Elis lidera lista de indicados ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2016
A Academia Brasileira de Cinema, que elege com bastante atraso os melhores artistas, técnicos e filmes nacionais do ano anterior, divulgou a lista de indicados à 16º edição de sua premiação, batizada singelamente de Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Com 12 indicações, o drama biográfico “Elis”, de Hugo Prato, que conta a história da cantora Elis Regina, lidera a lista de produções selecionadas. Outros filmes que se destacam são “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, e “Nise — O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner. Em compensação, “Sinfonia da Necrópole” e “O Roubo da Taça” foram subestimados com apenas uma indicação cada, o que ainda assim é melhor do que ter sido simplesmente ignorado, como aconteceu com “O Silêncio do Céu”, “Campo Grande”, “Para Minha Amada Morta” e “Ponto Zero”, quatro filmes melhores que, por exemplo, “Elis”. Já o pior filme brasileiro de 2016 está na lista, entre as comédias. Adivinhe qual. Além da distribuições de troféus, haverá homenagens ao ator Antonio Pitanga, à atriz e diretora Helena Ignez, ao centenário de empresa distribuidora Grupo Severiano Ribeiro (hoje Kinoplex) e à Cinemateca Brasileira. A cerimônia de premiação vai acontecer em 5 de setembro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, sob direção de Bia Lessa. Confira abaixo a lista completa dos indicados. Indicados ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2016 Melhor Filme “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro “Elis”, de Hugo Prata “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert “Nise – O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner Melhor Documentário “Cícero Dias, o Compadre de Picasso”, de Vladimir Carvalho “Cinema Novo”, de Eryk Rocha. Curumim, de Marcos Prado. “Eu Sou Carlos Imperial”, de Renato Terra e Ricardo Calil “Marias”, de Joana Mariani “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”, de Belisario Franca “Quanto Tempo o Tempo Tem”, de Adriana L. Dutra Melhor Comédia “BR716”, de Domingos Oliveira “É Fada!”, de Cris D’Amato “Minha Mãe É Uma Peça 2”, de César Rodrigues “O Roubo da Taça”, de Caito Ortiz “O Shaolin do Sertão”, de Halder Gomes Melhor Direção Afonso Poyart (“Mais Forte Que O Mundo – A História De José Aldo”) Anna Muylaert (“Mãe Só Há Uma”) David Schurmann (“Pequeno Segredo”) Gabriel Mascaro (“Boi Neon”) Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”) Melhor Atriz Adriana Esteves (“Mundo Cão”) Andréia Horta (“Elis”) Glória Pires (“Nise – O Coração da Loucura”) Julia Lemmertz (“Pequeno Segredo”) Sonia Braga (“Aquarius”) Sophie Charlotte (“Reza a Lenda”) Melhor Ator Caio Blat (“BR716”) Cauã Reymond (“Reza a Lenda”) Chic Diaz (“Em Nome da Lei”) Domingos Montagner (“Um Namorado Para Minha Mulher”) Juliano Cazarré (“Boi Neon”) Lázaro Ramos (“Mundo Cão”) Melhor Atriz Coadjuvante Alice Braga (“Entre Idas e Vindas”) Andréa Beltrão (“Sob Pressão”) Laura Cardoso (“De Onde Eu Te Vejo”) Maeve Jinkings (“Aquarius”) Maeve Jinkings (“Boi Neon”) Sophie Charlotte (“BR716”) Melhor Ator Coadjuvante Caco Ciocler (“Elis”) Dan Stulbach (“Meu Amigo Hindu”) Flavio Bauraqui (“Nise – O Coração da Loucura”) Gustavo Machado (“Elis”) Irandhir Santos (“Aquarius”) Melhor Roteiro Original Afonso Poyart e Marcelo Rubens Paiva (“Mais Forte Que O Mundo – A História de José Aldo”) Anna Muylaert(“Mãe Só Há Uma”) Domingos Oliveira (“BR716”) Gabriel Mascaro (“Boi Neon”) Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”) Melhor Roteiro Adaptado Fil Braz e Paulo Gustavo (“Minha Mãe É Uma Peça 2”) Hilton Lacerda e Ana Carolina Francisco (“Big Jato”) Lusa Silvestre e Julia Rezende (“Um Namorado Para Minha Mulher”) Neville D’Almeida e Michel Melamed (“A Frente Fria Que a Chuva Traz”) Walter Lima Jr (“Através da Sombra”) Melhor Direção de Fotografia Adrian Teijido (“Elis”) André Horta (“Nise – O Coração da Loucura”) Diego Garcia (“Boi Neon”) Marcelo Corpanni (“Reza a Lenda”) Mauro Pinheiro Junior (“Meu Amigo Hindu”) Melhor Direção de Arte Clovis Bueno, Isabel Xavier e Caroline Schamall (“Meu Amigo Hindu”) Daniel Flaskman (“Nise – O Coração Da