Morre o cartunista Jaguar, fundador do Pasquim, aos 93 anos
Criador do ratinho Sig e voz irreverente do jornal satírico, ele estava internado com pneumonia no Rio de Janeiro
Mauricio de Sousa critica uso de inteligência artificial para imitar Turma da Mônica
Estúdio do artista destaca proteção legal das criações e defende IA como ferramenta de apoio, não substituição artística
Julio Andrade surge transformado nas gravações da minissérie sobre Betinho
A Globo divulgou a primeira imagem de Julio Andrade (“Sob Pressão”) como Betinho, marcando o começo da produção da minissérie biográfica sobre a vida do sociólogo e ativista Herbert José de Sousa (1935-1997). Além de passar por uma transformação visual, com ajuda de maquiagem, Julio Andrade perdeu 7kg para o papel. Ainda sem título divulgado, a minissérie vai retratar a luta de Betinho contra a fome no Brasil. A produção também contará com Humberto Carrão (“Rota 66: A Polícia que Mata”) e Ravel Andrade (“Reality Z”), que é irmão de Julio na vida real, nos papéis dos irmãos de Betinho, o cartunista Henfil e o violonista Chico Mário. A mãe dos três será vivida por Marieta Severo (“A Grande Família”), na maturidade, e Silvia Buarque (“Reza a Lenda”), na juventude. O elenco da atração também destaca Andréia Horta (“Elis”) no papel de Nádia Rebouças, publicitária que trabalhou com Betinho na ONG Ação da Cidadania. Desenvolvido pela AfroReggae Audiovisual, a produção começou a ser gravada nessa semana com direção geral de André Felipe Binder (“Aruanas”). Ainda não há previsão de estreia.
Marieta Severo será mãe de Betinho em série da Globo
Duas semanas após encerrar seu contrato de 39 anos com a Globo, a atriz Marieta Severo (“A Grande Família”) voltou a ser chamada pela empresa para participar de uma nova atração da Globoplay. Ela será a mãe do sociólogo Herbert José de Sousa (1935-1997), o Betinho, numa minissérie sobre a luta dele contra a fome no Brasil. Marieta interpretará Maria Figueiredo Souza, que também foi mãe do cartunista Henfil e do violonista Chico Mário. O papel do protagonista está a cargo de Julio Andrade (“Sob Pressão”), enquanto Humberto Carrão (“Rota 66: A Polícia que Mata”) encontra-se escalado como seu irmão Henfil. Para completar, Ravel Andrade (“Reality Z”), que é irmão de Julio, interpretará Chico Mário, o caçula da família. O elenco da atração também destaca Andréia Horta (“Elis”) no papel de Nádia Rebouças, publicitária que trabalhou com Betinho na ONG Ação da Cidadania. Desenvolvido pela AfroReggae Audiovisual, a produção começa a ser gravada em 4 de dezembro com direção geral de André Felipe Binder (“Aruanas”). Ainda não há previsão de estreia.
Daniel de Oliveira será Henfil em série da Globo
O ator Daniel de Oliveira (“Aos Teus Olhos”) foi escalado para o elenco de “Betinho”, série sobre o sociólogo Herbert de Souza (1935-1997). Na trama, ele interpretará Henfil (1944-1988), irmão de Betinho e cartunista famoso, criador dos Fradinhos, da Graúna e do bode Orelana, que morreu após se contaminar com Aids devido a uma transfusão de sangue. Para dar vida a Henfil, o ator terá de perder peso ao longo das filmagens. Ele passou por processo semelhante quando encarnou Cazuza no longa-metragem sobre o cantor, “O Tempo Não Para”, de 2004. “Betinho” terá direção do cineasta Sérgio Machado (“Tudo Que Aprendemos Juntos”), produção da AfroReggae Audiovisual com a Formata, e trará Julio Andrade (“Sob Pressão”) como protagonista. A trama contará a luta do sociólogo contra a fome no país e pela defesa dos direitos humanos, lembrando suas ações solidárias. O elenco contará ainda com Lázaro Ramos (“Mister Brau”), Natália Lage (“A Divisão”), Débora Nascimento (“Pacificado”), Ravel Andrade (“Reality Z”) e Danni Suzuki (“Arcanjo Renegado”), entre outros. Ravel Andrade, irmão de Julio, viverá Chico Mário, o irmão caçula de Betinho, Lázaro Ramos terá o papel de um médico, Débora Nascimento interpretará uma funcionária fictícia do Instituto Brasileiro de Análises Sociais (Ibase), fundado pelo sociólogo, enquanto Natália Lage e Danni Suzuki serão, respectivamente, Irles Carvalho e Maria Nakano, a primeira e a segunda mulher de Betinho. A estreia está prevista apenas para 2022.
