Maria Zilda critica falta de oportunidades na TV: “A velha quer trabalhar”
Atriz usou as redes sociais para reforçar interesse em voltar às novelas e relembrou sua trajetória de mais de 50 anos
Jacqueline Laurence, estrela de novelas da Globo, morre aos 91 anos
Atriz francesa teve destaque em novelas clássicas, como "Dancin' Days", “Água Viva”, “Top Model” e "Bambolê"
Marilu Bueno (1940-2022)
A atriz Marilu Bueno, conhecida por diversas novelas da Globo, morreu nesta quarta-feira (22) no Rio de Janeiro, aos 82 anos. Ela estava internada no Hospital Municipal Miguel Couto, na Zona Sul carioca, desde o início de junho. Na semana passada, a atriz passou por uma cirurgia no abdômen e estava em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do local. A causa da morte não foi divulgada pela família. Com vários papéis no teatro, ao longo de mais de 60 anos de carreira, ela apareceu nas telas pela primeira vez em 1960, no longa-metragem “O Cupim”, dirigido por Carlos Manga. A estreia em novelas foi em 1972, com “O Bofe”, e desde então foi presença constante na Globo. Em “Guerra dos Sexos”, de 1983, teve papel tão marcante como a divertida empregada Olívia que acabou escalada também para o remake exibido em 2012, revivendo a mesma personagem. Suas participações geralmente representavam o destaque de humor das tramas. Foi assim com a Mariinha de “Estúpido Cupido” (1976), a Tetê de “A Gata Comeu” (1986) e principalmente com a fada Margarida, da novelinha matinal “Caça Talentos”, estrelada por Angélica em 1996. Mas nem sempre seus trabalhos foram marcados por alegria. Em “De Corpo e Alma”, de 1992, interpretou a mãe da jovem Yasmin, papel de Daniela Perez, que foi assassinada em meio à produção. Entre seus papéis mais recentes estão os de Narcisa em “Êta Mundo Bom!” (2016), de Walcyr Carrasco, e Dulce Sampaio em “Salve-se quem Puder” (2020), de Daniel Ortiz. Ela também participou de séries como “Escolinha do Professor Raimundo”, “Sítio do Picapau Amarelo” e “A Grande Família”. E filmou os clássicos “Dias Melhores Virão” (1989), de Cacá Diegues, “Lua de Cristal” (1990), de Tizuka Yamasaki, e “O Homem do Ano” (2003), de José Henrique Fonseca. Por atuar ao lado de Xuxa (“Lua de Cristal”) e Angélica (“Caça Talentos”) no auge do sucesso das duas apresentadoras, e ainda ter encarnado a Dona Carochinha do “Sítio do Picapau Amarelo”, Marilu Bueno é especialmente lembrada pelo sorriso largo que marcou a infância de milhões de brasileiros.
Tarcísio Meira (1935-2021)
Morreu nesta quinta-feira (12/8), um dos atores mais famosos da TV brasileira. Após cinco dias internado na UTI do hospital Albert Einstein, em São Paulo, em tratamento contra a covid-19, Tarcísio Meira faleceu aos 85 anos. Ele estava internado junto com Glória Menezes, o grande amor de sua vida, com que estava casado há 59 anos, mas ela superou a doença e “deve ter alta em breve”, segundo a assessoria de imprensa da família. Tarcísio Meira se chamava Tarcísio Magalhães Sobrinho. O sobrenome Meira veio “emprestado” da mãe, Maria do Rosário Meira Jáio de Magalhães, por ser mais sonoro também por superstição: o nome artístico tinha 13 letras. Na juventude, ele sonhava em ingressar no Instituto Rio Branco para se tornar diplomata. Mas foi reprovado na prova, em 1957, e graças a isso o Brasil ganhou um ícone. Virou ator de teatro e foi quando ensaiava a peça “As Feiticeiras de Salém”, dirigida por Antunes Filho, que viu pela primeira vez Gloria Menezes. O contato mais próximo, porém, só aconteceu na TV, quando fizeram juntos o teleteatro “Uma Pires Camargo” (1961). Em entrevista ao jornal O Globo de 2015, ele conta que, depois de ficarem amigos, decidiu se aproximar mais. “Quando