu próximo drama será um filme do mesmo diretor. O Oscar de Melhor Atriz pode, inclusive, ser considerado uma antítese da vitória de DiCaprio. Enquanto o prêmio de Melhor Ator consolida o sistema alimentado por astros famosos, a conquista da “desconhecida” Larson destaca o valor do cinema independente. Isto porque “O Quarto de Jack” era a única produção realmente indie na disputa, tendo fechado sua distribuição com a pequena A24 apenas após sua exibição no Festival de Toronto – que, inclusive, venceu. Os demais supostos indies da competição, como “Spotlight” e “Carol”, além de destacar estrelas já consagradas, foram realizados com toda a estrutura de estúdio e distribuição garantidas. Brie Larson não era visada por paparazzi antes de “O Quarto de Jack”. O filme não é repleto de famosos, não tem diretor incensado e seus produtores não frequentam a lista dos VIP de Hollywood. Além disso, trata de questões femininas, de abuso e maternidade, representadas sem maquiagem ou glamour algum. Menos comentado entre todos os indicados, trata-se, entretanto, do filme que mais bem representa as mudanças que se espera do Oscar, pós-velhos brancos: renovação, talento e sensibilidade. Justiças e injustiças feitas, há mesmo promessas de grandes mudanças para o Oscar 2017. E a festa da cerimônia de domingo (28/2), carregada de discursos indignados, foi, no fundo, uma forma encontrada pela presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, de preparar terreno, inclusive com uma tentativa explícita, em sua intervenção durante o evento, de engajar os acadêmicos na sua agenda. Afinal, assim que anunciou seus planos, protestos ruidosos começaram a surgir entre a parcela mais velha do eleitorado, que ela pretende afastar. Isaacs anunciou, ainda em janeiro, que o direito a voto dos acadêmicos deixará de ser perpétuo. A partir do Oscar 2017, só poderão votar os integrantes da Academia que permaneceram ativos na última década, visando, com isso, eliminar a influência dos aposentados, profissionais que não acompanham mais o dia-a-dia da indústria e que vem impedindo, pelo conservadorismo típico da idade avançada, a implementação de mudanças desejadas. Ao mesmo tempo, a Academia tentará buscar maior diversidade ao escolher novos integrantes para as vagas que se abrirão. As premiações do Oscar refletem, sim, a composição étnica, etária e sexual da Academia, que, de acordo com relatos da mídia, é majoritariamente formada por homens brancos velhos – 94% são brancos, 77% do sexo masculino e a média de idade entre os votantes é superior a 60 anos. Visando mudar a composição desses eleitores, a Academia ainda adicionou três novos assentos para mulheres e minorias no conselho de sua administração. Assim, a governança da entidade passará a contar com 54 membros, que serão responsáveis por aprovar novas reformas nos próximos Oscars, com o objetivo de dobrar o número de mulheres e minorias votantes até 2020. É esperar para ver se, com isso, mais minorias serão destacadas entre os indicados ao Oscar 2017 e se, quem sabe, no próximo ano seja possível eleger o Melhor Filme de verdade. Clique aqui para conferir a lista completa dos vencedores do Oscar 2016.
Oscar 2016: Spotlight é o Melhor Filme, mas o Regresso e Mad Max são os maiores vencedores
“Spotlight – Segredos Revelados” foi eleito o Melhor Filme na cerimônia mais politizada da história do Oscar. Menos inventivo entre todos os candidatos, o longa em que jornalistas investigam a pedofilia disseminada na Igreja também conquistou o troféu de Melhor Roteiro Original e era o favorito do maior colégio eleitoral da Academia, os atores – o filme havia vencido o prêmio do Sindicato dos Atores por seu elenco. O reconhecimento técnico, entretanto, foi compartilhado por “O Regresso” e “Mad Max: Estrada da Fúria”. O primeiro rendeu bis para Alejandro G. Iñarritu, eleito Melhor Diretor pelo segundo ano consecutivo, e para Emmanuel Lubezki, único cinematógrafo a vencer o Oscar de Melhor Direção de Fotografia por três anos seguidos, enquanto o longa dirigido por George Miller liderou o arremate das demais estatuetas, conquistando seis prêmios técnicos – menos, curiosamente, o de Efeitos Visuais, vencido por “Ex Machina”. Entre os intérpretes, três premiados pelo Sindicato dos Atores foram confirmados. A vitória de Leonardo DiCaprio, que tinha torcida organizada nas ruas, rendeu os aplausos mais ruidosos dentro da própria cerimônia. Ele também fez um dos melhores discursos da noite, apontando as dificuldades de encontrar regiões nevadas para filmar “O Regresso”, devido às mudanças climáticas. Em seu alerta, ele ainda sugeriu medidas de apoio às lideranças globais não comprometidas pelos interesses das corporações, para que se possa salvar o planeta antes que seja tarde. Brie Larson e Alicia Vikander foram confirmadas, respectivamente, como Melhor Atriz por “O Quarto de Jack” e Atriz Coadjuvante por “A Garota Dinamarquesa”. Mas Sylvester Stallone não referendou seu favoritismo por “Creed”, perdendo a estatueta de Melhor Coadjuvante para Mark Rylance, em “Ponte dos Espiões”. Quem aplaudiu mais sem graça, porém, foi Lady Gaga, que viu Sam Smith conquistar a estatueta de Melhor Canção pela música-tema de “007 Contra Spectre”. Minutos antes, Gaga tinha emocionado os espectadores com a melhor performance musical da noite, levando ao palco diversas vítimas de abuso sexual, enquanto Smith desafinara sozinho, pavorosamente. Por sua vez, o apresentador Chris Rock (“Gente Grande”) intercalou críticas