Bolsonaro tenta forçar demissão de Regina Duarte
Após demitir ou levar à demissão seus dois ministros mais populares, Henrique Mandetta e Sergio Moro, agora Jair Bolsonaro se volta a outra integrante de sua equipe para quem prometeu “carta branca” e a quem recebeu no governo com elogios rasgados: a secretária de Cultura, Regina Duarte. O governo de Bolsonaro readmitiu nesta terça-feira (5/5) Dante Mantovani como presidente da Fundação Nacional de Arte (Funarte), uma das primeiras pessoas afastadas na época da posse da ex-atriz da Globo. Para quem não lembra, o olavista Dante Mantovani é o autor da seguinte pérola: “o rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo”. Ele informou à imprensa que foi sondado na semana passada para voltar ao cargo por um assessor do Palácio do Planalto. E que não sabe se Regina Duarte, supostamente sua chefe, foi ao menos avisada. Sua volta ao posto desautoriza a atriz. Ela acontece na véspera de uma reunião marcada (para quarta) entre Regina e o presidente, na qual, tudo indica, Bolsonaro espera que ela se demita. Ela também acontece duas semanas após o presidente mandar demitir o pesquisador Aquiles Brayner, indicado por Regina para a diretoria do Departamento de Livro, Literatura e Bibliotecas. Ele caiu apenas três dias após sua nomeação, sob pressão de perfis radicais nas redes sociais. Segundo Brayner, estes extremistas fazem um “grande complô para derrubar qualquer ação legítima no âmbito da cultura”. Regina Duarte também não conseguiu nomear seu favorito ao posto de número dois da secretaria, o gestor público e produtor Humberto Braga, que igualmente foi alvo de uma campanha nas redes sociais com acusações de ser um “esquerdista” tentando se infiltrar no governo. Empossada no cargo no começo de março, Regina Duarte enfrenta ataques e sabotagens diárias do presidente, do “gabinete do ódio” e seus (supostos) líderes extremistas Olavo de Carvalho e Carlos Bolsonaro, além de subalternos como Sérgio Camargo, o polêmico presidente da Fundação Palmares, que tem respaldo de Bolsonaro. Para assumir o cargo de secretária de Cultura, Regina atendeu a um pedido pessoal de Jair Bolsonaro e precisou encerrar sua relação contratual de mais de 50 anos com a rede Globo. Ela abriu mão de sua carreira, benefícios e um salário muito maior para atender ao apelo do presidente, acreditando em promessas que não foram cumpridas. Atualização: A repercussão da nomeação do presidente da Funarte foi tão grande que Bolsonaro mudou de ideia. Leia aqui. Entretanto, além de Mantovani, também foi nomeado Luciano Barbosa Querido, ex-auxiliar de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, para o cargo de número 2 da Funarte. Barbosa Querido trabalhou com Carlos na Câmara de Vereadores do Rio desde o início dos anos 2000 até o fim de 2017. A nomeação dele, publicada no “Diário Oficial da União”, foi assinada pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio. Ele também foi empossado no cargo sem consulta à Regina Duarte.
Bruno Barreto prepara documentário sobre bastidores da eleição de Bolsonaro
O cineasta Bruno Barreto (“Última Parada 174”) está produzindo e dirigindo “O Capitão”, um documentário sobre a escalada de Bolsonaro à presidência. Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o material reunido para a produção contém muitas imagens inéditas dos bastidores da campanha de Jair Bolsonaro e uma entrevista exclusiva de Gustavo Bebianno, dada seis dias antes dele morrer, contando fatos ainda não revelados de sua convivência com o presidente. Barreto registrou dezenas de horas de gravações exclusivas feitas durante o ano de 2018 no QG da campanha — a casa do empresário Paulo Marinho, no Rio de Janeiro. Previsto para estrear em 2021, o filme está atualmente sendo negociado com plataformas de streaming interessadas em sua distribuição.
