Domhnall Gleeson enfrenta assombração em trailer de terror do diretor de O Quarto de Jack
A Focus Features divulgou o pôster, cinco fotos e o primeiro trailer de “The Little Stranger”, filme de terror do diretor irlandês Lenny Abrahamson, indicado ao Oscar por “O Quarto de Jack” (2015). A prévia revela uma família atormentada por segredos do passado, que habita uma antiga mansão assombrada por algo mais sobrenatural. Convidado a tratar do rapaz mais aflito por visões do além, um médico do interior passa a testemunhar estranhos acontecimentos e a considerar os delírios daquela família como contagiosos. Baseado no livro homônimo de Sarah Waters (autora de “A Criada”), o filme conta a história do Dr. Faraday, filho de uma empregada doméstica, que construiu uma vida de respeitabilidade tranquila como um médico do interior. Durante o longo e quente verão de 1947, ele é chamado a atender um paciente no Hundreds Hall, propriedade onde sua mãe trabalhava. O Hall foi o lar da família Ayres por mais de dois séculos. Mas agora está em declínio e seus habitantes – mãe, filho e filha – são assombrados por algo mais sinistro do que um modo de vida agonizante. Quando ele assume seu novo paciente, Faraday não tem ideia de quanto a história aterrorizante daquela família irá se entrelaçar com a sua própria. A adaptação foi escrita por Lucinda Coxon (“A Garota Dinamarquesa”) e o elenco destaca Domhnall Gleeson (“Star Wars: Os Últimos Jedi”) como o médico, e Charlotte Rampling, Ruth Wilson (série “The Affair”) e Will Poulter (“Maze Runner: A Cura Mortal”) como mãe e filhos, moradores de Hundreds Hall. A estreia está marcada para 31 de agosto nos Estados Unidos e ainda não há previsão de lançamento no Brasil.
A Garota Dinamarquesa transforma tema atual em filme à moda antiga
“A Garota Dinamarquesa” traz um diretor e um protagonista que já venceram o Oscar, respectivamente Tom Hooper (por “O Discurso do Rei”) e Eddie Redmayne (por “A Teoria de Tudo”), ambos com produções de época bem conservadoras. Por sorte, ambos são eclipsados no filme pela atriz sueca Alicia Vikander (“O Amante da Rainha”), que se posiciona como um dos grandes nomes da temporada de premiações. Ela surpreende num papel que é maior do que faz supor sua indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante, e evita que o longa sucumba aos exageros cafonas do cineasta e do protagonista. Na trama, o casal de pintores Gerda (Alicia Vikander) e Einar (Eddie Redmayne) vive uma vida relativamente tranquila na Dinamarca dos anos 1920, ainda que não seja nada fácil viver de arte. Gerda, principalmente, só vai conseguir sucesso com seus retratos quando pede que o marido pose para ela com um vestido. A pintura vira um sucesso e novos quadros são encomendados para uma exposição em um museu de arte de Copenhague. Só que a experiência de posar como mulher mexe com a cabeça de Einar, que percebe de imediato, ao usar um vestido, o quanto sua feminilidade estava prestes a aflorar. Trata-se de um assunto interessante e curioso, que culmina na primeira intervenção cirúrgica para mudança de sexo no mundo. Mas, apesar de baseada numa história verídica, há muita ficção no roteiro escrito por Lucinda Coxon (“Matador em Perigo”), que simplifica a questão de gênero sexual, a ponto de aproximar o caso de Einar/Lili do surto de Norman Bates em “Psicose” (1960), um homem que também se vestia de mulher. O embate interior entre as personalidades de Einar e Lili, o nome que ele adota ao decidir virar mulher, não deixa de ser interessante. Redmayne incorpora essa transformação por meio de lembranças da imagem da mãe e pela observação do gestual feminino, até que termina rejeitando seu órgão sexual masculino. Mesmo assim, mantém seu amor por Gerda. Vikander, por sinal, tem uma personagem tão interessante quanto Einar/Lili, no apoio e na frustração que acompanha a transformação de seu marido. Neste sentido, o ponto alto de “A Garota Dinamarquesa” acaba sendo o diálogo final entre o casal, que pode levar muitos espectadores às lágrimas. No mais, o longa incomoda pela utilização melodramática de sua trilha sonora (composta por Alexandre Desplat) e no modo exagerado com que Redmayne interpreta seu personagem. Junto à fotografia requintada e a reconstrução apurada do período, são fatores que contribuem para que “A Garota Dinamarquesa” se pareça, apesar do tema tão atual, com um filme à moda antiga.