à indústria cinematográfica em quase todas as suas intervenções, realçando a falta de diversidade dos concorrentes – questão que chegou a inspirar um incipiente boicote. Diversos apresentadores negros, convocados para comentar a questão, seguiram a deixa, mas também houve quem debochasse, como Sacha Baron Cohen, que apareceu como sua persona black, Ali G. Mesmo assim, em contraste com o discurso racial, o Oscar 2016 acabou se provando um dos mais diversificados dos últimos anos, ao menos em termos de nacionalidades. Além dos mexicanos de “O Regresso”, os australianos, ingleses e sul-africanos de “Mad Max”, também comemoraram vitórias a sueca Alicia Vikander, o inglês Mark Rylance, o lendário italiano Ennio Morricone (Melhor Trilha Sonora) e os vencedores das categorias de Documentário, Curtas (entre eles, um chileno) e, claro, Filme Estrangeiro. Infelizmente, a animação brasileira “O Menino e o Mundo” não se juntou à lista, perdendo para “Divertida Mente”. Confira abaixo a lista completa dos premiados e aproveite para ler uma análise mais abrangente do Oscar 2016. Se tiver curiosidade, confira também o texto sobre a expectativa da premiação, que aborda vários pontos realçados pela confirmação dos vitoriosos. VENCEDORES DO OSCAR 2016 FILME “Spotlight – Segredos Revelados” DIREÇÃO Alejandro G. Iñarritu, “O Regresso” ATOR Leonardo DiCaprio, “O Regresso” ATRIZ Brie Larson, “O Quarto de Jack” ATOR COADJUVANTE Mark Rylance, “Ponte dos Espiões” ATRIZ COADJUVANTE Alicia Vikander, “A Garota Dinamarquesa” ROTEIRO ORIGINAL “Spotlight: Segredos Revelados” – Josh Singer e Tom McCarthy ROTEIRO ADAPTADO “A Grande Aposta” – Charles Randolph e Adam McKay FOTOGRAFIA “O Regresso” – Emmanuel Lubezki EDIÇÃO “Mad Max: Estrada de Fúria” – Margaret Sixel DOCUMENTÁRIO “Amy” ANIMAÇÃO “Divertida Mente” FILME ESTRANGEIRO “O Filho de Saul” (Hungria) TRILHA SONORA ORIGINAL “Os Oito Odiados” – Ennio Morricone CANÇÃO ORIGINAL “Writing’s On The Wall”, de “007 contra Spectre” (Jimmy Napes/Sam Smith) EFEITOS VISUAIS “Ex Machina” – Andrew Whitehurst, Paul Norris, Mark Williams Ardington e Sara Bennett CENOGRAFIA “Mad Max: Estrada da Fúria” – Colin Gibson e Lisa Thompson FIGURINO “Mad Max: Estrada da Fúria” – Jenny Beavan MAQUIAGEM E CABELO “Mad Max: Estrada da Fúria” – Lesley Vanderwalt, Elka Wardega e Damian Martin EDIÇÃO DE SOM “Mad Max: Estrada da Fúria” – Mark A. Mangini e David White MIXAGEM DE SOM “Mad Max: Estrada da Fúria” – Chris Jenkins, Gregg Rudloff e Ben Osmo CURTA-METRAGEM “Stutterer” CURTA DE ANIMAÇÃO “Bear Story” DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM “A Girl in the River: The Price of Forgiveness”
Oscar 2016: Cerimônia exibirá a maior saia justa da história da Academia de Hollywood
A premiação do Oscar 2016, que acontece na noite deste domingo (28/2), já é considerada a maior saia justa da história da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Criticada pela ausência, pelo segundo ano consecutivo, de artistas negros entre seus indicados, a situação constrangedora tem sido reforçada por vitórias de atores negros em outras premiações importantes da temporada. E amplificada por novas gafes da produção do evento, como a exclusão da cerimônia da cantora transexual Anohni, indicada ao Oscar de Melhor Canção (por “Manta Ray”, de “A Corrida contra a Extinção”). Discursos contundentes são esperados. Mas grandes mudanças já estão em curso, que tendem a fazer deste o último Oscar à moda antiga. O último Oscar escolhido por uma maioria esmagadora de homens brancos idosos. Não deixa de ser interessante que a premiação chegue a seu crepúsculo dividida, em seu favoritismo, entre seus três candidatos mais brancos e masculinos, “O Regresso”, “A Grande Aposta” e “Spotlight – Segredos Revelados”, que expõem a macheza de seus protagonistas, capazes de vencer a natureza, a economia e as instituições, rangendo os dentes e se dizendo mais puros e dignos que seus rivais. Esta divisão foi expressa nas votações dos sindicatos de Hollywood, em que diretores preferiram “O Regresso”, produtores “A Grande Aposta” e atores “Spotlight”. Dos favoritos, o mais fraco agrada ao maior grupo de votantes. “Spotlight” não é apenas um filme conservador, no sentido de não ousar esteticamente como os demais, mas se mostra reducionista até naquilo que tem motivado elogios à sua realização. Para o filme do diretor Tom McCarthy, jornalismo investigativo se resume à pesquisa de arquivos, especialmente reportagens antigas. Como a história se passa no começo dos anos 2000, boa parte de sua “ação” acontece em salas cheias de pastas e papéis. Mas se fosse trazida para os dias atuais, a trama mostraria um jornalismo paralisado diante do Google. “A Grande Aposta” é o mais arrojado. Usando técnicas de documentário e derrubando a quarta parede, o diretor Adam McKay surpreende por tornar interessante, da forma mais cínica possível, um tema que afeta a todos, mas que a maioria prefere ignorar: o funcionamento da bolsa de valores. Não que suas explicações convençam. Ao contrário, apenas entretêm. Mas a acidez com que corroem o capitalismo é bastante subversiva para o padrão dos liberais de Hollywood. Por sua vez, “O Regresso” já foi sublimado, pelo grande público, como o Oscar de Leonardo DiCaprio. Fãs que seguem o ator desde “Titanic” (1997) decidiram que o filme representará sua canonização no firmamento cinematográfico, tantas são as romarias anunciadas para celebrar o fim de seu martírio e sua esperada consagração como vencedor do