Loucura”) Frederico Pinto (“Elis”) Juliana Ribeiro (“O Shaolin do Sertão”) Juliano Dornelles e Thales Junqueira (“Aquarius”) Melhor Figurino Cássio Brasil (“Reza A Lenda”) Cris Kangussu (“Nise – O Coração da Loucura”) Cristina Camargo (“Elis”) Flora Rebollo (“Boi Neon”) Luciana Buarque (“O Shaolin do Sertão”) Melhor Maquiagem Alex De Farias (“Boi Neon”) Anna Van Steen (“Elis”) Bruna Nogueira (“Meu Amigo Hindu”) Cristiano Pires (“O Shaolin do Sertão”) Tayce Vale (“Reza a Lenda”) Melhores Efeitos Visuais Binho Carvalho e José Francisco (“Reza a Lenda”) Eduardo Amodio (“Aquarius”) Guilherme Ramalho (“Elis”) Marcelo Siqueira (“Pequeno Segredo”) Mari Figueiredo (“Mais Forte Que O Mundo – A História de José Aldo”) Melhor Montagem Eduardo Serrano (“Aquarius”) Fernando Epstein e Eduardo Serrano (“Boi Neon”) Gustavo Giani (“Meu Amigo Hindu”) Karen Harley (“Big Jato”) Tiago Feliciano (“Elis”) Melhor Montagem de Documentário Alexandre Lima (“Curumim”) Gabriel Medeiros (“Geraldinos”) Jordana Berg (“Eu Sou Carlos Imperial”) Renato Vallone (“Cinema Novo”) Yan Motta (“Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”) Melhor Som Alfredo Guerra e Érico Paiva (“O Shaolin Do Sertão”) Fabian Oliver, Mauricio D’orey e Vicent Sinceretti (“Boi Neon”) Gabriela Cunha, Daniel Turini, Fernando Henna e Paulo Gama (“Sinfonia da Necrópole”) Jorge Rezende, Alessandro Laroca, Armando Torres Jr. e Eduardo Virmond Lima (“Elis”) Nicolas Hallet e Ricardo Cutz (“Aquarius”) Paulo Ricardo Nunes, Miriam Biderman, Ricardo Reis e Paulo Gama (“Reza a Lenda”) Melhor Trilha Sonora Original Alceu Valença (“A Luneta do Tempo”) Antonio Pinto (“Pequeno Segredo”) Dj Dolores (“Big Jato”) Jaques Morelenbaum (“Nise – O Coração da Loucura”) Otavio De Moraes (“Elis”) Melhor Trilha Sonora Alexandre Guerra (“O Vendedor de Sonhos”) Bernardo Uzeda (“Mate-Me por Favor”) Domingos Oliveira (“BR716”) Mateus Alves (“Aquarius”) Mauricio Tagliari (“Mundo Cão”) Melhor Longa-Metragem Estrangeiro “A Chegada”, de Denis Villeneuve “A Garota Dinamarquesa”, de Tom Hooper “Animais Noturnos”, de Tom Ford “Elle”, de Paul Verhoeven “O Filho de Saul”, de László Nemes “Spotlight – Segredos Revelados”, de Tom Mccarthy Melhor Curta “A Moça que Dançou com o Diabo”, de João Paulo Miranda Maria “Constelações”, de Maurílio Martins “E o Galo Cantou”, de Daniel Calil “Não Me Prometa Nada”, de Eva Randpolph “O Melhor Som do Mundo”, de Pedro Paulo De Andrade Melhor Curta de Documentário “A Morte do Cinema”, de Evandro De Freitas “Abissal”, de Arthur Leite “Aqueles Anos de Dezembro”, de Felipe Arrojo Poroger “Buscando Helena”, de Ana Amélia Macedo e Roberto Berliner “Índios no Poder”, de Rodrigo Arajeju “Orquestra Invisível Let’s Dance”, de Alice Riff Melhor Curta de Animação “Cartas, de David Mussel “O Caminho dos Gigantes, de Alois Di Leo “O Projeto do Meu Pai”, de Rosaria Maria “Quando os Dias Eram Eternos”, de Marcus Vinicius Vasconcelos “Tango”, de Francisco Gusso e Pedro Giongo “Vento”, de Betânia Furtado “Vida de Boneco”, de Flávio Gomes
Aquarius ganha classificação livre para todas as idades na França
O filme “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, foi classificado como livre para todas as idades na França. Mas a decisão da CNC (Le Centre National du Cinéma et de l’Image Animée), entidade que regula o setor, não tem a conotação politizada que andou ganhando em alguns sites. Afinal, assim como “Aquarius”, “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, também recebeu a mesma classificação. No Brasil, os dois filmes foram exibidos com recomendação indicativa para maiores de 16 anos. O mercado de cinema francês é o mais liberal do mundo, e apenas pornografia recebe classificação para maiores de 18 anos. Filmes com closes de sexo explícito, como “Love”, “Um Estranho no Lago” e “Ninfomaníaca”, receberam indicação para maiores de 16 anos no país. Mas para balizar com um parâmetro mais expressivo, o drama francês “Azul É a Cor Mais Quente”, que tem longas cenas de sexo lésbico explícito, foi exibido para maiores de 12 anos no país. No Brasil, a classificação dos quatro longas citados foi de 18 anos e as empresas nacionais de replicação de Blu-ray se recusaram a produzir seus discos, devido ao conteúdo.