Dinheiro que pode salvar indústria audivisual está bloqueado há 17 meses por Bolsonaro
Jair Bolsonaro já demonstrou claramente como gosta de governar: criando crises para causar paralisias setoriais. O caso mais dramático acontece na área da Cultura. Ao tomar posse em Brasília, ele transformou o MinC em Secretaria e a subordinou ao Ministério da Cidadania. Poucos meses depois, trocou tudo de novo, transformando a Cultura num apêndice do Ministério do Turismo. Só que “esqueceu” de completar totalmente a mudança, criando impasses no organograma que deixam a pasta numa espécie de limbo, dividida entre dois ministérios. Paralelamente, Bolsonaro também “esqueceu” de nomear representantes de comitês e agências, vetou renovações de leis de incentivo, impediu patrocínios de estatais e reduziu a importância do secretário especial da Cultura até transformá-lo num cargo figurativo e tapa-buraco. Aliados do presidente espalham nas redes sociais que a atual secretária, Regina Duarte, já estaria com os dias contados. Ela foi empossada sob ataques de bolsonaristas e, dois meses depois, ainda não terminou o processo de definir os novos chefes de fundações, museus, entidades, pastas, etc, devido a vetos daquele que teria lhe dado “carta branca”. Quando cair, quem assumir seu lugar provavelmente recomeçará todas as nomeações de novo, com nova “carta branca” de Bolsonaro. A repetição escancarada do método revela a tática de mudar tudo, o tempo todo, para que nada aconteça e ninguém faça coisa alguma. Esta paralisia por incompetência planejada tem acumulado uma fortuna nos cofres do governo. E ajudado a quebrar setores que Bolsonaro considera inimigos. Em crise desde antes da pandemia do novo coronavírus, graças à suspensão de fontes de verbas que dependiam de liberação estatal, a indústria audiovisual brasileira experimenta uma agonia sem precedentes. Enquanto isso, o governo deixa parado mais de R$ 700 milhões do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), que deveriam ter sido liberados no começo de 2019. O método das demissões em série, desorganização estrutural e sabotagem assumida fizeram com que o governo Bolsonaro levasse 12 meses para viabilizar a criação do comitê responsável por formular editais e gerir o FSA. E mesmo formado há cinco meses, o comitê ainda não se reuniu uma vez sequer para deliberar sobre a verba – sua função primordial. Por conta disso, o dinheiro que poderia salvar a indústria audiovisual do país está bloqueado há 17 meses sob o caos criado propositalmente pelo governo Bolsonaro. Embora a secretaria da Cultura tenha sido transferida para o Ministério do Turismo, o comitê gestor do FSA ainda está ligado, em seu organograma, ao Ministério da Cidadania. Essa é uma das confusões propositais que impedem o andamento de muitas medidas. São propositais, porque o presidente não faz nada para colocar ordem na situação, apesar de apelos de representantes do setor e provavelmente da própria Regina Duarte. Mas não há pressa. Para manter tudo parado, Bolsonaro só avança para dar ré. Outro exemplo dessa estratégia de rodar parafuso espanado materializa-se na iniciativa de nomear para a Ancine pessoas que o mercado jamais pressionaria para que assumissem logo suas funções. Bolsonaro indicou em fevereiro um pastor, Edilásio Barra, o Tutuca, e a produtora de um festival evangélico, Veronica Blender, para duas de três vagas que estão abertas na diretoria da Ancine desde o ano passado. Nomes sem nenhuma representatividade, quase nulidades no mercado, e até agora nenhum dos dois foi sabatinado pelo Senado. A situação de Blender é até pior. Sua indicação sequer foi enviada para análise pelo Planalto. Com tanta inércia, o dinheiro do FSA continua aplicado e rendendo juros. Estes juros não podem ser revertidos diretamente em novos projetos. Eles são remetidos ao Tesouro Nacional. Como a taxa Condecine, que gera o montante do FSA, não deixou de ser cobrada, os mais de US$ 700 milhões declarados, relativos a taxação da indústria audiovisual em 2018, já dobraram e começam a triplicar. Os números totais não foram revelados. Mas o governo deve ter mais de US$ 1,5 bilhão da indústria audiovisual bloqueados, enquanto o setor quebra. Como o comitê gestor não formula editais nem providencia a gestão dessa verba, a Ancine resolveu formular sua própria política para o dinheiro, propondo emprestar à juros para cineastas e produtores. O dinheiro, que deveria servir como investimento em fomento, viraria assim instrumento bancário. Só que até esse desvio de objeto – pode chamar de acinte – precisaria de aval do comitê gestor… Enquanto isso, a indústria segue quebrando, porque subestima Bolsonaro. Muitos ainda acham que é possível argumentar com o governo do “e daí?”. Já deveria ser evidente que o FSA só será liberado por via judicial.
