Ancine lança relatório em que se vangloria de sua ineficácia
A Agência Nacional do Cinema (Ancine), que em junho disse não ter dinheiro para honrar compromissos assumidos, publicou na terça-feira (30/6) um balanço financeiro de sua gestão, em que afirma ser “possível perceber que não houve, em nenhum momento, uma paralisação da política pública de financiamento”. Mas o balanço demonstra claramente o contrário. Nele, é possível perceber que houve, desde a posse de Bolsonaro, uma paralisação quase completa da política pública de financiamento. O argumento da atual gestão da Ancine é o mesmo do presidente anterior, atualmente enredado em processo penal. O órgão afirma que continua a desembolsar valores para fomento de projetos. Um dos detalhes não mencionados é que esses projetos foram aprovados até 2018. Afinal, o comitê gestor do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) ainda não estabeleceu a política de editais para liberação da verba de 2019 – R$ 703,7 mil. Muito menos estabeleceu o Plano Anual de Investimento (PAI) de 2020. Geralmente o PAI é formulado no começo do ano, mas o PAI de 2019 foi feito às pressas em dezembro passado, para evitar um caso flagrante de omissão. Outro detalhe não mencionado pela Ancine é que a política pública de financiamento está funcionando atualmente à base de decisões judiciais. A judicialização virou a única forma dos produtores terem acesso a dinheiro de editais aprovados até 2018. Muitos cansaram de esperar por mais de um ano – isto é, desde o começo do desgoverno Bolsonaro – pela liberação de verbas, que foram travadas pela desorganização atual de todas as agências ligadas à Cultura. Reportagem do jornal O Globo de junho passado procurou alguns dos produtores que processaram a Ancine e descobriu que muitos se arrependeram de ter esperado, pacientemente, por uma resolução satisfatória dos trâmites burocráticos. A produtora catarinense Aline Belli, sócia da Belli Studio, responsável pela série animada “Boris e Rufus” exibida pelo Disney XD, foi selecionada em um edital de Santa Catarina, pelo qual recebeu R$ 250 mil em outubro de 2018 para a realização dos 13 episódios da 2ª temporada. O projeto seria complementado com recursos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), no valor de R$ 950 mil. Mas após cumprir todas as exigências, ela não recebeu o aporte da Ancine, previsto para ter sido liberado em junho do ano passado. O contrato foi enviado apenas um ano depois, com a entrada da produtora na Justiça. Outro produtor, baseado em São Paulo e que preferiu não se identificar ao jornal por temer represálias na agência, contou ter se surpreendido com o uso da burocracia para impedir financiamentos e só conseguiu obter o orçamento já captado para seu projeto após entrar com mandado de segurança. Entre os membros da Associação das Produtoras Independentes (API), estima-se que entre 25 e 30 processos ainda disputam a liberação de um montante que pode chegar a R$ 15 milhões — e que seguem travados pela agência sem maiores explicações. Este quadro sugere que apenas as ações na Justiça impedem a paralisação total da política pública de financiamento. Mas nenhum projeto novo (ZERO), de janeiro de 2019, data da posse de Bolsonaro, até o dia de hoje recebeu qualquer encaminhamento financeiro na Ancine. Em vez de tratar do futuro do audiovisual, a Ancine segue firme em sua pujança para liberar verbas de… 2018. Chama atenção ainda que mesmo o valor liberado tem sido escandalosamente pequeno. O balanço financeiro, em que a Ancine se vangloria por ainda estar funcionando, demonstra que o fomento encolheu a valores do primeiro ano de vigência da Lei nº 11.437 e do decreto nº 6.299, que estabeleceram o FSA. Em seu primeiro período de arrecadação, de 2008 para 2009, a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine) rendeu R$ 37 milhões para a Ancine utilizar no fomento de filmes e séries brasileiras. Basicamente o mesmo repassado em 2019: R$ 37,1 milhão. Entre o começo e o atual período de arrecadação, o Condecine também passou a incidir sobre serviços de provedores de telecomunicação, o que aumentou sensivelmente o montante do FSA. Em 2018, os valores disponibilizados para fomento atingiram R$ 1,1 bilhão, um pico até exagerado em relação às arrecadações entre R$ 440 e 640 milhões da última década. Por tudo isso, os R$ 37,1 milhão obtidos por meio de ações judiciais são a antítese de uma política pública de financiamento em pleno funcionamento. Os motivos dessa paralisação variam desde a incompetência como método de (des)governo, via sucessivas demissões e falta de preenchimento de vagas que mantém as instituições inoperantes, até “mistérios” financeiros, que surgem de cabeça para baixo em relatórios semelhantes a este que celebra a pungência da ineficácia. Em junho passado, por exemplo, outro relatório da Ancine chegou a sugerir que o dinheiro do FSA simplesmente “sumiu”. Faltaram maiores explicações, como no caso atual. Sem liberar verbas, a proposta da Ancine para os projetos de 2019 em diante é emprestar dinheiro à juros para os produtores, trocando seu papel original de agência fomentadora para uma atividade que se confunde com intermediação bancária. Tem muita gente achando o máximo, mas é realmente o mínimo possível e nem sequer atende a questão principal: o que vão fazer – ou já fizeram – com o dinheiro supostamente disponível no FSA?