Oscar. Entretanto, como cinema, o filme dirigido por Alejandro González Iñárritu é, na verdade, do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki, que pode fazer História ao se tornar o primeiro cinematógrafo a vencer o Oscar por três anos consecutivos. Vista por outro ângulo, a escolha poderia ser bem mais simplificada. Afinal, quem merece vencer o Oscar 2016, o novo filme do diretor da bomba “Trocando os Pés” (2014), do pastelão “Tudo Por um Furo” (2013) ou do oscarizado “Birdman” (2014)? Azarão nesta disputa, “Mad Max: Estrada da Fúria”, de George Miller, mantém a torcida de uma parcela da crítica, que destaca suas cenas insanas e um diretor que merece mais reconhecimento. Além disso, o filme deixa um legado de frases impactantes e uma protagonista feminina poderosa, algo ainda raro na centenária Hollywood. O apuro de sua produção deve render muitos prêmios técnicos. Porém, todo esse talento é colocado a serviço de uma longa perseguição, que visa o espetáculo visual sem pretender chegar a lugar algum – tanto que é, de forma mais instigante que a jornada de DiCaprio, circular. Embora seja possível enxergar alegorias profundas em sua realização, até os fanboys mais radicalizados apostariam contra “Mad Max” numa disputa de roteiro – categoria a qual nem foi indicado. Há questões importantes de gênero embutidas também nas indicações periféricas de “Carol” e “A Garota Dinamarquesa”, que trazem o universo LGTB ao Oscar. Entretanto, quando barrou a participação de Anohni da cerimônia, a própria Academia tratou de colocar o tema em seu devido lugar, como figurante da festa, que não deve chamar mais atenção que já conquistou. Os dois sequer foram convidados a disputar o Oscar de Melhor Filme. Mesmo assim, “A Garota Dinamarquesa”, que resulta num filme mais convencional que seu tema, acabou criando uma polêmica inesperada. Mais uma. Isto porque a Academia permite aos produtores decidirem em que categoria os candidatos irão concorrer. E “A Garota Dinamarquesa” inscreveu sua protagonista, a atriz sueca Alicia Vikander, como coadjuvante. Graças a esta artimanha, ela se tornou favorita ao prêmio. Mas gerou protestos de quem ficou fora da disputa. Vikander pode ser responsável por impedir a reunião dos astros de “Titanic” na premiação, pois Kate Winslet vinha vencendo troféus como Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel em “Steve Jobs”. Indiretamente, ao evitar a disputa de Melhor Atriz, ela também deixa aberto o caminho para Brie Larson levar seu Oscar por “O Quarto de Jack”. Embora a seleção de filmes indicados apresente uma tendência inquietante, os flashes quase ofuscam outro tipo de conservadorismo. Afinal, o tapete vermelho é mais que um ritual cafona, em que estrelas desfilam vestidos de grife. É o instante em que a Academia, com a ajuda da mídia, tenta evocar o antigo glamour de Hollywood. Um conceito que também emana da visão de homens brancos idosos, que guardam saudades de uma época em que astros e estrelas, em suas roupas de gala, pareciam descer de carruagens num baile de contos de fadas. A consagração dessa nostalgia, por uma mídia mais interessada em vestidos e sapatinhos de cristal, é o que inspira as torcidas fabulosas por DiCaprio. A generalização do “será que DiCaprio vence?” é digna do público de novelas, que torce pela reviravolta redentora, mesmo que o desfecho tenha sido vazado com antecedência. Melhor seria, ainda, se houvesse a consagração simultânea de Kate Winslet, materializando o final feliz que faltou a “Titanic”, como num conto de fadas da “vida real”. E tudo isso sem que os filmes atuais tenham qualquer relevância para a torcida. Isto é o Oscar para o público e a imprensa médias. O mesmo simbolismo alimenta a torcida por Sylvester Stallone, que concorre como Melhor Coadjuvante por “Creed – Nascido para Lutar”, 39 anos após disputar como Ator e Roteirista pelo mesmo personagem, Rocky. O público, de fato, gosta de um final feliz no cinema. A antítese dessa narrativa à moda antiga pode virar a vitória mais importante do Oscar 2016, encaminhada pelo resultado do Sindicato dos Atores, que já reconheceu, como sendo a melhor, a estrela menos badalada da festa: Brie Larson. Ela não é exatamente uma revelação, pois começou a fazer séries com 10 anos de idade e vem se destacando em filmes indies desde 2010. Aliás, já deveria ter sido indicada por “Temporário 12” (2013), filmaço que teve como pecado ser uma produção sem dinheiro para campanha de premiação. A importância de seu potencial Oscar, por sinal, reside em “O Quarto de Jack” ser a única produção realmente indie na disputa deste domingo, tendo fechado sua distribuição com a pequena A24 apenas após sua exibição no Festival de Toronto – que, inclusive, venceu. Os demais supostos indies da competição, como “Spotlight” e “Carol”, além de destacar estrelas já consagradas, foram realizados com toda a estrutura de estúdio e distribuição garantidas. Brie Larson não era visada por paparazzi antes de “O Quarto de Jack”. O filme não é repleto de famosos, não tem diretor incensado e seus produtores não frequentam a lista dos VIP de Hollywood. Além disso, trata de questões femininas, de abuso e maternidade, representadas sem maquiagem ou glamour algum. Menos comentado entre todos os indicados, trata-se do filme que mais bem representa as mudanças que se espera do Oscar, pós-velhos brancos. Já no outro extremo, o Oscar dos velhos brancos é mais bem representado por “Ponte dos Espiões”, que fez Steven Spielberg bater um recorde, atingindo