Documentário resgata talento e importância de Henfil
A partir de 1969, com o golpe dentro do golpe militar, as esperanças de uma volta à democracia acabaram de vez. Um dos meus momentos de respiro e felicidade era ir às bancas de jornais, semanalmente, comprar e ler “O Pasquim”, jornal de humor e política que marcou época como mídia de resistência. A publicação reunia a fina flor do jornalismo crítico do período, gente como Millôr Fernandes, Tarso de Castro, Ivan Lessa, Paulo Francis, Sérgio Cabral pai, Sérgio Augusto, Tárik de Souza e cartunistas e desenhistas do quilate de um Ziraldo, um Jaguar, um Fortuna. Pois, diante desse time de cobras, um dos grandes destaques e sucesso comprovado do Pasquim era Henrique Filho, o Henfil (1944-1988). O mineirim, filho de D. Maria, irmão do cantor e compositor Chico Mário, de Glorinha e do Betinho. O país que sonhava “com a volta do irmão do Henfil”, na magnífica canção de João Bosco e Aldir Blanc, imortalizada por Elis Regina, referia-se ao Betinho da luta contra a fome, que ficou para as páginas mais bonitas da história do nosso país. Enquanto o general Figueiredo preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo, os personagens de Henfil exalavam povo por todos os poros. O povo era, para ele, a única esperança real. Os fradinhos, o cumprido resignado e o baixinho provocador, marcaram época. E a Graúna, o Zeferino, o bode Orelana, Ubaldo, o paranóico, e o Cabôco Mamadô são insuperáveis. Tem também o Urubu flamenguista, lançado nos tempos de sua participação na mídia esportiva. E quem pode se esquecer das famosas cartas que ele escrevia para a mãe, na revista Isto É , entre 1977 e 1984, com uma foto de D. Maria no alto? Cartunista e artista multimídia, diríamos hoje, Henfil escreveu livros, atuou na TV e no cinema, mas não chegou a concretizar um filme de animação com seus personagens. No documentário “Henfil”, dirigido por Angela Zoé, ela tenta reparar isso, filmando um grupo de jovens animadores que, a partir de um workshop sobre o trabalho de Henfil, cria um curta de animação com os personagens dele. O processo é mostrado e o resultado é apresentado no final do filme. Para isso, contaram com a ajuda de Ziraldo, por exemplo, que lhes mostrou que a Graúna não poderia ficar certinha e bonitinha, porque o traço que a caracterizava era sujo, nervoso, desenho em movimento. De fato, em poucas linhas, Henfil mostrava tudo, em ação. Com poucas palavras, dizia tudo, também. De um modo urgente, tinha que ser para já, como o lema “Diretas já”, que ele produziu e disseminou. Para essa urgência certamente contribuiu a hemofilia, a doença que o acompanhou por toda a vida e foi a causa de sua morte em decorrência da Aids, contraída numa transfusão de sangue, que fazia parte da sua rotina de sobrevivência. Só que num tempo em que o controle dos bancos de sangue no Brasil era precário. Haja vista o grande número de casos de contaminação pelo vírus HIV por essa via que ocorreu nos anos 1980. Nessa época, eu já trabalhava com educação sexual nas escolas públicas e particulares e costumava atender convites da mídia para falar sobre o assunto. Foi numa dessas situações que acabei conhecendo o Henfil pessoalmente. Num programa da TV Cultura, conduzido por Júlio Lerner (1939-2007). Apresentei o assunto mostrando sua importância, o valor científico e a seriedade que a abordagem exigia. Ele concordou totalmente, mas acrescentou que eu não me esquecesse de pôr humor nessa didática. A educação sexual tinha de ser divertida, também. É isso mesmo. Ele nunca deixou de pôr humor na vida, mesmo nos momentos mais tenebrosos do país, na ditadura militar, ou nos graves problemas de saúde que tinha de enfrentar. Participam do documentário “Henfil” gente que viveu e trabalhou ao seu lado, como os já citados Ziraldo, Jaguar, Sérgio Cabral pai, Tárik de Souza e ainda Lucas Mendes, amigos e familiares. Imagens do Henfil em entrevistas, em lançamento de livros, em filmagens familiares ou de viagens compõem um painel abrangente do grande talento que ele foi. E como ele faz falta até hoje! Ver o filme “Henfil” é recuperar a história desse grande artista brasileiro, de sua luta política valendo-se do humor corrosivo e do desafio que foi e continua sendo a luta contra a Aids.