Desgoverno: Verbas de até US$ 1,5 bilhão do setor audiovisual teriam sumido
A falta de transparência do desgoverno atual não se limita aos dados sobre a covid-19. Na última sexta-feira (5/6), a Ancine (Agência Nacional do Cinema) disponibilizou números enigmáticos sobre o FSA, o fundo do setor audiovisual brasileiro. Seis meses depois de anunciar um montante de R$ 703,7 milhões, relativo à taxas cobradas em 2018, disponível para produções de filmes, séries e games nacionais em 2019, e após adiar a liberação dessa verba ao infinito, a Ancine dá a entender que esse dinheiro simplesmente não existe – ou sumiu. Em um relatório que só fará sentido após passar por uma bancada de auditores especializados (leia a nota pública aqui), a Ancine revelou que o FSA, que deveria ter cerca de R$ 1,5 bilhão (sem contabilizar juros), apresenta saldo negativo, sendo na verdade um fundo deficitário. Onde está o dinheiro? É o que quer saber o TCU (Tribunal de Contas da União). Esse relatório abracadabra, complexo para um olhar leigo, já é resultado de um questionamento da Justiça, que busca a explicação sempre cobrada pela Pipoca Moderna sobre o motivo de a Ancine não lançar edital algum para o setor audiovisual desde que Bolsonaro assumiu o desgoverno federal. A Ancine parece sugerir sob seus números opacos que a fortuna foi corroída, talvez por má gestão financeira da diretoria anterior, talvez por desmandos do desgoverno atual e talvez ainda por outros “detalhes” burocráticos, incluindo pedaladas fiscais – elas mesmas, as famosas. Entretanto, há apenas seis meses a atual diretoria anunciou que o valor existia, dando publicidade até a seus centavos. E tem o detalhe: os tais R$ 703,7 milhões já eram menores que o montante previsto e se referem à arrecadação de 2018, disponível para fomentos do ano passado – que não aconteceram. A taxa Condecine ainda continuou a ser cobrada durante todo o ano de 2019 e deveria ter gerado montante igual ou superior para o fomento do audiovisual em 2020. É o que apontam as planilhas. O próprio site da Ancine apresenta as planilhas do FSA, que comprovam arrecadação de 1,1 bilhão em 2018 e mais 1,2 bilhão em 2019. Elas demonstram que, deste total, R$ 724 milhões deveriam ter sido destinados para fomento do audiovisual em dezembro de 2018. E em dezembro de 2019, a previsão era outro montante igual. Ou seja, praticamente 1,5 bilhão para a produção de novos filmes, séries e videogames brasileiros. Mas nenhum edital foi publicado para receber esses valores. Até Bolsonaro, o fundo era sempre liberado no máximo nos primeiros meses de cada ano. Mas as últimas reuniões do comitê gestor do Fundo a lançar novos editais aconteceram em 2018, durante o governo Temer – e diziam respeito à aplicação de valores arrecadados em 2017. Para complicar ainda mais, o pior presidente da História do Brasil ainda fez questão de vetar a renovação da Lei do Audiovisual no ano passado, impedindo que as produtoras conseguissem viabilizar projetos junto à iniciativa privada, via incentivo fiscal, de forma a concentrar toda a possibilidade de fomento no FSA. Este fundo que, agora se descobre, é na verdade sem fundo. Desde que Bolsonaro assumiu, a estratégia para o setor tem sido a paralisação. Sem pressa para nomear diretores na Ancine, destituindo secretários de Cultura a cada quatro meses e mantendo – como mantém atualmente – a coordenação cultural acéfala em seu desgoverno, Bolsonaro tem impedido que o comitê gestor do FSA faça reuniões. Com isso, o valor do fundo era mantido longe do conhecimento público. Mas a brincadeira de esconde-esconde acabou. O TCU cobrou e a Ancine tem agora a obrigação de mostrar onde foi parar cada centavo que estava sob sua guarda. Segundo o esboço de justificativa, apresentado na sexta, a entidade teria assumido compromissos financeiros no valor de R$ 944 milhões, mas só teria, em caixa, R$ 738 milhões. Isso significa que a agência não tem dinheiro nem para pagar todos os projetos contemplados nos editais de 2018 – os últimos que foram lançados – e, muito menos, para lançar novas chamadas. Uma das explicações para a falta de dinheiro, pelo que se pode visualizar na versão da Ancine, seria um erro contábil no pacote de editais de 2018, chamado #AudiovisualGeraFuturo, que somou cerca de R$ 1,2 bilhão, quase o dobro dos R$ 748 milhões previstos para o período. Há, nesse conjunto, projetos que foram contratados, mas há também editais não lançados e outros que tiveram resultados divulgados, mas não teriam sido contemplados. A página da Secretaria da Cultura sobre os editais foi derrubada – ao seguir o link que diz “Confira aqui os editais”, o resultado é “Oops! Essa página não pode ser encontrada”. A gravidade dos fatos se manifesta numa pantomima, em que a atual diretoria ensaia culpar, sem muita convicção, senão a diretoria anterior, o próprio desgoverno pelo endividamento. Mas levou um ano e meio para fazer qualquer acusação ou mesmo denunciar o rombo. E só se pronunciou após o TCU cobrar explicações. O atual presidente da Ancine, Alex Braga, já era diretor da agência no governo Temer – desde 2017. E estava na entidade desde 2003, tendo atuado na maior parte deste tempo como procurador, com a função, justamente, de zelar pela otimização dos recursos públicos utilizados na Ancine. E ele não manifestou contrariedade quando os supostos editais onerosos foram votados e aprovados em 2018. Portanto, culpar a gestão anterior não lhe tira responsabilidade sobre a fonte dos problemas na administração do FSA. Em busca de pistas sobre o paradeiro do dinheiro, chama especial atenção a forma como links sobre editais e respectivas prestações de conta do desgoverno tendem a apontar para páginas inexistentes. Uma das omissões mais facilmente localizáveis reflete a época em que Bolsonaro protestou contra um edital de projetos de séries de temática LGBTQIA+, dizendo que não aprovaria seu conteúdo. Uma live ofensiva, desinformada e homofóbica do presidente inspirou o então ministro da Cidadania Osmar Terra a derrubar o edital. Só que ele não teria poderes para isso, o que gerou uma crise jurídica e levou o MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) a entrar com uma ação por improbidade administrativa na Justiça. Pra resumir a história, o preconceito foi acomodado de forma a não contemplar as séries mencionadas nominalmente por Bolsonaro em sua live, mas supostamente premiando outras produções. Só que o relatório das verbas destinadas aos “80 projetos selecionados” desse imbróglio conduz a uma endereço do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) – agente financeiro do FSA – que informa que a página não existe. Será que a prestação de contas está em outro link ou apenas em documentos oficiais? Cabe ao TCU verificar. Neste período nebuloso, Bolsonaro