Diretora de “Lindinhas” fará filme sobre Josephine Baker
A cineasta francesa Maïmouna Doucouré (“Lindinhas/Mignonnes”) vai escrever e dirigir a cinebiografia da icônica atriz, cantora e dançarina Josephine Baker, ícone da luta pela liberdade e igualdade racial, além de um das maiores nomes dos espetáculos de Paris na primeira metade do século 20. O projeto está em desenvolvimento pelo Studiocanal e conta com o apoio dos filhos de Josephine Baker, Jean-Claude Bouillon Baker, Brian Bouillon Baker e da tribo Rainbow, o nome carinhoso que a artista deu às 12 crianças de diferentes origens que ela adotou após a 2ª Guerra Mundial. “Josephine Baker. A artista universal, mulher e mãe. Estamos honrados em fazer parceria com o Studiocanal e colaborar com Maïmouna neste longa-metragem sobre as conquistas incríveis e humanistas de nossa mãe. Sim, ela podia. E ela fez. Obrigado mãe!”, disseram os filhos dela, em comunicado oficial. Nascida nos EUA, em St Louis, Missouri, Baker passou a maior parte de sua vida na Europa, principalmente na França, onde encontrou fama nos cabarés de Paris nas décadas de 1920 e 1930. Ela apoiou a resistência francesa na 2ª Guerra Mundial, antes de retomar sua carreira após o conflito. E foi também uma ativista formidável dos direitos civis, recusando-se a se apresentar em partes segregadas dos EUA na década de 1950. Em sua vasta lista de pioneirismos, Baker foi a primeira mulher negra a estrelar um grande filme, “A Sereia Negra”, em 1927, além de ser considerada ícone mundial da Era do Jazz e uma heroína real da França, condecorada por Charles de Gaulle. Baker morreu em Paris em 1975, mas em 2021 ela foi enterrada novamente no Panthéon em Paris, tornando-se apenas a sexta mulher a ser homenageada dessa maneira pela França, ao lado de Simone Veil e Marie Curie. Doucouré disse que a vida e o trabalho de Baker como artista foram uma inspiração para ela. “É uma grande honra e também um belo desafio embarcar neste projeto. Pensar que através da ficção posso contar sua grande e profundamente rica história, sua beleza, suas lutas, suas feridas e sua humanidade. Mal posso esperar para dar uma nova vida a essa lenda incrível na tela”, disse ela. O filme começa a ser rodado em 2023 e ainda não tem previsão de estreia. Esse não é o único projeto sobre a vida de Josephine Baker em andamento. Há alguns meses, foi anunciado que a cantora Janelle Monaé (“Estrelas Além do Tempo”) ia estrelar uma minissérie biográfica sobre a atriz. O projeto, desenvolvido pelo estúdio indie A24, também não tem previsão de estreia. O primeiro filme de Maïmouna Doucouré, “Lindinhas” (2020), gerou polêmicas e tentativas de censura por supostamente sexualizar as suas protagonistas crianças. Na ocasião, a Netflix, que distribuiu o filme, precisou emitir um comunicado dizendo que a proposta da obra era criticar a sexualização infantil e não celebrá-la.
Netflix prepara 18 produções polonesas e Amazon mais 7 francesas
Como no clássico jogo “War”, o tabuleiro da guerra dos streamings está sendo movimentado país a país. Amazon e Netflix anunciaram nesta terça (12/4) seus movimentos mais recentes para conquistar o mercado internacional. Enquanto a Netflix colocou suas fichas na Polônia, a Amazon foi firme na França. As produções polonesas são 9 séries e 9 filmes. Do lado das séries, os destaques são “Detective Forst” e “Feedback”, adaptações de best-sellers dos escritores poloneses Remigiusz Mroz e Jakub Żulczyk. Entre os filmes, há mais uma sequência de “350 Dias” planejada e o anúncio de “Hellhole”, um novo terrir de Bartosz M. Kowalski, diretor do divertido “Sem Conexão”, lançado em 2020 pela Netflix. Já a Amazon Prime Video prepara 7 produções com renomados artistas franceses. O destaque é “Alphonse”, série criada e estrelada por Jean Dujardin, vencedor do Oscar por “O Artista” (2011). Há também a série policial “Ourika”, com o rapper francês Booba, e um novo filme de Maïmouna Doucouré, a diretora de “Lindinhas” (Mignonnes), que trocou a Netflix pela Amazon Prime Video para o lançamento de “Hawa”. Em breve no seus serviços de streaming favoritos.