Estreias: Cinema brasileiro rende quatro destaques na semana
Treze filmes chegam aos cinemas nesta quinta (6/12) e nem o cinéfilo mais dedicado suportaria metade. Mais que de praxe, os piores são os que tem a maior distribuição: a animação “Encantado” e o terror “O Chamado do Mal”. Tão ruins que nem possuem previsão de estreia nos Estados Unidos, onde devem sair direto em DVD ou VOD, se forem lançados. Hora da curadoria. Entre os americanos, tem até um filme lacrimoso do criador da série “This Is Us”, mas o único recomendado é o drama indie “O Ódio que Você Semeia”. Adaptação do best-seller de Angie Thomas roteirizada por Audrey Wells (“Quatro Vidas de um Cachorro”), que faleceu em outubro, foi destaque no circuito de festivais da América do Norte e obteve 96% de críticas positivas no site Rotten Tomatoes. A trama acompanha a jovem Starr Carter (Amandla Stenberg, de “Jogos Vorazes”), que teve o nome traduzido para o público brasileiro como “Estrella” Carter. Estudante dedicada numa escola de brancos, ela nunca teve problemas raciais e fazia de tudo para não ser vista pelos colegas como “a garota negra” da aula. Até o dia em que descobre o racismo da pior forma, ao ver o namorado assassinado por um policial branco. Testemunha do crime, ela decide deixar de ser incolor para assumir uma posição na luta contra o preconceito. E as cenas de abuso começam a aumentar, conforme a protagonista passa a perceber melhor as cores do mundo em preto e branco ao seu redor. Mas a semana é mesmo do cinema brasileiro. Há quatro obras de ficção e dois documentários nacionais, que se apresentam como as melhores opções da programação. Por coincidência, esta lista inclui duas adaptações de textos clássicos do teatro nacional que, cada um a seu modo, refletem o mundo atual. A maior surpresa é a obra do único diretor estreante da leva. O ator Murilo Benício (“O Animal Cordial”) estreia atrás das câmeras com “O Beijo no Asfalto”, filmando a história conhecida de Nelson Rodriguez de forma nunca feito antes. E não apenas pelas imagens em preto e branco. Ao contrário da versão de 1981, rodada por Bruno Barreto, o novo “O Beijo no Asfalto” não é a simples transposição do texto de 1960, sobre um atropelado que pede um beijo a um desconhecido antes de morrer, e como esse beijo passa a atormentar a vida daquele que demonstrou compaixão. É, em vez disso, um filme sobre atores que se dedicam a encenar “O Beijo no Asfalto” – em abordagem similar a de “Ricardo III: Um Ensaio” (1996), de Al Pacino. Filmagem e bastidores se misturam, ressaltando o talento dos intérpretes, comandados por Lázaro Ramos (“O Vendedor de Passados”), Stênio Garcia (“O Inventor de Sonhos”), Octavio Müller (“Benzinho”) e Débora Falabella (“O Filho Eterno”), esposa de Benício, mas principalmente Fernanda Montenegro (“Infância”), para quem Rodriguez escreveu a peça original. E conforme roupas de época mesclam-se a conversas do elenco e elementos da encenação, os temas pertinentes da história, como preconceito, fake news e corrupção, ganham projeção e demonstram como os problemas nacionais continuam iguais. Ainda mais “como nossos pais” é a adaptação de “Rasga Coração”. Escrito entre 1972 e 1974, o último texto teatral de Oduvaldo Vianna Filho (o criador da série “A Grande Família”) lida com conflito de gerações, mas também com o conflito entre o homem comum e a realidade política e social do país. Acabou virando um marco da luta contra a censura, passando cinco anos proibida pela ditadura. A versão cinematográfica traz Marco Ricca (“Chatô, O Rei do Brasil”) como o pai que foi rebelde na juventude, acomodou-se na classe média e agora tem que lidar com um filho que repete sua trajetória, tendo os protestos políticos de duas gerações como panos de fundo. O cineasta Jorge Furtado (“Real Beleza”), por sinal, atualizou a trama, situando a juventude do pai na época de Vianinha, enquanto seu filho (Chay Suede) explora outras lutas no século 