TV Brasil é proibida de fazer homenagem à atriz Letícia Sabatella
Uma homenagem à atriz Letícia Sabatella, que aconteceria na TV Brasil no sábado passado, foi cancelada na véspera pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação), responsável pela programação do canal. Letícia Sabatella seria tema de uma edição do programa “Recordar é Viver”, que trataria da sua carreira, mas, um dia antes do programa ir ao ar, segundo a apuração do colunista Anselmo Goes, do jornal O Globo, houve uma ordem para que fosse tirado da grade. Em vez do programa sobre a atriz, acabou indo ao ar uma edição sobre o humorista Agildo Ribeiro (1932-2018). Procurada, a EBC informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai comentar o caso. Já Sabatella falou ao Globo na tarde desta quarta-feira (29/4), contando que não sabia da homenagem nem da proibição de sua exibição. Questionada sobre a ordem da EBC, ela disse acreditar “fortemente” que foi censura. “A vida de artistas e ativistas tem se tornado cada dia mais difícil e exigido bastante resistência de nossa parte”, comentou. A atriz tem um posicionamento político abertamente contrário ao governo Bolsonaro. Em 25 de março, ela publicou um post nas redes sociais com a frase “Não há álcool gel que limpe as mãos de quem digitou 17”, em referência ao número de Bolsonaro na eleição. “Esse revanchismo demonstra muito medo ou covardia e, por fim, a fragilidade de quem o exerce”, acrescentou. A notícia gerou revolta entre os artistas que lamentam o aparelhamento das instituições pelos bolsonaristas – um processo, ironicamente, igual ao que Bolsonaro condenava nos governos petistas. Um post no Instagram do coletivo 342Artes, liderado pela produtora Paula Lavigne, condenou a ação da EBC. “A democracia segue sendo desrespeitada por Bolsonaro. Vamos nos calar? Toda nossa solidariedade à Letícia”, diz a mensagem do grupo. A publicação foi compartilhada por artistas como Caetano Veloso, Daniela Mercury, Paula Burlamaqui, Dira Paes, Alinne Moraes, Letícia Colin, Bianca Bin, Nathalia Dill, Juliana Alves e Laila Garin. Ver essa foto no Instagram Absurdo! Programa em homenagem à @leticia_sabatella foi censurado da programação da TV Brasil e removido da grade na véspera da exibição. A Democracia segue sendo desrespeitada por Bolsonaro. Vamos nos calar ? Toda nossa solidariedade à Letícia. #342Artes #LeticiaSabatella #censuranuncamais Uma publicação compartilhada por 342 Artes (@342artes) em 28 de Abr, 2020 às 7:50 PDT
Panelaços contra Bolsonaro invadem até gravações de vídeos adultos
Os panelaços contra Jair Bolsonaro invadiram a pornografia internacional. Brian “Hunk Hands” Crabtree, que se apresenta no portal Pornhub como especialista em dar uma ajuda manual a mulheres, viaja o mundo gravando suas massagens íntimas, e no vídeo de sua passagem pelo Rio, ela chega a interromper uma sessão de sexo oral para perguntar, em inglês: “O que é esse barulho com um monte de gente batendo panelas e tampas?” “É [um protesto] contra o presidente”, explicou a mulher, que no vídeo tem o rosto encoberto. “Interessante”, ele responde. O vídeo adulto foi publicado no fim de semana e o som das panelas fica mais claro quando o casal sai no terraço do apartamento para gravar outra cena sexual. Apesar do barulho, eles não parecem se incomodar – nem com as panelas, nem com a possibilidade de serem vistos. O Brasil tem vivido diversos panelaços contra Bolsonaro. Como só os seguidores do presidente acreditam que a pandemia é uma gripezinha, as manifestações de protesto seguem as indicações do isolamento social, trocando as ruas pelo bater de panelas. E têm se intensificado cada vez mais. O que começou como manifestação contra a minimização da crise sanitária representada pelo novo coronavírus evoluiu para uma rejeição completa do governo. O panelaço mais recente aconteceu na sexta (24/4) durante o pronunciamento do presidente após a demissão do Ministro da Justiça Sérgio Moro.
