Anne Heche diz ter sido demitida de filme por recusar sexo com Harvey Weinstein
A atriz Anne Heche, atualmente na série militar “The Brave”, compartilhou sua história de assédio traumático nas mãos de Harvey Weinstein. Ela fez seu desabafo numa entrevista ao podcast “Allegedly with Theon Vonn & Matthew Cole Weiss”, no qual afirma ter sido demitida de uma produção do estúdio Miramax por não ter aceitado os avanços do magnata. Weinstein teria lhe mostrado o pênis e, após ela se recusar a fazer sexo oral, perdeu o papel num filme para o qual já estava contratada. “Eu não chupei o pênis de Harvey, apesar de ele tê-lo mostrado para mim, e saí da sala antes que pudesse haver qualquer contato físico”, contou, de forma clara. “O fato é: eu fui demitida de um trabalho para o qual eu havia sido contratada na Miramax. As repercussões de se defender são tão profundas quanto algumas das cicatrizes de mulheres que foram, infelizmente, fisicamente atingidas”. Ela ainda disse que não denunciou o caso por medo de uma vingança do produtor. “Em primeiro lugar, você era ameaçada assim que passava pela porta. É por isso que cada uma de nós [sobreviventes das violências do produtor] tinha 19, 20, 21 ou 22 anos. Ele não ia atrás de mulheres de 40. Ele deu em cima de mim quando eu era jovem, vulnerável, assustada, amedrontada”. “Estamos falando de meninas. Jovens atrizes são vulneráveis. Muitas de nós vêm de lares abusivos, não têm orientação, apoio dos pais. E você é seguida, ameaçada”, explicou sobre as circunstâncias que ajudaram a a manter os abusos do produtor em segredo durante décadas. “Se eu não tivesse sido abusada sexualmente quando era criança, não sei se teria tido a força de enfrentá-lo — e enfrentar a tantos outros. Não era apenas o Harvey, devo dizer. A frieza que eu mantinha em relação a todo mundo, que tentava se aproveitar de mim, era enorme”, concluiu.
Dylan Farrow questiona credibilidade de Justin Timberlake por trabalhar com Woody Allen
O que começou com um tuíte inocente de Justin Timberlake virou uma acusação de complacência com um assediador, mostrando que Dylan Farrow vai tornar um inferno a vida de quem filmar com seu pai Woody Allen. Timberlake brincou com o significado de um antigo ditado popular inglês. “Alguém pode me explicar o ditado: ‘Você quer seu bolo e também comê-lo’. O que mais eu deveria fazer com o bolo?”, ele perguntou a seus seguidores. E recebeu a resposta de Dylan: “O ditado significa, por exemplo, que você não pode apoiar a Time’s Up e louvar predadores sexuais ao mesmo tempo. Você não pode manter sua credibilidade como ativista (ou seja, o bolo) e, ao mesmo tempo, elogiar um predador sexual (ou seja, comer o bolo)”. Veja abaixo. Ela se refere, claro, ao fato de Timberlake ter usado um broche da Time’s Up, iniciativa que visa apoiar vítimas de abuso sexual, durante o Globo de Ouro 2018, mas também filmou com Woody Allen o recente “Roda Gigante”. Ao contrário de outros atores que trabalharam com o diretor, ele não o condenou publicamente nos últimos dias. Farrow tem comemorado a reação a sua primeira entrevista televisiva, na qual até chorou ao lembrar que o pai a molestou quando ela tinha sete anos em 1992. A história é bastante controvertida, pois ela era muito pequena e um de seus irmãos denunciou que a mãe, Mia Farrow, ensaiou os filhos na época para acusar Allen de abuso sexual, durante a disputa da guarda das crianças na separação do casal. Na entrevista, Dylan disse que estava determinada a destruir a carreira de Woody Allen, e não tem medido esforços, visando desestabilizar aqueles que trabalharam com seu pai. Desde que ela iniciou sua cruzada, Mia Sorvino, Greta Gerwig, Rebeca Hall, Timothee Chalamet, Marion Cotillard e Colin Firth disseram que não voltarão a trabalhar com o diretor. Woody Allen também voltou a se manifestar, negando todas as acusações. The saying means, for example, you can’t support #TIMESUP and praise sexual predators at the same time. You can’t retain your credibility as an activist (i.e. – retain the cake) and, at the same time, praise a sexual predator (i.e. – eating the cake). — Dylan Farrow (@RealDylanFarrow) January 23, 2018
James Franco é barrado e substituto de Kevin Spacey indicado no Oscar do #Metoo