Netflix incentiva detratores a verem Lindinhas
A Netflix divulgou um vídeo com bastidores e depoimento da diretora de “Lindinhas” (Cuties/Mignonnes), filme que a própria Netflix polemizou por vacilo de seu marketing. No vídeo, Maïmouna Doucouré, que também escreveu o filme, explica sua intenção com a obra e como se inspirou em sua própria história, em meio ao fogo-cruzado que vem se abatendo sobre ela na internet. Maïmouna Doucouré foi uma das primeiras mulheres negras a vencer o prêmio de Melhor Direção no Festival de Sundance e recebeu elogios rasgados da crítica internacional por seu trabalho – 88% de aprovação no Rotten Tomatoes – , mas por um equívoco calamitoso da Netflix acabou virando alvo de uma guerra cultural. Um cartaz da plataforma sensualizou as personagens pré-adolescentes da produção e deu outro sentido à obra. A Netflix assumiu o erro e pediu desculpas. Mas isso não arrefeceu campanhas ativas contra a produção na internet, que incentivam quem não o viu a dar “dislikes” e notas baixas em sites como o Rotten Tomatoes, IMDb e Metacritic, além de difundir hashtags pedindo boicotes. A diretora contou que tem recebido até ameaças de morte. Além do vídeo com a diretora, a Netflix também emitiu um novo comunicado junto com o lançamento, que aconteceu nesta sexta (11/9), incentivando os detratores a perceberem que o filme se preocupa com as mesmas coisas que os escandalizam. “‘Cuties’ é uma crítica social à sexualização de crianças. É um filme premiado, com uma história poderosa sobre a pressão que jovens meninas sofrem das redes sociais e da sociedade em geral enquanto crescem – e encorajamos qualquer pessoa que se importa com este tema fundamental a assistir ao filme”, diz o texto oficial. Por curiosidade, o filme acabou sendo lançado no Brasil com o título original, “Mignonnes” em francês, após toda a confusão. Mas durante a divulgação inicial, ele ficou conhecido como “Lindinhas” no país. Mudar o título não muda o filme, só mostra que o marketing da Netflix não funciona mesmo como deveria.
Estreias online: A polêmica de Lindinhas, o doc de Caetano e mais 10 lançamentos
A programação de estreias digitais do fim de semana está mergulhada em polêmica, graças a “Lindinhas” (Cuties). O filme não virou assunto porque a cineasta Maïmouna Doucouré foi uma das primeiras mulheres negras a vencer o prêmio de Melhor Direção no Festival de Sundance ou pelos elogios rasgados da crítica internacional – 88% de aprovação no Rotten Tomatoes – , mas por um equívoco calamitoso do marketing da Netflix. Um cartaz da plataforma sensualizou as personagens pré-adolescentes da produção e transformou a obra em vítima da guerra cultural. A Netflix assumiu o erro e pediu desculpas. Mas na guerra dos cruzados digitais, que não poupa nem “Frozen”, o filme virou apologista de pedofilia. Há campanhas ativas contra a produção na internet, que incentivam quem não o viu a dar “dislikes” e notas baixas em sites como o RT, IMDb e Metacritic, além de hashtags pedindo boicotes. A diretora contou que tem recebido até ameaças de morte. Tudo muito veloz e furioso. Só que, dependendo do ponto de vista, “Lindinhas” pode ser encarado como o posto do que o acusam, um drama que questiona a sexualização precoce das crianças, baseada na infância da própria diretora, além de refletir sobre a influência das mídias sociais na formação dos mais jovens. Se isso parece polêmico, lembrem-se das criancinhas que dançavam na boquinha da garrafa, imitando as tardes do “Domingo Legal”, de Gugu Liberato. Por curiosidade, o filme acabou sendo lançado no Brasil com o título original, “Mignonnes” em francês, após toda a confusão. Mas durante a divulgação inicial, ele ficou conhecido como “Lindinhas” no país. Mudar o título não muda o filme, só mostra que o marketing da Netflix não funciona mesmo como deveria. O outro destaque da semana também pode parecer polêmico para alguns. “Narciso em Férias” contesta negacionistas que dizem que no Brasil não houve ditadura e defendem a volta do AI-5 como panaceia para resolver