também começou a falar em “filtros” – critérios de censura – para o fomento cultural e alimentou o caos na Ancine. Após demitir por decreto o diretor-presidente Christian de Castro Oliveira, que já estava enrolado em investigação da 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, manteve o órgão paralisado por cinco meses com apenas um diretor, Alex Braga, respondendo por toda a diretoria-colegiada. O desgoverno protelou o quanto pôde para nomear mais dois diretores evangélicos sem representatividade no mercado, visando preencher outras duas cadeiras no comando da entidade, suficientes para seu funcionamento mínimo. Essa estrutura precária foi piorada com a falta de nomeação de um Secretário do Audiovisual, iniciativa que caberia ao Secretário da Cultura, cargo que se tornou rotativo e ausente no desgoverno. O Secretário do Audiovisual é um dos membros do comitê gestor do FSA, junto do Secretário da Cultura. A atual composição do Comitê Gestor, com mandato de dois anos, foi estabelecida pela Portaria nº 2.068, de 23 de outubro de 2019, e além dos secretários citados inclui o Ministro da Cidadania, como titular, e seu substituto legal, como suplente, entre outros membros. Só que, depois da publicação dessa portaria, Bolsonaro tirou a pasta da Cultura do ministério da Cidadania, jogando-a no Turismo. Isso representou outra pedra burocrática no meio do caminho da materialização do comitê. A prática de paralisar o setor com burocracia está mais que manifestada pelo governo. Porém, não se sabia, até sexta passada, que isso também ajudava a encobrir um rombo financeiro. A burocracia, claro, é um dos motivos alegados pelo relatório dos números mágicos para o sumiço bilionário. O abracadabra seria fruto da remuneração supostamente excessiva dos bancos que operam o FSA e das regras do desgoverno relativas às aplicações, que exigem que os juros dos investimentos do FSA sejam devolvidos ao Tesouro Nacional, e lá precisem passar por outra etapa de autorização e liberação para poderem ser usados pelo fundo. Em outras palavras, haveria represamento dos valores em outra ponta do sistema, aparentemente dentro do ministério da Economia. Aos trancos e barrancos, a Ancine ainda teria liberado cerca de R$ 500 milhões para projetos de editais de 2018, ao longo do ano passado. De janeiro a abril de 2020, porém, os valores limitaram-se a menos de R$ 60 milhões, o que gerou processos de produtores lesados para que fossem liberadas as verbas aprovadas há dois anos. Mesmo assim, nenhum novo edital foi lançado. Em seu ofício ao TCU, a Ancine alega que já havia previsão para esse estouro em seu orçamento de 2018 e que ele seria compensado pela “utilização de rendimentos das aplicações no montante de R$ 348 milhões, incluindo-os nos investimentos do FSA para aquele ano”. Mas aponta que, em momento posterior, esse dinheiro saiu de suas mãos, porque “houve a determinação de que estas receitas sejam recolhidas ao Tesouro Nacional”. Culpar o desgoverno – ou o próprio TCU, que chegou a intervir nas contas da Ancine em 2019 – por orientações que renderam prejuízo financeiro explicaria o rombo das verbas de 2018. Mas não justifica o sumiço do dinheiro de 2019 e 2020, que, segundo se deduz pelo relatório da agência, só teria servido para pagar juros e taxas bancárias. A se acreditar nisso, o investimento que rendeu, segundo o mesmo relatório, estimados R$ 615 milhões em 2018, resultou em prejuízo de mais de US$ 1,5 bilhão após a eleição de Bolsonaro. Se isso tudo não pagou apenas juros e taxas, então, pode ter havido pedaladas fiscais, palavra que remete à desculpa usada pelo Congresso para realizar o impeachment de Dilma Rousseff, e que significa usar orçamento futuro para pagar dívidas do passado – geralmente para cobrir rombos, como o caso. É exatamente o que sugere esta conclusão do ofício da Ancine: “Segundo diagnóstico realizado, a totalidade dos recursos para pagamento de agentes financeiros se encontra comprometida com obrigações anteriores. Mesmo se consideradas as disponibilidades financeiras para 2019 e 2020, o valor seria insuficiente para a contratação do total de investimentos em projetos anunciados [em 2018], restando ainda um saldo negativo de R$ 3,6 milhões”. Traduzindo: em vez de ter US$ 1,5 bilhão para fomentar novos projetos, a Ancine deve R$ 3,6 milhões a “agentes financeiros” – quais sejam: o BRDE e o BNDES – devido a “obrigações anteriores” – quais sejam? Qualquer conclusão sobre erro contábil, mal-entendido, gestão temerária, improbidade administrativa, crime fiscal ou ação penal caberá ao TCU, que também deverá proceder a busca pelo montante não contabilizado e determinar a responsabilização por eventuais desmandos, após o destrinchamento dos números e os meandros kafkianos do desgoverno de Bolsonaro.
Gabrielle Union processa NBC e produtores do reality America’s Got Talent por racismo
A atriz Gabrielle Union, que foi recentemente demitida de sua função de jurada no programa “America’s Got Talent”, resolveu processar produtores e a rede NBC por racismo. A estrela da série “L.A.’s Finest” foi jurada do reality show durante sua 13ª temporada e não teve o contrato renovado após a conclusão do trabalho. Ela credita à dispensa às suas queixas sobre o comportamento da equipe nos bastidores e a reação do canal contra ela e prestou queixa por discriminação racial na Justiça do estado da Califórnia contra todos os responsáveis pelo programa, o que inclui as produtoras Syco, de Simon Cowell, e a FremantleMedia, bem como a NBCUniversal, dona da emissora NBC. Union revelou à revista Variety que o presidente da NBC, Paul Telegdy, chegou a ameaçá-la para que ela não denunciasse os casos de racismo que sofria durante as gravações. Ela foi demitida do programa em 2019 e, desde então, denúncias têm surgindo sobre o ambiente de bastidores das gravações do reality. Dentre as denúncias estão críticas ao cabelo da atriz – considerados “muito negros” – e apresentações com “blackface” (brancos com cara pintada para se passar por negros) aprovadas pelos produtores. Um porta-voz da NBCUniversal enviou uma nota oficial à Variety, dizendo que as acusações são falsas e que todas as reclamações de Union foram levadas a sério. Bryan Freedman, o advogado da atriz, diz que a emissora faz “jogo de palavras” para negar a acusação, e que a ameaça existiu sim contra Gabrielle Union, mas foi feita para um dos agentes dela, que pode testemunhar. O advogado da Union também afirmou que a NBC “não se importou o suficiente para investigar prontamente as queixas da senhora Union ou mesmo pedir ao RH que se envolvesse. Em vez disso, a NBC se opôs a ela e dirigiu seu ‘ultraje’ à Sra. Union por denunciar a conduta racialmente ofensiva que experimentou enquanto trabalhava para a NBC no ‘America’s Got Talent’”.