As indicações de melhores atores, onde geralmente há menos surpresas, foi onde o Oscar 2018 mostrou maior ousadia. Mesmo que a entrega dos prêmios insista em repetir os nomes que venceram o SAG Awards, como tem sido regra, a lista tem elementos suficientes de intriga, superação e afirmação social para render um bom entretenimento de cinema. De imediato, chama atenção a ausência de James Franco, premiado no Globo de Ouro e no Critics Choice por “Artista do Desastre”. As acusações de assédio contra Franco, que surgiram após suas recentes vitórias, podem ter pesado em sua exclusão, mesmo sendo considerado favorito ao prêmio. No ano passado, denúncias não fizeram diferença. O ator Casey Affleck venceu o Oscar 2017 por “Manchete à Beira-Mar”, apesar de acusações de assédio sexual de duas mulheres com quem trabalhou. Na ocasião, a atriz Brie Larson, que entregou a estatueta, fez questão de não aplaudi-lo. “Eu acredito que o que eu fiz no palco falou por si mesmo”, ela afirmou em entrevista para a revista Vanity Fair, enquanto divulgava “Kong: A Ilha da Caveira”. Mas os protestos se intensificaram muito desde então. Após as primeiras acusações contra Harvey Weinstein chegarem na imprensa nova-iorquina em outubro, a lista de escândalos em Hollywood ganhou proporções epidêmicas, gerando a hashtag #Metoo, em que atrizes e até alguns atores revelaram casos em que sofreram assédios no ambiente de trabalho. Vários astros e produtores poderosos foram demitidos em consequência da proliferação das denúncias. E a própria Academia fez algo até recentemente impensável: expulsou Harvey Weinstein. Weinstein foi um dos fundadores da Miramax, empresa que dominou a premiação do Oscar nos anos 1990 e acabou absorvida pela Disney. Mais recentemente, ele comandava a empresa que leva seu nome, The Weinstein Company, e, ao todo, suas produções tiveram 303 indicações ao Oscar e renderam 75 estatuetas. Para dar dimensão de sua importância, um levantamento da revista Newsweek observou que o nome de Harvey Weinstein é o segundo mais citado nos discursos de agradecimento dos vencedores do Oscar em todos os tempos, atrás apenas de Steven Spielberg – e na frente de Deus, por exemplo. E ele foi expulso da Academia sem cerimônia e sem direito de poder, nunca mais, participar da premiação. Quem também caiu em desgraça foi Kevin Spacey, vencedor de dois Oscar – Melhor Ator Coadjuvante por “Os Suspeitos” (1995) e Melhor Ator por “Beleza Americana” (2000). Seu escândalo de abuso sexual estourou após as filmagens de “Todo o Dinheiro do Mundo”, e a reação do diretor Ridley Scott, ao ver o trabalho sob risco de jamais ser lançado por conta da repercussão negativa, foi correr para retirar o ator de cena – com o filme pronto! Christopher Plummer foi chamado às pressas para refilmar as cenas de Spacey na pós-produção. A solução dispendiosa envolveu não apenas mais um salário, mas também refilmagens extensas. E Scott só conseguiu o aval da Sony ao prometer que entregaria a nova versão do filme, sem Spacey, no prazo da estreia oficial: 22 de dezembro nos Estados Unidos. Mesmo assim, o filme acabou adiado para 25 de dezembro, ainda a tempo de ser considerado pelo Oscar. E, de fato, “Todo o Dinheiro do Mundo” acabou conseguindo indicação. No singular. Para Plummer, o substituto de última hora – que antes chegou a ser nomeado ao Globo de Ouro. A grande ironia é que o ator veterano tinha sido a escolha original do diretor para o papel, mas a Sony pressionou por Spacey, um astro mais “atual”. A questão que se coloca agora é em que pé fica o favoritismo de Gary Oldman, que está faturando tudo – Globo de Ouro, Critics Choice e SAG – , mas teve acusações de agressões físicas contra a ex-mulher trazidas à tona no começo desta largada para a consagração. Vale observar que, embora seja tão ou mais repugnante que assédio, a violência doméstica não faz parte da pauta de reivindicações atuais do movimento #Metoo, apesar de pelo menos um caso ter rendido polêmica recente nas redes sociais – Johnny Depp vs Amber Heard – e um diretor – Mel Gibson – ter caído em ostracismo após denúncias da ex-namorada. Sinal dos tempos é que há até uma campanha online para impedir a participação de Casey Affleck na cerimônia deste ano. Ele teria presença garantida graças a uma tradição antiga da Academia, na qual o vencedor da categoria de Melhor Ator apresenta o prêmio de Melhor Atriz do ano seguinte. Quase 20 mil pessoas assinaram o abaixo-assinado no site Change.org para que ele não seja convidado para apresentar o Oscar. Sem Franco e com Oldman sob risco, o jovem Timothée Chalamet pode realizar a maior subversão de expectativas da história do Oscar. Ele teve o bom gosto de participar de dois dos melhores filmes do ano, “Lady Bird”, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Comédia, e “Me Chame pelo seu Nome”, vencedor do Gotham Awards, e é por este último que disputa o troféu da Academia. Alguns poderão reclamar, mas não haveria injustiça na consagração do jovem ator de 22 anos. Ele já foi