Mãe Só Há Uma materializa nova provocação de Anna Muylaert
É natural que se busque uma associação entre os dois filmes mais recentes de Anna Muylaert, “Que Horas Ela Volta?” (2015) e o novo “Mãe Só Há Uma”. Afinal, ambos tratam do tema da maternidade e da questão da identidade. Mas se havia um pouco de caricatura cômica no drama de “Que Horas Ela Volta?”, desta vez o tom é abertamente dramático, tendo como ponto de partida uma história verídica de criança roubada. O filme acompanha Pierre (o estreante Naomi Nero, sobrinho de Alexandre Nero), um rapaz que costumava ter uma vida tranquila com a mãe (Daniela Nefussi, de “É Proibido Fumar”) e sua irmã pequena (Lais Dias). Até o dia em que descobre ter sido roubado na maternidade, vê sua mãe ser presa, descobre que tem outro nome e precisa se adaptar a um novo lar com seus pais biológicos, vividos por Matheus Nachtergaele (“Trinta”) e novamente por Nefussi, numa estratégia de casting que ajuda a acentuar a confusão mental do rapaz – bem como enfatizar o próprio título “Mãe Só Há Uma”. Interessante o modo como Muyalert constrói sua narrativa, com elipses que fazem a história de convivência de Pierre e sua nova família adquirir duração indeterminada, passando a impressão de abranger semanas no espaço de enxutos 82 minutos de projeção. Aliás, a edição é tão acertada que “Mãe Só Há Uma” é daqueles filmes que não exaurem o espectador, terminando no momento certo. Também muito importante é a construção do personagem Pierre/Felipe. Seu mundo vira de cabeça pra baixo justo quando ele está no processo de descobrir sua identidade sexual, que a trama faz questão de não simplificar. Desde o começo, ele é mostrado como um rapaz que gosta de usar calcinhas e maquiagem, mas que não deixa de transar com garotas por causa disso. Ele até faz muito sucesso com elas. Uma das cenas mais interessantes acontece quando ele vai provar uma roupa com seus pais biológicos, que querem moldá-lo à maneira deles. Em determinado momento, ele fala: “é só uma roupa!”, ao procurar fazê-los entender a bobagem que é discutir sobre aquilo. O que pode incomodar um pouco os espectadores é o modo como Muylaert, mais uma vez, trata alguns personagens quase como caricaturas. Desta vez, são os pais biológicos de Pierre, que lembram um pouco os pais de Fabinho em “Que Horas Ela Volta?” . Ainda assim, esse tipo de representação pode ser encarado como uma provocação da diretora, diante do modelo tradicional da família brasileira, numa continuação do que havia sido visto em seu trabalho anterior. O que importa é que estamos diante de mais uma obra sólida e consistente de uma cineasta que se mostra muito acima da média da atual cinematografia nacional.
Estreias: Tarzan é o rei dos cinemas neste fim de semana
Tarzan volta às selvas com grande orçamento e inúmeros efeitos visuais, no maior lançamento desta quinta (21/7) no Brasil. Acompanhado pelo ator Alexander Skarsgård (série “True Blood”), que veio ao país para entrevistas e première, “A Lenda de Tarzan” chega em 840 salas, incluindo 555 telas 3D e todo o circuito IMAX (12 salas). Com direção de David Yates, responsável pelos quatro últimos filmes de “Harry Potter”, o longa custou uma fortuna (US$ 180 milhões), mas teve apenas desempenho modesto nos EUA (levou 18 dias para superar os US$ 100 milhões). A crítica americana não gostou (36% de aprovação no site Rotten Tomatoes), mas o público aprovou (A- no CinemaScore). A Warner agora torce pelo sucesso internacional. A segunda maior estreia é uma comédia nacional. Apesar de ter Ingrid Guimarães (“De Pernas pro Ar”) no elenco, “Entre Idas e Vindas” não é um besteirol ululante. Trata-se de um romance com final e elenco de novela, sobre como Fabio Assunção (novela “Totalmente Demais”) e seu filho vão parar num motor home cheio de mulheres. A direção de José Eduardo Belmonte transmite mais seriedade ao projeto, que visivelmente possui baixo orçamento, mas, por outro lado, os cinéfilos talvez preferissem um trabalho menos ligeiro do grande cineasta brasiliense. Estreia em 283 salas. A melhor comédia da semana, na verdade, é americana: “Dois Caras Legais“, do cineasta Shane Black (“Homem de Ferro 3”). Passada nos anos 1970, com figurino, música e recriação até do espírito dos filmes da época, traz Russel Crowe (“Noé”) e Ryan Gosling (“A Grande Aposta”) como detetives investigando o sequestro de uma jovem em plena era das discotecas. Hilário, o filme tem 91% de aprovação no Rotten Tomatoes, feito raríssimo para comédias. Ocupa 215 salas. Em contraste, o principal lançamento da semana é restrito a 46 salas – sendo 12 CEUs, do circuito SPCine na capital paulista. Trata-se do novo drama de Anna Muylaert, diretora do aclamado “Que Horas Ela Volta?” (2015). Com tema diferente, mas núcleo similar, de mãe, filho e deslocamento da representação do lar, “Mãe Só Há Uma” parte de uma história real para contar a história de um adolescente que descobre ter sido roubado na maternidade e que, após tratar a ladra como mãe por toda a vida, precisa se readequar à família biológica. Para complicar, ele também atravessa crise de identidade sexual. O filme destaca o estreante Naomi Nero (sobrinho de Alexandre Nero) como protagonista, uma grata revelação com futuro brilhante, além de Daniela Nefussi (“É Proibido Fumar”) em dois papéis, como as mães (de criação e biológica) do menino, num artifício que visa destacar a confusão criada na cabeça do rapaz. Filmaço para poucos. O circuito limitado também recebe o drama francês “Chocolate” em 55 salas, mostrando Omar Sy (“Intocáveis”) como o primeiro palhaço negro de circo da França, no século 19. Em 32 salas, “Life – Um Retrato de James Dean”, traz Robert Pattinson (“Mapa para as Estrelas”) como o fotógrafo que ajudou a criar a aura de mito que acompanhou a curta carreira do astro de “Juventude Transviada” (1955). Por fim, a comédia espanhola “Um Dia Perfeito” mostra seu humor negro em quatro salas, com Benício Del Toro (“Sicario”) liderando um grupo de agentes humanitários em meio a uma zona de conflito armado.
