O Cidadão Ilustre é o grande vencedor do Prêmio Platino 2017
A quarta edição Prêmio Platino, que contempla os destaques do ano no cinema Ibero-americano, consagrou o filme argentino “O Cidadão Ilustre”, de Andrés Duprat, vencedor de três troféus: Melhor Filme, Ator (para Oscar Martínez) e Roteiro (para o diretor Duprat). O Brasil foi representado na premiação com o troféu de Melhor Atriz para Sonia Braga, por sua atuação em “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho. Saiba mais aqui. Pedro Almodóvar foi eleito o Melhor Diretor por “Julieta”, que também conquistou o prêmio de Melhor Canção Original. Mas o filme mais premiado do evento foi a fantasia “Sete Minutos Depois da Meia-Noite”, que levou quatro troféus por categorias técnicas: Edição, Direção de Arte, Fotografia e Edição de Som. O filme do espanhol J.A. Bayona é uma coprodução da Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, falada em inglês com elenco hollywoodiano e orçamento de blockbuster. Durante a cerimônia, foi anunciado ainda que a próxima edição do Prêmio Platino será realizada no México. Confira abaixo a lista completa dos vencedores. Prêmios Platino 2017 Melhor Filme “O Cidadão Ilustre”, de Andrés Duprat Melhor Direção Pedro Almodóvar, por “Julieta” Melhor Ator Oscar Martínez, por “O cidadão ilustre” Melhor Atriz Sonia Braga, por “Aquarius” Melhor Roteiro Andrés Duprat, por “O Cidadão Ilustre” Melhor Edição, Direção de Arte, Fotografia e Edição de Som “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” Melhor Canção Original Alberto Iglesias, por “Julieta” Melhor Animação “Psiconautas: Los Niños Olvidados” Melhor Documentário “Nacido em Siria”, de Hernán Zin Melhor Filme de Estreia “De Longe te Observo”, de Lorenzo Vigas Melhor Minissérie ou Série “Quatro estações em Havana” Prêmio de Platino de Honra Edward James Olmos
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro define finalistas sem nenhum latino-americano
O Brasil ficou de fora da lista dos indicados ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA divulgou na noite desta quinta-feira (15/12) a lista com os nove finalistas da categoria, decepcionando muitos cinéfilos pelos títulos definidos. O brasileiro “Pequeno Segredo” acabou não emplacando, após ser escolhido sobre “Aquarius” pela comissão do Ministério da Cultura. Por outro lado, “Aquarius” tampouco conseguiu se qualificar para o Globo de Ouro. Na verdade, a Academia não deu brecha para nenhum filme latino-americano. Nem mesmo para o chileno “Neruda”, vencedor do prêmio Fênix e selecionado para o Globo de Ouro – que estreou justamente nesta quinta no Brasil. A lista é, na verdade, bem polêmica. Deixou de fora até o francês “Elle”, de Paul Verhoeven, que conquistou o Critics Choice Award da categoria e tem rendido vários prêmios à atriz Isabelle Huppert, além do espanhol “Julieta”, de Pedro Almodóvar. Já o melhor filme do ano, “A Criada”, nem foi submetido pela Coreia do Sul, que, assim como o Brasil, optou por um longa mais comercial. Em compensação, está lá o canadense “É Apenas o Fim do Mundo”, de Xavier Dolan, que apesar de premiado em Cannes foi massacrado pela crítica internacional – tem ridículos 44% de aprovação no Rotten Tomatoes, cotação que envergonha a lista do Oscar. Há até um desenho animado, o suíço “Ma Vie De Courgette”, de Claude Barras, que com isso ganha força para integrar a lista da categoria de animação. Mas o que mais chama atenção é o fato de a península da Escandinávia estar representada de forma integral. E talvez a maior surpresa seja mesmo a inclusão do norueguês “The King’s Choice”, de Erik Poppe, drama histórico que a crítica de seu país elogia muito, mas que é totalmente desconhecido para o público internacional, pois não passou em nenhum festival nem repercutiu fora de seu país. Com as ausências e equívocos, o caminho para a vitória do alemão “Toni Erdmann”, encontra-se praticamente assegurado. A comédia de Maren Ade também passou em branco em Cannes, mas venceu o chamado “Oscar europeu”, que é o prêmio de Melhor Filme do ano conferido pela Academia Europeia de Cinema, e vem conquistando todos os troféus em que não disputa com “Elle”. Premiado como Melhor Roteiro em Cannes, também chega forte o iraniano “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, cineasta que já venceu o Oscar por “A Separação” (2011). Para completar, outro veterano das premiações americanas, o russo Andrei Konchalovsky (não tem um Oscar, mas possui