ela lançou o filme “O Pagador de Promessas” (1962) em Cannes, mandei flores e um cartão escrito ‘volte, volte, volte'”. Na volta, eles se tornaram inseparáveis. Marcando a trajetória da televisão brasileira, os dois protagonizaram a primeira telenovela diária do país, “2-5499 — Ocupado”, na Excelsior, em 1963. O sucesso do formato catapultou o casal ao estrelato. Eles fizeram mais nove novelas juntos antes de assinar com a Globo, onde se tornaram o casal favorito da televisão brasileira. O primeiro trabalho na Globo foi “Sangue e Areia”, em 1967, que também entrou para a História por inaugurar a famosa faixa das 20h na teledramaturgia do canal. Até então, as novelas eram adaptações de tramas importadas, geralmente de época, e por isso eram referidas como folhetins – um termo francês que definia a narrativa literária seriada de romances do século 19. Mas Tarcísio ajudou a mudar a trajetória do gênero ao protagonizar “Irmãos Coragem”, trama de Janete Clair de 1970 que combinava uma narrativa muito brasileira e atual, com garimpo e violência no sertão. O ator viveu João Coragem que, ao lado dos irmãos interpretados por Cláudio Cavalcanti (1940-2013) e Cláudio Marzo (1940-2015) – além de, claro, Gloria Menezes – , desafiavam a autoridade do Coronel Pedro Barros (Gilberto Martinho). O sucesso de “Irmãos Coragem” foi tanto que derrubou o preconceito masculino contra o gênero, levando homens a se engajarem na história. “Foi a primeira novela que os homens admitiam que viam. Até então, eles viam meio escondidos, porque novela era coisa de mulher”, contou Tarcísio ao site projeto Memória Globo, lembrando que a audiência do penúltimo capítulo foi maior que a da final da Copa do Mundo de 1970. Ao longo da carreira, Tarcísio atuou em mais de 60 obras na TV, entre novelas, minisséries e especiais, vivendo personagens marcantes. Ele chegou da interpretar papéis duplos duas vezes, como Hugo Leonardo e Raul em “O Semideus” (1973) e Diogo Maia e Ciro em “Espelho Mágico” (1977). Outros personagens que marcaram seu auge como protagonista foram Ciro Valdez em “O Homem que Deve Morrer” (1971), Rodrigo Soares em “Cavalo de Aço” (1973), Antônio Dias em “Escalada” (1975) e Fernando Lucas em “Os Gigantes” (1979), Juca Pitanga em “Coração Alado” (1980), Renato Villar em “Roda de Fogo” (1986), dando o que falar até em pequenas participações, feito o desempenho como Giusepe Berdinazi em “O Rei do Gado” (1996). “Os Gigantes”, por sinal, foi a primeira novela em que seu personagem viveu romance com outra mulher que não Gloria Menezes. Por curiosidade, apesar do longo romance histórico, ele chegou até mesmo a trair Gloria num casamento televisivo, com Natália do Vale na novela “Torre de Babel” (1998). Não foi a única vez que os autores de novela usaram sua trajetória para surpreender o público. Silvio de Abreu chegou a ser considerado ousado ao escalá-lo em “Guerra dos Sexos” em 1983, colocando Tarciso em sua primeira novela cômica. Mas não só o ator conhecido por papéis dramáticos correspondeu como protagonizou cenas de rolar de rir ao lado de Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Ele se saiu tão bem que virou personagem-título de outra novela cômica, “Araponga” (1990), como o atrapalhado detetive Aristênio Catanduva, o Araponga. Além disso, estrelou uma sitcom com a esposa que tinha simplesmente o nome de “Tarcísio & Glória” (1988) – e um detalhe: Glória Menezes vivia uma alienígena! Versátil, o ator foi herói épico, vivendo o capitão Rodrigo Cambará na minissérie “O Tempo e o Vento” – dirigido pelo colega Paulo José, que morreu na quarta-feira (11/8) aos 84 anos – e também vilão marcante, como Renato Villar em “Roda de Fogo” e o