premiado como Revelação do Ano pelo Gotham Awards, além de vencer como Melhor Ator em diversos festivais e listas de associações de críticos dos Estados Unidos. Também disputou o prêmio do Sindicato dos Atores e concorre ao Spirit Awards, o “Oscar indie”. O fato de interpretar um jovem que desperta para a homo-afetividade serve como um cutucão final contra a cultura machista até recentemente dominante em Hollywood. A lista com os Melhores Atores ainda traz outra demografia importante. Dos cinco indicados, dois são negros: Daniel Kaluuya, (“Corra!”) e Denzel Washington (“Roman J. Israel, Esq.”). Há também duas atrizes negras disputando a categoria de Coadjuvantes: Mary J. Blige (“Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi”) e Octavia Spencer (“A Forma da Água”). São menos indicados que o ano passado – quando a lista trouxe sete atores negros – mas, ainda assim, um contraste com a situação de dois anos atrás, quando nenhum negro foi indicado em nenhuma categoria. Esta representatividade é reflexo de outra luta de empoderamento: por maior inclusão racial. Mas embute uma curiosa discussão de bastidores de Hollywood, trazida à tona num desabafo espontâneo de Samuel L. Jackson, que reclamou da quantidade de atores britânicos em papéis de negros americanos. Daniel Kaluuya respondeu à altura, afirmando que ingleses também tinham experiência própria para viver vítimas de racismo. Entretanto, é relevante apontar que o escravo americano de “12 Anos de Escravidão”, o líder do movimento dos direitos civis americanos, Martin Luther King, em “Selma”, e o policial negro em meio ao conflito de “Detroit em Rebelião” foram interpretados por atores britânicos. O Oscar 2018 evita alongar esta polêmica ao incluir também Denzel Washington, o mais premiado ator negro dos Estados Unidos, vencedor de duas estatuetas da Academia – Melhor Ator Coadjuvante por “Tempos de Glória” (1989) e Melhor Ator por “Dia de Treinamento” (2001). Sua inclusão da disputa por “Roman J. Israel, Esq.” foi antecedida por nomeações ao Globo de Ouro e SAG, mas seu desempenho vinha sendo subestimado, porque o filme não teve críticas positivas. A cerimônia de entrega de prêmios acontece no dia 4 de março, com apresentação de Jimmy Kimmel e transmissão no Brasil pelos canais Globo e TNT. Confira aqui a lista completa dos indicados.
SAG Awards: Premiação do sindicato presta homenagem a atores que denunciaram assédio
O SAG Awards 2018, premiação do Sindicato dos Atores, tirou um momento em meio à consagração dos melhores intérpretes do ano, durante a cerimônia realizada na noite de domingo (21/1) em Los Angeles, para homenagear as atrizes e atores que denunciaram o assédio sexual em Hollywood, ajudando a derrubar homens poderosos e mudando o clima na indústria do entretenimento. Rosanna Arquette, uma das primeiras atrizes a denunciar Harvey Weinstein na imprensa, puxou o assunto, antes de apresentar o prêmio de Melhor Atriz em Série Limitada, ao lado de Marisa Tomei. “Temos a honra de fazer parte dessa comunidade criativa e nos sentimos inspiradas pelo fato de que tantas vozes poderosas já não sejam silenciadas pelo medo da retaliação. Podemos controlar nosso próprio destino”, ela disse. Tomei aproveitou para exaltar a coragem da colega: “Você é uma dessas vozes. Você é uma das quebraram o silêncio e todos nós temos uma dívida de gratidão”. Emocionada com os aplausos, Arquette citou, com a ajuda de Tomei, outros que se manifestaram na primeira leva de denúncias. “Estou aqui apoiando muitas mulheres: Ásia Argento, Annabella Sciorra, Ashley Judd, Daryl Hannah, Mira Sorvino. Tantas. Anthony Rapp, Olivia Munn. Todos vocês, obrigado”. Ashley Judd foi uma das primeiras atrizes a acusar Weinstein de assédio, na reportagem que iniciou tudo, publicada no jornal The New York Times e assinada pelas jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey. Cinco dias depois, o New Yorker publicou sua própria investigação, realizada por Ronan Farrow, em que Sorvino, Arquette, Argento e outras compartilharam com mais detalhes suas experiências de assédio – e até estupro – nas mãos de Weinstein. Desde então, muitos outros se apresentaram com acusações semelhantes contra o magnata, abrindo caminho para novas denúncias, como a de Anthony Rapp, um dos poucos homens que se manifestaram, cujo relato desconcertante derrubou Kevin Spacey. Diversos astros, produtores e cineastas caíram em seguida, um atrás do outro, após terem seus segredos revelados em público, empoderando um movimento, que ganhou a hashtag MeToo nas redes sociais. O canal pago TNT exibe a cerimônia completa na noite desta segunda (22/1).