um Emmy) chega à competição com o peso do troféu de Melhor Diretor por seu novo filme, “Paraíso”, no recente Festival de Veneza. Vale apontar ainda que, dos nove candidatos, seis são europeus (metade vindo da Escandinávia) e que o candidato canadense também é estrelado por europeus. Assim sendo, apenas o filme australiano (centrado em aborígenes) e o representante asiático não retratam dramas de homens brancos. Confira abaixo a lista completa dos pré-selecionados. A relação definitiva dos cinco indicados será conhecida no dia 24 de janeiro de 2017, quando serão anunciados todos os concorrentes ao Oscar 2017. Finalistas do Oscar 2017 de Melhor Filme em Língua Estrangeira “O Apartamento”, de Asghar Farhadi (Irã) “É Apenas o Fim do Mundo”, de Xavier Dolan (Canadá) “Um Homem Chamado Ove”, de Hannes Holm (Suécia) “Ma Vie de Courgette”, de Claude Barras (Suíça) “Paraíso”, de Andrei Konchalovsky (Rússia) “Tanna”, de Bentley Dean e Martin Butler (Austrália) “Terra de Minas”, de Martin Zandvliet (Dinamarca) “The King’s Choice”, de Erik Poppe (Noruega) “Toni Erdmann”, de Maren Ade (Alemanha)
Sete Minutos Depois da Meia-Noite lidera indicações ao Goya, o Oscar espanhol
A organização dos prêmios Goya, considerado o Oscar do cinema espanhol, divulgou seus indicados a melhores do ano. E uma coprodução hollywoodiana disparou na frente. A fantasia “Sete Minutos Depois da Meia-Noite”, dirigida por Juan Antonio Bayona, mas falada em inglês, escrita por um americano e estrelada por atores britânicos, lidera em indicações, concorrendo em 12 categorias. Bayona já venceu dois prêmios Goya, como Melhor Diretor Estreante por seu primeiro filme, o terror “O Orfanato” (2007), e o de Melhor Diretor pelo drama de desastre “O Impossível (2012). Em “Sete Minutos Depois da Meia-Noite”, ele conta a história de um menino (Lewis MacDougall) que enfrenta a doença da mãe (Felicity Jones) com sua imaginação e a ajuda de um monstro (Liam Neeson). Sigourney Weaver é a única americana do elenco e concorre, pelo papel da vovó, ao Goya de Melhor Atriz Coadjuvante. O principal concorrente da superprodução de Bayona é um drama indie, “Tarde Para la Ira”, de Raúl Arévalo. Mesmo sendo o único longa na disputa de Melhor Filme que não tem financiamento das grandes redes de TV do país, conseguiu 11 indicações, uma façanha para Arévalo, que estreia como diretor após 15 anos trabalhando como ator de cinema. Ele já venceu o Goya como Melhor Ator Coadjuvante por “Gordos” (2009) e foi indicado outras quatro vezes – a mais recente pelo ótimo suspense “Pecados Antigos, Longas Sombras” (2014). A lista também inclui “Julieta”, de Pedro Almodóvar, que obteve sete indicações. Apesar de ter passado em branco no Festival de Cannes, o longa de Almodóvar é o candidato espanhol a uma vaga no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Entre as curiosidades, o boicote ao filme “La Reina de España”, de Fernando Trueba – porque o diretor disse, em entrevista, que não se sentia espanhol – não impediu que Penélope Cruz fosse indicada como Melhor Atriz, nem a temática fetichista da comédia sexual “Kiki – Os Segredos do Desejo” – ou o fato de ser remake de um filme australiano – intimidou a Academia Espanhola a lhe conceder quatro indicações. Para completar, mais uma vez o Brasil ficou de fora da premiação, que selecionou filmes da Venezuela, Colômbia, Argentina e México na categoria de Melhor Filme Ibero-Americano. A cerimônia do Goya será realizada no dia 4 de fevereiro. Confira abaixo a lista com alguns dos principais indicados. Indicados ao prêmio Goya 2016 Melhor Filme “El Hombre de Las Mil Caras”, de Alberto Rodríguez “Julieta”, de Pedro Almodóvar “Que Dios nos Perdone”, de Rodrigo Sorogoyen “Tarde Para la Ira”, de Raúl Arévalo “Sete Minutos Depois da Meia-Noite”, de Juan Antonio Bayona Melhor Direção Alberto Rodríguez, por “El Hombre de Las Mil Caras” Pedro Almodóvar, por “Julieta” Rodrigo Sorogoyen, por “Que Dios nos Perdone” J.A. Bayona, por “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” Melhor Diretor Estreante Salvador Calvo, por “1898. Los Últimos de Filipinas” Maro Crehuet, por “El Rey Tuerto” Nely Reguera, por “María (Y los Demás)” Raúl Arévalo, por “Tarde para la Ira” Melhor Ator Eduard Fernández, por “El Hombre de Las Mil Caras” Roberto Álamo por “Que Dios nos Perdone” Antonio de la Torre, por “Tarde para La Ira” Luis Callejo, por “Tarde para La Ira” Melhor Atriz Emma Suárez, por “Julieta” Carmen Machi, por “La