todos os problemas do país. O AI-5 foi o instrumento de exceção utilizado pela ditadura para prender e esconder a prisão de Caetano Veloso e Gilberto Gil em 1968. O documentário, que teve première no Festival de Veneza, traz Caetano relembrando detalhes dos eventos traumáticos da época, quando os jornais foram proibidos de noticiar a sua detenção, motivada, como revela o filme, por fake news e pela violência arbitrária do regime. Confira abaixo mais detalhes destes e de outros lançamentos digitais, lembrando que a curadoria não inclui títulos clássicos (são muitos) e produções trash, que em outros tempos sairiam diretamente em DVD – como “Rogue”, pior filme da carreira de Megan Fox. Mignonnes | França | 2020 O filme é premiado, as críticas são positivas e até o governo da França incentiva as pessoas a vê-lo, mas quem não viu acredita que ele é horroroso, porque supostamente promove pedofilia. A obra acompanha o esforço de uma pré-adolescente para se integrar com a turma de garotas legais da sua escola. Tudo gira em torno da disputa de um concurso de dança. O problema é que a protagonista é uma menina negra muçulmana de 11 anos, criada numa família de imigrantes senegaleses no bairro mais pobre de Paris. O grupo de meninas a que ela se junta contrasta fortemente com os valores tradicionais de sua mãe e ela logo se influencia, agindo contra o que aprendeu. Ao retratar a dança das crianças, o filme também aborda a hiper sexualização das meninas nos dias de hoje. Infelizmente, o marketing da Netflix chutou o balde e enfatizou justamente o que a obra critica, sensualizando as protagonistas em seu cartaz. Isto disparou campanhas de ódio. Inspirado na infância da diretora Maïmouna Doucouré, o filme merece ser bastante comentado, mas é bom vê-lo também. Disponível na Netflix Narciso em Férias | Brasil | 2020 Dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil (“Uma Noite em 67”), o documentário traz Caetano Veloso compartilhando suas memórias do cárcere e as canções que marcaram o período, quando foi preso com seu amigo Gilberto Gil em 1968 e posteriormente exilado do Brasil. Caetano relembra o período de arbitrariedade, refletindo a descoberta recente de documentos que mostram que sua prisão foi motivada por fake news. Paralelamente, ele toca as músicas que criou e que o ajudaram a superar o trauma de se ver preso sem saber porquê e sem direitos. Disponível na Globoplay Alice Júnior | Brasil | 2019 Premiado nos festivais do Rio, Brasília, Mix Brasil e exibido em Berlim, o filme de Gil Baroni (“O Amor de Catarina”) acompanha uma adolescente transexual que se muda com a família de Recife para o interior do país. Na nova cidade, mais conservadora, ela sofre preconceito dos colegas de escola e tem dificuldades para expressar a própria identidade de maneira livre. Mas logo vai se soltando e conquistando seu espaço, ajudando também o filme a se assumir mais comédia teen que melodrama de novela. A produção adota uma estética atual, ao apresentar a protagonista como YouTuber, e utiliza linguagem dessa mídia para dar à trama o tom alegre de um fábula moderna. Revelação do longa, Anne Celestino levou o prêmio de Melhor Atriz em Brasília por sua Alice. Disponível na Google Play, iTunes, Looke, Now, Oi Play, Vivo Play e YouTube Filmes #Alive | Coreia do Sul | 2020 Depois do blockbuster “Invasão Zumbi” e da impressionante série “Kingdom”, “#Alive” (#Saraitda) voltou a demonstrar o apelo do tema dos zumbis na Coreia do Sul. Primeiro filme a atrair 1 milhão de espectadores em sua estreia durante a pandemia de coronavírus – ainda em junho! – , a produção contou a seu favor com dois jovens astros muito populares no país, Yoo Ah-In (o protagonista de “Em Chamas”) e Park Shin-Hye (da série “Memórias de Alhambra”). Eles vivem sobreviventes ilhados em seus apartamentos quando zumbis tomam conta das ruas da cidade. Na trama com ecos da pandemia real, até descobrir Park Shin-Hye num prédio vizinho, o personagem de Yoo Ah-In credita estar sozinho em meio à horda de mortos-vivos. A