Produtores processam Ancine para receber verbas aprovadas há mais de um ano
A paralisação dos recursos do audiovisual foi parar nos tribunais de justiça. Sem acesso a recursos já aprovados, produtores passaram a processar a Ancine (Agência Nacional de Cinema). Desde meados de abril, empresas decidiram entrar com mandados de segurança para que a agência libere recursos de projetos já aprovados e que cumpriam os trâmites exigidos, mas se encontravam engavetados sem justificativa. Algumas destas ações determinam inclusive multas diárias direcionadas ao presidente interino da instituição, Alex Braga. A judicialização virou a última saída para os produtores, muitos dos quais esperavam mais de um ano – isto é, desde o começo do desgoverno Bolsonaro – pela liberação de verbas travadas pela desorganização de todas as agências ligadas à Cultura. Reportagem do jornal O Globo procurou alguns dos produtores que processaram a Ancine e descobriu que muitos se arrependeram de ter esperado, pacientemente, por uma resolução satisfatória dos trâmites burocráticos. Mas a entidade assumiu postura kafkiana de usar a incompetência como método de trabalho. A produtora catarinense Aline Belli, sócia da Belli Studio, responsável pela série animada “Boris e Rufus” exibida pelo Disney XD, foi selecionada em um edital de Santa Catarina, pelo qual recebeu R$ 250 mil em outubro de 2018 para a realização dos 13 episódios da 2ª temporada. O projeto seria complementado com recursos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), no valor de R$ 950 mil. Após cumprir todas as exigências, o prazo máximo determinado pela própria Ancine seria de aproximadamente 105 dias, entre análise do projeto e análise complementar, o que deveria acontecer até junho do ano passado. Um ano depois, o contrato foi enviado apenas após a entrada da produtora na Justiça. “Passamos meses fazendo tudo o que eles nos pediam, tentamos todos os contatos possíveis, inclusive por intermédio do governo do estado. Nos informavam que estávamos numa fila de análise, mas sem dar um prazo. Como eu poderia fechar um contrato de exibição sem a previsão de quando os recursos para finalizar a produção serão liberados?”, desabafou Belli. A ação demonstrou o único caminho possível para que outros produtores buscassem seus recursos aprovados, levando à multiplicação de mandados judiciais. Apenas entre os membros da Associação das Produtoras Independentes (API), estima-se que entre 25 e 30 processos sigam o mesmo caminho, para a liberação de um montante total que pode chegar a R$ 15 milhões — e que seguem travados pela agência sem maiores explicações. Um produtor baseado em São Paulo, que preferiu não se identificar ao jornal por temer represálias na agência, contou ter se surpreendido com o uso da burocracia para impedir financiamentos e só conseguiu obter o orçamento já captado para seu projeto após entrar com mandado de segurança. “Há mais de uma década faço estes trâmites na Ancine. A impressão é que de dois anos para cá a burocracia aumentou muito, e por vezes temos que refazer os processos. Havia um diálogo maior com o setor, hoje recebemos decisões que parecem arbitrárias e nos deixam falando sozinhos. É uma morosidade que não se justifica, e são recursos originados pelo próprio audiovisual. Se não há uma razão econômica, fica uma sensação de um viés ideológico por trás do travamento deste dinheiro”, reclama o produtor. Também sob condição de anonimato, dois servidores da Ancine confirmaram as impressões do produtor. Um deles disse haver pressão para que produções com temas que contrariem as diretrizes de Bolsonaro para a liberação de fomento, como sexo e drogas, caiam em demandas burocráticas, que vão de novas análises até diligências para as produtoras. “Eram orientações sutis da direção, que não eram passadas diretamente a todos os servidores da área”, contou um dos servidores. “Mas há uma perseguição a quem não aceita, gente que perdeu gratificação, ou foi impedida de trocar de área”. Outro servidor ouvido por O Globo entende que a decisão de segurar projetos é deliberada para todos os projetos, independente da temática. “Pode ter foco maior sobre projetos de determinados temas, mas tem uma coisa mais ampla deste governo para não repassar verbas para a Cultura. As demandas do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a prestação de contas viram um álibi conveniente para travar as coisas”, revelou. Procurada pelo jornal, a agência não quis comentar as manifestações dos servidores. Mas disse que “as decisões judiciais serão cumpridas, e as ações da Ancine também serão informadas em juízo, assim como a situação financeira do FSA” e que “a direção da Ancine tem compromisso com a gestão pública e a legislação em vigor”. A sugestão dessa narrativa é que, em relação à liberação de verbas, apenas as “as decisões judiciais serão cumpridas”, porque há um problema sobre “a situação financeira do FSA”. Sobre esse detalhe, fontes ouvidas pelo site O Antagonista declararam haver um rombo nos fundos do audiovisual, que teriam um déficit de R$ 650 milhões em investimentos assumidos. Atenta a esse quadro, há duas semanas o TCU enviou um ofício a Regina Duarte, questionando as razões pelas quais a Secretaria Especial de Cultura e a Ancine paralisaram a política de fomento ao setor cultural, feita pelo Fundo Nacional de Cultura (FNC) e pelo Fundo Setorial de Audiovisual. O tribunal quer um levantamento sobre o FSA, cujo resultado pode se tornar mais um escândalo no desgoverno. Não por acaso, Bolsonaro tem feito de tudo para impedir reunião do Comitê Gestor do Fundo, entre outras coisas mudando continuamente o titular da secretaria de Cultura e deixando a secretaria do Audiovisual acéfala. O FSA está parado por falta de uma reunião do Comitê Gestor do Fundo. A reunião devia ter acontecido há um ano. Chegou a ser marcada em dezembro, um dia antes de Bolsonaro trocar o secretário da Cultura. Sua substituta já está demissionária. Mesmo assim, Regina acena com a falsa expectativa de realizar a mitológica reunião, citada numa postagem de sexta (5/6) em seu Instagram. Ela só não diz, claro, em que dia. Ou que mês. O fundo mantém repasses que datam de 2018 cujo montante total é mantido em segredo, mas pode chegar a R$ 2 bilhões.