Mãe Só Há Uma: Novo filme de Anna Muylaert ganha pôster e primeiro trailer
A Vitrine Filmes divulgou o cartaz nacional e o primeiro trailer de “Mãe Só Há Uma”, novo filme da diretora Anna Muylaert, que volta a tratar do abismo entre mães e filhos após o sucesso de “Que Horas Ela Volta?”. Desta vez, o pano de fundo do contraste social é substituído por uma história inspirada na crônica policial brasileira, sobre um menino raptado que é reencontrado pela família legítima e tem dificuldades de aceitar a mãe biológica, enquanto ainda nutre afeto pela mulher que o roubou e o criou como filho desde criança. A crise de identidade também se estende à sexualidade do jovem, que pinta as unhas e começa a usar roupas femininas. O filme destaca o estreante Naomi Nero (sobrinho de Alexandre Nero) como protagonista e Daniela Nefussi (“É Proibido Fumar”) em dois papéis, como as mães (de criação e biológica) do menino, num artifício que visa destacar a confusão criada na cabeça do rapaz. Matheus Nachtergaele (“Trinta”), Luciana Paes (“Sinfonia da Necrópole”) e Helena Albergaria (“Que Horas Ela Volta?”) também estão no elenco. Exibido com críticas positivas no Festival de Berlim deste ano, “Mãe Só Há Uma” chega aos cinemas brasileiros no dia 21 de julho.
Entrevista | Anna Muylaert: “Não sou obrigada a fazer sempre a mesma coisa”
A pressão era grande: depois de vencer o prêmio do público com “Que Horas Ela Volta”, em 2015, Anna Muylaert voltou ao Festival de Berlim para apresentar “Mãe Só Há Uma”. A expectativa gerada em torno de um filme que sai apenas um ano depois era enorme e ajudou que ela se sentisse nervosíssima antes da sessão. Mas não era necessário: mais uma vez, foram aplausos entusiasmados e conversas no final – embora nem todas para elogiar, como ela própria conta… “Mãe Só Há Uma” acabou recebendo um prêmio secundário, mas a diretora diz que este ano não veio atrás de “medalha”. Ela tampouco acredita que o filme seja um sucesso de público, pois não tem atores famosos nem apoio da Globo. Descrita pela cineasta como uma “provocação”, “Mãe Só Há Uma” conta a história de um bebê roubado da maternidade e, que aos 17 anos, enquanto questiona a própria sexualidade, é obrigado a mudar-se para a casa da sua família biológica. De resto, nesta conversa exclusiva com a Pipoca Moderna, Muylaert fala do filme, do cinema brasileiro e das suas esperanças para as bilheterias de “Mãe Só Há Uma”, cujo lançamento está prevista para o segundo semestre. A convivência com o Festival de Berlim está se estreitando… Numa das sessões você parecia uma estrela de rock… (risos) É verdade, loucura… Os seus filmes têm um estilo próprio, um pouco indie e ao mesmo tempo acessível. Por que a Berlinale gosta dos seus filmes? Acho que os filmes ficam sempre no meio, entre o arthouse e o popular. Mas “Que Horas Ela Volta?” é um filme mais popular, todo o mundo gosta. Foi um filme marcante aqui no ano passado, ganhou o prêmio do publico. Este ano, quando cheguei, o pessoal ainda lembrava. Mas o novo é mais fechado, mais provocativo e tem aspetos experimentais. Mas acho que também é acessível. E sente uma pressão maior em função do que aconteceu no ano passado? Sim, claro. Acho que este ano estou aqui por causa do ano passado, eles queriam ver a reação a este novo filme. Eu fiquei um tempo pensando exatamente nisto, que este ano não devo ganhar nada. Depois pensei que o que eu tenho que fazer é poesia, não é um concurso, não tenho de receber medalha. E Berlim é legal porque é o centro da Europa, é dos melhores festivais para se vir, há gente de todo o lado. Em Sundance, por exemplo, só se encontram americanos. Está sendo muito bom, acho que o melhor festival para o filme era esse. O ano passado eu não tinha expectativa porque ninguém me conhecia, mas tinha muita certeza de que o filme agradaria, com uma atriz carismática, um filme solar, todo mundo feliz. Ganhou prêmio de público. E esse ano eu não vim com um filme solar é mais lunar e sem atores famosos. Foi deliberado? Sim, pois é de baixo orçamento, custou U$ 400 mil, muito pequeno. Então eu pensei ‘vou experimentar fazer com mais câmera na mão, sem atores