descoberta faz os dois abandonarem suas quarentenas para tentarem um encontro arriscado num mundo tomado pelo contágio zumbi. Disponível na Netflix A Babá: Rainha da Morte | EUA | 2020 A sequência de “A Babá” traz de volta o elenco do divertido terrir de 2017 para assombrar novamente Cole (Judah Lewis), o sobrevivente do massacre original. Ele é convencido a deixar o estresse para trás e aproveitar um fim de semana distante de tudo. Só que os serial killers mortos no primeiro filme têm outros planos e retornam do além para outra tentativa de assassinar o adolescente. Novamente dirigido por McG, a continuação também traz de volta Robbie Amell, Bella Thorne, Emily Alyn Lind, Andrew Bachelor, Ken Marino, Hana Mae Lee, Leslie Bibb, Carl McDowell, Chris Wylde e, claro, Samara Weaving, que virou estrela após interpretar a Babá original. Desde então, ela fez “Casamento Sangrento” (Ready or Not) e “Bill & Ted: Encare a Música”. Na verdade, ficou tão famosa que, agora, retorna só numa pequena participação especial. Disponível na Netflix Vem com o Papai | EUA | 2019 Elijah Wood (“O Senhor dos Anéis”) revolve atender ao pedido do pai que mal conhece para visitá-lo em sua cabana distante, apenas para perceber que se meteu numa roubada. A comédia de terror é o primeiro filme dirigido pelo roteirista Ant Timpson, criador da franquia de horror “ABC da Morte”, e explora o clima sinistro com bastante humor negro. 87% de aprovação no Rotten Tomatoes. Disponível em iTunes, Looke, Google Play e Vivo Play Alerta Lobo | França | 2019 Thriller de ação militar que caiu nas graças da crítica, com 92% de aprovação no Rotten Tomatoes, o primeiro filme dirigido pelo quadrinista Antonin Baudry (“O Palácio Francês”) se passa num submarino durante os momentos tensos que aproximam a França de uma guerra nuclear. Melhor Som no prêmio César (o Oscar francês), a produção tem um impacto sonoro impressionante. Não por acaso, a narrativa destaca um especialista em acústica, que precisa interpretar os sinais de radar que podem representar a diferença entre a vida e o apocalipse no fundo do mar. Disponível em iTunes e YouTube Filmes A Violinista | Finlândia | 2018 Um acidente interrompe a carreira de uma violinista virtuosa. Conformada em dar aulas para jovens, ela se encanta ao encontrar um aluno prodígio, até que a paixão compartilhada pela música transforma o relacionamento numa atração intensa. Primeiro longa dirigido pelo ator Paavo Westerberg (que nos anos 1980 foi o Príncipe de “A Rainha da Neve”), foi selecionado para festivais e agradou a crítica internacional. Disponível em iTunes, Looke e Now Um Bilhete Para Longe Daqui | Reino Unido | 2017 Dona de casa e mãe de família em depressão profunda se vê sufocada em meio às tarefas domésticas diante do marido alheio, até largar tudo num impulso e embarcar num trem para Paris. A performance superlativa de Gemma Arterton, indicada ao BIFA (premiação indie do cinema britânico), é o grande destaque desse drama triste e doloroso. Disponível em iTunes, Looke, Google Play e Vivo Play Sangue de Pelicano | Alemanha | 2019 A premiada atriz alemã Nina Hoss vive uma treinadora de cavalos policiais que decide adotar uma menina de 5 anos muito traumatizada. Quando a menina mostra seu comportamento violento e antissocial, ela fica determinada a ajudá-la. A direção é de Katrin Gebbe (“Nada de Mau Pode Acontecer”). Disponível em iTunes, Google Play, Now, Vivo Play e YouTube Filmes O Segredo: Ouse Sonhar | EUA | 2020 Baseado no best-seller de Rhonda Byrne, um dos maiores fenômenos editorais da auto-ajuda, o filme traz Katie Holmes (“Brahms: Boneco do Mal II”) e Josh Lucas (“Ford vs Ferrari”) como protagonistas, ilustrando como a lei da atração e a força dos pensamentos podem influenciar os rumos de uma vida. Na trama, Katie Holmes é uma mãe viúva que tem uma nova chance de recomeçar ao ser pedida em casamento pelo personagem de Jerry O’Connell (“Carter”), mas o destino coloca em seu caminho um homem misterioso (Lucas), que a ensina a desejar mais. O filme é dirigido