terrível Dom Jerônimo da minissérie “A Muralha” (2000). Sua última novela foi “Orgulho e Paixão”, escrita por Marcos Bernstein em 2018, em que interpretou Lorde Williamson. Mas apesar de ter sido um dos atores mais ocupados da TV brasileira, Tarciso também criou uma obra significativa nos cinemas, iniciada por “Casinha Pequenina”, um dos maiores sucessos da filmografia de Mazzaropi, lançado em 1963. Seu talento contemplou mais de 20 produções cinematográficas, entre elas clássicos absolutos, como “A Idade da Terra” (1981), último filme de Glauber Rocha. “Um dia, Glauber me botou no meio de uma bateria de escola de samba. De uma hora para outra, na batida da música, notei algo: o que era para ser uma escola de samba virou uma banda militar, quase que numa marcha. Era um tipo de cinema que eu nunca tinha feito”, Tarcísio refletiu em outra entrevista para O Globo em 2010. Ele ainda foi o Dom Pedro Iº de “Independência ou Morte”, filme lançado em 1972 como grande destaque cultural do sesquicentenário da Independência Brasileira. Mas se agradou os militares na ocasião, ajudou a enfrentar e acabar com a censura ao protagonizar “O Beijo no Asfalto”, dirigido por Bruno Barreto em 1981. A adaptação da peça de Nelson Rodrigues gerou polêmica na época, devido ao beijo na boca do personagem de Tarcísio em Ney Latorraca. A lista de filmes históricos inclui a aventura “O Caçador de Esmeraldas” (1974) de Oswaldo de Oliveira, o drama “O Marginal” (1974) de Carlos Manga, o corajoso “República dos Assassinos” (1979) de Miguel Faria Jr, o sucesso “Eu Te Amo” (1981) de Arnaldo Jabor, o polêmico “Amor, Estranho Amor” (1982), de Walter Hugo Khouri, e o vibrante “Boca de Ouro” (1990), outra adaptação de Nelson Rodrigues, com direção de Walter Avancini. O último longa do ator foi a comédia “Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo!”, de Hugo Carvana, lançada em 2011. No fim de 2019, Tarcísio também se despediu dos palcos com a reencenação de “O Camareiro”, peça que já tinha estrelado em 2015 e lhe rendido o Prêmio Shell de Melhor Ator. Além da esposa, ele deixa o filho Tarcísio Filho, de 58 anos, além de Amélia Brito, 64, e João Paulo Brito, 62, frutos do casamento anterior de Glória com Arnaldo Brito.
Carl Reiner (1947 – 2020)
Lenda do humor americano, Carl Reiner, um dos pioneiros da comédia televisiva dos EUA e responsável por lançar Steve Martin no cinema, morreu na noite de segunda-feira (29/6) em sua casa, em Los Angeles, de causas naturais, aos 98 anos. Com uma carreira de sete décadas, Reiner acompanhou a evolução do humor americano, do teatro de variedades, passando pelos discos de humor até a criação do formato sitcom e a participação em blockbusters modernos. Após escrever piadas para apresentações de Sid Caesar em Nova York e nos programas televisivos “Caesar’s Hour”, que lhe rendeu dois Emmys, e “Your Show of Shows” dos anos 1950, ele criou “The Dick Van Dyke Show”, a primeira sitcom de verdade. E a origem do formato teve início praticamente casual. Reiner vinha sendo convidado a participar de programas de humor e escrever piadas, mas não gostava de nenhum roteiro que recebia. Sua mulher disse que, se ele achava que faria melhor, que então fizesse. E ele fez. Ele escreveu a premissa e os primeiros 13 episódios baseando-se em sua própria vida. E inaugurou um costume novo, ao estabelecer um lugar de trabalho como set de humor, relacionando as piadas à rotina do protagonista no emprego e também em sua casa, com sua mulher e filhos. Era uma situação fixa, que acabou inspirando cópias e originando um novo gênero de humor televisivo – sitcom, abreviatura de “comédia de situação”. Até então então, as comédias se passavam apenas