Regina Duarte já teria percebido a roubada em que se meteu
Regina Duarte começa a perceber ter cometido o maior erro de seus 73 anos de vida. Há quase duas semanas em isolamento, em São Paulo, a secretária Nacional de Cultura estaria, segundo o colunista Anselmo Gois, de O Globo, cada vez mais impressionada com as pedras que estão colocando em seu caminho, em Brasília. A curta nota de Gois tem o título de “punhalada nas costas”. Empossada no cargo no começo de março, só agora ela conseguiu definir o número dois da secretaria. Mas não foi por falta de iniciativa. Desde o dia de sua posse, ela enfrenta ataques do gabinete do ódio e seus (supostos) líderes extremistas Olavo de Carvalho e Carlos Bolsonaro. Quem assumiu como seu braço direito foi o advogado Pedro Horta, que é bolsonarista confesso, após a preferência inicial da atriz, o gestor público e produtor Humberto Braga, ser alvo de uma campanha nas redes sociais que o acusava de ser um “esquerdista” tentando se infiltrar no governo. A secretária da Cultura teria tentado indicar outros “esquerdistas”, e um deles foi barrado pelo próprio presidente. Na semana passada, o pesquisador Aquiles Brayner, indicado para a diretoria do Departamento de Livro, Literatura e Bibliotecas, foi demitido apenas três dias após sua nomeação, também após pressão de perfis radicais nas redes sociais. Segundo Brayner, estes extremistas fazem um “grande complô para derrubar qualquer ação legítima no âmbito da cultura”. Ela também está tendo que engolir ataques de Sérgio Camargo, da Fundação Palmares, supostamente seu subordinado, que Bolsonaro não lhe deixa demitir. E o pesadelo se estende à indefinição das chefias do Iphan e a Funarte, dois dos mais importantes órgãos vinculados à pasta da Cultura. Para aceitar o convite de Bolsonaro para assumir a Cultura, a atriz encerrou sua relação contratual de mais de 50 anos com a rede Globo. Ela abriu mão de sua carreira, benefícios e um salário muito maior para atender ao apelo do presidente, acreditando em promessas de “carta branca” para montar sua equipe que não estão sendo cumpridas. As dificuldades têm paralisado a secretaria de Cultura, o que, tudo indica, seria o objetivo maior da atividade bolsonarista. Enquanto isso, Regina ouve queixa constante de artistas que clamam por apoio à classe, gravemente atingida pelo fim das atividades imposto pela pandemia de coronavírus. Segundo outra colunista da grande imprensa, Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo, ela tem recebido apelos de seus familiares para deixar o governo, que foram intensificados depois da demissão de Sergio Moro da Justiça. Essa campanha teria agradado Bolsonaro. A Folha apurou que ele disse a aliados que espera que parta da própria Regina uma decisão de deixar o governo. Para ajudar, ele teria dado carta branca para seus apoiadores aumentarem o tom das críticas contra a secretária. A ex-atriz chegou a dizer que considerava Bolsonaro incompreendido. Em menos de dois meses no governo, já pode tê-lo compreendido o suficiente para se lamentar.
