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Estrelas do cinema francês cortam cabelos em apoio às mulheres do Irã
As atrizes Juliette Binoche (“A Escada”), Isabelle Huppert (“Elle”) e Marion Cotillard (“Aliados”) estão entre as mais de 50 artistas francesas que cortaram seus cabelos em apoio aos protestos que estão acontecendo no Irã. Um vídeo compilando as cenas dos cortes foi postado no perfil Soutien Femmes Iran (Apoiar as Mulheres Iranianas) no Instagram. Além delas, as atrizes Isabelle Adjani (“Possessão”), Berenice Bejo (“O Artista”), Laure Calamy (“Minhas Férias com Patrick”), Julie Gayet (“O Genro da Minha Vida”), Alexandra Lamy (“De Carona para o Amor”), Charlotte Gainsbourg (“Ninfomaníaca”) e sua mãe Jane Birkin (“A Bela Intrigante”), a veterana Charlotte Rampling (“45 Anos”), as cantoras Angele e Pomme e a cineasta Marjane Satrapi (“Persepolis”) também aparecem cortando seus cabelos em forma de apoio – entre muitas outras. O corte de mechas é simbólico, porque foi isso que causou a morte de Mahsa Amini, incidente que ganhou notoriedade mundial. Amini morreu sob custódia policial em 16 de setembro, após ser presa por não usar seu hijab adequadamente de acordo com as rígidas leis religiosas do país, e por permitir que algumas mechas de cabelo escapassem. Segundo a polícia, ela morreu de ataque cardíaco. Porém, testemunhas oculares e pessoas que foram detidas com ela relataram que Amini foi espancada pelos agentes da polícia moral iraniana. Ao redor do mundo, inúmeras mulheres estão cortando uma mecha de cabelo e postando o ato nas redes sociais, como solidariedade às iranianas submetidas ao controle rígido governo islâmico. As imagens das atrizes cortando os seus cabelos são embaladas por uma versão persa da famosa música de protesto “Bella Ciao”, cantada pela artista iraniana Gandom. “Desde a morte de Mahsa em 16 de setembro, o povo iraniano, liderado por mulheres, vem protestando com risco de vida. Essas pessoas só esperam ter acesso às liberdades mais essenciais. Essas mulheres, esses homens, estão pedindo nosso apoio”, diz a legenda do vídeo. “Sua coragem e dignidade nos obrigam [a agir]. É impossível não denunciar repetidas vezes esta terrível repressão. Houve dezenas de mortes, incluindo crianças. As prisões estão aumentando o número de prisioneiros já detidos ilegalmente e muitas vezes torturados. Decidimos responder ao chamado que nos foi lançado cortando algumas dessas mechas.” Recentemente a atriz e cineasta Angelina Jolie (“Malévola”) também divulgou o seu apoio às mulheres iranianas. Além disso, também foi publicada uma carta aberta assinada por mais de mil figuras do mundo do cinema francês, apoiando os protestos no Irã. Entre as signatárias da carta estão as cineastas Catherine Corsini (“A Fratura”), Alice Diop (“Saint Omer”), Audrey Diwan (“O Acontecimento”), Julia Ducournau (“Titane”), Eva Husson (“Filhas do Sol”), Alice Winocour (“A Jornada”) e Rebecca Zlotowski (“A Prima Sofia”). Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por SOUTIEN FEMMES IRAN (@soutienfemmesiran)
Isabelle Adjani é investigada por suspeita de fraude
A atriz francesa Isabelle Adjani (“A História de Adele H.”) está sendo investigada formalmente por uma suposta fraude relacionada a sua produtora desde outubro de 2020. A informação é do jornal francês Libération. Segundo a publicação, a investigação surgiu a partir de uma queixa apresentada por um ex-sócio de negócios identificado como Sebastien G. O caso remonta a 2011, quando Adjani contratou Sebastien G. como consultor de estratégia para ajudá-la a administrar sua produtora, a Isia Films. O consultor supostamente obteve uma linha de crédito para Adjani e um cartão American Express no qual recebeu uma cobrança de 364 mil euros em um período de 13 meses. O consultor disse que foi demitido dias depois de pegar o cartão de volta e ressaltou ainda que emprestou a ela 157 mil euros, que não foram pagos. Depois que ele conseguiu apreender alguns bens de Adjani para quitar as dívidas, ela entrou com uma ação acusando-o de abuso de bens corporativos. O caso acabou sendo arquivado. Mas o ex-funcionário não desistiu da cobrança, abrindo uma queixa na polícia em que acusa a atriz de ter apresentado recibos falsos de pagamento do valor que ela lhe devia. A denúncia também envolve Mimi Marchand, chefe da agência de notícias Bestimage, que supostamente ajudou Adjani a produzir esses recibos de pagamento. Assim que a investigação formal for concluída, um juiz decidirá se o caso é substancial o suficiente para ir a julgamento. Duas vezes indicada ao Oscar, Isabelle Adjani estreia nesta semana na França o filme “Peter von Kant”, dirigido por François Ozon. O longa pode ser visto atualmente no Brasil como parte da programação no Festival Varilux.
