Morre Robert Towne, vencedor do Oscar pelo roteiro de “Chinatown”, aos 89 anos
Towne também escreveu "Missão: Impossível" e foi indicado ao prêmio da Academia de Hollywood mais três vezes
Paul Geoffrey, ator de “Excalibur” e “Greystoke”, morre aos 68 anos
O ator inglês Paul Geoffrey, conhecido por papéis em “Excalibur” e “Better Call Saul”, faleceu no sábado passado (3/6) em Santa Fé, Novo México (EUA), aos 68 anos. Sua morte aconteceu após uma batalha contra o câncer. Ele deixou sua esposa Sue Taylor e seus três filhos, Alex, Oliver e Daisy. “Ele amava vinhos e pratos franceses, tinha grande conhecimento de história e era um torcedor fiel do Arsenal, além de ser extremamente bem-sucedido como o cara mais gentil do mundo”, diz o obituário divulgado pela família ao jornal local Santa Fe New Mexican. Excalibur Nascido na Inglaterra, Geoffrey começou sua carreira nas telas britânicas em 1977. Durante os primeiros anos, fez participações pequenas em filmes e séries. Foi em 1981 que ganhou notoriedade ao estrelar o filme de fantasia medieval “Excalibur”. Ele interpretou o cavaleiro Perceval na trama que retrata a lenda do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. Seu personagem recebeu destaque no filme cultuado de John Boorman (“Esperança e Glória”), que trouxe Nigel Terry (“Caravaggio”) como o Rei Arthur e também contou com Patrick Stewart (“Star Trek: Picard”) e Liam Neeson (“Assassino Sem Rastro”) no elenco. Elogiado pelo público e pela crítica, “Excalibur” ganhou o prêmio de Melhor Contribuição Artística em Cannes em 1981 e foi indicado ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia. Greystoke – A Lenda de Tarzan Em 1983, Geoffrey atuou na minissérie “Spyship”, do canal britânico BBC e, no ano seguinte, estrelou sua próxima grande produção: “Greystoke – A Lenda de Tarzan”, dirigida por Hugh Hudson (“Carruagens de Fogo”). Na trama, Geoffrey interpretou o Lord John “Jack” Clayton, o pai de Tarzan (vivido por Christopher Lambert). Considerado a melhor adaptação da obra de Edgar Rice Burroughs, o longa foi aclamado pela crítica e recebeu 3 indicações ao Oscar. Mas os papéis diminuíram drasticamente depois disso, e ele se viu obrigado a dividir seu tempo entre filmes, séries e o trabalho de corretor de imóveis. Um de seus últimos destaques foi como o Sr. Lockwood na adaptação de 1992 do clássico “O Morro dos Ventos Uivantes”, da autora Emily Brontë. O longa foi dirigido por Peter Kosminsky (“A Promessa”) e foi estrelado pelo ator Ralph Fiennes (“O Menu”) ao lado da atriz francesa Juliette Binoche (“Acima das Nuvens”). Séries Geoffrey também fez aparições em produções televisivas, como “The Jewel in the Crown” (1984), “Zina” (1985), “Anna Karenina” (1985), “Napoleon and Josephine: A Love Story” (1987), “The Manageress” (1989), “Acapulco HEAT” (1993) e “The Staircase” (1998), e voltou ao cinema na comédia “Thomas Crown, a Arte do Crime” (1999), estrelada por Pierce Brosnan (“Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo!”). Após um período de mais de 10 anos longe das telas, o ator reapareceu em 2015, num papel em “Better Call Saul”, série derivada do sucesso “Breaking Bad”, como o alfaiate do personagem principal, interpretado pelo ator Bob Odenkirk. Depois disso, ainda atuou nas séries “Get Shorty: A Máfia do Cinema” (2017) e “Perpetual Grace, LTD” (2019), seus últimos trabalhos.