famosos, uma narrativa diferente’. É um filme mais arriscado e eu tinha medo de decepcionar, tipo ‘vamos ver o filme da mesma diretora’ e eu estava morrendo de medo. Aquele dia na primeira sessão eu estava muito nervosa e houve pessoas que disseram que não gostaram. Sério? Sério, houve pessoas que me disseram ‘pô, você me decepcionou, o outro era um filme tão feliz’ etc. Bom, mas eu não sou obrigada a fazer sempre a mesma coisa. Mas, em compensação, tem muita gente que prefere a provocação desse. Mas está tudo bem, são duas coisas autênticas, que eu fiz com o mesmo amor. Por que decidiu contar essa história? Ela tem uma base verídica, certo…? Sim, é uma história muito conhecida no Brasil, quase clássica – mas sempre do ponto de vista da mãe. Tinha uma novela onde a Renata Sorrah fazia a mãe que roubava, e um filme do Caetano Gotardo, “O que se Move”, onde a mãe que era a vítima. Eu sempre me interessei pela história do filho. O personagem dele é desesperador, porque se você troca tudo… quem você é? Há oito anos atrás eu comecei com o processo do filme. Parece que foi rápido, mas não foi, apenas saiu perto do outro. Para ilustrar a questão da identidade você também foi buscar a questão sexual… Sim, no início não tinha isso, mas depois eu comecei a pensar que era para falar da identidade, esse recurso dava para falar de dois tipos de mãe – a da infância, oceânica, e a da adolescência, mais restritiva. Depois do outro filme eu comecei a andar com muitos jovens e com homossexuais e na noite de São Paulo vi muitas coisas que não tinha na época em que eu saia – como homens vestido de mulher andando com mulheres. Para mim, homem que usava vestido era gay – e não é bem assim. Eu fiquei fascinada com isso e resolvi pôr no filme, vai ser uma das metáforas sobre redenção, até porque quando um adolescente chega junto dos pais e diz “eu sou isso”, é sempre um choque, porque nunca somos aquilo que eles queriam… Aquela cena com o Mateus Nachtergaele é bem forte, quando ele diz “o que mais nós temos que fazer para te agradar?” Sim, exatamente. Você espera 17 anos e te aparece um menino que usa vestido…? É uma metáfora muito forte desse conflito de adolescente pra se individualizar. Tem de se ter muita força para crescer dentro da própria família. Quase todo o adolescente nunca corresponde àquilo que o pai espera. Você tem quem que quebrar. O filme é sobre esse momento. Quando estreia no Brasil? Já tem data? Sai no segundo semestre porque eu estou muito cansada, preciso descansar. Há três anos que eu não paro. Daqui a pouco os teus filhos é que perguntam “que horas ela volta”… Exato! Ainda bem que eles estão crescidos. Acha que o cinema tem de ter um compromisso público? No Brasil parece haver um cinema muito experimental de um lado e uma produção bastante comercial de outro… Como dizia Glauber Rocha, ‘os caminhos são todos os caminhos’, tem de ter de tudo. Mas eu acho que não só no Brasil, mas também em toda a América Latina, há uma situação demasiado bipolar. Os filmes do meio, como os meus, têm uma dose de tentativa de inteligência, mas também de comunicação com o público. Os argentinos estão com um cinema tão bem sucedido neste momento porque eles entendem isso. Acha que a presença em Berlim ajuda na carreira dos filmes? Em termos de impacto no mercado interno… muito pouco. Depois tem que se ver a vocação do filme, se for de arte é para os circuitos de festivais apenas. Os meus filmes procuram o público. Mas acho que o “Curumim” (de Marcos Prado, outro filme brasileiro em Berlim), em função do tema que tem, pode ter boa saída. Também tem a ver com ter uma boa distribuição, com o número de salas…Em quantas salas saiu “Que Horas Ela Volta” no Brasil? “Que Horas Ela Volta” saiu em 90 salas e na França em 160, mas lá não foi tão bem. Teve mais sucesso no Brasil – 500 mil espectadores. E teria tido mais se na Itália não tivessem lançado o DVD. Foi logo na segunda semana e aí caiu na pirataria – com boa qualidade. Chegou a ter dez capas diferentes! Mas no Brasil foi um fenômeno. Mas esse não vai ser, não tem famosos, não tem a Globo. Estou à espera entre 50 e 100 mil espectadores.