Isabelle Adjani vai estrelar nova adaptação de As Lágrimas Amargas de Petra von Kant
François Ozon, um dos cineastas mais prestigiados da França, vai filmar uma nova adaptação de “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”, peça de Rainer Werner Fassbinder que o próprio diretor alemão filmou em 1972. E para desempenhar o icônico papel-título, ele escalou a veterana estrela Isabelle Adjani (“Camille Claudel”, “A Rainha Margot”). O filme original trazia Margit Carstensen no papel de Petra von Kant, uma proeminente estilista lésbica com tendências narcisistas e sádicas. Mas não está claro se a produção de Ozon, intitulada apenas “Petra von Kant”, será uma adaptação literal da peça, pois, segundo o site francês Satellifax, o diretor também escalou Denis Menochet (astro de “Custódia”, que trabalhou com Ozon em “Dentro de Casa”) como Fassbinder, enquanto Adjani viveria sua musa. Ozon já filmou com sucesso uma peça de Fassbinder, “Gotas d’Água em Pedras Escaldantes”, que venceu o Teddy, prêmio LGBTQ do Festival de Berlim, no ano 2000. As gravações de “Petra Von Kant” vão começar nesta semana. Veja abaixo o trailer do relançamento remasterizado do filme de 1972 para a Criterion Collection.
Andrzej Zulawski (1940 – 2016)
Morreu o diretor polonês Andrzej Zulawski, dos cultuados “O Importante É Amar” (1975) e “Possessão” (1981). Ele faleceu em consequência de um câncer, aos 75 anos de idade, informou seu filho, o também cineasta Xawery Zulawski, pelo Facebook. Zulawski nasceu em 1940 na cidade polonesa de Lwów – que após a 2ª Guerra Mundial foi rebatizada de Lviv e anexada à Ucrânia. Ele estudou cinema em França no final dos anos 1950 e iniciou a carreira como diretor assistente do célebre cineasta polonês Andrzej Wajda, trabalhando no potente drama do holocausto “Samson, a Força Contra o Ódio” (1961), na antologia romântica “O Amor aos 20 Anos” (1962) e no épico napoleônico “Cinzas e Diamantes” (1965). A qualidade de seu trabalho acabou chamando atenção do ucraniano Anatole Litvak, já estabelecido em Hollywood, que o convidou a auxilia-lo nas filmagens do clássico de guerra “A Noite dos Generais”, filmado na Polônia com muitos astros ingleses, como Peter O’Toole, Tom Courtenay e Donald Pleasence, além do egípcio Omar Shariff, em papeis de militares nazistas. Com a experiência adquirida, dirigiu seu primeiro longa-metragem em 1971, “A Terça Parte da Noite”, passado durante a ocupação nazista da Polônia, mas com tom bem diferente das obras em que foi assistente. A perseguição de um homem fugitivo, que tem a família exterminada, assumia com Zulawski contornos de terror, com direito a visões alucinógenas. O tema da descida à loucura repetiu-se em “O Diabo” (1972), passado durante a invasão da Polônia pela Prússia no final do século 18. Mas a violência do protagonista, que disfarçava uma metáfora sobre como a Polônia vinha sendo tratada por invasores ao longo dos séculos, fez o filme ser proibido pelas autoridades comunistas. A proibição levou o cineasta a buscar exílio na França, onde realizou, em 1975, aquela que é considerada a sua obra-prima, “O Importante É Amar”, melodrama estrelado pela austríaca Romy Schneider. História de um triângulo amoroso, o longa mostra uma atriz no ponto mais baixo da sua carreira, filmando obras eróticas, quando um fotógrafo apaixonado resolve lhe ajudar, financiando, com dinheiro de agiotas, uma produção teatral para ela estrelar. O gesto a comove, mas ela é casada e se vê dividida. Romy Schneider, que venceu o César (O Oscar francês) pelo papel, dizia que “O Importante É Amar” foi o melhor filme de sua carreira, repleta de clássicos. Depois das performances à beira da histeria de “O Importante É Amar”, Zulawski buscou novos excessos com seu filme seguinte, “Possessão” (1981). Novamente demandando uma grande performance de sua protagonista, o diretor filmou Isabelle Adjani entre cenas grotescas e escatológicas. Na trama, após pedir divórcio de seu marido, o comportamento da sua personagem se torna cada vez mais errático. Até que as suspeitas de infidelidade revelam algo muito pior, com o clima alucinatório atingindo níveis apocalípticos. O terror contou também com uma coincidência importante: dois meses antes, o ator Sam Neill