Puerta Abierta” Penélope Cruz, por “La Reina de España” Bárbara Lennie, por “María (Y los Demás)” Melhor Ator Coadjuvante Karra Elejalde, por “100 metros” Javier Gutiérrez, por “El Olivo” Javier Pereira, por “Que Dios nos Perdone” Manolo Solo, por “Tarde para la Ira” Melhor Atriz Coadjuvante Candela Peña, por “Kiki – Os Segredos do Desejo” Emma Suárez, por “La Próxima Piel” Terele Pávez, por “La Puerta Abierta” Sigourney Weaver, por “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” Melhor Ator Revelação Ricardo Gómez, por “1898. Los Últimos de Filipinas” Rodrigo de la Serna, por “Cien Años de Perdón” Carlos Santos, por “El Hombre de Las Mil Caras” Raúl Jiménez, por “Tarde para la Ira” Melhor Atriz Revelação Silvia Pérez Cruz, por “Cerca de tu Casa” Ánna Castillo, por “El Olivo” Belén Cuesta, por “Kiki – Os Segredos do Desejo” Ruth Díaz, por “Tarde para la Ira” Melhor Roteiro Original Jorge Guerricaechevarría, por “Cien Años de Perdón” Paul Laverty, por “El Olivo” Isabel Peña e Rodrigo Sorogoyen, por “Que Dios nos Perdone” David Pulido e Raúl Arévalo, por “Tarde para la Ira” Melhor Roteiro Adaptado Alberto Rodríguez e Rafael Cobos, por “El Hombre de Las Mil Caras” Pedro Almodóvar, por “Julieta” Fernando Pérez e Paco León, por “Kiki – Os Segredos do Desejo” Patrick Ness, por “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” Melhor Direção de fotografia Alex Catalán, por “1898. Los Últimos de Filipinas” José Luis Alcaine, por “La reina de España” Arnau Valls Colomer, por “Tarde para la Ira” Óscar Faura, por “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” Melhor Trilha Sonora Original Julio de la Rosa, por “El Hombre de Las Mil Caras” Pascal Gaigne, por “El Olivo” Alberto Iglesias, por “Julieta” Fernando Velázquez, por “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” Melhor Canção Original “Descubriendo India”, de Luis Ivars, em “Bollywood Made in Spain” “Ai, ai, ai”, de Silvia Pérez Cruz, em “Cerca de Tu Casa” “Muerte”, de Zeltia Montes, em “Frágil Equilibrio” “Kiki”, Mr.Kí feat Nita de Alejandro Acosta, Cristina Manjón, David Borras Paronella, Marc Peña Rius e Paco León, em “Kiki – Os Segredos do Desejo” Melhor Animação “Ozzy” “Psiconautas, los Niños Olvidados” “Teresa eta Galtzagorri” Melhor Filme Iberoamericano “Anna”, de Jacques Toulemonde Vidal “De Longe te Observo”, de Lorenzo Vigas “El Ciudadano Ilustre”, de Gastón Duprat e Mariano Cohn “Las Elegidas”, de David Pablos Melhor Filme Europeu “O Mestre dos Gênios”, de Michael Grandage “O Filho de Saúl”, de László Nemes “Elle”, de Paul Verhoeven “Eu, Daniel Blake”, de Ken Loach
Cahiers du Cinéma elege Aquarius o quarto melhor filme de 2016
A revista francesa Cahiers du Cinéma, provavelmente a mais antiga publicação sobre cinema ainda em circulação, divulgou sua tradicional lista de melhores filmes do ano, como sempre antes das principais estreias do ano e com uma típica seleção polêmica. A lista traz o brasileiro “Aquarius”, do cineasta Kleber Mendonça Filho, em 4º lugar, após ter incluído o filme na capa de sua edição de setembro. Entretanto, logo acima dele há um dos piores filmes do ano. O Top 3 abre com o alemão “Toni Erdmann”, de Maren Ade, que vem ganhando popularidade no circuito das premiações mundiais, após ser ignorado pelo juri do Festival de Cannes. Igualmente esnobado em Cannes, o francês “Elle”, de Paul Verhoeven, ficou com o 2º lugar. Mas enquanto os dois primeiros contam com simpatia da crítica mundial, o 3º lugar ficou com um terror execrado: “Demônio de Neon”, de Nicolas Winding Refn, que na melhor das hipóteses pode ser considerado divisivo. A lista também traz um dos trabalhos mais fracos de Pedro Almodóvar, “Julieta”, por sinal outro filme ignorado pelo júri de Cannes, e até “Carol”, de Todd Haynes, que esta mania de listar os melhores do ano em novembro tinha deixado de fora da seleção dos destaques de 2015. A principal ironia da lista é que ela contém basicamente filmes exibidos em Cannes, casos inclusive de “Aquarius” e “Demônio de Neon”. Mas nenhum filme premiado no festival foi incluído na relação. O recado bipolar parece endereçado à organização do evento, que fez um excelente trabalho de curadoria, entretanto prejudicado por péssimas decisões do júri de celebridades, presidido pelo cineasta George Miller (“Mad Max: Estrada da Fúria”). Também se nota que os críticos franceses ainda não viram nenhum dos filmes americanos cotados para o Oscar. Ou não gostaram de nada ou os lançamentos estarão na lista de melhores do próximo ano, se ainda forem lembrados até lá. Confira a lista completa abaixo: 1. “Toni Erdmann” – Maren Ade 2. “Elle” – Paul Verhoeven 3. “Demônio de Neon” – Nicolas Winding Refn 4. “Aquarius” – Kleber Mendonça Filho 5. “Ma Loute” – Bruno Dumont 6. “Julieta” – Pedro Almodóvar 7. “Rester Vertical” – Alain Guiraudie 8. “La Loi de la Jungle” – Antonin Peretjakto 9. “Carol” – Todd Haynes 10. “Le Bois dont les Rêves sont Faits” – Claire Simon