Bolsonaro vira sinônimo de burro em série da Netflix
Lançada na Netflix na quinta-feira passada (23/4), a 3ª e última temporada da série mexicana “La Casa de Las Flores” usou o sobrenome da família Bolsonaro como sinônimo de “burro”. A ofensa acontece no quinto episódio, durante uma discussão entre a personagem Paulina de la Mora (papel de Cecília Suarez) e Diego Olvera (Juan Pablo Medina). Na cena, ela grita para o homem: “Cale a boca! Você é burro? Você é do Alabama [estado norte-americano]? Seu sobrenome é Bolsonaro ou o quê?”. A Netflix não substituiu o sobrenome do presidente na legenda oficial. A frase apenas reflete o que diversas publicações internacionais têm dito sobre Jair Bolsonaro desde que ele culpou Leonardo DiCaprio por incêndios na Amazônia. Comédia de flertes dramáticos, “La Casa de Las Flores” acompanha uma família de classe alta cheia de segredos. A série começa com o patriarca levando os filhos que teve com uma amante para a sua família — que não sabia de nada.
Ancine quer transformar verba de fomento do audiovisual em empréstimo bancário
A diretoria da Ancine (Agência Nacional de Cinema) aprovou na quarta-feira (22/4), uma proposta de transformação do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) num fundo de empréstimos destinados a cinemas e empresas de audiovisual. A justificativa é ajudar as atividades economicamente impactadas pela quarentena do coronavírus. Os empréstimos fornecidos pela Ancine teriam como objetivo manter o giro de capital de empresas do setor, que tiveram as portas de estabelecimentos fechadas em todo o Brasil em março. Congelado há um ano e meio, desde a posse de Jair Bolsonaro, o FSA poderia possuir mais de R$ 1,5 bilhão em caixa, pois a verba prevista para 2019 representava metade desse valor e a de 2020 não foi apresentada – antes de Bolsonaro, o FSA era liberado para projetos no início de cada ano, repartindo montante referente à cobrança fiscal do ano anterior. O dinheiro atual está parado desde 2018. De fato, o descaso com o FSA é tão grave que a justiça chegou a dar ganho de causa, em primeira instância, para as empresas de telecomunicação deixarem de pagar o Condecine. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) suspendeu um pagamento de R$ 742,9 milhões à Ancine, que deveria ter sido alocado em março para o fomento de obras de 2020. A Ancine poderia contra-argumentar que esse dinheiro representaria empregos, já que seria destinado a novas produções, mas, como está sentada sobre montante igual há 17 meses, precisou ouvir de uma desembargadora que cobrar esse dinheiro poderia custar, justamente, empregos no setor. Para sorte da agência estatal, a decisão foi barrada pelo STF, mas o Congresso permitiu seu parcelamento a longo prazo. O Condecine é a taxa setorial que alimenta o FSA. Cobrada junto à indústria de telefonia e audiovisual, significa, textualmente, Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional. Pela lei, as empresas audiovisuais têm seu lucro taxado para ajudar a produzir novos conteúdos e assim fazer crescer todo o setor, funcionando tanto como fomento como regulação. Quando as produções financiadas pelo FSA são bem-sucedidas, a Ancine recupera o dinheiro e participa de seus lucros, que retornam para o mercado por meio de novos fomentos. Quando fracassam, a Ancine assume o prejuízo. Afinal, o objetivo não é dar dinheiro para o Estado e sim para a Cultura. A proposta atual, porém, transforma o dinheiro do fomento em empréstimo bancário, “na forma da criação de linhas de crédito com prazos (carência e pagamento) e juros adequados, conforme pactuado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”. As aspas são de documento da própria Ancine. Há pontos positivos, já que exibidores de pequeno porte teriam acesso não reembolsável a recursos do FSA. Além disso, o BNDES também suspenderia a cobrança de parcelas de dívidas feitas por essas companhias antes do período da quarentena da covid-19. Mas “emprestar” à juros não é o objetivo da arrecadação do Condecine. Para piorar, esses “rendimentos das aplicações realizadas pelos agentes financeiros durante o período de custódia dos recursos do FSA” não seriam automaticamente acrescidos ao FSA. Os valores – que se juntam ainda sos juros de 17 meses de investimentos da verba paralisada e retornos financeiros de blockbusters – entrariam no Tesouro Nacional, aguardando nova fase burocrática para retornar ao FSA – uma exigência do TCU (Tribunal de Contas da União) para identificar cada montante. De todo modo, essa proposta financista precisa ser aprovada pelo Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual (CGFSA), responsável por liberar a verba. E o detalhe é que, desde a posse de Bolsonaro, o CGFSA só fez uma reunião – em dezembro passado – e ainda nem sequer estabeleceu os critérios para a aplicação de recursos do FSA referentes ao plano anual de investimentos de… 2018. Vale lembrar, ainda, que a crise dos cinemas poderia ser amenizada com uma ação do Congresso, ao derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro à Lei do Audiovisual, que inclui o Recine, projeto de incentivo ao parque exibidor.
