Anitta vira Netflix com lançamento de 10 clipes simultâneos
Anitta virou Netflix. A cantora lançou todos os clipes de seu novo álbum de uma vez, 10 vídeos simultâneos com as músicas do disco “Kisses”. A estratégia tinha sido ensaiada no EP “Solo”, no ano passado. Mas na época eram só três clipes – dirigidos por João Papa, que está de volta na nova leva. Agora é Beyoncé total – ou, como diriam os Titãs, tudo ao mesmo tempo agora – , chegando a usar o título de uma música da cantora americana (“Formation”) no refrão espanhol da faixa que abre sua nova temporada. A temporada completa revela uma grande variedade de estilos, parcerias, caras e línguas de Anitta, que vão de momentos supercoreografados ao despojamento absoluto – o batido clipe no estúdio de gravação. Há a assumida intenção de transformar o lançamento – seu primeiro álbum em quatro anos – em evento. E com colaborações tão disparatadas quanto Snoop Dogg e Caetano Veloso, não há como ignorá-lo. Mas, no fundo, o conjunto desperta mais monotonia que encantamento, já que soa pasteurizado, previsível, dos beijos em homens, mulheres e objetos cenográficos (que às vezes também são homens e mulheres), à produção musical linear, sem solavancos, sem o pancadão que faz tudo tremer, enterrando mensagens empoderadas (sensacional a inclusão do autoexame de mama) sob arranjos de pop de menininha. O álbum é trilíngue e parece dizer uma coisa só. Anitta quer fazer sucesso pop internacional, seguindo tendências populares, do reggaeton ao trap. Mas, sabe como é, a legítima tática Beyoncé total é lançar modas em vez de apenas segui-las. Assim, fica difícil concluir se os vestígios de originalidade sufocados em três músicas novas devem ser comemorados ou lamentados, já que são promessas cumpridas pela metade – meia “Banana”, semi “Atención” e quase uma “Onda Diferente”, com momentos, refrões, ganchos melhores que suas produções. Mais que as músicas genéricas, a versão Netflix de Anitta destaca a overdose expositiva da cantora, que no começo queria chamar atenção do público apenas uma vez por mês, com um lançamento diferente a cada 30 dias. Agora é Anitta o tempo todo, todo o tempo. Sua escalada foi tão rápida e vertiginosa que talvez não tenha percebido que uma “paradinha” também ajuda o público a não se cansar.
Anitta e Kevinho inauguram a era dos remakes de videoclipes
“Terremoto”, a parceria entre Anitta e Kevinho, ganhou clipe. E o curioso é que se trata de remake de outro clipe: feito para a música “I’m Still in Love With You”, de Sean Paul e Sasha, lançado em 2002. Com direção de João Papa, o vídeo teve a benção de Sean Paul, que autorizou as referências. E assim “Terremoto” pôde abalar as placas de paradigmas. Como as séries e filmes, clipes também passam a ter remakes. Claro que os fãs já gravam a si mesmos, há anos, imitando clipes de seus ídolos. Mas faltava uma produção oficial que assumisse a vontade de ser igual a quem veio antes. Uma fã famosa como Anitta para copiar o ídolo – até já esquecido, no caso. “Eu A-M-A-V-A esse clipe. A ideia surgiu porque planejamos esse lançamento há mais de um ano, mas sempre acontecia alguma coisa e precisávamos adiar. Demorou tanto para sair que decidimos fazer um remake (risos). Deu um trabalhão, mas ficou exatamente como queríamos. Espero que vocês gostem!”, disse Anitta em comunicado reproduzido por todo mundo. A cantora diz ter feito questão de reproduzir quadro a quadro as cenas da obra original de Director X (diretor também do sucesso “Work from Home”, do Fifth Harmony). Mas se são as mesmas cores, cenografia, figurino e detalhes coreográficos, por mais parecido que tenha ficado, a vibe resulta bem diferente. Simplesmente porque Anitta e Kevinho têm mais ginga que Sean Paul e Sasha, mesmo quando tentam repetir poses e passos do clipe original. Passa por funk/reggaton ser mais dançante que reggae tradicional. E isso se manifesta de forma ainda mais clara nas cenas que são exclusivas do vídeo nacional, gravadas fora do cenário inicial. Compare os dois vídeos abaixo.