por Andy Tennant (“Caçador de Recompensas”), que também ajudou a roteirizar a adaptação, transformando a lição quase religiosa (porque baseada em fé) de “O Segredo” em drama romântico. Ou, segundo a crítica, numa grande perda de tempo – só 28% de aprovação no Rotten Tomatoes. Disponível em iTunes, Google Play, Looke, Now, Oi Play, Sky Play, Vivo Play e YouTube Filmes O Dilema das Redes | EUA | 2020 O novo documentário premiado de Jeff Orlowski (“Em Busca dos Corais”) reúne especialistas em tecnologia e profissionais da área para fazer um alerta: as redes sociais estão tendo um impacto devastador sobre a democracia e a humanidade. O filme chama atenção para questões importante da atualidade, como controle de informações, disseminação de fake news e manipulação cibernética, que faz com que brigar por mentiras seja mais importante que prestar atenção em problemas reais, além de fomentar cisões e isolamento cada vez maior entre as pessoas. Disponível na Netflix
Diretora de Lindinhas diz ter recebido ameaças de morte por causa do pôster da Netflix
A diretora de “Lindinhas” (Cuties), a francesa Maïmouna Doucouré, diz que recebeu ameaças de morte depois que a Netflix divulgou um pôster americano, que sexualizou as meninas do filme. Em entrevista ao site Deadline, ela contou que só soube do pôster quando ele começou a circular nas redes sociais, acompanhado de mensagens de ódio. “Recebi inúmeros ataques de pessoas que não tinham visto o filme, que pensavam que eu estava realmente fazendo um filme que promovia a hiper-sexualização de crianças”, disse ela. “Tivemos várias discussões depois que isso aconteceu. A Netflix pediu desculpas publicamente e também pessoalmente a mim.” A Netflix realmente divulgou um comunicado em que se desculpou pelo marketing inadequado, mas Doucouré disse que também recebeu uma ligação de Ted Sarandos, o chefão de conteúdo da empresa, pedindo desculpas pessoalmente a ela. Tudo o que aconteceu acabou causando um impacto na cineasta, que não tinha como prever a situação. Quando estreou no Festival de Sundance no início deste ano, “Lindinhas” só recebeu amor e mensagens positivas da crítica, pela forma como abordava temas complexos de forma emotiva e delicada. E Maïmouna Doucouré saiu do festival americano com o troféu de Melhor Direção. “As coisas aconteceram muito rápido porque, após os atrasos, eu estava totalmente concentrada no lançamento do filme na França. Eu descobri o pôster ao mesmo tempo que o público americano”, disse Doucouré ao Deadline. “Foi uma experiência estranha. Eu não tinha visto o pôster até começar a receber todas essas reações nas redes sociais, mensagens diretas de pessoas, ataques a mim. Eu não entendia o que estava acontecendo. Foi quando fui atrás e vi como era o pôster.” No cartaz americano, as quatro garotas principais da produção apareciam em poses sugestivas, em trajes de dança reveladores. A imagem incômoda, chamada de “nojenta” na internet, também era um grande contraste com o pôster francês, que trazia as meninas brincando, enquanto correm pelas ruas. O contraste é gritante e se deve à forma como o marketing americano aderiu justamente àquilo que o filme critica. A produção francesa retrata o esforço de uma pré-adolescente para se integrar com a turma de garotas legais da sua escola para disputar um concurso de dança. O que diferencia a trama das produções similares americanas é que a protagonista é uma menina negra muçulmana de 11 anos, criada numa família de imigrantes senegaleses no bairro mais pobre de Paris, que se encanta com uma vizinha moderna da sua idade. O grupo de meninas a que ela se junta contrasta fortemente com os valores tradicionais de sua mãe, e ela logo se dá conta de sua própria sensualidade através da dança. Com isso, o filme também aborda a hiper-sexualização das garotas pré-adolescentes nos dias de hoje, mas não da forma como o pôster sugeria. Doucouré afirma que “Lindinhas” aborda as pressões das redes sociais sobre as mulheres jovens e que todos poderão perceber sua verdadeira intenção