Carlos Vereza rompe com Bolsonaro: “Não dá mais”
O ator Carlos Vereza, que chegou a ser cotado para a secretaria de Cultura, rompeu publicamente com o presidente Jair Bolsonaro. Um dos maiores defensores de Bolsonaro na classe artística, Vereza fez críticas à postura do presidente em relação ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e anunciou que “tirou o time”, abandonado Bolsonaro. Numa série de postagens, o ator defendeu a atuação de Mandetta e a política de isolamento social, e rebateu o presidente, que prega o contrário, acusando-o de tentar “fritar” o ministro. A quarentena defendida pela ministro vem sendo constantemente criticada por Bolsonaro, que ontem, em entrevista à radio Jovem Pan, disse que vem “se bicando” com Mandetta, afirmando que falta “humildade” ao auxiliar. Vereza escreveu nas redes sociais que “o número de mortes no país não está maior porque as pessoas estão se preservando em casa”. E acrescentou: “Obrigado Mandettta”. Em seguida, ele repreendeu o presidente. “A mesma fritura de sempre: Bolsonaro agitando seus apoiadores radicais preparando o ambiente para demitir Mandetta”. Ele detalhou como o presidente abusa deste expediente: “Essa estratégia de vitimização de Bolsonaro esgotou-se pela repetição, tornou-se previsível, e portanto cansativa. Sempre elege um inimigo, seja real ou imaginário. Assim mantém seus radicais aficionados em constante tensão como se estivesse em clima de campanha permanente. E, ai de quem, em sua equipe, comece a destacar-se pela competência: é fritado e expelido sem remissão; e ele sempre vitimizado, ‘traído’ por aqueles em ‘quem tanto confiou'”. Em outro post, o ator tentou justificar seu apoio ao governo, apenas para anunciar o rompimento: “Estava tentando defender Bolsonaro, não tanto por ele, mas pela normalidade das instituições. Mas ele desautorizar publicamente o ministro da saúde por ciúmes, não dá mais: tirei o time”. Ele também anunciou que vai encerrar suas postagens abertas ao público na rede social. Na ocasião da posse de Regina Duarte na secretaria da Cultura, Vereza disse que tinha sido convidado pela ex-atriz a integrar o governo. “Fui convidado. Vou dar uma pensada. Eu não sei para qual cargo, acho que é para falar besteira”. Já Regina continua endossando o discurso do presidente em suas redes. Além de fazer postagens sobre os riscos da quarentena para a economia, marca dos discursos de Bolsonaro contra o isolamento social, ela também postou um meme de apoio ao presidente e, nesta sexta (3/4), publicou uma mensagem conclamando “jejum nacional” no domingo (5/4) contra o coronavírus. Curiosamente, a publicação ficou pouco tempo no ar, sendo removida após alguns minutos.