Weinstein Company suspende todos lançamentos, incluindo Maria Madalena
A empresa dos irmãos Weinstein, The Weinstein Company, desistiu de manter seu cronograma de lançamentos, após o escândalo que envolveu seu proprietário Harvey Weinstein. Enquanto negocia com possíveis compradores, o estúdio decidiu suspender suas estreias futuras, inclusive de títulos que já tinha começado a divulgar, como “Maria Madalena”. O filme religioso, que traz Rooney Mara no papel-título e Joaquin Phoenix como Jesus, tinha estreia prevista para 30 de março, no fim de semana da Páscoa. Também foram suspensas a comédia “War with Grandpa”, com Robert De Niro, e “The Upside”, remake do sucesso francês “Intocáveis” (2011) com Bryan Cranston e Kevin Hart, agendados para fevereiro e março, respectivamente. Eles se juntam ao adiamento anterior de “A Batalha das Correntes” (The Current War), em que Benedict Cumberbatch vive Thomas Edison. Previsto para 24 de novembro nos Estados Unidos, o filme não tem mais expectativa de estreia. Não está claro como ou se a decisão da TWC afetará a distribuição internacional desses filmes. Dos quatro citados, apenas “Maria Madalena” tem estreia marcada no Brasil, para o dia 15 de março.
Marion Cotillard e Colin Firth dizem que não filmarão mais com Woody Allen
Woody Allen pode ter dificuldades para montar o elenco de seu próximo filme. A atriz francesa Marion Cotillard e o ator inglês Colin Firth também disseram que não voltarão a trabalhar com o diretor. Eles ecoam declarações anteriores de Mia Sorvino, Greta Gerwig, Rebeca Hall e Timothee Chalamet. Os dois últimos ainda doaram os cachês que receberam por “A Rainy Day in New York”, o próximo filme do diretor, para instituições que combatem o assédio sexual. Firth foi definitivo ao declarar ao jornal The Guardian que “não voltaria a filmar com ele novamente”. O ator estrelou “Magia ao Luar” (2014), dirigido por Allen. Já Cotillard foi menos incisiva, dizendo que “pensaria duas vezes” antes de decidir, mas deu uma longa explicação e lamentou não ter pesado melhor as consequências de trabalhar com o diretor em “Meia-Noite em Paris” (2011). “Quando eu trabalhei com ele, tenho que confessar que não me questionei”, disse ela, durante uma entrevista para falar de seu filme mais recente, “Ismael’s Ghosts”. “Eu não sabia muito sobre sua vida pessoal. Eu sabia que ele se casou com uma das suas (filhas), o que eu honestamente pensei que era estranho, mas não poderia julgar algo que eu não conhecia. Eu ignorava o que ele fez ou não fez. Mas vejo pessoas sofrendo e é terrível. Hoje, se ele me convidasse novamente, o que eu não acho que fará, recusaria. Toda a experiência que tivemos juntos foi muito estranha. Admiro alguns de seus trabalhos, mas não tivemos nenhuma conexão no set, eu o conheci cinco dias antes das filmagens. Eu questionaria mais se ele me pedisse para trabalhar novamente com ele. Talvez eu investigasse mais. Eu sou muito ignorante sobre a história com ele, e só vejo que isso machuca (sua filha).” Os comentários ocorrem depois de Dylan Farrow condenar os atores que continuam trabalhando com Allen. Eles devem “reconhecer sua cumplicidade” ao perpetuar a “cultura do silêncio” de Hollywood, ela disse, em sua primeira entrevista televisiva. A filha adotiva de Woody Allen acusa o pai de tê-la molestado em 1992, quando ela tinha sete anos, e diz que não descansará enquanto não “derrubar” o diretor, no sentido de acabar com a carreira dele. A acusação veio à tona em meio ao processo de separação de Allen e Mia Farrow, durante a luta pela custódia dos filhos, e foi contestada por investigações independentes de serviços de proteção aos menores. Mesmo assim, o juiz responsável pelo julgamento da custódio negou a guarda a Allen e a história continuou viva, graças