Filmes do Festival de Cannes dominam lista dos indicados ao “Oscar do cinema europeu”
A Academia Europeia de Cinema divulgou os candidatos da sua premiação, os European Film Awards. Considerado o Oscar do cinema europeu, a lista privilegia a programação do Festival de Cannes, destacando o vencedor da Palma de Ouro “I, Daniel Blake”, de Ken Loach, e alguns dos filmes mais comentados do evento, como “Elle”, de Paul Verhoeven, “Julieta”, de Pedro Almodóvar, “Graduation”, de Cristian Mungiu, e “Toni Erdmann”, de Maren Ade. O britânico “O Quarto de Jack”, de Lenny Abrahamson, premiado no Oscar 2016, também está na lista. O alemão “Toni Erdmann” lidera em indicações, disputando cinco categorias: Melhor Filme, Direção, Ator, Atriz e Roteiro. Entre os atores, o favoritismo sempre é de Isabelle Huppert, desta vez pelo desempenho em “Elle”, e há a presença de um astro popular, Hugh Grant, por “Florence – Quem é Essa Mulher?”. A cerimônia de premiação do European Film Awards será realizada este ano em 10 de dezembro, na cidade de Wroclaw, na Polônia. Indicados ao European Film Awards 2016 MELHOR FILME “Elle” (França) “I, Daniel Blake” (Inglaterra) “Julieta” (Espanha) “O Quarto de Jack” (Reino Unido) “Toni Erdmann” (Alemanha) MELHOR DIREÇÃO Paul Verhoeven, por “Elle” Cristian Mungiu, por “Graduation” Ken Loach, por “I, Daniel Blake” Pedro Almodóvar, por “Julieta” Maren Ade, por “Toni Erdmann” MELHOR ATOR Rolf Lassgård, por “A Man Called Ove” Hugh Grant, por “Florence – Quem é Essa Mulher?” Dave Johns, por “I, Daniel Blake” Burghart Klaußner, por “The People vs. Fritz Bauer” Peter Simonischek, por “Toni Erdmann” Javier Cámara, por “Truman” MELHOR ATRIZ Isabelle Huppert, por “Elle” Emma Suárez e Adriana Ugarte, por “Julieta” Valeria Bruni Tedeschi, por “Like Crazy” Trine Dyrholm, por “A Comunidade” Sandra Hüller, por “Toni Erdmann” MELHOR ROTEIRO Cristian Mungiu, por “Graduation” Paul Laverty, por “I, Daniel Blake” Emma Donoghue, por “O Quarto de Jack” Maren Ade, por “Toni Erdmann” Tomasz Wasilewski, por “United States of Love” MELHOR DOCUMENTÁRIO “The Land Of The Enlightened” (Holanda) “21 X New York” (Polônia) “Mr. Gaga,” ( Israel, Suécia, Alemanha, Holanda) “S is for Stanley – 30 Years At The Wheel For Stanley Kubrick,” (Itália) “A Family Affair,” (Bélgica) “Fogo no Mar,” (Itália, França) MELHOR ANIMAÇÃO “My Life as a Zucchini” (França, Suíça) “Psiconautas, the forgotten children” (Espanha) “The Red Turtle” (França, Bélgica) “A Man Called Ove” (Suécia, Noruega) “Look Who’s Back” (Alemanha) “La Vache” (França) MELHOR REVELAÇÃO “Dogs”, de Bogdan Mirica (França, Romênia, Bulgária, Catar) “Liebmann”, de Jules Herrmann (Alemanha) “Sand Storm”, de Elite Zexer (Israel) “The Happiest Day in the Life of Olli Mäki”, de Juho Kuosmanen (Finlândia, Suécia, Alemanha) “Thirst”, deSvetla Tsotsorkova (Bulgária) MELHOR COMÉDIA “A Man Called Ove” (Suécia, Noruega) “Look Who’s Back” (Alemanha) “One Man and His Cow” (França) MELHOR CURTA “The Wall” “Edmond” “The Goodbye” “90 Degrees North” “We All Love The Sea Shore” “In The Distance” “A Man Returned” “Small Talk” “I’m Not From Here” “Home” “The Fullness Of Time (Romance)” “Limbo” “Amalimbo” “9 Days – From My Window In Aleppo”
Espanha escolhe Julieta, de Pedro Almodóvar, para disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
A Espanha definiu o drama “Julieta”, de Pedro Almodóvar, como seu candidato a tentar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015. É a sexta vez que um filme do diretor vai representar o país na categoria. “Julieta” foi exibido pela primeira vez no último Festival de Cannes, junto com o brasileiro “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, e “Toni Erdmann”, de Maren Ade, candidato da Alemanha à mesma vaga. O Brasil vai anunciar o seu representante na segunda-feira (12/9). A Espanha já venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro quatro vezes, sendo o mais recente em 2005, por “Mar Adentro”, de Alejandro Amenábar.