Warner libera filme Luta por Justiça para o público aprender sobre racismo estrutural
A Warner resolveu disponibilizar de graça nos EUA a versão digital de “Luta por Justiça”, filme de 2019 que aborda o preconceito racial do sistema de justiça do país. O objetivo é oferecer uma fonte de referência sobre o racismo estrutural americano, que tem gerado situações como o assassinato de George Floyd e motivado os protestos antirracistas dos últimos dias. No longa, Michael B. Jordan (“Pantera Negra”) interpreta o advogado Bryan Stevenson que assume o caso de um homem negro (Jamie Foxx, de “O Espetacular Homem-Aranha 2”) condenado à morte por assassinato, apesar das evidências comprovarem sua inocência. Enquanto luta pela vida de seu cliente, ele enfrenta todo tipo de obstáculo racista e manobras legais do sistema para levar o inocente à morte, apenas por ser negro. A trama é baseada em fatos reais e tem direção do cineasta Destin Daniel Cretton (“O Castelo de Vidro”), que vai dirigir “Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings” para a Marvel. O anúncio da liberação de “Luta por Justiça” foi feito nesta terça (2/6), no Twitter oficial do filme. “Acreditamos no poder da história. Nosso filme ‘Luta por Justiça’, baseado no trabalho da vida do advogado de direitos civis Bryan Stevenson, é um recurso que podemos humildemente oferecer a quem estiver interessado em aprender mais sobre o racismo sistêmico que atormenta nossa sociedade. Durante o mês de junho, o filme estará disponível gratuitamente em plataformas digitais de VOD nos EUA”, diz o texto. “Para participar ativamente da mudança que nosso país está buscando tão desesperadamente, encorajamos vocês a aprender mais sobre o nosso passado e as inúmeras injustiças que nos levaram aonde estamos hoje. Obrigado aos artistas, equipe e advogados que ajudaram a fazer esse filme acontecer. Assista com sua família, amigos e aliados”, completa. Não há informação sobre a extensão dessa iniciativa a outros países. No Brasil, “Luta por Justiça” ainda está sendo oferecido para locação digital por R$ 14,90 nos sites de VOD. Veja abaixo o trailer legendado do filme.
Lori Loughlin faz acordo por dois meses de prisão em caso de fraude
A atriz Lori Loughlin, intérprete da tia Becky em “Três é Demais” e “Fuller House”, aceitou se declarar culpada e cumprir dois meses de prisão, no caso em que é acusada de subornar uma universidade para aceitar suas filhas como estudantes. A pena de Loughlin ainda inclui 24 meses (dois anos) de liberdade condicional, em que terá que reportar as suas atividades ao governo. O marido da atriz, Massimo Giannulli, também aceitou se declarar culpado e deve passar cinco meses na cadeia. Até então, os dois vinham se declarando inocentes, com julgamento marcado para outubro. Eles foram acusados de pagar US$ 500 mil para a USC (University of Southern California) para aceitar suas duas filhas em uma bolsa reservada para atletas do remo — esporte que nenhuma das duas garotas pratica. Por meio de seus advogados, eles alegavam que os US$ 500 mil eram “uma doação legítima” para a instituição. Mas mudaram de ideia, após acompanharem o julgamento de outra mãe famosa, indiciada pelo mesmo crime. A atriz Felicity Huffman (de “Desperate Housewifes e da recente minissérie “Olhos que Condenam”) se declarou culpada desde o início, fez um mea culpa e foi condenada a apenas duas semanas de prisão, saindo três dias antes do previsto em sua sentença. Além das duas, uma investigação do FBI revelou que vários pais milionários pagavam subornos para conseguir vagas para seus filhos nas melhores universidades dos EUA, fraudando o sistema de aprovação por desempenho acadêmico e/ou atlético.