nove indicações, como o diretor que mais vezes disputou o Oscar de Melhor Filme em todos os tempos. Infelizmente, também é o mais fraco dos trabalhos com que o cineasta concorreu, discutindo justiça e espionagem num cenário de Guerra Fria – a analogia serve, mas seria mais corajoso se, de fato, tratasse do mundo em que vive Edward Snowden. A propósito, a presença de “Ponte dos Espiões” é um dos motivos de questionamento da lista do Oscar de Melhor Filme do ano. Produção apenas mediana, deixou de fora “Straight Outta Compton: A História do N.W.A.”, “Creed – Nascido para Lutar” e “Carol”, para citar apenas os mais evidentes – dois filmes estrelados e dirigidos por negros e um terceiro sobre um casal lésbico. Mas a lista poderia incluir ainda “Tangerine”, a maior provocação de todas, protagonizado por uma transgênero negra. Afinal, “Tangerine” também vem conquistando prêmios importantes. Além disso, as regras da Academia permitem até dez indicações nesta categoria, e os escolhidos foram apenas sete, passando a mensagem de que os demais não eram bons – ou dignos – o suficiente para o Oscar. Vale destacar que nenhum filme premiado no Festival de Sundance foi selecionado – nem mesmo o brasileiro “Que Horas Ela Volta?”. Por fim, o foco da polêmica mais recente, o Oscar de Melhor Canção, pode se tornar ainda mais constrangedor. Único negro indicado a qualquer coisa no Oscar 2016, the Weeknd tem tudo para repetir o que aconteceu no ano passado, quando John Legend, o negro de 2015, levou a estatueta de Melhor Canção pelo tema do filme “Selma”. Infelizmente, the Weeknd também representa o pior filme do ano, “Cinquenta Tons de Cinza”, e, junto com Lady Gaga e Sam Smith, entra no mix como sugestão de que a Academia está atenta ao pop moderno. Tão atenta que deixou de fora a melhor música de cinema da temporada, “See You Again”, da trilha de “Velozes e Furiosos 7”, que emocionou tanto quanto o incensado tema de “Titanic”, cantado por Celine Dion. O consolo do rapper Wiz Khalifa é que a Academia jamais considerou rap digno da categoria de Melhor Canção, embora tenha tolerado Common na companhia de John Legend no ano passado – a música, porém, era um gospel. Talvez isto também explique porque nenhum diretor negro tenha, até hoje, “merecido” indicação ao Oscar. Mas nem tudo é apocalipse. Houve uma evolução positiva, por conta da internacionalização da categoria de Melhor Animação. Em vez das produções bobinhas da DreamWorks, acompanham “Divertida Mente” um filme indie (“Anomalisa”) e produções do Reino Unido (“Shaun, o Carneiro”), Japão (“Quando Estou com Marnie”) e até do Brasil! “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, emplacou a primeira indicação de um filme 100% brasileiro no Oscar desde que “Cidade de Deus” surpreendeu em 2004. Apesar disso, a vitória de “Divertida Mente” é considerada até mais garantida que o Oscar de Leonardo DiCaprio. Justos ou injustos, os vencedores do Oscar 2016 serão conhecidos na noite deste domingo (28/2), em cerimônia que será realizada no Dolby Theatre, em Los Angeles, com apresentação do comediante Chris Rock (“Gente Grande”) e transmissão ao vivo para o Brasil pelos canais TNT e Globo. Confira abaixo a lista completa dos indicados: INDICADOS AO OSCAR 2016 FILME “A Grande Aposta” “Ponte dos Espiões” “Brooklyn” “Mad Max: Estrada da Fúria” “Perdido em Marte” “O Regresso” “O Quarto de Jack” “Spotlight – Segredos Revelados” DIREÇÃO Adam McKay, “A Grande Aposta” George Miller, “Mad Max: Estrada da Fúria” Alejandro G. Iñarritu, “O Regresso” Lenny Abrahamson, “O Quarto de Jack” Tom McCarthy, “Spotlight: Segredos Revelados” ATOR Bryan Cranston, “Trumbo – Lista Negra” Leonardo DiCaprio, “O Regresso” Eddie Redmayne, “A Garota Dinamarquesa” Michael Fassbender, “Steve Jobs” Matt Damon, “Perdido em Marte” ATOR COADJUVANTE Christian Bale, “A Grande Aposta” Tom Hardy, “O Regresso” Mark Ruffalo, “Spotlight – Segredos Revelados” Mark Rylance, “Ponte dos Espiões” Sylvester Stallone, “Creed: Nascido Para Lutar” ATRIZ Cate Blanchett, “Carol” Brie Larson, “O Quarto de Jack” Jennifer Lawrence, “Joy: O Nome do Sucesso” Charlotte Rampling, “45 Anos” Saoirse...
Amy vence o Grammy de Melhor Documentário
O documentário “Amy”, que conta a história da cantora Amy Winehouse, venceu o Grammy (o Oscar da música) de Melhor Documentário Musical. O resultado foi divulgado durante a pré cerimônia transmitida pelo site oficial do evento, na noite de segunda-feira (15/2). Dirigido por Asif Kapadia, cineasta que antes fez “Senna” (2010), sobre o piloto brasileiro de Fórmula 1, o filme também venceu o BAFTA, premiação da Academia Britânica de Cinema, e concorre ao Oscar de Melhor Documentário. Outro premiado pelo Grammy que disputa o Oscar, The Weeknd venceu o troféu de Melhor Performance R&B por “Earned It”. Lançada na trilha do filme “Cinquenta Tons de Cinza”, a música concorre ao Oscar de Melhor Canção Original. O Grammy de Melhor Trilha Sonora foi para Antonio Sanchez, pelo filme “Birdman” (2014), e o de Melhor Canção para Mídia Visual ficou com “Glory”, de Common & John Legend, entoada no filme “Selma” (2014). “Glory” foi a vencedora do Oscar de Melhor Canção Original no ano passado. Por fim, “Bad Blood”, de Taylor Swift, venceu o prêmio de Melhor Vídeo. O clipe dirigido por Joseph Khan já tinha sido consagrado como vídeo musical do ano no Video Music Awards, da MTV, e foi o principal destaque da divulgação do álbum multiplatinado “1989”, que acabou encerrando o Grammy 2016 como disco do ano.