Julieta traz Pedro Almodóvar mais contido, mas rico em detalhes
A carreira de Pedro Almodóvar (“A Pele que Habito”) é tão rica que, depois de sair maravilhado da sessão de um de seus filmes, é difícil dizer com convicção que acabou de se ver um de seus melhores trabalhos. Apesar de não ter obtido a mesma unanimidade crítica que obras anteriores, “Julieta” é outro exemplar tão belo em sua estrutura quanto na maneira delicada como explora a dor de sua personagem-título, apresentada aqui em duas fases, como uma jovem (Adriana Ugarte, de “Palmeiras na Neve”) e uma mulher madura (Emma Suárez, de “Buscando a Eimish”). A estrutura narrativa lembra a de filmes hollywoodianos da década de 1950, sejam os melodramas de Douglas Sirk ou os suspenses de Alfred Hitchcock. A acertada trilha sonora de Alberto Iglesias acentua isso, dando um ar de thriller em alguns momentos, ainda que o filme não apresente assassinatos ou coisas do tipo. Não há crimes, mas não quer dizer que não haja mortes, e que essas mortes não surjam para causar não apenas luto, mas um sentimento forte de culpa, uma das forças motrizes do filme. “Julieta” começa com a protagonista, em idade madura, preparando-se para acompanhar o namorado em uma viagem possivelmente sem volta para Portugal. Ela acaba mudando de ideia quando encontra uma amiga de sua filha. Esse encontro mexe tanto com Julieta que ela se sente forçada a escrever uma carta para a filha, contando tudo aquilo que tinha ficado guardado em seu peito. E esse desabafo angustiado acaba funcionando como uma maneira de contar, de maneira bem clássica, a história de sua juventude, desde o momento em que ela conheceu o pai de sua filha. Desta forma, a memória vai invadindo o presente, e somos convidados a acompanhar essa história, adaptada de contos da escritora canadense Alice Munro (“Longe Dela”) por um autor de primeira grandeza do cinema contemporâneo. Cada detalhe, cada momento do filme é rico em significado, desde a cena em que Julieta, então uma jovem professora substituta de Literatura, fala para seus alunos sobre o mar e a trajetória rumo ao desconhecido de Ulisses, passando pelas impressionantes sequências dentro do trem – o homem estranho, o cervo, o encontro com o namorado, a morte e o sexo –, tudo isso já causa um prazer imenso no espectador que aprecia uma boa história. E só estamos no começo. O real motivo pelo qual o título anterior do filme era “Silêncio”, por exemplo, só será entendido a partir, pelo menos, dos eventos mostrados na segunda metade da narrativa, que envolverá morte, luto, depressão e a ausência de uma pessoa querida. E não é preciso ser mãe para entender a dor da protagonista. O filme transmite sua dor sem a necessidade de lágrimas. As lágrimas seriam até um alento para a personagem e isso não lhe é concedido. Almodóvar não queria lágrimas, ele queria uma imagem forte de seu abatimento, o acumulado de anos e anos de dor. Quem, por exemplo, já passou, ou está passando, pela necessidade de ter que esquecer alguém que amou muito pode entender um pouco o que a personagem sente. E Almodóvar nos entrega este presente numa embalagem muito bonita, de cor vermelha, como sempre, mas desta vez sem as tradicionais perversões presentes em outras de suas obras. Há quem vá dizer que é um exemplar mais contido de sua carreira. E é mesmo. Mas essa contenção é também necessária para que o choro fique entalado na garganta durante toda a duração de mais esta obra especial.
Estreias: A Era do Gelo – O Big Bang derrete em mais de mil cinemas
“A Era do Gelo – O Big Bang” é o blockbuster da semana. Trata-se de mais uma continuação animada, como “Procurando Dory”. A diferença é que já é o quinto episódio da franquia, que a esta altura já está parecendo uma série e faria mais sentido na TV. O filme leva a 1.159 salas mais um desastre natural que Manny e seus amigos terão que sobreviver, sendo 619 em 3D e 12 salas IMAX. A história não só parece, como é repetitiva, resultando em algumas das piores críticas de uma animação em 2016 – só 8% de aprovação no Rotten Tomatoes. A versão brasileira ainda destaca dublagem de certo Youtuber, o que pode ser considerado incentivo ou o prego final, dependendo do ponto de vista. Como ainda há muitos blockbusters em cartaz, os demais lançamentos ficaram restritos a um circuito bem menor. O maior deles é “Florence – Quem é essa Mulher?”, estrelado por Meryl Streep, que leva a 90 salas um déja vu. Vítima do cronograma de estreias nacionais, o filme chega aos cinemas apenas duas semanas após o francês “Marguerite” contar basicamente a mesma história, com outra personagem real. Tanto Florence quanto Marguerite foram socialites ricas que, paparicadas pelos amigos, convenceram-se que eram grandes cantoras de ópera, sem sequer soarem afinadas. Detalhe: ambos os filmes são ótimos, com qualidades próprias. A programação, por sinal, está bastante feminina. Outro longa intitulado com nome de mulher é “Julieta”, de Pedro Almodóvar (“A Pele que Habito”). Selecionado no último Festival de Cannes, leva a 55 telas uma adaptação livre de contos da escritora canadense Alice Munro, vencedora do Nobel de literatura, acompanhando a personagem-título por várias décadas e duas atrizes diferentes. Ainda que mais dramático que o costume, o filme repete o tema da mãe com problemas emocionais e carrega as cores que tanto marcam a filmografia do espanhol. “Janis – Little Girl Blue” é um documentário sobre a cantora Janis Joplin, da premiada documentarista Amy Berg (“West of Memphis”), narrado por outra cantora, Cat Power, através de cartas escritas pela própria Janis ao longo dos anos. Sensível, talvez seja a obra mais reveladora sobre a roqueira que amava o blues, mas também o sexo, as drogas e o álcool, e nesse sentido não deixa de ter eco no impactante “Amy”. Em 39 salas. O único lançamento nacional da semana também é um documentário, “Menino 23”, de Belisário Franca (“Amazônia Eterna”), sobre um projeto criminoso de eugenia conduzido por admiradores do nazismo no Brasil, nos anos 1930. O testemunho dos únicos sobreviventes é um escândalo que os livros de história não contam. Muito bem conduzido, com ritmo de investigação, o trabalho de Franca contextualiza o horror racista que chegou a fazer até parte da Constituição brasileira da época. Impressionante e obrigatório, o filme não teve seu circuito divulgado. A programação se completa com o drama “Um Belo Verão”, que ocupa duas salas em São Paulo. Infelizmente para poucos, o longa de Catherine Corsini (“Partir”) foi um dos destaques do cinema francês do ano passado, premiado em festivais e indicado ao César. Passado nos anos 1970, acompanha o romance entre uma professora feminista e uma jovem que esconde seu lesbianismo da família, até que têm sua ligação testada quando se mudam para o interior, numa época de preconceitos irredutíveis.