a insistência de Dylan de acusar o pai. Allen sempre negou ter atacado sexualmente sua filha e emitiu uma nova nota a respeito disso, após a aparição televisiva da filha. Mas enquanto Hollywood parece finalmente ter chegado a um veredito sobre o diretor, seus outros filhos se dividem a respeito de sua culpa. Enquanto Ronan Farrow defende a irmã e também cobra publicamente atrizes que trabalham com Woody Allen, Moses Farrow veio a público dizer que se alguém era abusivo era sua mãe, que tinha coagido os filhos a mentirem e acusarem Woody Allen durante as audiências de guarda das crianças no processo de separação. Mia se separou de Woody Allen após ele se envolver, de forma escandalosa, com sua enteada Soon-Yi Previn, que a atriz tinha adotado quando era casada com André Previn. Diferente do que diz Marion Cotillard, Soon-Yi não era filha de Woody Allen. Também era maior de idade na ocasião. Mas o relacionamento dos dois – que dura até hoje – causou escândalo na época, dando maior credibilidade à acusação de assédio de Dylan. A história, entretanto, é muito mal-interpretada, como atesta a própria entrevista de Cotillard. Um único ator se pronunciou em defesa de Allen até o momento. Alec Baldwin foi às redes sociais lembrar que “acusar pessoas de tais crimes deve ser algo feito com cuidado”. “Woody Allen foi investigado por dois estados e nenhuma acusação foi formalizada. A renúncia a ele e ao seu trabalho, sem dúvida, serve a algum propósito. Mas é injusto e triste pra mim. Eu trabalhei com ele três vezes e foi um dos privilégios da minha carreira”, escreveu Baldwin. Ao contrário de outros casos de assédio, que alimentam o movimento #Metoo em Hollywood, ninguém mais acusa o diretor de comportamento abusivo. Apenas Dylan, que tinha sete anos na ocasião do suposto abuso.
Justin Timberlake lança clipe que junta apocalipse e o movimento #Metoo
O cantor Justin Timberlake divulgou o clipe de “Supplies”, seu novo funk sintético, que traz um visual fantástico, surreal e futurista, mesclado com o noticiário de protestos civis atuais. O vídeo abre com Timberlake diante de um paredão de TVs, que misturam os rostos de Harvey Weinstein, Donald Trump, Kevin Spacey, cartazes contra o racismo, do movimento #Metoo, mensagens de empoderamento, além de registros de confrontos e repressão policial. A referência é a cultuada sci-fi “O Homem que Caiu na Terra” (1976), que logo cede lugar para cenas de pesadelos, com crocodilos brancos nas calçadas, colares de revólveres, céus formados por guarda-chuvas, sombras que escapam de muros opressores, destruição de torres de dinheiro e mulheres e negros protestando sem parar. Há simbolismo em toda a parte, além de participações do rapper Pharrell Williams e da atriz Eiza González (“Em Ritmo de Fuga”). Ela se alterna entre aparições como rainha, líder da resistência, dama em perigo e sobrevivente do apocalipse. A direção é do novo mago dos vídeos musicais, o diretor Dave Meyers (que fez “Havana”, de Camila Cabello, e “Humble”, de Kendrick Lamarr). Mas… a letra não tem nada a ver com o recado visual. Nela, Timberlake pinta, sim, um cenário pós-apocalíptico, referenciando até a série “The Walking Dead”. Entretanto, tudo é motivo de sexo na sua narrativa. “Eu vou ser o gerador/Me ligue quando precisar de eletricidade”, ele sugere à parceira com quem sobrevive ao holocausto zumbi. Bizarro. É possível considerar o clipe como uma tentativa de emular o estilo cifrado dos vídeos mais recentes de Taylor Swift, repletos de mensagens subliminares. Mas as referências ao #Metoo já rendem controvérsia nas redes sociais, uma vez que o cantor preferiu se calar diante das cobranças por sua participação no novo filme de Woody Allen, “Roda Gigante”. “Supplies” é uma bela luta de contexto contra intertexto.