na casa das famílias e, eventualmente, nos lugares em que passavam férias, como em “I Love Lucy”. Pela primeira vez, o humor passou a se relacionar com o cotidiano de trabalho, uma iniciativa que até hoje inspira clássicos, como “The Office”, por exemplo. O roteirista tentou emplacar a série com ele mesmo no papel principal, mas o piloto foi rejeitado. Apesar disso, o produtor Sheldon Leonard garantiu que não tinha desistido. “Vamos conseguir um ator melhor para interpretar você”. Foi desse modo que o escritor de comédias de TV Rob Petrie ganhou interpretação do galã Dick Van Dyke. Isto, porém, fomentou outro problema, quando o ator se tornou maior que o programa, graças a participações em filmes famosos – como “Mary Poppins” (1964) e “O Calhambeque Mágico” (1968) – , razão pela qual “The Dick Van Dyke Show” não durou mais que cinco temporadas, exibidas entre 1961 e 1965. Além do ator que batizava a atração, o elenco ainda destacava, como intérprete de sua esposa, ninguém menos que a estreante Mary Tyler Moore, cujo nome logo em seguida também viraria série. E Reiner, claro, conseguiu incluir em seu contrato a participação como um personagem recorrente. A audiência do programa só estourou na 2ª temporada e de forma surpreendente, numa época em que todos os canais priorizavam séries de western. A atração consagrou Reiner com quatro Emmys e lhe abriu as portas de Hollywood. Consagrado na TV, ele foi estrear no cinema como roteirista de dois longas para o diretor Norman Jewison: “Tempero do Amor” (1963), um dos maiores sucessos da carreira da atriz Doris Day, e “Artistas do Amor” (1965), com Dick Van Dyke. Em seguida, ele resolveu se lançar como diretor. Mas apesar das críticas positivas, “Glória e Lágrimas de um Cômico” (1969), estrelado por Van Dyke, não repercutiu nas bilheterias. O mesmo aconteceu com “Como Livrar-me da Mamãe” (1970), com George Segal. Assim, Reiner voltou à TV, de forma simbólica com uma sitcom chamada “The New Dick Van Dyke Show”, exibida entre 1971 e 1974. Ele tentou emplacar outras séries, como “Lotsa Luck!”, estrelada por Dom DeLuise, que durou só uma temporada, porém a maioria de seus projetos dos anos 1970 não passou do piloto. Por outro lado, a dificuldade na TV o fez tentar novamente o cinema e o levou a seu primeiro êxito comercial como cineasta, “Alguém Lá em Cima Gosta de Mim” (1977), comédia em que o cantor John Denver era visitado por Deus (na verdade, o veterano George Burns). Em 1979, ele firmou nova parceria bem-sucedida com outro comediante iniciante, o ator Steve Martin, a quem dirigiu em quatro filmes: “O Panaca” (1979), “Cliente Morto Não Paga” (1982), “O Médico Erótico” (1983) e “Um Espírito Baixou em Mim” (1984). Reiner ainda escreveu dois destes longas, ajudando a lançar a carreira de Martin, até então pouco conhecido, como astro de Hollywood. A parceria foi tão bem-sucedida que Reiner teve dificuldades de manter a carreira de cineasta após se separar de Martin. Sua filmografia como diretor encerrou-se na década seguinte, após trabalhar, entre outros, com John Candy em “Aluga-se para o Verão” (1985), Mark Harmon em “Curso de Verão” (1987), Kirstie Alley em “Tem um Morto ao Meu Lado” (1990) e Bette Midler em “Guerra dos Sexos” (1997), o último filme que dirigiu. Enquanto escrevia e dirigia, ele desenvolveu o hábito de aparecer em suas obras. E isso acabou lhe rendendo uma carreira mais duradoura que suas atividades principais – mais de 100 episódios de séries e longa-metragens. As participações começaram como figuração, como em “Deu a Louca no Mundo” (1963) e “A História do Mundo – Parte I” (1981), em que dublou a voz de Deus. Mas o fim de sua carreira de cineasta aumentou sua