tinha interpretado Damien Thorne em “A Profecia 3”. Ele era o marido traído, mas também a besta apocalíptica do novo horror, que surgia inicialmente como um monstro amórfico, fazendo sexo com Adjani. A entrega da atriz às situações bizarras acabou recompensada com o César, além de um prêmio no Festival de Cannes. “Possessão” foi um filme nascido do aborto de outro. Consagrado com “O Importante É Amar”, Zulawski tentou voltar a filmar na Polônia em 1977. Mas a produção de “Globo de Prata” foi interrompida pelos comunistas e parte dos negativos se perdeu, levando o diretor a voltar à França para extrapolar em “Possessão”. Entretanto, Zulawski completaria aquele filme interrompido em 1988, usando narração em off para cobrir a ausência das cenas desaparecidas. Os filmes seguintes de Zulawski mantiveram-se fiel a seu estilo exagerado e controverso, atraindo sempre grandes atrizes dispostas a se arriscar, como Valérie Kaprisky, em “A Mulher Pública” (1984). Como um jovem atriz inexperiente, sua personagem é convidada a desempenhar um papel em um filme baseado em, claro, “Os Possessos”, de Dostoievski. Mas o diretor passa a tomar conta de sua vida pessoal, e em pouco tempo ela se torna incapaz de identificar a diferença entre o filme e a realidade. Logo após se casar com Sophie Marceau, Zulawski a escalou em “A Revolta do Amor” (1985), livremente adaptado de “O Idiota”, de Dostoievski, colocando-a como vértice de um triângulo amoroso estranho e trágico, que envolve seu namorado ladrão e o idiota que o segue por todo o lado. O casamento rendeu mais três filmes com a atriz, “Minhas Noites São Mais Belas que Seus Dias” (1989), “A Nota Azul” (1991) e “A Fidelidade” (2000). Este último lidava com a questão do amor e a fidelidade e, sintomaticamente, antecipou a separação do casal, que se divorciou no ano seguinte. Além de dar imagens a suas obsessões amorosas, Zulawski também era apaixonado pela arte, o que rendeu várias adaptações e referências a grandes autores – de Dostoievski a Andy Warhol, celebrado em “A Fidelidade”. Mas ele também filmou referências mais diretas, como “Boris Godounov” (1989), a gravação da famosa ópera de Modest Mussorgsky sobre os eventos trágicos do governo do czar Boris no século 17 – repleto de anacronismos para incluir críticas à União Soviética – e “A Nota Azul”, sobre os últimos dias de Chopin. Com o fim da União Soviética, ele fez uma nova tentativa de filmar na Polônia, trabalhando sobre um roteiro da escritora feminista Manuela Gretkowska. O título “Szamanka” (1996) significa xamã em polonês, e há a múmia de um xamã na história, mas a trama gira realmente em torno de uma jovem (a estreante Iwona Petry), conhecida apenas como “a italiana”, que exerce um fascínio irresistível sobre os homens. Totalmente amoral, ela faz o que lhe dá na telha e ninguém consegue recusá-la, especialmente o professor de antropologia que lhe aluga um quarto. Como de praxe, não faltam visões, que culminam num desfecho canibal. Mesmo após a queda do comunismo, o filme incomodou o governo polonês, que só permitiu exibições noturnas, enquanto a crítica local o taxou como “O Último Tanto em Varsóvia” pelo forte conteúdo sexual. Mas após lançar seu filme seguinte, “Fidelidade”, a separação de Marceau abalou seu processo criativo, fazendo-o se afastar do cinema por 15 anos, período em que se dedicou à literatura e expressou sua desilusão e desgosto pelo estado do cinema atual. “Fui o último aluno destes dinossauros que admirei, Bergman, Fellini, Kurosawa, Welles, Stroheim, Peckinpah… O cinema que queria fazer não existe mais, a voz extinguiu-se. A inteligência abandonou o argumento e a realização para se refugiar na tecnologia. Para mim, acabou”, ele escreveu em 2004. Apenas a proximidade da morte o fez retornar à ativa, com o lançamento de “Cosmos”, seu último filme, em 2015. Adaptação do romance homônimo de Witold Gombrowicz, “Cosmos” acompanhava dois amigos que chegavam numa casa de campo, onde encontram sinais misteriosos e assustadores. A obra rendeu a Zulawski o prêmio de Melhor Diretor do Festival de Locarno, o mais importante reconhecimento de sua carreira, com o qual se despediu, no exato momento em que o filme começa a ganhar “vida” no circuito exibidor.