Julieta: Veja mais duas cenas legendadas do novo filme de Pedro Almodóvar
A Universal Pictures divulgou mais duas cenas legendadas de “Julieta”, novo filme do espanhol Pedro Almodóvar. Após três cenas dramáticas, focando a depressão e tristeza da protagonista em sua fase madura, vivida por Emma Suarez (“Buscando a Eimish”), as novas prévias mostram a personagem em sua juventude, quando descobre sua gravidez e ainda se mostra capaz de risos. Nesta fase, Julieta é vivida por Adriana Ugarte (“Combustión”). A narrativa se desenrola ao longo de três décadas, entre 1985 e 2015, e mostra a personagem-título – interpretada por duas atrizes diferentes – , lidando com o mistério que leva uma pessoa a abandonar quem ama e seguir vivendo como se a outra pessoa nunca tivessem existido ou deixado alguma lembrança. O elenco ainda conta com Michelle Jenner (“Extraterrestre”), Rossy de Palma (“Ata-me”) e Darío Grandinetti (“Relatos Selvagens”). O lançamento de “Julieta”, que teve première no Festival de Cannes, acontece nesta quinta (7/7) nos cinemas brasileiros.
Julieta: Veja duas cenas legendadas do novo filme de Pedro Almodóvar
A Universal Pictures divulgou três cenas legendadas de “Julieta”, novo filme do espanhol Pedro Almodóvar. As prévias são bastante dramáticas e focam a depressão e tristeza da protagonista, vivida por Emma Suarez (“Buscando a Eimish”). A narrativa se desenrola ao longo de três décadas, entre 1985 e 2015, e mostra a personagem-título – interpretada por duas atrizes diferentes, com Adriana Ugarte (“Combustión”) na fase jovem – , lidando com o mistério que leva uma pessoa a abandonar quem ama e seguir vivendo como se a outra pessoa nunca tivessem existido ou deixado alguma lembrança. O elenco ainda conta com Michelle Jenner (“Extraterrestre”), Rossy de Palma (“Ata-me”) e Darío Grandinetti (“Relatos Selvagens”). O lançamento de “Julieta”, que teve première no Festival de Cannes, acontece em 7 de julho nos cinemas brasileiros.
Cannes: Pedro Almodóvar não quer ser uma vaca sagrada
Pedro Almodóvar não participou da première de “Juliete” na Espanha para fugir das perguntas sobre o escândalo conhecido como Panama Papers, que revelou contas secretas de políticos e celebridades em paraísos fiscais, inclusive dele e do irmão. Mas não conseguiu escapar do aperto da imprensa em Cannes, onde seu filme concorre à Palma de Ouro. “Meu nome e o do meu irmão estão entre os menos importantes que aparecem na relação dos Panama Papers. Se fizessem um filme sobre o tema, sequer seríamos figurantes. Mas a imprensa espanhola nos tratou como protagonistas”, defendeu-se Almodóvar, na entrevista coletiva. “Nem sabemos direito o que era porque não se investigou. O essencial é que isso não impeça o público de assistir ao filme”, completou. De fato, com tanta proselitismo no festival, pouco tem se falado dos filmes. O brasileiro “Aquarius”, por exemplo, foi ofuscado pelo agitprop. Do mesmo modo, “Julieta” despertou pouco entusiasmo da plateia de jornalistas, mais interessados no escândalo financeiro que na volta do diretor ao melodrama de personagens femininos. Almodóvar aceitou todas as perguntas. E explicou que participa da competição à Palma de Ouro deste ano porque ainda é um cineasta sujeito à críticas e não uma “vaca sagrada”. “Eu, por enquanto, não tenho o talento de Woody Allen e nem de Steven Spielberg”, comparou, nomeando os dois diretores que apresentaram seus novos filmes em Cannes fora de competição. “Já que venho a Cannes, eu prefiro participar da competição. O filme vai receber críticas e prefiro estar em competição porque é mais excitante. Demonstro que não sou uma vaca sagrada”. Pelo mesmo motivo, diz que jamais aceitaria que escrevessem sua biografia. “Não quero biografias nem autorizadas e nem não autorizadas. Não permito que ninguém faça uma biografia minha, mas transmita ao futuro a mensagem que minha vida está nessas 20 filmes”, disse, aludindo à totalidade de sua filmografia. O filme de número 20 é uma adaptação de três contos da autora canadense Alice Munro, vencedora do Nobel de Literatura, e é centrado na figura da personagem-título, assombrada pela fuga da filha adolescente, 12 anos atrás. O diretor disse ter se encantado com a obra por conta seus mistérios. “Quando termino de ler Alice Munro, parece que sei menos do que antes”. A ideia original era usar a obra da escritora para fazer seu primeiro filme americano. “Pensei em filmar em inglês, em Nova York. Cheguei até a falar com uma atriz americana. Mas quando peguei a versão em língua inglesa do roteiro, fiquei inseguro. Afinal, não há nada mais distante de uma família americana do que uma família espanhola”, ele explicou. O que começou como uma adaptação literária, porém, logo começou a ganhar o estilo característico dos filmes do escritor. Ele confessa que é um impulso que não consegue evitar. “Não sou um adaptador fiel. Eu tiro um parágrafo como ponto de partida e preencho o resto com a minha imaginação”, apontou. A trama, que se desenrola ao longo de três décadas, entre 1985 e 2015, conta com duas atrizes