Berlim: Premiação da Mostra Panorama consagra o cinema israelense
A organização do Festival de Berlim anunciou os premiados da Panorama, seção que abrigou os três títulos brasileiros durante o evento cinematográfico alemão. O público, que o ano passado escolheu “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, em 2016 optou pelo israelense “Junction 48”, de Udi Aloni, sobre o cotidiano de rapper palestino em Tel Aviv. Já nos documentários, o premiado foi “Who’s Gonna Love Me Now?”, dos irmãos Tomer e Barak Heymann, sobre a vida de um israelense renegado pela família após contrair HIV, que encontrou motivos para viver ao ingressar no Coral Gay de Londres. De acordo com a organização, cerca de 30 mil cédulas de votos foram entregues pelos espectadores na saída das sessões e, desde o início, estes dois títulos de diretores israelenses estabeleceram-se como os prediletos. Nos segundos e terceiros lugares as escolhas na área da ficção recaíram sobre projetos da Alemanha (“Fukushima mon Amour”, da veterana Doris Dörrie) e da África do Sul (“Shepherds and Butchers”, de Oliver Schmitz, obra protagonizada por Steve Coogan). Nos projetos documentais as distinções foram para o holandês “Strike a Pose” (de Reijer Zwaan) e para o sul-coreano “Weekends” (de Lee Dong-ha). De resto, apesar da boa impressão, das sessões lotadas e de conversas após as sessões com boa participação do público, “Mãe Só Há Uma”, “Antes o Tempo não Acabava” e “Curumim” ficaram fora da premiação oficial. Mas “Mãe Há só Uma” apareceu na votação paralela do Teddy Awards, o mais antigo prêmio de cinema LGBT do mundo, que completou 30 anos. O drama de Anna Muylaert, sobre o um jovem transexual, que tenta se readaptar à família, após descobrir ter sido roubado na infância e criado pela sequestradora, venceu o prêmio do público da revista Männer, que patrocina o Teddy. Já o Teddy Award propriamente dito foi para o austríaco “Tomcat”, de Handl Klaus, sobre um casal gay, cuja vida romântica é estraçalhada pela violência. Por fim, na categoria de documentário, o vencedor do Teddy foi “Kiki”, da sueca Sara Jordenö, que explora a cultura “vogue” de New York. Vencedores da seção Panorama do Festival de Berlim 2016 Melhor Filme “Junction 48”, de Udi Aloni (Israel) Segundo Lugar “Fukushima mon Amour”, de Doris Dörrie (Alemanha) Terceiro Lugar “Shepherds and Butchers”, de Oliver Schmitz (África do Sul) Melhor Documentário “Who’s Gonna Love Me Now?”, de Tomer e Barak Heymann (Israel/Reino Unido) Segundo Lugar “Strike a Pose”, de Reijer Zwaan (Holanda) Terceiro Lugar “Weekends”, de Lee Dong-ha (Coreia do Sul) Vencedores dos Teddy Awards 2016 Melhor Filme “Tomcat”, de Handl Klaus (Áustria) Melhor Documentário “Kiki”, de Sara Jordenö (EUA/Suécia) Prêmio do Júri “You’ll Never Be Alone”, de Alex Anwandter (Chile) Prêmio do Público “Paris 5:59 (Theo & Hugo dans le meme Bateau)”, de Oliver Ducastel e Jacques Martineau (França) Prêmio dos leitores da revista Männer “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert (Brasil)
Mãe Só Há Uma: Veja uma cena e o pôster internacional do novo filme de Anna Muylaert
O pôster e a primeira cena de “Mãe Só Há Uma”, novo filme da diretora brasileira Anna Muylaert, foram divulgados para o mercado internacional, acompanhando a repercussão positiva da première no Festival de Berlim. Exibido na mostra Panorama, que no ano passado foi vencida por outra obra da cineasta, “Que Horas Ela Volta?”, o filme teve uma recepção entusiasmada do público e da crítica na Bienale. A trama segue a história de um adolescente, roubado ainda bebê numa maternidade, que é reintroduzido à sua família biológica, enquanto lida ainda com a definição de sua identidade sexual. O elenco destaca o estreante Naomi Nero (sobrinho de Alexandre Nero) no papel principal, a pouco conhecida Dani Nefusi em papel duplo, como a sequestradora e a mãe biológica, e Matheus Nachtergaele (“Trinta”) como o pai burguês e machista, que precisa lidar com a descoberta de um filho transgênero. “Mãe Só Há Uma”, que no mercado internacional se chama “Don’t Call Me Son”, ainda não tem previsão de estreia.