21, ligadas à causas queer. A atualização, porém, vai até certo ponto, pendendo sempre para o ponto de vista do paizão setentista. Também fazem parte do elenco Drica Moraes (“Getúlio”) e João Pedro Zappa (“Gabriel e a Montanha”). Mais premiado da semana, “Tinta Bruta”, dos gaúchos Marcio Reolon e Filipe Matzembacher (dupla de “Beira-Mar”), foi o Melhor Filme do Festival do Rio 2018 e venceu o prêmio Teddy, concedido por um júri independente aos melhores longas com temática LGBTQ da seleção oficial do último Festival de Berlim. O drama acompanha um jovem que usa o codinome GarotoNeon para trabalhar como camboy, fazendo performances eróticas com o corpo coberto de tinta para milhares de anônimos ao redor do mundo, pela internet. A maior força do filme está em suas imagens, belamente fotografadas, que ocupam o espaço das poucas falas e edição minimalista da produção, numa ode ao voyeurismo-exibicionismo que não segue realmente o roteiro esperado. Com maior apelo popular, “A Mata Negra” é o quinto longa de terror de Rodrigo Aragão, que chega aos cinemas uma década após o primeiro, “Mangue Negro” (2008). E demonstra a clara evolução do cineasta capixaba, que aprendeu sozinho a dirigir e a fazer efeitos especiais práticos para baratear suas produções. Embora continue trabalhando com muitos atores amadores, Aragão especializou-se em evocar um clima macabro, que se mostra especialmente perturbador no novo trabalho, enquanto segue a desenvolver um terror com elementos nacionais. Nisto, é claramente sucessor de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. O filme adapta “causos” regionais para contar a história de uma menina que recebe a missão de ler um misterioso livro de “rezas” para salvar a alma de um homem que vê a morte chegar. Entretanto, ela desobedece a ordem de queimar a obra – que seria o livro de São Cipriano – e, após o homem falecer, passa usá-lo por conta própria, desencadeando uma série de tragédias. A produção é a primeira da carreira de Aragão a contar com dinheiro de edital de fomento. Custou R$ 630 mil e, como novidade, teve até a participação de atores famosos, como Jackson Antunes (“Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo”) e Francisco Gaspar (“O Matador”). O elenco também destaca Carol Aragão (de “Mar Negro”), filha do cineasta, no papel principal. Vale conferir ainda o português “Raiva”, de Sérgio Tréfaut (“Viagem a Portugal”), uma história intensa em preto e branco sobre o período de fome nos campos do país nos anos 1950, e os documentários, em particular o dedicado ao cartunista “Henfil”. De resto, veja os trailers e as sinopses abaixo. O Ódio que Você Semeia | EUA | Drama Starr Carter (Amandla Stenberg) é uma adolescente negra de 16 anos que presencia o assassinato de Khalil, seu melhor amigo, por um policial branco. Ela é forçada a testemunhar no tribunal por ser a única pessoa presente na cena do crime. Mesmo sofrendo uma série de chantagens, ela está disposta a dizer a verdade pela honra de seu amigo, custe o que custar. O Beijo no Asfalto | Brasil | Drama Baseado na peça homônima escrita por Nelson Rodrigues. Ao presenciar um atropelamento, Arandir, um bancário recém-casado, tenta socorrer a vítima, mas o homem, quase morto, só tem tempo de realizar um último pedido: um beijo. Arandir beija o homem, mas seu ato é flagrado por seu sogro Aprígio e fotografado por Amado Ribeiro, um repórter policial sensacionalista. Rasga Coração | Brasil | Drama Manguari Pistolão (Marco Ricca) é ao mesmo tempo um herói e um homem comum. Atuante na militância em boa parte da vida, agora ele terá que enfrentar o mesmo que seu pai enfrentou: o seu filho Luca (Chay Suede) pretende deixar a faculdade de Medicina e ingressar de vez no movimento hippie. Em um crescente conflito com as escolhas do filho, ele verá seu passado sendo reiventado na figura dele. Tinta Bruta | Brasil | Drama O jovem Pedro (Shico Menegat) vive um momento complicado, ele