Fuller House: Trailer legendado junta nostalgia, risos e lágrimas para preparar o fim da série
A Netflix divulgou o pôster e o trailer legendado da segunda parte da 5ª e última temporada de “Fuller House”. A prévia inclui cenas de flashback de mais de três décadas, que lembram que o final não é apenas de “Fuller House”, mas da trajetória dos personagens originais de “Três É Demais” (Full House, 1987-1995). O acúmulo de nostalgia, risos e lágrimas também vai incluir um casamento triplo, com as três protagonistas da nova geração da atração. Como mostrou a midseason finale, Kimmy (Andrea Barber) vai se casar com Fernando (Juan Pablo di Pace), D.J. (Candace Cameron Bure) terá seu matrimônio com Steve (Scott Weinger), e Stephanie (Jodie Sweetin) vai virar esposa de Jimmy (Adam Hagenbuch). Além de dar um final feliz tradicional para a série, a cerimônia também servirá para juntar novamente os parentes das meninas, com destaque para os protagonistas de “Três É Demais”: Bob Saget (Danny), John Stamos (Jesse) e Dave Coulier (Joey). Só Lori Loughlin (Rebecca) não vai participar. A atriz se envolveu em um escândalo no ano passado, quando foi indiciada por pagar suborno a uma universidade para aceitar suas filhas entre os alunos, e acabou afastada da produção. Resta saber como os roteiristas lidarão com a ausência da querida Tia Becky. A temporada final de “Fuller House” contará com nove episódios e chega em 2 de junho à Netflix
Série Empire terá final prematuro e improvisado devido ao cornavírus
Após seis temporadas, “Empire” terá um final improvisado devido à pandemia de coronavírus. A série, que já liderou a audiência da rede americana Fox, vai acabar no último episódio gravado antes da suspensão da produção e não no capítulo planejado para encerrar sua trama. A Fox decidiu concluir “Empire” com o material gravado e não pretende agendar um especial de encerramento. O último episódio concluído antes do encerramento da produção foi o 18, que está programado para ir ao ar em 21 de abril. Originalmente, a série acabaria no episódio 20. Segundo o site Deadline, o final terá duração maior e aproveitará algumas cenas do episódio 19, que tinha começado a ser gravado. Com isso, o desfecho que os produtores planejaram para a série jamais será lançado. A última temporada já sofria a ausência e o impacto do escândalo que envolveu o ator Jussie Smolett, intérprete de Jamal Lyon, que chegou a ser preso por suspeita de forjar um ataque homofóbico e racista no ano passado. Graças a um acordo com a promotoria e problemas nas evidências materiais, ele se livrou de ir a julgamento, mas em fevereiro o processo foi retomado por um novo promotor. Assim, seu personagem em “Empire” ganhou um final feliz antecipado, via casamento com Kai (Toby Onwumere) e viagem de lua de mel, com mudança para Londres. Quando o escândalo aconteceu, “Empire” era a segunda série mais vista da Fox, atrás apenas de “9-1-1”, com média de 2,1 pontos entre adultos de 18 a 49 anos e cerca de 6,6 milhões de telespectadores ao vivo. No ar desde janeiro de 2015, a série é centrada em uma gravadora de música e na disputa do controle dos negócios da família, encabeçada por Terrence Howard, que interpreta um ex-rapper e dono da gravadora, e Taraji P. Henson, sua ex-mulher. Por sinal, o final prematuro pode não ser o adeus definitivo de “Empire”. Os criadores da série, Lee Daniels e Danny Strong, estão negociando com a Fox a produção de uma série derivada, centrada em Cookie Lyon, a personagem de Henson.
Ex-deputado que chamou artistas de “vagabundos da Lei Rouanet” vira réu em processo por difamação
A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) tornou réu o ex-deputado Wladimir Costa (SD-PA), que agora irá responder à processo por ter chamado de “vagabundos da Lei Rouanet” os atores Glória Pires, Letícia Sabatella, Wagner Moura e Sônia Braga. Celebrizado por ter tatuado “Temer” no braço direito, ele enfrentará uma ação penal na primeira instância do Judiciário, já que não se reelegeu e perdeu o direito ao foro privilegiado. “O parlamentar lançou injúrias, difamação, imputou crime também a integrantes do setor artístico sem que tenha qualquer relação com o exercício do mandato. Foram proferidas palavras para atingir efetivamente a honra dessas pessoas”, disse o ministro Luiz Fux em seu voto. Além de Fux, votaram pelo recebimento da queixa-crime os ministros Marco Aurélio Mello, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber. Divergiu, para rejeitar a acusação, Alexandre de Moraes. A decisão cria jurisprudência e serve como punição educativa. Como disse o relator, ministro Luís Roberto Barroso, o “parlamento não é para o livre mercado de ofensas”.
Johnny Depp queria afogar e queimar Amber Heard, revelam mensagens de texto
Johnny Depp parece gostar de ver seu nome associado a escândalos. Detalhes cada vez mais sensacionalistas da sua separação da atriz Amber Heard continuam a vir à público, em razão de sua insistência em abrir processos públicos contra quem o acusa de violência doméstica. Em julgamento em Londres, a ação de difamação que moveu contra o jornal britânico The Sun, por causa de um artigo que o chama de “espancador de esposa”, acabou revelando ameaças que renderiam títulos piores que o motivo do processo. Na verdade, estão rendendo atualmente, como o deste post. Durante a audiência desta semana, mensagens de texto enviadas por Depp para o também ator Paul Bettany (o Visão dos filmes dos Vingadores) em 2013 foram lidas no Tribunal Superior de Londres. E nelas Depp afirma que gostaria de “queimar” e “afogar” a ex-esposa, entre outros detalhes macabros e de mau gosto. “Vamos queimar Amber”, diz uma mensagem datada de 6 de novembro de 2013. “Depois f**** seu corpo queimado”. Só que ele se arrependeu desse texto. Era pouco. “Vamos afogá-la antes de queimá-la!!! Depois f**** com o cadáver queimado dela para ter certeza de que ela está morta”, corrigiu, em nova mensagem. Estas ameaças são apenas o capítulo mais recente da falta de noção que tem empurrado a carreira de Depp ladeira abaixo, desde o fim de seu casamento em 2016. O casal se conheceu em 2009, quando Heard foi escalada para interpretar o par romântico de Depp em “Diário de um Jornalista Bêbado” (2011). O affair resultou no fim do casamento de 14 anos do ator com a atriz e cantora francesa Vanessa Paradis, mãe de seus dois filhos. Em setembro de 2012 foi noticiado que os dois teriam terminado, mas Depp reconquistou a então namorada com envios diários de flores e poemas. Em maio de 2013, Depp comprou uma fazenda na cidade de Nashville para que os dois morassem juntos. Em janeiro de 2014 ficaram noivos e se casaram em fevereiro de 2015. O pedido de divórcio veio um ano depois, em 2016, em meio a acusações de violência doméstica, acompanhadas por imagens da atriz com o rosto machucado, vídeo de bebedeira de Depp e crise de nervos no tribunal. Ela conseguiu inclusive uma ordem judicial que impediu Depp de se aproximar dela. O divórcio foi assinado no início de 2017, com Heard ganhando US$ 7 milhões da fortuna estimada em mais de US$ 514 milhões que o ator teria na época. A atriz doou todo o dinheiro a organizações beneficentes, inclusive algumas voltadas à assistência de vítimas de agressões domésticas, enquanto Depp torrou quase tudo o que tinha com gastos perdulários, segundo seus ex-empresários, ficando praticamente falido. Após o divórcio, ele foi processado pelos ex-empresários, ex-seguranças, ex-advogados e até por um assistente de produção das filmagens de “City of Lies”, que teria agredido durante as filmagens do longa de 2018, sequer lançado no Brasil. Mas resolveu abrir seus próprios processos, que incluem uma ação contra a ex-esposa, após ela assinar um artigo na imprensa norte-americana sobre sua história como vítima de violência doméstica. Mesmo sem ser citado no texto, Depp vestiu a carapuça e foi à justiça querendo uma indenização de US$ 50 milhões de Heard, afirmando ter perdido oportunidades de trabalho por conta da declaração. Este processo promete revelar mais detalhes da vida particular do ator, que já teve um dos maiores salários de Hollywood e uma carreira invejada. Atualmente, ele só tem um trabalho agendado, como Gellert Grindelwald no terceiro filme da franquia “Animais Fantásticos”. E até isso pode ser alterado para pior. Já Amber Heard está confirmada em “Aquaman 2”, no thriller “Run Away with Me” e na minissérie “The Stand”, baseada no clássico de Stephen King, em produção para a plataforma CBS All Access.