presença nas telas, a ponto de transformá-lo num dos assaltantes da trilogia de Danny Ocean, o personagem de George Clooney em “Onze Homens e um Segredo” (2001), “Doze Homens e Outro Segredo” (2004) e “Treze Homens e um Novo Segredo” (2007). Também apareceu em várias séries, como “Louco por Você” (Mad About You), “House”, “Ally McBeal”, “Crossing Jordan”, “Dois Homens e Meio” (Two and a Half Men), “Parks & Recreation”, “Angie Tribeca” e principalmente “No Calor de Cleveland (Hot in Cleveland), em que viveu o namorado de Betty White. E ainda se especializou em dublagens, após o sucesso da animação “The 2000 Year Old Man” (1975) que criou com outro gênio do humor, Mel Brooks. Seu último papel, por sinal, foi o rinoceronte chamado Carl, que ele dublou no recente “Toy Story 4” e num episódio da série animada “Forky Asks a Question”, da plataforma Disney+ (Disney Plus), produzido no ano passado. Em 1995, Reiner recebeu um prêmio pela carreira do Sindicato dos Roteiristas dos EUA (WGA). Em 2009, o mesmo sindicato voltou a homenageá-lo com o Valentine Davies Award, reconhecendo sua influência e legado para todos os escritores, bem como para a indústria do entretenimento e a comunidade artística em geral. Além de sua atividade nas telas, Reiner escreveu vários livros de memórias e romances. Ele se casou apenas uma vez, com Estelle Reiner, falecida em 2008, e teve três filhos, Sylvia Anne, Lucas e Rob Reiner. Este seguiu sua carreira, virando um reconhecido diretor de cinema – autor de clássicos como “Conta Comigo”, “A Princesa Prometida”, “Harry e Sally: Feitos um para o Outro” e “Louca Obsessão”.
Jorge Fernando (1955 – 2019)
O ator e diretor Jorge Fernando morreu no domingo (27/10), aos 64 anos, após dar entrada no Hospital CopaStar, em Copacabana, devido a uma parada cardíaca. Ele vinha se recuperando de um AVC (acidente vascular cerebral), que sofreu há dois anos, e tinha inclusive retomado a carreira, como ator e diretor da novela “Verão 90”, encerrada em julho passado. Jorge começou a atuar na escola onde estudava no Méier, Zona Norte do Rio, e se lançou em meio ao boom do teatro besteirol, estreando como ator profissional em 1976, na peça “As Mil e uma Encarnações de Pompeu Loredo”, de Mauro Rasi e Vicente Pereira. A carreira televisiva começou dois anos depois, como ator na série “Ciranda, Cirandinha”, de 1978, no papel de Reinaldo (Rei). Mas ele não queria ficar só na frente das câmeras. Mostrando sua versatilidade, no mesmo ano estrelou e dirigiu a peça “Zoológico” e foi assistente de direção do filme “Na Boca do Mundo”. Ele fez transição para as novelas com um papel de destaque em “Pai Herói” (1979), onde viveu o antagonista de Tony Ramos. Mas ao atuar em sua novela seguinte, “Água Viva” (1980), passou a se interessar mais pelo trabalho atrás das câmeras, acumulando sem créditos o papel de co-diretor. Sua estreia oficial como diretor da Globo aconteceu logo em seguida, em “Coração Alado”, de Janete Clair, em 1980. Ao todo, ele dirigiu 34 novelas, minisséries e séries. Um dos seus sucessos mais marcantes foi “Guerra dos Sexos” (1983), escrita por Sílvio de Abreu, que tinha como protagonistas Fernanda Montenegro e Paulo Autran (seu pai em “Pai Herói”). O tom de humor que ajudou a imprimir na produção acabou virando sua marca, e por um bom tempo determinou o estilo das novelas das 19h. Ele próprio assinou a direção de alguns dos maiores sucessos do horário, como “Vereda Tropical” (1984), “Cambalacho” (1986), “Brega & Chique” (1987) e “Que Rei Sou Eu?” (1989), antes de fazer sua transição para o “horário nobre” com “Rainha da Sucata” (1990), mais uma parceria bem-sucedida com o escritor Sílvio de Abreu. A partir daí, passou