responde a um processo criminal ao mesmo tempo em que precisa lidar com a mudança da irmã, sua única amiga. Como forma de catarse, ele assume o codinome GarotoNeon e passa a se apresentar anonimamente na internet dançando nu na escuridão do seu quarto, coberto apenas por uma tinta fluorescente. Mata Negra | Brasil | Terror Numa floresta do interior do Brasil, uma garota vê sua vida – e a de todos ao seu redor – mudar terrivelmente quando encontra o Livro Perdido de Cipriano, cuja Magia Sombria, além de outorgar poder e riqueza a quem o possui, é capaz de libertar uma terrível maldição sobre a terra. Raiva | Portugal | Drama Nos remotos campos do Baixo Alentejo, no sul de Portugal, a miséria e a fome assolam a população. Quando dois violentos assassinatos acontecem em uma só noite, um mistério toma o lugar: qual poderia ser a origem desses crimes? Encantado | Canadá | Animação Quando criança, o príncipe Felipe Encantado foi alvo da bruxa Morgana, que aplicou nele um feitiço que faz com que todas as mulheres por ele se apaixonem assim que o vêem. Com isso, ele não apenas salva como se torna noivo de três princesas em apuros: Branca de Neve, Cinderela e a Bela Adormecida. O feitiço apenas será quebrado quando o príncipe encontrar o amor verdadeiro, algo bastante difícil diante de tamanha adoração. Precisando cumprir um desafio em três etapas, ele encontra apoio na ladra Leonora Quinonez, que está imune ao seu galanteio e se traveste de homem para ajudá-lo. O Chamado do Mal | EUA | Terror Um professor universitário e sua esposa, que estão prestes a ter um bebê, serão os responsáveis por um ato com consequências horrendas: eles liberam, involuntariamente, uma entidade maligna com pretensões perigosas. A Vida em Si | EUA | Drama O relacionamento amoroso vivido por um casal (Oscar Isaac e Olivia Wilde) é contado através de diferentes décadas e continentes, desde as ruas de Nova York até Espanha e como diferentes pessoas acabam se conectando com eles através de um evento marcante. 2 Outonos e 3 Invernos | França | Comédia Arman (Vincent Macaigne) tem 33 anos e resolve mudar de vida. Para começar, começa a correr no parque aos sábados. No primeiro dia, conhece Amélie (Maud Wyler). A primeira impressão é de um choque, a segunda será uma punhalada no coração. Benjamin (Bastien Bouillon) é o melhor amigo de Arman. Entre dois outonos e três invernos as vidas de Amélie, Arman e Benjamin se cruzam, cheias de encontros, acidentes, histórias de amor e memórias Maria Callas – Em Suas Próprias Palavras | França | Documentário Maria Callas nasceu na cidade de Nova York em 1923, numa família de imigrantes gregos. Incentivada pela mãe a desenvolver dotes artísticos desde cedo, teve aulas de canto lírico com Elvira Hidalgo no Conservatório de Atenas e não tardou a ser reconhecida internacionalmente como a melhor cantora de ópera de todos os tempos. Através de entrevistas, imagens raras de arquivo, filmagens pessoais e cartas íntimas, a vida e a carreira da artista são reconstituídas. Henfil | Brasil | Documentário O documentário registra uma proposta curiosa feita a uma turma de jovens animadores: tentar trazer para a atualidade as obras do cartunista, jornalista e ativista brasileiro Henrique de Souza Filho, o Henfil. Além desse processo, o filme traz depoimentos de amigos e revelações sobre como o artista hemofílico lidava com sua doença e utilizava seus desenhos como instrumento de luta contra a censura política de sua época. Meu Tricolor de Aço | Brasil | Documentário Completando 100 anos de existência no ano de 2018, o Fortaleza Esporte Clube é considerado, além de um respeitado time de futebol, um patrimônio cultural do Ceará e da vida de centenas de jogadores e torcedores. Remontando a trajetória repleta de glórias, derrocadas e alegrias, dirigentes, empresários e apaixonados pelo Fortaleza prestam emocionados depoimentos sobre uma história que começou a ganhar forma ainda em 1912.