Harvey Weinstein é considerado culpado por agressão sexual e estupro
O produtor Harvey Weinstein foi considerado culpado nesta segunda (24/2) por agressão sexual e estupro, em seu julgamento em Nova York. Entretanto, o júri o absolveu de duas acusações de agressão sexual predatória, que poderiam levá-lo à prisão perpétua. Ele será sentenciado em 11 de março e pode enfrentar penas que variam de 5 a 25 anos de prisão pela condenação por agressão sexual e 18 meses a 4 anos pela condenação por estupro. As penas são somadas. O julgamento midiático durou seis semanas e os jurados levaram quatro dias para tomar uma decisão depois de ouvir seis mulheres que forneceram relatos de como Weinstein, um dos produtores mais poderosas de Hollywood durante décadas, usou seu poder e influência para coagi-las a ter encontros sexuais não consensuais com ele. O caso foi considerado por muitos como um momento crucial no movimento #MeToo. O júri condenou Weinstein por ato sexual criminoso em primeiro grau por praticar sexo oral à força em Miriam Haley, uma ex-assistente de produção, e por estupro de terceiro grau no caso da atriz Jessica Mann. Mann, cujas acusações eram centrais no caso, deu um testemunho forte sobre como Weinstein forçou sexo oral, a estuprou e a manipulou para manter um relacionamento degradante, que incluía querer filmá-la fazendo sexo e urinar nela. A promotora Joan Illuzzi-Orbon disse que Weinstein era o “mestre de seu universo”, que tratava as mulheres em sua esfera de poder como “descartáveis” que não reclamavam quando eram “pisadas, cuspidas, desmoralizadas e estuprada e abusadas” pelo outrora poderoso magnata de Hollywood. A acusação também trouxe como testemunha a atriz Annabella Sciorra (“Rainhas do Crime”), que disse sob juramento ter sido estuprada pelo ex-produtor de Hollywood no começo dos anos 1990. Como foi há mais de duas décadas, o caso prescreveu e não poderia ser julgado, mas ela se dispôs a narrar para o júri o que sofreu para demonstrar que o caso das vítimas atuais não era isolado. Seu depoimento foi corroborado pela colega Rosie Perez (“Aves de Rapina”), que confirmou aos jurados que Sciorra lhe contou na época os mesmos detalhes sobre a violência, incluindo que Weinstein havia prendido as mãos dela acima de sua cabeça enquanto a estuprava. Os advogados de Weinstein tentaram convencer os jurados de que foram as mulheres que manipularam ele para ascender profissionalmente e que seus encontros sexuais com ele eram consensuais. A equipe de defesa também tentou desmoralizar os depoimentos das vítimas, questionando as mulheres sobre suas memórias, suas escolhas de vida, suas aparências e suas escolhas de não denunciar a agressão sexual à polícia na época em que aconteceram.
Jussie Smollett volta a ser indiciado por suposta mentira sobre ataque racista e homofóbico
O ator americano Jussie Smollett, que interpretou Jamal Lyon na série “Empire”, voltou a ser indiciado por supostamente forjar um crime e mentir para a polícia. Em janeiro de 2019, ele alegou ter sido vítima de um ataque racista e homofóbico de apoiadores do presidente americano Donald Trump, em Chicago. O caso foi marcado por contradições de parte da polícia, que no curso da investigação transformou o registro de crime de preconceito em suspeita contra o próprio ator. Problemas em relação ao tratamento público da investigação fez a promotora do caso desistir do processo, o que nunca caiu bem entre as autoridades de Chicago. Insatisfeito com a decisão da promotora Kim Foxx, o juiz do caso, Michael Toomin, resolveu nomear um novo promotor, Dan K. Webb, que retomou as investigações e, após a conclusão do levantamento de provas e testemunhos, indiciou Smollett em seis acusações relacionadas a relatos falsos à polícia, enquanto “sabia que ele não foi vítima de um crime”. Smollett, por sua vez, já tinha decidido processar o município e autoridades de Chicago por considerar que o prefeito e o chefe de polícia da cidade “arruinaram” sua reputação. Ele foi demitido da série “Empire” após a polícia prendê-lo e declarar que ele forjou o ataque que alegou ter sofrido. Em 29 de janeiro do ano passado, Smollett foi levado a um hospital com ferimentos leves, afirmando ter sido atacado por dois homens durante a madrugada nas ruas de Chicago. O ator, que é negro e gay, contou que eles gritavam ofensas racistas e homofóbicas. A investigação da polícia, no entanto, chegou aos irmãos Ola e Avel Osundairo, personal trainers de descendência nigeriana que já haviam aparecido como figurantes em “Empire”. Eles testemunharam que o ator lhes pagou para que o atacassem, depois que a polícia os ameaçou de prisão e deportação para a Nigéria. Na verdade, as autoridades policiais cometeram diversas irregularidades no caso. Ao prender o ator, a polícia afirmou que o ataque foi “um golpe publicitário” para chamar atenção visando obter um aumento de salário. Mas a revista The Hollywood Reporter fez sua própria investigação sobre essas afirmações e descobriu que Smollett já tinha um dos maiores salários do elenco de “Empire”, acabara de receber aumento recente e não negociava com os produtores por mais dinheiro. Nem seus agentes nem a Fox sabiam que ele queria receber mais. Antes desta hipótese ser apresentada, a investigação teria vazado que o objetivo do suposto falso ataque seria evitar que ele fosse dispensado da série. Só