Julia Lemmertz detona Regina Duarte por espalhar meme bolsonarista
A secretária de Cultura Regina Duarte manifestou seu bolsonarismo assumido no Instagram ao republicar um meme defendendo Jair Bolsonaro das críticas, que vem recebendo de todos os setores da sociedade brasileira pelo negacionismo e falta de capacidade de governar diante da pandemia de coronavírus. O meme reproduzido nesta quinta (2/4) por vários adeptos do apocalipse now diz: “Triste realidade, Bolsonaro enfrenta uma barreira para governar, enquanto governos anteriores tiveram liberdade para roubar e para saquear o nosso país. Eu apoio Bolsonaro”. A mensagem recebeu apoios de outros bolsonaristas convictos e críticas eloquentes do resto da humanidade. Entre elas, a primeira bordoada contundente sofrida por Regina de uma ex-colega de novelas. A atriz Julia Lemmertz detonou a postagem da ex-atriz de forma enfática. “Você defende esse despreparado que pede ao povo pra voltar às ruas, para que se contaminem e adoeçam também suas famílias que ficaram em casa?”, questionou Julia. “Onde está a sua lucidez, a sua capacidade de discernimento? Isso não tem a ver com política, mas com humanidade, sendo ele responsável por uma nação que ele deveria proteger”, acrescentou. No fim de semana passado, ao completar 90 anos, o ator Lima Duarte, com quem Regina formou par na novela “Roque Santeiro”, comentou a relação da ex-atriz com Bolsonaro da seguinte forma: “Chapeuzinho Vermelho se encantou pelo Lobo Mau”. Nesta semana, a atriz já teve uma postagem do Instagram bloqueada por conter informação falsa. Nesse ritmo, Regina pode precisar encomendar seu próprio meme da série “Eu acredito em duendes” da fábrica do gabinete do ódio.
Instagram marca post de Regina Duarte como informação falsa
O Instagram marcou uma publicação da secretária especial da Cultura, Regina Duarte, informando que parte do conteúdo da postagem era falso. Regina postou há três dias uma imagem do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mencionando a liberação da cloroquina para o tratamento da Covid-19. “Liberação da cloroquina/hidroxicloroquina pela Anvisa, já com posologia para tratamento da Covid-19”, diz o texto. O Instagram colocou um aviso dizendo que a informação é parcialmente falsa e afirmou que “a autorização concedida pela Anvisa foi para pesquisa com hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19”. Segundo a rede social indica, a informação foi verificada pela AFP América Latina. Procurada pela imprensa, Regina Duarte afirmou, via assessoria, que não ia comentar. Ela apagou o post, mas o registro do bloqueio pode ser conferido abaixo. Após pressão da sociedade civil, devido à ampliação do perigo representado por fake news durante a pandemia de coronavírus, Twitter, Instagram e Facebook têm apertado o cerco contra publicações falsas ou enganosas. Até o presidente Jair Bolsonaro foi “alvo”. No domingo passado (29/3), o Twitter deletou duas publicações feitas na conta de Bolsonaro “por violação às normas da rede social”, exemplo seguido também pelo Instagram e pelo Facebook, que censuraram a tentativa do presidente de – não há mais como dizer isso de modo polido – enganar e colocar em risco a população brasileira. Nesta quarta-feira, 1 de abril, data popularmente conhecida como Dia da Mentira, Bolsonaro publicou nova fake news em sua conta no Twitter, utilizando informação falsa para atacar governadores e prefeitos. Após o vídeo de sua suposta denúncia de desabastecimento ser prontamente desmentido, o post foi apagado.