O Regresso vence prêmio do Sindicato dos Diretores de Fotográfia
O Sindicato dos Cinematógrafos dos EUA (ASC, na sigla em inglês) premiou Emmanuel Lubezki com seu troféu anual, consagrando-o como o Melhor Diretor de Fotografia de 2015 por “O Regresso”. Foi a quinta vitória do mexicano, que antes havia sido premiado por “Filhos da Esperança” (2006), “A Árvore da Vida” (2011), “Gravidade” (2013) e “Birdman” (2014). Como o ASC Award costuma antecipar o Oscar, Lubezki pode fazer história como o primeiro cinematógrafo a vencer a estatueta da Academia por três anos consecutivos – ele conquistou o Oscar da categoria por “Gravidade” (2013) e “Birdman”. Conhecido pelos colegas de profissão como ‘Chivo’, o mexicano se destacou pela utilização da luz natural em uma filmagem desgastante feita no Canadá e Argentina, utilizando um câmera nova, a Arri Alexa 65, para realizar sequências impactantes e memoráveis. O sindicato também premiou a série “Marco Polo” e o piloto de “Casanova”, que ainda não virou oficialmente uma série da Amazon, além de registrar um empate entre Adam Arkapaw e Mátyás Erdély como Revelações do Ano, respectivamente pelos trabalhos realizados em “Macbeth” e “O Filho de Saul”. Vencedores dos ASC Awards 2016 Melhor Direção de Fotografia Emmanuel Lubezki – O Regresso Revelações do Ano Adam Arkapaw – Macbeth Mátyás Erdély – O Filho de Saul Melhor Direção de Fotografia em Série Vanja Cernjul – Marco Polo, episódio “The Fourth Step” Melhor Direção de Fotografia em Telefilme, Piloto ou Minissérie Pierre Gill – piloto de Casanova
O Regresso é o grande vencedor do BAFTA, o Oscar britânico
O filme “O Regresso”, de Alejandro González Iñárritu, foi o grande vencedor do BAFTA Awards 2016, premiação da Academia Britânica de Cinema, equivalente ao Oscar no Reino Unido. Foram, ao todo, cinco prêmios conquistados na cerimônia que aconteceu na noite de domingo (14/2) em Londres: Melhor Filme, Direção, Ator (Leonardo DiCaprio), Fotografia (Emmanuel Lubezki) e Som. “Mad Max: A Estrada da Fúria”, de George Miller, foi o segundo longa mais premiado, com quatro vitórias em categorias mais técnicas: Edição, Design de Produção, Figurino e Maquiagem. E não houve nenhuma outra unanimidade. Assim, os demais troféus pulverizaram sete filmes diferentes. A maior parte da premiação ecoou tendências dos sindicatos de Hollywood, como as vitórias dos roteiristas de “Spotlight” e “A Grande Aposta”, premiados horas antes no WGA Awards. Alejandro Iñarritu também venceu o DGA Awards, enquanto DiCaprio e Brie Larson (premiada por “O Quarto de Jack”) tinham comemorado o SAG Awards. As diferenças ficaram por conta dos coadjuvantes. Os ingleses Mark Rylance (por “Ponte dos Espiões”) e Kate Winslet (por “Steve Jobs”) superaram os candidatos americanos. A cerimônia do BAFTA ainda rendeu um troféu para “Brooklyn” como Melhor Filme Britânico do ano, além de premiar o documentário “Amy”, sobre a cantora Amy Winehouse, a animação “Divertida Mente” e, entre os estrangeiros, o filme argentino “Relatos Selvagens”. VENCEDORES DOS BAFTA AWARDS 2016 Melhor Filme O Regresso Melhor Direção Alejandro González Iñárritu – O Regresso Melhor Ator Leonardo Dicaprio – O Regresso Melhor Atriz Brie Larson – O Quarto de Jack Melhor Ator Coadjuvante Mark Rylance – Ponte dos Espiões Melhor Atriz Coadjuvante Kate Winslet – Steve Jobs Melhor Roteiro Original Tom Mccarthy e Josh Singer – Spotlight Melhor Roteiro Adaptado Adam McKay e Charles Randolph – A Grande Aposta Melhor Fotografia Emmanuel Lubezki – O Regresso Melhor Animação Divertida Mente Melhor Documentário Amy Melhor Filme em Língua Estrangeira Relatos Selvagens (Argentina) Melhor Filme Britânico Brooklyn Melhor Trilha Sonora Original Ennio Morricone – Os Oito Odiados Melhor Edição Margaret Sixel – Mad Max: Estrada da Fúria Melhor Design de Produção Colin Gibson e Lisa Thompson – Mad Max: Estrada da Fúria Melhor Figurino Jenny Beavan – Mad Max: Estrada da Fúria Melhor Maquiagem Lesley Vanderwalt e Damian Martin – Mad Max: Estrada da Fúria Melhores Efeitos Visuais Chris Corbould, Roger Guyett, Paul Kavanagh e Neal Scanlan – Star Wars: O Despertar da Força Melhor Som Lon Bender, Chris Duesterdiek, Martin Hernandez, Frank A. Montaño, Jon Taylor e Randy Thom – O Regresso Melhor Estreia de Cineasta Britânico Naji Abu Nowar – Theeb Melhor Ator em Ascensão (votado pelo público) John Boyega – Star Wars: O Despertar da Força Melhor Curta Britânico Operator Melhor Curta Animado Britânico Edmond
Spotlight e A Grande Aposta vencem prêmio do Sindicato dos Roteiristas de Hollywood