Matt Damon lamenta comentários polêmicos sobre assédio e diz que vai calar a boca por um tempo
O ator Matt Damon resolveu fazer controle de danos, retratando-se pelos seus comentários sobre as denúncias de assédio na indústria de entretenimento. Em entrevista ao programa “Today”, da rede NBC, na terça-feira (16/1), ele reconheceu que deveria “ter ouvido mais” antes de se posicionar sobre o assunto. “Eu não quero aumentar a dor de ninguém com qualquer coisa que eu faça ou fale”, resumiu Damon. Ele acrescentou que há muitas amigas suas envolvidas com a iniciativa Time’s Up, que luta contra o assédio sexual. “Eu apoio o que elas estão fazendo e quero ser parte dessa mudança, mas devo ir para o banco de trás e calar a minha boca por um tempo”. O ator foi criticado por declarações polêmicas sobre a assunto. Em uma entrevista, chegou a propor que as punições refletissem os “níveis” de assédio, e que houve perdão para os assediadores menos graves. “Há uma diferença entre acariciar a bunda de alguém e estuprar ou abusar de crianças, certo? Ambos os comportamentos precisam ser confrontados e erradicados, sem dúvida, mas eles não devem ser considerados iguais”, disse na ABC News. Para Damon, estupro deve ser tratado com cadeia, porque é comportamento criminoso, mas outras atitudes devem ser consideradas apenas “vergonhosas” e “nojentas”. “Não conheço Louis C.K., mas não imagino que ele vá fazer aquelas coisas de novo”, disse o ator, referindo-se às acusações de masturbação do comediante diante de mulheres com quem trabalhou. Minnie Driver, que já namorou Damon, ficou tão chocada que escreveu “Deus, isto é sério?” no Twitter. Ela respondeu ao jornal The Guardian que os homens “simplesmente não conseguem entender o que é o abuso cotidiano” e não devem, portanto, tentar diferenciar ou explicar o que seria uma má conduta sexual contra as mulheres. “Não há hierarquia em referência a abusos. Não se pode dizer que uma mulher estuprada tem direito a se sentir pior que outra para quem só mostraram o pênis. Muito menos um homem. E se bons homens como Matt Damon pensam desta maneira, temos um problema. Precisamos de homens bons e inteligentes que digam que tudo isto é mau, que condenem isto tudo e recomecem do zero”, acrescentou. Por sua vez, Alyssa Milano foi ao Twitter desabafar. “Estamos numa ‘cultura de indignação’ porque o tamanho da raiva é, de fato, revoltante. E é justa”, ela começou. “Eu fui vítima de cada componente do espectro de agressão sexual do qual você fala. Todos machucaram. E todos estão ligados a um patriarcado entrelaçado com uma misoginia considerada normal, aceita e até bem-recebida”, apontou. “Não estamos indignadas porque alguém agarrou nossas bundas em uma foto. Estamos indignadas porque fomos forçadas a crer que isso era normal. Estamos indignadas porque formos submetidas à abuso psicológico. Estamos indignadas porque fomos silenciadas por tanto tempo”. Além disso, o comentário de Damon rendeu um abaixo-assinado pedindo o corte do ator de “Oito Mulheres e um Segredo”, filme de empoderamento feminino, em que ele filmou uma participação especial.
Mãe de Selena Gomez revela ter tentado convencê-la a não filmar com Woody Allen
A mãe da cantora e atriz Selena Gomez, Mandy Teefey, escreveu em uma postagem no Instagram que desaconselhou a filha a trabalhar no filme de Woody Allen, “A Rainy Day in New York”. O diretor está na mira do movimento #Metoo, graças à campanha de sua filha Dylan Farrow, que mantém na mídia a polêmica de seu suposto abuso sexual pelo pai, quando tinha sete anos de idade. Respondendo a um internauta em sua página oficial, Mandy, que já foi empresária de Selena, disse ter desaprovado a escolha da filha. “Desculpa. Ninguém pode forçar Selena a fazer algo que ela não quer. Eu tive uma longa conversa com ela sobre não trabalhar com ele [Woody Allen] e não funcionou”, escreveu Mandy. Mandy também disse que Selena “toma suas próprias decisões” e não adiantaria aconselhá-la. Seria como “falar com surdos”, disse. Veja abaixo. A cantora, que ainda não fez nenhuma declaração pública sobre Allen, vem recebendo críticas de seus fãs por não se posicionar. Dois de seus colegas de trabalho no filme do diretor, Timothee Chalamet e Rebecca Hall, renegaram publicamente Allen, anunciando que doariam os salários que receberam por participar de “A Rainy Day in New York” para instituições que combatem o assédio sexual. Mas, segundo a revista People, Selena teria feito uma doação anônima, maior do que o cachê recebido com o filme, para a iniciativa Time’s Up, que recebeu doações dos dois. No começo do mês, ela fez uma postagem em apoio ao movimento organizado por atrizes de Hollywood para combater o assédio sexual.