diferentes interpretando o papel principal, Emma Suarez (“Buscando a Eimish”) e Adriana Ugarte (“Combustión”). “Queria que se observasse na atriz o tempo que passou, os anos de dor no olhar. Isto é impossível de se criar apenas com a maquiagem”, ele ponderou. “E, por outro lado, também queria imitar o meu mestre Luis Buñuel”, disse o cineasta, referindo-se ao filme “Esse Obscuro Objeto do Desejo” (1977), em que a protagonista foi vivida por duas intérpretes. Almodóvar não fazia um filme centrado em uma personagem feminina desde “Volver”, há dez anos. Mas “Julieta” não é só um filme de mulher, é um filme de mãe, um de seus temas favoritos. “Fiz muitos filmes sobre mães, mas acredito que de todas as mães que retratei, Julieta é a mais frágil e vulnerável, com menos capacidade de luta”, comparou. “Ela tem uma desesperada resistência passiva, se é que isso é possível. As outras mães dos meus filmes são poderosas. Julieta vai perdendo a força. Em dado momento, é uma espécie de zumbi que caminha pelas ruas”, disse. “A personagem começa aberta à aventura. O tempo e as circunstâncias a tratam muito mal. A fatalidade é muito presente. Não são coisas enormes que ela faz errado. Mas a vida a trata muito mal. É um drama trágico.” Apesar do tom trágico, “Julieta” também marca a retomada da palheta de cores vivas – vermelho, laranja e azul – , que caracterizam as produções mais alegres do cineasta espanhol. “Sou filho do technicolor. Os primeiros filmes de que me lembro como criança eram em technicolor, cores muito claras e contrastantes. Meus filmes podem ser algo barrocos, e é claro que sou um filho dos anos 1960… tudo isso levou a um uso exagerado das cores”, ele justificou. A lembrança nostálgica o faz lembrar da própria idade, 67 anos, e citar o escritor Philip Roth: “‘A velhice não é uma doença, mas um massacre’. É assim que sinto a passagem do tempo”.
Festival de Cannes tem edição mais competitiva dos últimos anos
A edição 2016 do Festival de Cannes, que começa nesta quarta (11/5) com a exibição de “Café Society”, novo filme de Woody Allen, será a mais competitiva dos últimos anos. A organização do evento fez uma seleção de cineastas prestigiadíssimos, verdadeiros mestres do cinema, para a disputa da Palma de Ouro, aumentando a responsabilidade do juri presidido por George Miller (foto acima), o diretor de “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015). Para dar uma ideia inicial do que representam os 20 cineastas selecionados, o menos experiente é o brasileiro Kleber Mendonça Filho, que mesmo assim conquistou prêmios internacionais com sua obra de estreia, “O Som ao Redor” (2014). A grande maioria dos selecionados já foi reconhecida por troféus no próprio Festival de Cannes. Quatro deles, por sinal, levaram a Palma de Ouro. Os maiores campeões são os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, duas vezes vencedores com “Rosetta” (1999) e “A Crianca” (2005). Eles retornam com o drama “La Fille Inconnue” (ou, no título internacional, “The Unknown Girl”), estrelado por Adèle Haenel, a jovem estrela francesa de “Lírios d’Água” (2007) e “Amor à Primeira Briga” (2014). Dois outros cineastas que já conquistaram a Palma de Ouro também estão de volta à competição. Vencedor pelo impactante “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” (2007), o romeno Cristian Mungiu apresenta “Bacalaureat”, enquanto o britânico Ken Loach, laureado por “Ventos da Liberdade” (2006), exibe “I, Daniel Blake”. A lista prestigiosa também tem diversas Palmas de Prata. O dinamarquês Nicolas Winding Refn, premiado no festival pela direção de “Drive” (2011), traz seu terror artístico “Neon Demon”, passado no mundo da moda e estrelado por Elle Fanning (“Malévola”), Bella Heathcote (“Orgulho e Preconceito e Zumbis”), Abbey Lee (“Mad Max: Estrada da Fúria”), Jena Malone (franquia “Jogos Vorazes”), Keanu Reeves (“De Volta ao Jogo”) e Christina Hendricks (série “Mad Men”). O espanhol Pedro Almodóvar, que recebeu de Cannes o troféu de Melhor Roteiro por “Volver” (2006), comparece com “Julieta”, drama sobre perda e abandono que acompanha uma mulher (interpretada em diferentes fases por Emma Suarez e Adriana Ugarte) ao longo de três décadas. O canadense Xavier Dolan, que venceu o Prêmio do Juri por “Mommy” (2014), revela “Juste la Fin du Monde” (título internacional: “It’s Only the End of the World”), seu primeiro longa estrelado por astros franceses. E que astros! O elenco inclui Léa Seydoux (“007 Contra Spectre”), Marion Cotillard (“Macbeth”), Vincent Cassel (“Em Transe”) e Gaspard Ulliel (“Saint Laurent”). O festival, claro, continua a destacar o cinema francês, e este ano selecionou quatro obras da “casa”. Olivier Assayas vai disputar a Palma de Ouro pela quinta vez com “Personal Shopper”, por coincidência outra história sobrenatural passada no mundo da moda (como “Neon Demon”), que volta a reunir o diretor com a atriz Kristen Stewart após o premiado “Acima das Nuvens” (2014). Nicole Garcia (“Um Belo Domingo”), por sua vez, concorre pela terceira vez com “Mal de Pierres” (“From