O Sindicato dos Roteiristas dos EUA (WGA, na sigla em inglês) considerou as histórias do drama “Spotlight” e da comédia “A Grande Aposta” as melhores do cinema em 2015. Os dois filmes foram vitoriosos nas categorias de Melhor Roteiro Original e Melhor Roteiro Adaptado, respectivamente, na premiação anual WGA Awards. Realizado na noite de sábado (13/2), o evento destacou dois filmes que também disputam prêmios equivalentes no Oscar 2016. O troféu de Melhor Roteiro de Documentário foi para “Going Clear: Scientology and the Prison of Belief”, filme controvertido, que denuncia perigos da seita da Cientologia. Nas categorias televisivas, o WGA Awards mostrou-se mais conservador, premiando produções veteranas, como “Mad Men” em Drama e “Veep” como Comédia. Destaque do ano, a série “Mr. Robot” foi considerada como Melhor Série Estreante. Vencedores do WGA Awards 2016 CINEMA Melhor Roteiro Original Spotlight: Segredos Revelados – Josh Singer e Tom McCarthy Melhor Roteiro Adaptado A Grande Aposta – Charles Randolph e Adam McKay Melhor Roteiro de Documentário Going Clear: Scientology and the Prison of Belief – Alex Gibney TELEVISÃO Melhores Roteiros de Série de Drama Mad Men – Lisa Albert, Semi Chellas, Jonathan Igla, Janet Leahy, Erin Levy, Tom Smuts, Robert Towne, Matthew Weiner e Carly Wray Melhores Roteiros de Série de Comédia Veep – Simon Blackwell, Jon Brown, Kevin Cecil, Roger Drew, Peter Fellows, Neil Gibbons, Rob Gibbons, Sean Gray, Callie Hersheway, Armando Iannucci, Sean Love, Ian Martin, Georgia Pritchett, David Quantick, Andy Riley, Tony Roche e Will Smith Melhores Roteiros de Série Nova Mr. Robot – Kyle Bradstreet, Kate Erickson, Sam Esmail, David Iserson, Randolph Leon, Adam Penn e Matt Pyken Melhores Roteiros de Minissérie Original Saints & Strangers – Seth Fisher, Walon Green, Chip Johannessen e Eric Overmyer Melhores Roteiros de Minissérie Adaptada Fargo – Steve Blackman, Bob DeLaurentis, Noah Hawley, Ben Nedivi e Matt Wolpert Melhor Roteiro de Episódio de Série de Drama Better Call Saul, episódio “Uno” – Vince Gilligan e Peter Gould Melhor Roteiro de Episódio de Série de Comédia Silicon Valley, episódio “Sand Hill Shuffle” – Clay Tarver Melhor Roteiro de Episódio de Série Animada Bob’s Burgers, episódio “Housetrap” – Dan Fybel Melhor Roteiro de Episódio de Série Animada Bob’s Burgers, episódio “Housetrap” – Dan Fybel Melhor Roteiro de Episódio de Série Infantil Gortimer Gibbon’s Life on Normal Street, episódio “Endless Night” – Gretchen Enders e Aminta Goyel Melhor Roteiro de Especial Infantil Descendentes – Josann McGibbon e Sara Parriott Melhores Roteiros de Programa Humorístico Inside Amy Schumer – Jessi Klein,Hallie Cantor, Kim Caramele, Kyle Dunnigan, Jon Glaser, Kurt Metzger, Christine Nangle, Dan Powell, Tami Sagher e Amy Schumer
Truman: Novo filme estrelado por Ricardo Darín é o grande vencedor do Goya 2016, o “Oscar espanhol”
O filme “Truman”, de Cesc Gay, foi o grande vencedor do prêmio Goya 2016, o Oscar espanhol. Indicado em seis categorias, o filme estralado pelo argentino Ricardo Darín (“Relatos Selvagens”) levou cinco prêmios: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original, Ator e Coadjuvante. “Foi um trabalho formidável”, disse um emocionado Darín ao receber o prêmio, em sua terceira indicação ao Goya. Em seu discurso, ele ainda pediu apoio da política para a cultura. “Aos políticos, peço para que ajudem a cultura. É tudo que vocês precisam fazer”, declarou, sendo bastante aplaudido. Equilibrando momentos dramáticos e cômicos, o filme de Cesc Gay (“O Que os Homens Falam”) conta a história de um ator argentino (Darín) instalado em Madri, que sofre de câncer em fase terminal. Durante quatro dias intensos dias, ele recebe a visita inesperada de um amigo (Javier Cámara, de “Os Amantes Passageiros”) procedente do Canadá, que o acompanha na difícil decisão de abandonar o tratamento e morrer. Mas antes, terá que encontrar um novo dono para Truman, seu cãozinho. A premiação também premiou o longa argentino “O Clã”, de Pablo Trapero, como Melhor Filme Latino-Americano, e o francês “Cinco Graças”, de Deniz Gamze Ergüven, como Melhor Filme Europeu. Vencedores do Prêmio Goya 2016 Melhor filme “Truman”, de Cesc Gay Melhor direção Cesc Gay, por “Truman” Melhor filme latino-americano “O Clã” (Argentina), de Pablo Trapero Melhor filme europeu “Cinco Graças” (França), de Deniz Gamze Ergüven Melhor interpretação masculina Ricardo Darín, por “Truman” Melhor interpretação feminina Natalia de Molina, por “Techo y Comida” Melhor ator coadjuvante Javier Cámara, por “Truman” Mejor atriz coadjuvante Luisa Gavasa por “La Novia” Melhor ator revelação Miguel Herrán, por “A Cambio de Nada” Melhor atriz revelação Irene Escolar por “Un Otoño sin Berlín” Melhor canção original “Palmeras en la Nieve”, de Lucas Vidal e Pablo Alborán Melhor roteiro original Cesc Gay e Tomàs Aragay, por “Truman” Melhor roteiro adaptado Fernando León de Aranoa, por “Um Dia Perfeito” Goya de honra Mariano Ozores
DGA Awards: Alejandro González Iñarritu vence o prêmio do Sindicato dos Diretores