Berlim: Anna Muylaert retorna ao festival alemão sob aplausos
Um ano após ser premiada no Festival de Berlim por “Que Horas Ela Volta?”, a diretora brasileira Anna Muylaert voltou a receber aplausos efusivos do público alemão com a exibição de seu novo filme, “Mãe Só Há Uma”. Emocionada no reencontro, ela revelou que teve receios em retornar tão cedo à Berlinale, especialmente na mesma mostra, a Panorama, que ela venceu em 2015. “Depois que pisei aqui no ano passado, minha vida mudou”, ela discursou, durante a première. “Foram centenas de horas falando sobre os problemas sociais brasileiros e o machismo no cinema. Relutei em voltar, pensando que seria difícil vencer novamente e me sentir deprimida. Mas minha função não é fazer gols, é fazer flores. Esse filme é a minha mais nova flor. É sobre uma história muito conhecida que aconteceu no Brasil. É um filme que não foi feito para se sentir bem, mas para se sentir autêntico. Esta é uma flor autêntica”. A história conhecida a que ela se refere é a do menino Pedrinho, que foi roubado ainda bebê numa maternidade de Brasília, décadas atrás. Criado como filho pela sequestradora, Pedrinho vira Pierre no filme, interpretado pelo estreante Naomi Nero (sobrinho de Alexandre Nero), e para complicar essa história já complexa por si só, ele também busca sua identidade sexual, vestindo-se de mulher. Por isso, o reencontro com a família biológica vem junto de um turbilhão de sentimentos, especialmente na relação com o pai machista, vivido por Matheus Nachtergaele (“Trinta”). Em suma, “Mãe Só Há Uma” não é um “filme simples, sem pretensões”, como a diretora dizia em suas entrevistas pregressas, para evitar comparações com “Que Horas Ela Volta?”. Sem o maniqueísmo do filme anterior, é até mais complexo, cheio de nuances, com direito a algumas opções criativas, como a escolha da mesma atriz, Dani Nefusi, para interpretar a mãe sequestradora e a mãe biológica. Presente na sessão, o diretor Karin Aïnouz (“Praia do Futuro”) sintetizou perfeitamente a percepção da obra: “A Anna vai para o lado da loucura e se sai superbem”.
Com boa presença brasileira, começa o Festival de Berlim 2016
O Festival de Berlim começa nesta quinta (11/2) num contexto efervescente na Alemanha, onde a crise dos refugiados repercute de forma particularmente forte. Em sua entrevista inaugural, o diretor do evento Dieter Kosslick salientou a importância de não se virar as costas para a realidade social, que estará no centro de diversas iniciativas ao longo do festival. Mas também chamam atenção as medidas de segurança, reforçadas em relação aos eventos anteriores, em decorrência dos atentados terroristas em Paris no ano passado. São esperadas cerca de 400 mil pessoas no festival, que vai se estender até 18 de fevereiro com diversas mostras paralelas e a competição pelo Urso de Ouro, cujo juri é presidido pela atriz Meryl Streep (“A Dama de Ferro”). Repetindo uma tendência dos últimos anos, a nova edição é marcada por forte presença brasileira. Em 2016, a maior expectativa da imprensa internacional recai sobre o novo projeto da paulista Anna Muylaert, “Mãe Só Há Uma”, em consequência da espantosa trajetória internacional de “Que Horas Ela Volta?” – que incluiu o Prêmio do Público na própria Berlinale do ano passado. O novo filme da cineasta retoma questões de maternidade e identidade, vistas no trabalho anterior, por meio da história de um rapaz transgênero. “Mãe Só Há Uma” faz parte da seção Panorama, mostra paralela onde também estão outros dois longas brasileiros. Há grande curiosidade, por sinal, a respeito de “Antes o Tempo não Acabava”, novo filme do amazonense Sergio Andrade após “A Floresta de Jonathas” (2013), que, indo de encontro ao notório gosto dos alemães pelo exótico, acompanha um xamã indígena confrontado pelo mundo urbano de Manaus. Igualmente promissor é “Curumim”, documentário de Marcos Prado (“Estamira”), que retrata a trágica histórica de Marco “Curumim” Archer, o brasileiro que passou 11 anos detido na Indonésia até ser condenado à morte em 2015. Prado valeu-se de filmagens escondidas feitas pelo próprio retratado – acrescentando posteriormente outros depoimentos e imagens. Além destes três filmes, duas produções alemãs na seção Fórum tem conexões com o Brasil: “Muito Romântico”, de cunho experimental, é uma obra de dois brasileiros radicados em Berlim, a gaúcha Melissa Dullius e o catarinense Gustavo Jahn, enquanto “Zona Norte” é um documentário onde a cineasta Monica Treut retorna à uma favela do Rio de Janeiro 13 anos depois de ter rodado lá “Guerreira da Luz”, onde abordava o trabalho social de Yvonne Bezerra de Menezes. Os americanos O tapete vermelho, porém, estende-se mesmo para os americanos. Hollywood domina a cena desde a abertura, inclusive no tema do filme escolhido, “Ave César!”