the Land of the Moon”), que junta Marion Cotillard com Louis Garrel (“Dois Amigos”) num romance de época que atravessa gerações. Bruno Dumont, que já levou duas vezes o Grande Prêmio do Júri (por “A Humanidade”, em 1999, e “Flandres”, em 2006), compete com “Ma Loute” (“Slack Bay”), uma combinação de mistério gótico e romance gay juvenil passado no litoral francês em 1910, no qual Juliette Binoche (“Acima das Nuvens”) interpreta a matriarca de uma antiga família decadente. E Alain Guiraudie, vencedor da Mostra um Certo Olhar com “Um Estranho no Lago” (2013), traz “Rester Vertical” (“Staying Vertical”), cuja história está sendo mantida em sigilo. Além da já citada obra de Nicole Garcia, a competição terá mais dois filmes dirigidos por mulheres: o road movie “American Honey”, da inglesa Andrea Arnold, que venceu o Prêmio do Juri com “Aquário” (2009), e “Toni Erdmann”, um drama sobre relacionamento familiar da alemã Maren Ade, anteriormente premiada no Festival de Berlim por “Todos os Outros” (2009). O cinema americano, como sempre, também se destaca na seleção, comparecendo com três representantes. Sean Penn, que já foi premiado em Cannes como ator por “Loucos de Amor” (1997), dirige “The Last Face”, drama humanitário passado na África e estrelado por sua ex-mulher Charlize Theron (“Mad Max: Estrada da Fúria”). Jim Jarmusch, vencedor do Prêmio do Júri por “Flores Partidas” (2005), lança “Paterson”, em que Adam Driver (“Star Wars: O Despertar da Força”) é um motorista de ônibus poeta. E Jeff Nichols, que disputou a Palma de Ouro com “Amor Bandido” (2012), retorna com “Loving”, no qual Joel Edgerton (“Aliança do Crime”) e Ruth Negga (série “Agents of SHIELD”) vivem um casal inter-racial nos anos 1950. Outro cineasta bastante conhecido em Hollywood, o holandês Paul Verhoeven, que disputou a Palma de Ouro por “Instinto Selvagem” (1992), traz seu primeiro filme falado em francês, “Elle”, estrelado pela atriz Isabelle Huppert (“Amor”). Refletindo sua filmografia, o longa deve se tornar um dos mais comentados do festival pelo tema polêmico. Na trama, a personagem de Huppert é estuprada e fica fascinada pelo homem que a atacou, passando a persegui-lo. A seleção também inclui três cineastas asiáticos. O iraniano Asghar Farhadi, vencedor do Oscar por “A Separação” (2011) e premiado em Cannes por “O Passado” (2013), volta a lidar com seus temas favoritos, relacionamentos e separações, em “The Salesman”. O filipino Brillante Mendoza, também já premiado em Cannes pela direção de “Kinatay” (2009), traz o drama “Ma’ Rosa”, sobre uma família que possui uma loja de conveniência numa região pobre de Manilla. Por fim, o sul-coreano Park Chan-wook, que ganhou o Grande Prêmio do Juri por “Oldboy” (2003), conta, em “The Handmaiden”, um romance lésbico ambientado na Inglaterra vitoriana. É esta turma premiadíssima que o brasileiro Kleber Mendonça Filho irá enfrentar, com a exibição de “Aquarius” na mostra competitiva. Rodado em Recife, o filme também marca a volta de Sonia Braga ao cinema nacional, no papel de uma viúva rica em guerra contra uma construtora que quer desaloja-la do apartamento onde vive. O Brasil levou a Palma de Ouro apenas uma vez na história, com “O Pagador de Promessas”, em 1962. E o cinema nacional estava meio esquecido no festival. “Aquarius” interrompe um hiato de oito anos desde que uma produção brasileira competiu pela Palma de Ouro pela última vez – com “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas, em 2008. Por sinal, o país também está representado na disputa da Palma de Ouro de curta-metragem, com “A Moça que Dançou com o Diabo”, do diretor João Paulo Miranda Maria, incluído na competição oficial. Além da disputa da Palma de Ouro, o festival terá diversas mostras paralelas, que incluem a exibição do documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha (“Campo de Jogo”), programado na mostra Cannes Classics, dedicada a filmes clássicos e à preservação da memória e do patrimônio cinematográfico mundial. O filme vai concorrer ao prêmio L’Oeil d’Or (Olho de Ouro), entregue ao melhor documentário do festival, em disputa que se estende a todas as mostras. O júri deste ano conta com a participação do crítico brasileiro Amir Labaki, diretor do Festival É Tudo Verdade. A programação do festival ainda exibirá, fora de competição, a já citada nova comédia de Woody Allen, “Café Society”, a volta de Steven Spielberg (“Ponte dos Espiões”) ao cinema infantil, com “O Bom Gigante Amigo”, adaptado de uma história de Road Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”), o thriller financeiro “Jogo do Dinheiro”, de Jodie Foster (“Um Novo Despertar”), a comédia “Dois Caras Legais”, de Shane Black (“Homem de Ferro 3”), e o thriller “Herança de Sangue”, do francês Jean-François Richet (“Inimigo Público nº 1”), que marca a volta de Mel Gibson (“Os Mercenários 3”) como protagonista de filmes de ação. Sem mencionar dezenas de outras premières mundiais em seções prestigiadas como Um Certo Olhar, Quinzena dos Diretores, Semana da Crítica e Cine-Fundação.