Repleto de lacunas, o filme Elis dá saudades da cantora Elis
Elis Regina (1945-1982) foi uma cantora perfeita. Voz, dicção, técnica e afinação impecáveis. E uma intérprete fabulosa, da dimensão de Edith Piaf, Amália Rodrigues ou Ella Fitzgerald. Um portento. Nada mais justo e razoável que uma carreira como essa seja objeto de uma cinebiografia. A questão é alcançar a qualidade artística necessária para fazer jus ao projeto. Isso, o filme “Elis”, de Hugo Prata, alcança parcialmente. Quando entra em cena Andréia Horta (da novela “Liberdade, Liberdade”), Elis realmente revive na tela. A atriz faz um trabalho notável, digno de muitos prêmios. A figura de Elis emerge em gestos, movimentos, risos de arreganhar a gengiva, coreografias que acompanham o canto, enfim, no seu conhecido estilo de ser, determinado, irônico e agressivo. As interpretações de Elis estão lá inteiras, com alta qualidade de som, já que não é Andréia quem canta, ela dubla Elis. Perfeito! Bem, nem tanto. O repertório escolhido é todo muito bom, como aliás era o repertório de Elis Regina em todas as fases de sua carreira. Mas há ausências inconcebíveis. Elis foi a principal intérprete de Milton Nascimento e Gilberto Gil. Nenhuma música deles está no filme. Como não está nada da antológica gravação que ela fez com Tom Jobim. Nem suas inovadoras interpretações de Adoniran Barbosa. Problemas com os direitos das músicas? Falha grave, do ponto de vista artístico. O começo real da carreira dela também foi deletado. Vendo o filme, tudo parece ter começado no Rio, com “Menino das Laranjas” (de Theo Barros), embora se faça referência à sua origem gaúcha e trabalho em Porto Alegre. Só que Elis Regina gravou 2 LPs na gravadora Continental: “Viva a Brotolândia”, em 1961, e “Poema”, em 1962. São 24 faixas gravadas, de discos escancaradamente comerciais, tentando lançar a cantora para concorrer com Celly Campello (1942-2003), que fazia muito sucesso na época. Elis renegou essa fase de sua carreira, rejeitou esses discos (que não são tão ruins assim), mas é algo que teria de ser registrado numa cinebiografia que deu relevo ao trabalho da cantora. Da vida pessoal de Elis, o casamento com Ronaldo Bôscoli durou pouco, uns cinco anos, foi muito conturbado, já que ele era mulherengo, infiel. Seu papel artístico junto a ela acrescentou pouco à arte de Elis. Pelo filme, ele foi o maior amor da vida dela e teve papel artístico muito relevante. Uma forma de romancear e fazer uma narrativa atraente? O fato é que o casamento com César Camargo Mariano foi mais longo e muitíssimo mais importante, do ponto de vista artístico. No filme, ele perde essa força. Mas nunca Elis foi tão brilhante como quando entoou canções arranjadas por César. Era algo de arrasar quarteirão de tão bom, tão sofisticado. Quem viveu esse período sabe disso. E as gravações estão aí para comprovar. Algumas no filme, também, claro. Os conflitos políticos que envolveram a ditadura militar, o canto de Elis na Olimpíada do Exército, a reação fulminante de Henfil no Pasquim, colocando-a no cemitério dos mortos-vivos, e a evolução que a levou a entoar o hino informal da anistia, “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, onde se pedia a volta do irmão do Henfil (Betinho), estão muito bem retratados. A cena em que ela aparece sendo vaiada em show ao vivo me parece excessiva para ser considerada real. Os espetáculos, muito bem produzidos para palco, com ênfase teatral, além do show, como “Transversal do Tempo” e “Saudade do Brasil”, não aparecem. E o grande sucesso, “Falso Brilhante”, um ano em cartaz, não é retratado, realmente. Apenas a música cantada surge e não o frenesi que foi aquela montagem teatralmente empolgante. Em suma, o filme está cheio de lacunas e falhas, que não vão passar despercebidas aos fãs de Elis, que conhecem a sua trajetória. Ainda assim, é um espetáculo bom de se ver, com uma atriz sensacional e uma música extraordinariamente bela. A produção serve mais é para dar muita saudade!