Filha de Woody Allen volta a acusá-lo de abuso sexual em sua primeira entrevista televisiva
Dylan Farrow, filha de Woody Allen com Mia Farrow, voltou a afirmar que foi abusada sexualmente pelo pai em 1992, quando tinha apenas sete anos. A nova denúncia foi feita no programa “This Morning”, da rede CBS, na primeira entrevista de Dylan para a TV. A entrevista completa será exibida na quinta (18/1), mas já na prévia adiantada pelo programa (veja abaixo) a jovem assume que está em campanha para derrubar Allen. “Por que eu não deveria derrubá-lo? Por que não deveria estar com raiva? Por que não deveria estar ferida? Por que não deveria sentir algum tipo de ultraje, após todos estes anos sendo ignorada, desacreditada e descartada?” “Tudo o que posso fazer é contar minha verdade e esperar. Esperar que me acreditem, em vez de apenas me ouvirem”, ela completa. A campanha de Dylan se tornou pública em 2014, quando ela escreveu uma carta aberta para o jornal The New York Times, denunciando Woody Allen, e ganhou força após o movimento #Metoo. Há algumas semanas, ela publicou uma nova carta no jornal The Los Angeles Times, questionando o tratamento diferenciado entre Allen e outros predadores de Hollywood. “Qual o motivo de Harvey Weinstein e outras celebridades acusadas de abuso terem sido banidas de Hollywood enquanto Allen recentemente conseguiu um contrato milionário de distribuição para seu próximo filme?”, ela questionou. Embora a pergunta seja retórica, a grande diferença entre Allen e os demais é que apenas Dylan acusa o diretor, enquanto os demais casos têm mais de uma acusadora. Dylan sabe disso, a ponto de dizer: “Estou falando a verdade e acho importante que as pessoas entendam que uma vítima importa e é suficiente para mudar as coisas”, ela disse. A história divide os próprios irmãos de Dylan. Enquanto Ronan Farrow defende a irmã e cobra publicamente atrizes que trabalham com Woody Allen, Moses Farrow já disse que se alguém era abusivo nos anos 1990 era sua mãe, a atriz Mia Farrow, que teria coagido os filhos a mentirem e acusarem Woody Allen durante as audiências de guarda das crianças no processo de separação. Mia se separou de Woody Allen após ele se envolver, de forma escandalosa, com sua enteada Soon-Yi Previn, que a atriz tinha adotado quando era casada com André Previn. Nenhuma atriz filmada por Woody Allen ao longo de meio século de carreira o acusou de qualquer coisa. Mas a campanha de Dylan começa a ter resultados. Mia Sorvino, que venceu um Oscar ao estrelar “Poderosa Afrodita” (1995) de Allen, disse que não voltaria a trabalhar mais com ele, assim como Greta Gerwig, que estrelou “Para Roma com Amor” (2012). E Timothee Chalamet e Rebecca Hall renegaram publicamente o diretor, anunciando que doariam os salários que receberam por participar de seu próximo filme, “A Rainy Day in New York”, para instituições que combatem o assédio sexual.