O cineasta Alejandro González Iñarritu foi o vencedor da 68ª edição do DGA Awards, prêmio do Sindicato dos Diretores dos EUA, em cerimônia realizada na noite de sábado (6/2) em Los Angeles. Sua consagração, por sinal, originou um feito inédito. O diretor mexicano se tornou o primeiro a vencer o troféu por dois anos consecutivos: por “Birdman” em 2015 e “O Regresso” este ano. Em um discurso emocionado, Iñárritu aproveitou os microfones para criticar a proposta de um dos favoritos a disputar a presidência dos EUA, Donald Trump, que se mostra obcecado em expulsar imigrantes e ampliar as barreiras na fronteira com o México. “A força deste país (EUA) está na diversidade. Construir muros trai isso”, ele afirmou. No contexto da temporada de premiações, a vitória de Iñarritu também demonstrou como os sindicatos de Hollywood estão divididos para a votação do Oscar. Como a maioria dos eleitores da Academia pertence a algum sindicato, estas premiações indicam tendências, que costumam ser reproduzidas na distribuição de estatuetas do Oscar. Apontando a falta de unanimidade da indústria, os diretores preferiram “O Regresso”, mas os produtores ficaram com “A Grande Aposta” e os atores destacaram o elenco de “Spotlight – Segredos Revelados”. Infelizmente, o diretor Fernando Coimbra não conseguiu acompanhar o feito de “O Menino e o Mundo”, que na mesma noite conquistou o Annie Awards de Melhor Produção Independente. Concorrente brasileiro ao prêmio de Melhor Diretor Estreante, pelo excelente “O Lobo Atrás da Porta”, o cineasta brasileiro acabou perdendo para o inglês Alex Garland, responsável pela ficção científica “Ex Machina”, que a distribuidora lançou direto em DVD no Brasil! Nas categorias televisivas, o principal vencedor foi o veterano David Nutter, premiado pelo episódio final (“Mother’s Mercy”) da 5ª temporada de “Game of Thrones”. Chris Addison, da série “Veep”, levou o troféu de Melhor Direção em Série de Comédia. Por fim, mas não menos importante, Dee Rees, uma mulher negra, venceu o prêmio de Melhor Direção de Telefilme pela cinebiografia “Bessie”. Ela já havia chamado atenção da crítica anteriormente, em seu primeiro e até aqui único filme, “Pariah” (2011). Vencedores do DGA Awards 2016 Melhor Diretor Alejandro González Iñárritu (O Regresso) Melhor Diretor Estreante Alex Garland (Ex Machina) Melhor Diretor de Documentário Matthew Heineman (Cartel Land) Melhor Diretor de Série Dramática David Nutter (Game of Thrones, “Mother’s Mercy”) Melhor Diretor de Série Cômica Chris Addison (Veep, “Election Night”) Melhor Diretor de Telefilme/Minissérie Dee Rees (Bessie) Melhor Diretor de Programa de Variedades Don Roy King (Saturday Night Live 40th Anniversary Special)
Annie Awards: “Oscar” da animação consagra Divertida Mente e O Menino e o Mundo
Maior premiação da animação nos EUA, o Annie Awards, considerado o Oscar dos filmes animados, consagrou “Divertida Mente” em sua 43ª edição, que aconteceu na noite de sábado (6/2) em Los Angeles. Foram, ao todo, 10 prêmios conquistados pela produção da Disney/Pixar, incluindo Melhor Filme, Direção e Roteiro (ambos compartilhados por Pete Docter), além de Melhor Dublador para Phyllis Smith, intérprete da personagem Tristeza. Com a vitória, o longa confirma seu favoritismo absoluto na disputa pelo Oscar da categoria. O candidato brasileiro, “O Menino e o Mundo”, também foi premiado, considerado a Melhor Animação Independente, superando produções bem mais caras, como seu rival japonês no Oscar, “As Memórias de Marnie”, além de “O Profeta”. A vitória de “O Menino e o Mundo” realça o trabalho do diretor Alê Abreu como uma das principais animações do ano, além de ampliar seu destaque internacional. O filme foi o primeiro brasileiro a concorrer na categoria. Vencedores do Annie Awards 2016 Melhor Animação Divertida Mente Melhor Animação Independente O Menino e o Mundo Melhor Direção Pete Docter (Divertida Mente) Melhor Roteiro Pete Docter e Ronnie Del Carmen (Divertida Mente) Melhor Dublagem Phyllis Smith (Divertida Mente) Melhor Trilha Sonora Michael Giacchino (Divertida Mente) Melhor Edição Kevin Nolting (Divertida Mente) Melhor Desenho de Produção Ralph Eggleston (Divertida Mente) Melhor Desenho de Personagens Divertida Mente Melhor Animação de Personagens Divertida Mente Melhor Storyboarding Tony Rosenast (Divertida Mente) Melhores Efeitos Animados O Bom Dinossauro Melhores Efeitos Animados em Filme Live-Action Vingadores: Era de Ultron Melhor Animação de Personagens em Filme Live-Action O Regresso (Urso) Melhor Animação de Personagens em Filme Live-Action O Regresso (Urso) Melhor Série Animada Os Simpsons
O Regresso é o principal lançamento do Oscar nos cinemas brasileiros
“O Regresso”, que estreia nesta quinta (4/2) em 534 salas, não é apenas o maior lançamento da semana. É o maior lançamento de um filme selecionado para o Oscar 2016. Isto representa o apelo de Leonardo DiCaprio, que conseguiu se tornar um ator prestigiado, após diversos papéis lhe renderem sucessivas indicações ao prêmio da Academia, sem, entretanto, perder a popularidade conquistada na juventude, quando as fãs idolatravam seu rosto bonito. Pois “Leo” não está nada bonito em “O Regresso”. Barbudo, sujo, marcado por cicatrizes e feridas abertas pelo corpo, ele interpreta uma força da natureza, superando feras, neve, corredeiras, traições e seu próprio funeral, tamanha sua determinação para sobreviver e se vingar. E vencer o cobiçado Oscar. A história de Hugh Glass é verídica, na medida em que os mitos surgem com bases reais. E