ao assisti-lo. “O amor e a autoestima são construídos por meio de curtidas e seguidores. O que acontece é que as meninas veem imagens de mulheres sendo objetificadas, e quanto mais a mulher se torna um objeto, mais seguidores e likes ela tem – elas veem isso como um modelo e tentam imitar essas mulheres, mas não têm idade suficiente para sabem o que estão fazendo”, comentou. A cineasta mencionou que, após o desastre, nem todas as manifestações em torno do filme desejavam sua morte. Ela recebeu mensagens positivas de quem já tinha visto a produção, que foi exibida também no Festival de Berlim, além de apoio do governo francês. Ela contou que “Lindinhas” impressionou o governo de seu país e será usado como uma ferramenta educacional na França. Tessa Thompson, que interpreta a heroína Valquíria nos filmes da Marvel, foi uma das estrelas que se posicionou ao lado da cineasta, dizendo-se “decepcionada ao ver como o marketing posicionou” o filme. “Eu entendo a reação de todos, mas não tem relação com o filme que vi”, escreveu a atriz nas redes sociais. “‘Lindinhas’ é um filme lindo, que me destruiu no Festival de Sundance. Ele representa uma nova voz na direção. Ela é uma mulher negra senegalesa-francesa extraindo suas próprias experiências”, completou. “Eu realmente coloquei meu coração neste filme. Na verdade, é a minha história pessoal e também a história de muitas crianças que precisam navegar entre uma cultura ocidental liberal e uma cultura conservadora em seus lares”, concordou Doucouré, que de fato é descendente de senegaleses. “Esperamos que entendam que estamos realmente do mesmo lado desta batalha. Se juntarmos forças, poderemos fazer uma grande mudança neste mundo que hiper-sexualiza as crianças”, a cineasta concluiu. O filme estreia na quarta-feira (9/9) em streaming. Compare os cartazes franceses e americanos abaixo.
Lindinhas: Netflix pede desculpas por arte inadequada e muda marketing do filme
A Netflix vai refazer a campanha de marketing de “Lindinhas” (Cuties), após as reações negativas despertadas pela arte inicial. Diversas manifestações nas redes sociais reclamaram que o material original promovia a sexualização das protagonistas, um grupo de meninas de 11 anos de idade que fazem parte de um grupo de dança. “Pedimos desculpas pela arte inadequada que usamos para o filme ‘Lindinhas’. Não estava certo, nem representava este filme francês que ganhou um prêmio no Festival de Sundance. Estamos trabalhando para atualizar as imagens e a descrição do filme”, disse a Netflix em nota oficial. A plataforma também tirou as fotos e o pôster originalmente divulgados em sua plataforma de imprensa, mantendo apenas uma imagem, que ilustra este post. Para ver a arte considerada polêmica, confira aqui. Mas antes mesmo da divulgação do cartaz, o filme já vinha sendo bombardeado com notas negativas no IMDb. No caso, devido ao tema. Vale observar que essa reação não reflete a opinião da crítica, que é bastante positiva em relação ao filme e sua abordagem de temas complexos, considerada emotiva e delicada. A produção é francesa e retrata o esforço de uma pré-adolescente para se integrar com a turma de garotas legais da sua escola para disputar um concurso de dança. Dita assim, a premissa parece uma comédia teen típica, mas há muitas diferenças em relação às produções americanas. A começar pela protagonista, uma menina negra muçulmana de 11 anos, criada numa família de imigrantes senegaleses no bairro mais pobre de Paris, que se encanta com a vizinha moderna da sua idade. O grupo de meninas a que ela se junta contrasta fortemente com os valores tradicionais de sua mãe, e ela logo se dá conta de sua própria sensualidade através da dança. Com isso, o filme também aborda a hiper sexualização das garotas pré-adolescentes nos dias de hoje. “Cuties” teve première no Festival de Sundance, no começo do ano, onde a diretora e roteirista Maïmouna Doucouré levou o troféu de Melhor Direção. A estreia vai acontecer em 9 de setembro em streaming. Aproveite e confira o trailer abaixo.