a transitar entre os dois horários, assinando hits pela noite inteira da Globo, de “Vamp” (1991), às 19h, até “A Próxima Vítima” (1995), às 20h, que fez o Brasil parar para debater a identidade de seu grande assassino. Consagrado como diretor de novelas, passou a se desafiar com outros formatos. Dirigiu séries (“Armação Ilimitada”, “Sai de Baixo”), programas infantis (“Angel Mix”, “Gente Inocente”), de variedades (“Não Fuja da Raia”, “TV Xuxa”) e foi redefinir o horário das 18h com “Chocolate com Pimenta” (2003), de Walcyr Carrasco, com quem trabalhou em mais quatro folhetins, entre eles “Alma Gêmea” (2004), que bateu recorde de audiência do horário. O último foi “Êta Mundo Bom!”, em 2016. Esteve à frente, também, dos remakes de “Ti Ti Ti” (2010) e da própria “Guerra dos Sexos” (2012). E estabeleceu uma parceria criativa com o casal Fernanda Young e Alexandre Machado em duas séries de comédia, “Nada Fofa” (2008) e “Macho Man” (2011). Além de dirigir, ele também estrelou a última produção no papel principal, como um ex-gay determinado a provar sua heterossexualidade. Para completar, trouxe sua mãe, Hilda Rebello, para atuar em algumas novelas que dirigiu, permitindo-lhe início tardio de uma vida artística, reprimida na juventude. Sua carreira, entretanto, não coube inteira na TV. Jorge Fernando também desenvolveu diversos trabalhos no cinema e no teatro. Dirigiu (e atuou em) “Sexo, Amor e Traição” (2004), “Xuxa Gêmeas” (2006) e “A Guerra dos Rocha” (2008), além de aparecer no clássico “Alma Corsária” (1993), de Carlos Reichenbach, e no blockbuster “Se Eu Fosse Você” (2006), de Daniel Filho. No palco, esteve à frente de sucessos do teatro besteirol, comandou Cláudia Raia no musical “Não Fuja da Raia”, coordenou a adaptação teatral de “Vamp” e criou a peça autobiográfica “Salve Jorge”, com histórias que marcaram sua trajetória profissional. Sua vida se multiplicou em arte.
Galã dos anos 1980, Mário Gomes hoje vende sanduíches na praia
Um dos maiores galãs da Globo da década de 1980, Mário Gomes hoje depende da venda de sanduíches numa barraca de praia na Zona Sul do Rio de Janeiro para conseguir pagar suas despesas. O ator atuou em cerca de 30 novelas, como “Gabriela”, “O Pulo do Gato”, “Guerra dos Sexos”, “Vereda Tropical”, “O Sexo dos Anjos”, “Sex Appeal”, etc. E também esteve em clássicos do cinema brasileiro, como “O Cortiço” (1978), “Tabu” (1982) e “O Escorpião Escarlate” (1990). “Estou fazendo uma experiência. Me preparando para investir em food truck”, disse ele, que tem a companhia do filho, João, que toca violão para os clientes. “Fico bebendo minha cachaça e vendo esse visual da praia”, contou ele ao jornal Extra. Sua última novela foi “Pecado Mortal”, na Record, em 2013. Na época, o ator já enfrentava problemas financeiros. “Construí ao longo da minha carreira um patrimônio que me mantém. Obviamente tenho minhas dificuldades, mas sempre tem um coco pra gente vender. Estou aí para o que der e vier. Estou de pé. Não tenho nada contra ninguém, não sou saudosista. Mas tenho consciência da minha trajetória e da força do meu nome. Já fui o Neymar da televisão”, ressalta. Apesar dos sanduíches – e batatas fritas – ele não abandonou a atuação. Aos 65 anos, voltou a fazer filmes, aparecendo em “TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva”, lançado em fevereiro – seu primeiro longa em mais de duas décadas. E integra o elenco da série “Magnífica 70”, que vai para a 3ª temporada no canal pago HBO. Para completar, ainda faz um trabalho voluntário no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, onde criou uma horta com os moradores de lá. “Recebi até ligação de Fernanda Montenegro me parabenizando”.