esta é a segunda vez que inspira um filme. Outro grande ator, Richard Harris, interpretou o personagem (rebatizado de Zachary Bass) no western “Fúria Selvagem” (1971). Mas a direção do mexicano Alejandro Iñarritu, auxiliado pela fotografia de tirar o fôlego de Emmanuel Lubezki (praticamente um codiretor), fazem de “O Regresso” um espetáculo visceral bem diferente do cinema de outrora. A cena do ataque do urso já entrou para a história, só superada em sua brutalidade por filmes de terror, e de tão realista é capaz de induzir o público a acreditar que DiCaprio realmente contracenou com um urso verdadeiro. Mas há tantas outras sequências impressionantes, materializadas em ritmo intenso, que mal dá tempo para o cérebro processar o que, além da iluminação natural, é de fato real e o que não passa de ilusionismo cinematográfico. Não é à toa que “O Regresso” teve 12 indicações ao prêmio da Academia. A programação de estreias inclui outro drama indicado ao Oscar, o húngaro “O Filho de Saul”, favorito na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. O favoritismo reflete tanto o reconhecimento prévio, que inclui o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e o Globo de Ouro da categoria, quanto seu assunto. A Academia adora premiar filmes sobre o Holocausto. Mesmo assim, o longa de László Nemes é mais sombrio que a maioria das produções sobre o tema, ao se concentrar no judeu responsável por incinerar os cadáveres das vítimas das câmeras de gás. Sem Leonardo DiCaprio, esse “filme do Oscar” chega em apenas 22 salas. O circuito limitado também destaca um dos “injustiçados” da Academia, o filme indie “Tangerine”, premiado em diversos festivais, inclusive nos respeitados Karlovy Vary e Deauville. Por sinal, ele é um dos favoritos ao “Oscar independente”, o Spirit Awards. Se muito se lamenta a falta de diversidade entre os indicados ao prêmio máximo de Hollywood, “Tangerine” não pode ser mais diverso. Sua trama acompanha transexuais negros na Califórnia. Quando Sin-Dee Rella descobre que seu namorado a está traindo com outra, que não só é uma branquela como também uma mulher de verdade, sua reação é uma explosão de violência, representada de um jeito estabanado e bem-humorado. Filmado com iPhones, que realçam a iluminação das ruas e dão à produção uma textura artificial, “Tangerine” já virou um marco do cinema independente americano e entrou em diversas listas da crítica como um dos melhores filmes de 2015. Infelizmente, será lançado em circuito invisível, em poucas salas do Rio e São Paulo. Enquanto isso, três filmes muito ruins completam a ocupação das salas dos shopping centers de todo o país. Só o sucesso de “Os Dez Mandamentos” pode explicar o destaque conseguido por “Epa! Cadê o Noé?”, uma animação europeia de quinta categoria, sobre os bichinhos falantes da Arca de Noé, que chega em 232 salas. O besteirol americano “Tirando o Atraso” expõe Robert De Niro ao papel ridículo de vovô tarado, em 135 salas. Por fim, “A Escolha” serve para comprovar que os livros de Nicholas Sparks mudam de título, mas não de história, que inevitavelmente inclui um casal interiorano, que se apaixona de forma relutante, até que um acidente acontece no meio do lugar comum. A reciclagem ocupa 123 salas. Confira abaixo os trailers de todas as estreias da semana. Estreias de cinema nos shoppings Estreias em circuito limitado
Mad Max: Estrada da Fúria vence o “Oscar” da Austrália
A Academia Australiana de Cinema também tem seu Oscar. Na verdade, se chama AACTA International Awards e premia os melhores filmes internacionais do ano. Algo como se a Academia Brasileira de Cinema fosse premiar produções de Hollywood. Completamente sem importância, mas, enfim, é mais uma chance de os australianos defenderem o filme de seu compatriota, George Miller, na guerra de publicidade que cerca o Oscar. “Mad Max – Estrada da Fúria” levou o prêmio de Melhor Filme de 2016, além de dar a Miller o troféu de Melhor Direção. Outra australiana “internacional” também foi premiada: Cate Blanchett faturou o AACTA International Award de Melhor Atriz por “Carol”. Sua colega de cena, Rooney Mara, também foi premiada como Melhor Coadjuvante. Blanchett e Mara, por sinal, foram as principais atrações da cerimônia, aparecendo para receberem seus prêmios, assim como Miller. E, de resto, a premiação tentou antecipar o Oscar, entregando sua estatueta de Melhor Ator para representantes de Leonardo DiCaprio, enquanto representantes de Mark Rylance ficaram com o troféu de Coadjuvante por “Ponte dos Espiões”. Favorito da crítica americana, “Spotlight” também saiu premiado, com o troféu de Melhor Roteiro entregue para Josh Singer. Vencedores do AACTA International Awards 2016 Melhor Filme “Mad Max – Estrada da Fúria” Melhor Direção George Miller, por “Mad Max – Estrada da Fúria” Melhor Roteiro “Spotlight” Melhor Ator Leonardo DiCaprio, por “O Regresso” Melhor Atriz Cate Blanchett, por “Carol” Melhor Ator Coadjuvante Mark Rylance, por “Ponte dos Espiões Melhor Atriz Coadjuvante Rooney Mara, por “Carol”