. Cinco anos após abrirem a Berlinale com “Bravura Indômita” (2010), cabe novamente aos irmãos Coen a honra de trazer o filme de abertura – claramente uma aposta mais segura da organização, depois do ato falho do ano passado, quando “Ninguém Quer a Noite” não agradou ninguém e terminou por ficar posteriormente restrito às salas espanholas. “Ave César!” já arrancou boas reações nos Estados Unidos e, com a capacidade dos irmãos em agradar cinéfilos e o grande público, deve repetir o sucesso na Alemanha. A maioria dos outros trabalhos aterriza em Berlim vindos de Sundance, festival ocorrido em janeiro nos EUA. Um dos mais aguardados é “Maggie’s Plan”, volta de Rebecca Miller, sete anos após “A Vida Íntima de Pippa Lee” (2009), acompanhada por um elenco formado pelos queridinhos Greta Gervig (“Frances Ha”), Ethan Hawke (“Boyhood”) e Julianne Moore (“Para Sempre Alice”). Por seu lado, “Indignation” marca a estreia na direção do produtor James Schamus, um dos patrões do estúdio Focus – bastião do cinema alternativo nos Estados Unidos. Logan Lehrman (“Cruz de Ferro”) e Sarah Gadon (“Drácula: A História Nunca Contada”) estrelam. Outras promessas são “War on Everyone”, um buddy movie politicamente incorreto com Alexander Skarsgard (“True Blood”) e Michael Peña (“Homem-Formiga”) e, talvez a mais importante, “Midnight Special”, uma investida na sci-fi de Jeff Nichols (“Amor Bandido”), que volta a se reunir com seu habitual colaborador Michael Shannon (“O Homem de Aço”), desta vez acompanhado por Kirsten Dunst (“Melancolia”). O filme estreia já em março no Brasil. Com o trio Alex Gibney (“The Story of WikiLeaks: We Still Secrets”), Michael Moore (“Fahrenheit 9/11”) e Spike Lee (“Malcom X”) também estão prometidas algumas polêmicas para a Berlinale. Gibney, um dos melhores documentaristas do mundo, traz um retrato sobre a sombria rede de vigilância na internet com “Zero Days”, enquanto o sempre corrosivo Michael Moore corre o mundo à procura de ideias e comportamentos que deviam ser copiados pelo seu país. Já Spike Lee debruça-se, em “Chi-Raq”, sobre a guerra americano menos falada – a dos guetos negros de Chicago, onde as lutas de gangues são responsáveis por mais mortos que os conflitos internacionais do país. Mas a competição também terá nomes fortes de outros países, que já se tornaram habitués dos festivais internacionais, como o dinamarquês Thomas Vintenberg (“A Caça”), os franceses André Techiné (“O Homem Que Elas Amavam Demais”) e Mia Hansen-Love (“Eden”), o canadense Denis Côté (“Vic+Flo Viram um Urso”), o italiano Gianfranco Rosi (“Sacro GRA”), filipino Lav Diaz (“Norte, o Fim da História”), o bósnio Danis Tanović (“Terra de Ninguém”) e os iranianos Rafi Pitts (“Separados pelo Inverno”) e Mani Haghighi (“Modest Reception”), entre outros. Além disso, muitas surpresas podem vir de cineastas novatos, como a alemã Anne Zohra Berrached (“Two Mothers”), que em seu segundo longa aborda o dilema de uma mãe que descobre, ao final da gravidez, que seu filho terá Síndrome de Down e um defeito cardíaco potencialmente letal. A estreia mais esperada, porém, é a do diretor teatral britânico Michael Grandage, cujo primeiro filme, “Genius”, conta a história do editor dos grandes mestres da literatura Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald e Thomas Wolf. O elenco grandioso inclui Colin Firth (“Kingsman – Serviço Secreto”), Dominic West (série “The Affair”), Jude Law (“A Espiã que Sabia de Menos”), Guy Pearce (“The Rover – A Caçada”), Nicole Kidman (“Olhos da Justiça”), Laura Linney (“Sr. Sherlock Holmes”) e Vanessa Kirby (“Evereste”).
Festival de Berlim seleciona três filmes brasileiros para a Mostra Panorama
O festival de Berlim selecionou três filmes brasileiros para a mostra Panorama: os longa-metragens “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, “Antes o Tempo Não Acabava”, de Fábio Baldo e Sérgio Andrade, e “Curumim”, de Marcos Prado. Em 2015, o grande vencedor dessa mostra foi o brasileiro “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, que volta ao festival este ano com outra história sobre um complicado relacionamento entre mãe e filho. “Mãe Só Há Uma” acompanha um adolescente que descobre ter sido roubado na maternidade. O elenco tem Matheus Nachtergaele, Naomi Nero e Dani Nefussi. “Antes o Tempo Não Acabava” também se mantém no universo (amazonense) do primeiro filme de Sérgio Andrade, “A Floresta de Jonathas”, ao retratar um jovem indígena que vive o choque entre sua cultura tradicional e a vida na capital Manaus. Já o único documentário da lista, “Curumim”, do diretor de “Paraísos Artificiais”, conta a história de Marco Archer, brasileiro executado na Indonésia em janeiro de 2015 por tráfico de drogas. Ao todo, foram selecionadas 51 produções de 33 países diferentes, que serão exibidos entre 11 e 21 de fevereiro, paralelamente à mostra competitiva do Festival de Berlim.