Gabriela Duarte contradiz mãe Regina Duarte e pede pras pessoas ficarem em casa
Contradizendo radicalmente sua mãe, a atriz Gabriela Duarte resolveu defender de forma clara a quarentena e o isolamento social em meio à pandemia de coronavírus. Na semana passada, Regina Duarte, secretária de Cultura do governo Bolsonaro, fez uma publicação endossando as declarações do presidente e questionando as medidas de isolamento. Ela chegou a sugerir que quem defende ficar em casa é egoísta. Já Gabriela postou uma foto no Instagram justamente com a mensagem “fique em casa”. “Todo meu respeito e gratidão aos profissionais que não podem ficar em casa (da saúde, limpeza pública, caminhoneiros, e todos aqueles que não podem parar…) mas, se você pode…. FIQUE EM CASA! #ficaemcasabrasil”, escreveu. Compare o tom destoante das duas mensagens abaixo. Ver essa foto no Instagram QUER FICAR EM CASA ? Você quer ficar em casa? TáOk! Mas vc exige um frentista e posto de combustível aberto pra vc sair com seu carro em qquer emergência … Você quer ficar em casa? Mas vc. exige o Mercado aberto com atendentes, senão sem alimentos você surta! Quer ficar em casa? Mas quer que o porteiro do seu prédio e o zelador estejam trabalhando! Quer ficar em casa? Mas precisa de dinheiro e quer o bancário de plantão no banco pra resolver seu problema! Quer ficar em casa? Mas tem motoristas e cobradores de ônibus trabalhando pra transportar quem precisa de transporte! Quer ficar em casa? Mas o farmacêutico e balconista tem que estar lá pra te servir, né!? Quer comprar pão? Padaria aberta !!! Quer ficar em casa? Claro, mas Deus o livre se o caminhoneiro parar! Em casa sim, mas com a coleta de lixo em dia pelos garis! Quer ficar em casa? A vida dos outros vale menos que a sua? Por quê ? Porquê eles são obrigados a trabalhar pro seu conforto mesmo num momento de crise desse, e vc não? Isolamento social sim, mas pra grupos de risco, claro! *PRECAUÇÃO , SIM ! CUIDADOS conscientes , SIM , de TODOS PARA TODOS ! Brasil acima de tudo , Deus acima de todos ! Uma publicação compartilhada por Regina (@reginaduarte) em 25 de Mar, 2020 às 2:20 PDT Ver essa foto no Instagram Todo meu respeito e gratidão aos profissionais que não podem ficar em casa( profissionais de saúde, limpeza pública, caminhoneiros, e todos aqueles que não podem parar…) mas, se vc pode….. FIQUE EM CASA 🙏🏼#ficaemcasabrasil Uma publicação compartilhada por gabriela duarte (@gabidu) em 26 de Mar, 2020 às 4:44 PDT
Fernanda Paes Leme diz que sintomas de coronavírus pioraram e critica Bolsonaro
Em quarentena após ser diagnosticada com coronavírus, a atriz Fernanda Paes Leme (“Cinderela Pop”) informou pelo Instagram que piorou durante esta madrugada. E aproveitou para fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro por tratar a pandemia como uma “gripezinha”. Em uma live, a atriz revelou que não conseguiu dormir após sofrer com dores de barriga e vômito na noite de passada (24/3). “Estou acordando agora porque eu não dormi a noite inteira. Fui pega de surpresa por uma piora e passei muito mal a noite. Isso tem acontecido com alguns pacientes que no final dão uma piorada. Me assustou porque eu estava me sentindo muito bem e agora não estou tão bem assim. Tive muitas dores na barriga, vômito e eu achando que estava acabando. Faltam dois dias para mim”, contou. Fernanda Paes Leme também criticou o discurso feito na televisão pelo presidente Jair Bolsonaro. A atriz pediu para seus seguidores ignorarem o político. “Ainda para piorar escutamos essas besteiras que o presidente fala. Continuem lavando as mãos, se cuidando e não ouvindo o presidente, por favor”, afirmou. Ela reforçou sua posição com um post sobre o assunto no Instagram, em que chama Bolsonaro de “totalmente irresponsável e despreparado”. Veja abaixo. Ver essa foto no Instagram O presidente é totalmente irresponsável e despreparado pro cargo que ocupa!!! Se puder, fique em casa!!! . Arte @milqf Uma publicação compartilhada por Fernanda Paes Leme (@fepaesleme) em 25 de Mar, 2020 às 8:44 PDT