Alec Baldwin diz que ataque de atores a Woody Allen é “injusto e triste”
Alec Baldwin foi às redes sociais defender Woody Allen, após a decisão de Timothee Chalamet e Rebecca Hall de renegarem publicamente o diretor e doar os salários que receberam por participar de seu próximo filme, “A Rainy Day in New York”, para instituições que combatem o assédio sexual. Baldwin, que trabalhou em três filmes de Allen, disse que considera o ataque público ao diretor “injusto e triste”. Ele também critica o ressurgimento das denúncias de abuso sexual contra Woody Allen, feitas por sua filha Dylan Farrow. “Acusar pessoas de tais crimes deve ser algo feito com cuidado”, ele escreveu. “Woody Allen foi investigado por dois estados e nenhuma acusação foi formalizada. A renúncia a ele e ao seu trabalho, sem dúvida, serve a algum propósito. Mas é injusto e triste pra mim. Eu trabalhei com ele três vezes e foi um dos privilégios da minha carreira”, escreveu Baldwin. As decisões de Chalamet e Hall ocorreram após a denúncia de Farrow ser retomada pelo movimento #MeToo e a iniciativa Time’s Up. Em 2014, Farrow escreveu uma carta aberta ao New York Times, detalhando o suposto abuso sofrido em 1992, quando tinha sete anos de idade. Ela voltou a contar a história em dezembro passado, após o estouro dos escândalos sexuais que sacodem Hollywood, num artigo publicado pelo Los Angeles Times. Allen nega ter atacado sexualmente sua filha e a história divide os próprios irmãos de Dylan. Enquanto Ronan Farrow defende a irmã e cobra publicamente atrizes que trabalham com Woody Allen, Moses Farrow veio a público dizer que se alguém era abusivo era sua mãe, a atriz Mia Farrow, que tinha coagido os filhos a mentirem e acusarem Woody Allen durante as audiências de guarda das crianças no processo de separação. Mia se separou de Woody Allen após ele se envolver, de forma escandalosa, com sua enteada Soon-Yi Previn, que a atriz tinha adotado quando era casada com André Previn. Em seu argumento, Baldwin afirma que as denúncias de abuso sexual nunca devem ser descartadas, mas que também devem ser “tratadas com cuidado”. “É possível apoiar sobreviventes de pedofilia e agressões/abusos sexuais e também acreditar que Woody Allen seja inocente? Eu acho que sim”, ele escreveu. “A intenção disto não é descartar ou ignorar tais denúncias. Mas acusar pessoas de tais crimes deve ser algo feito com cuidado. Em nome das vítimas, também”. No ano passado, Baldwin deixou de usar sua conta pessoal do Twitter depois de receber críticas por suas opiniões sobre o movimento #Metoo. Depois disso, o ator expressou sua tristeza pelas vítimas, admitindo que seu “objetivo é me tornar melhor em todas as coisas relacionadas à igualdade de gênero”. Woody Allen was investigated forensically by two states (NY and CT) and no charges were filed. The renunciation of him and his work, no doubt, has some purpose. But it’s unfair and sad to me. I worked w WA 3 times and it was one of the privileges of my career. — ABFoundation (@ABFalecbaldwin) January 16, 2018 Is it possible to support survivors of pedophilia and sexual assault/abuse and also believe that WA is innocent?I think so.The intention is not to dismiss or ignore such complaints. But accusing ppl of such crimes should be treated carefully. On behalf of the victims, as well. — ABFoundation (@ABFalecbaldwin) January 16, 2018
Timothee Chalamet anuncia que doará cachê recebido pelo novo filme de Woody Allen
Mais um integrante do elenco de “A Rainy Day in New York”, próximo filme de Woody Allen, anunciou que doará o cachê recebido pelo trabalho. Repetindo a iniciativa de Rebeca Hall, Timothee Chalamet decidiu destinar seus vencimentos a três instituições que combatem assédio sexual, entre elas o próprio Time’s Up, fundo criado por várias atrizes e produtoras de Hollywood para combater o assédio. Chalamet postou em seu Instagram um texto anunciando a decisão. O ator afirmou que não podia comentar sobre sua participação no longa de Woddy Allen por “questões contratuais”. No entanto, manifestou sua decisão de não querer “lucrar com a atuação no filme”. Considerado um dos grandes nomes da nova geração de Hollywood, ele é favorito ao Oscar 2018 por seu papel em “Me Chame pelo seu Nome” e também está em outro filme badalado da temporada, “Lady Bird”. As denúncias contra Harvey Weinstein e o avanço do movimento #Metoo, em que vítimas denunciam assédio, fizeram renascer as acusações de Dylan Farrow, filha de Woody Allen, que teria sofrido abuso do próprio pai aos sete anos de idade. Um dos principais denunciantes de Weinstein foi Ronan Farrow, irmão de Dylan e também filho de Allen, que assinou a reportagem contundente da revista New Yorker com acusações de estupro contra o produtor. Em sua mensagem, Chalamet disse que até o presente momento de sua carreira, escolheu seus trabalhos com a “perspectiva de um jovem ator tentando seguir atores mais experientes” que admira. No entanto, fazendo alusão a sua decisão de participar do filme de Allen, afirmou que está aprendendo que “um bom papel não é o único critério para aceitar um trabalho”. Veja o post original abaixo. Uma publicação compartilhada por Timothée Chalamet (@tchalamet) em 15 de Jan, 2018 às 8:51 PST