que os roteiristas de “Empire” e a rede Fox também rechaçaram essa teoria, alegando que nunca houve planos para dispensá-lo. Em entrevista coletiva pouco antes da prisão do ator, o superintendente da polícia de Chicago, Eddie Johnson, apresentou um cheque assinado por Smollett para os irmãos como prova das acusações. Entretanto, em depoimento à polícia, os irmãos supostamente contratados por Smollett disseram que o dinheiro que receberam do ator na verdade era pagamento pela prestação de serviços como personal trainers. Há fotos no Instagram desse trabalho. Johnson também afirmou à imprensa que Smollett havia escrito uma carta de conteúdo ameaçador contra si mesmo, que chegou à produção de “Empire” alguns dias antes do ataque. Na realidade, segundo o TMZ, as investigações da polícia e do FBI não conseguiram determinar que o ator foi autor da carta. Diante dessa avalanche de equívocos, trazidos à público pela própria polícia, a promotora Kim Foxx desistiu de processar o ator. Ela explicou que, se fosse a julgamento, Smollett teria no máximo que prestar serviço comunitário, mas como o ator já realiza trabalho voluntário em Chicago, a condenação seria redundante. No entanto, caso fosse inocentado, deixaria a polícia numa situação difícil. Isto, porém, não impediu o Prefeito de Chicago, Rahm Emanuel, e o chefe de polícia da cidade, Eddie Johnson, de continuar atacando o ator publicamente e insistindo na versão de ataque de mentira. Por isso, os advogados do ator alegam que a cidade deve uma indenização a ele. “Apesar do descarte de todas as acusações contra o Sr. Smollett, a conduta da polícia de Chicago e as declarações falsas dos irmãos Osundairo fizeram com que ele fosse sujeitado ao ridículo em público e o prejudicaram muito”, diz o processo movido pelo ator. “O Sr. Smollett também sofreu, e continua sofrendo, substanciais perdas monetárias. Ele perdeu oportunidades de emprego e precisou pagar muito dinheiro a advogados que o defenderam durante o caso”, continua o texto. O ator foi limado da 6ª e última temporada de “Empire”, que foi ao ar sem o seu personagem, e não aparece nas telas desde então. O processo contra a cidade de Chicago ainda cita que Smollett sofre de “angústia e estresse agudos” por causa do caso. Ele também alega ser vítima de racismo duplo, de seus atacantes e da polícia. E sempre manteve a mesma história, declarando-se inocente das acusações. Seu estresse e angústia agora tendem a aumentar. A justiça de Chicago decidiu ir para o “tudo ou nada”, com o objetivo de provar que Smollett mentiu e, no processo, desmoralizar a promotora original, que, como o ator, também é negra. Em sua declaração à imprensa, o novo promotor frisou que “ainda” não encontrou evidências de má conduta da equipe anterior de acusação. A advogada do ator, Tina Glandian, também emitiu um comunicado, observando que está em litígio com o Departamento de Polícia de Chicago e levantou questões sobre se seria justo para Webb basear parcialmente sua investigação nas evidências desse departamento. Ela aproveitou a frase de Web para destacar o fato de que ele disse não ter encontrado evidências de irregularidades por parte dos promotores. “A tentativa de processar novamente Smollett um ano depois, na véspera da eleição do procurador do estado de Cook, é claramente uma questão de política e não de justiça”, disse ela no comunicado. A promotora original, Kim Foxx, está concorrendo à reeleição e enfrenta uma primária no próximo mês, na qual seus oponentes criticam a forma como lidou com o caso Smollett. Apesar das “evidências robustas” que Webb afirma possuir, não será um caso fácil de provar.
AMC é condenada a pagar US$ 8,6 milhões à família de dublê morto em The Walking Dead
O canal pago americano AMC foi condenado a pagar US$ 8,6 milhões de indenização à família do dublê John Bernecker, que morreu durante as gravações da série “The Walking Dead”. A decisão não foi considerada uma derrota completa pelos advogados da empresa, porque a família pedia na ação entre US$ 40 milhões e US$ 100 milhões. O advogado da família Bernecker, Jeff Harris, afirmou que o dublê de 33 anos “iria viver mais 40 ou 50 anos, e o custo de vida por ano é de US$ 2 milhões”. Para ele, seria com base neste cálculo que a indenização deveria ter sido feita. A defesa da emissora AMC, que exibe a série nos Estados Unidos, declarou que a empresa não estava envolvida nas operações diárias das produções e, portanto, não deveria ser responsabilizada pelo acidente. A AMC também alegou em sua defesa que a morte de Bernecker foi um acidente “horrível”, mas culpou um movimento improvisado do dublê como causa do acidente. O dublê morreu em julho de 2017 após sofrer uma queda de quase 10 metros de altura, quando filmava cenas para a 8ª temporada da série de zumbis. Ele filmava no Raleigh Studios, no estado americano da Georgia, quando caiu diretamente no chão de concreto. O artista foi socorrido e internado na UTI do Atlanta Medical Center, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. De acordo com o site TMZ, ele estava cercado de seus familiares, inclusive de sua mulher, que também é dublê. Além de trabalhar em “The Walking Dead”, o dublê atuou em várias grandes produções, como “Logan”, “Corra!” e três filmes da franquia “Jogos Vorazes”. Em “Logan”, ele ainda trabalhou como ator, figurando como um policial.