Lindinhas: Filme adolescente premiado ganha trailer e vira alvo de campanha de ódio
A Netflix divulgou o pôster, as fotos e o trailer de “Lindinhas” (Cuties), por enquanto disponível apenas com legendas em inglês. A produção é francesa e retrata o esforço de uma pré-adolescente para se integrar com a turma de garotas legais da sua escola para disputar um concurso de dança. Dita assim, a premissa parece uma comédia teen típica, mas há muitas diferenças em relação às produções americanas. A começar pela protagonista, uma menina negra muçulmana de 11 anos, criada numa família de imigrantes senegaleses no bairro mais pobre de Paris, que se encanta com a vizinha moderna da sua idade. O grupo de meninas a que ela se junta contrasta fortemente com os valores tradicionais de sua mãe, e ela logo se dá conta de sua própria sensualidade através da dança. Com isso, o filme também aborda a hiper sexualização das garotas pré-adolescentes nos dias de hoje. “Cuties” teve première no Festival de Sundance, no começo do ano, onde a diretora e roteirista Maïmouna Doucouré levou o troféu de Melhor Direção. Os críticos aplaudiram (82% de aprovação no Rotten Tomatoes), mas o tema, inspirado na infância da diretora, causou ira entre os grupos conservadores de ódio que tem bombardeado (sem ter visto) o filme com cotações negativas no IMDb. A arte do pôster tampou ajudou. A Netflix acabou suspendendo o marketing do filme após a divulgação inicial e divulgou uma nota oficial: “Pedimos desculpas pela arte inadequada que usamos para o filme ‘Lindinhas’. Não estava certo, nem representava este filme francês que ganhou um prêmio no Festival de Sundance. Estamos trabalhando para atualizar as imagens e a descrição do filme”. A estreia vai acontecer em 9 de setembro em streaming.
Festival de Sundance 2020 premia filme com ator de The Walking Dead e cineastas femininas
O drama “Minari”, de Lee Isaac Chung, foi o vencedor do Festival de Sundance 2020. Além do troféu principal, o Grande Prêmio do Júri, entregue na noite gelada de sábado (1/2) em Park City, Utah (EUA), o filme sobre um menino coreano-americano de 7 anos de idade, cuja vida é virada de cabeça para baixo quando seu pai decide mudar sua família para a zona rural do Arkansas, também ganhou o Prêmio do Público. A história de “Minari”, que destaca em seu elenco o ator Steven Yeun (“The Walking Dead”) no papel do pai, é baseada na própria vida do diretor e coincide com o sucesso recente de cineastas asiáticos nos EUA, tanto em filmes americanos, como as chinesas Chloé Zhao (“Domando o Destino”), Cathy Yan (“Dead Pigs”) e a descendente Lulu Wang (“A Despedida”), quanto internacionais, caso do premiadíssimo Bong Joon Ho, de “Parasita”, vencedor de vários prêmios dos sindicatos da indústria cinematográfica americana. Mas esse não foi o detalhe que mais chamou atenção na entrega dos prêmios, e sim o grande predomínio de mulheres vitoriosas, principalmente nas categorias de Direção. Entre as americanas, Rahda Blank conquistou o troféu por sua estréia no cinema, “The 40-Year-Old Version”, que ela escreveu, dirigiu e estrelou, e Garrett Bradley ficou com o prêmio de direção em documentário por seu filme “Time”. A competição internacional ainda consagrou a francesa Maimouna Doucouré, outra diretora estreante, pela realização de “Cuties” (Mignonnes). Além disso, a estreia na ficção da premiada documentarista Heidi Ewing, “I Carry You with Me”, rendeu dois prêmios paralelos, algumas das críticas mais positivas do evento e um contrato de US$ 10 milhões de distribuição junto a Sony. Para completar, os documentários americanos premiados foram codirigidos por casais. “Boys State”, de Amanda McBaine e Jesse Moss, levou o Grande Prêmio do Júri e uma das maiores boladas do festival. A Apple comprou o filme por US$ 12 milhões, valor recorde para um documentário de festival – qualquer festival. Já o Prêmio do Público para Melhor Documentário ficou com “Crip Camp”, nova produção do casal Barack e Michelle Obama, dirigido por Nicole Newnham e Jim Lebrecht. O filme já entrou em Sundance com distribuição fechada da Netflix. A cerimônia de encerramento do festival, que foi aberta por um show da banda indie punk Skating Polly, ainda premiou o iraniano “Yalda, a Night for Forgiveness”, de Massoud Bakhshi, como o melhor filme da competição internacional.