Ian Holm (1931 – 2020)
O ator britânico Ian Holm, conhecido por viver Bilbo em “O Senhor dos Anéis” e Ash em “Alien: O Oitavo Passageiro”, morreu nesta sexta (19/6) aos 88 anos. O agente do ator confirmou a notícia citando complicações do Mal de Parkinson como causa da morte. “Ele morreu pacificamente no hospital, com sua família e seu cuidador. Ian era charmoso, gentil e talentoso, e vamos sentir falta dele enormemente”, escreveu o agente, em comunicado. Um dos atores britânicos mais famosos de sua geração, Ian Holm nasceu em 12 de setembro de 1931, filho de médicos escoceses, na cidade inglesa de Goodmayes, e acumulou diversos prêmios em sua carreira. Ele também deu, literalmente, sangue pela arte. Em 1959, quando fazia parte da Royal Shakespeare Company, a mais prestigiosa trupe do teatro britânico, Holm teve o dedo cortado por Laurence Olivier durante uma luta de espadas na montagem de “Coriolanus”. Acabou com uma cicatriz, que para ele tinha conotação de dedicação e orgulho por seu trabalho. Sua trajetória rumo à fama incluiu várias aparições na televisão britânica no início dos anos 1960, até conquistar destaque como o rei Ricardo III na minissérie da BBC “The Wars of the Roses” (1965). Em seguida, conquistou o papel que lhe deu projeção internacional, ao vencer o Tony (o Oscar do teatro) em sua estreia na Broadway em 1967, como Lenny em “Volta ao Lar”, de Harold Pinter, atuando sob direção de Peter Hall. Holm também estrelou a versão de cinema da peça em 1973, novamente dirigida por Hall, que ainda foi o diretor que o lançou no cinema, apropriadamente numa adaptação de Shakespeare, “Sonho de uma Noite de Verão”, em 1968. Na obra shakespeariana, ele viveu o icônico elfo Puck, que foi o primeiro personagem fantástico de sua filmografia. A consagração no cinema e no teatro seguiram paralelas por quase toda a sua carreira. Ele trabalhou em clássicos como “O Homem de Kiev” (1968), de John Frankenheimer, “Oh! Que Bela Guerra!” (1969), de Richard Attenborough, “Nicholas e Alexandra” (1971), de Franklin J. Schaffner, “Mary Stuart, Rainha da Escócia” (1971), de Charles Jarrot, “As Garras do Leão” (1972), novamente de Attenborough… obras premiadíssimas. Seus personagens marcaram época. Viveu, por exemplo, o vilanesco Príncipe João no cultuadíssimo “Robin e Marian” (1976), sobre a morte de Robin Hood (vivido por Sean Connery), sem esquecer as minisséries que impressionaram gerações, estabelecendo-o no imaginário televisivo como Napoleão em “Os Amores de Napoleão” (1974), o escritor JM Barrie, criador de “Peter Pan”, em “Os Garotos Perdidos” (que lhe rendeu indicação ao BAFTA Awards) e o monstruoso nazista Heinrich Himmler na icônica “Holocausto” (1978). A consagração no cinema veio com a indicação ao Oscar e a vitória no BAFTA por “Carruagens de Fogo”, o filme esportivo mais célebre de todos os tempos, em que viveu um treinador olímpico. Sua versatilidade também lhe garantiu muitos admiradores geeks. Holm impactou a ficção científica por suas atuações como Ash, o androide traidor, que acabava decapitado em “Alien: O Oitavo Passageiro” (1979), de Ridley Scott, o burocrata Sr. Kurtzmann em outro clássico, o fantástico “Brazil, o Filme” (1985), de Terry Gilliam, o padre Cornelius em “O Quinto Elemento” (1997), melhor filme de Luc Besson, e o cientista que prevê o apocalipse de “O Dia Depois de Amanhã” (2004), de Roland Emmerich. Ele ainda trabalhou com Gilliam em “Os Bandidos do Tempo” (1981), numa das três vezes em que viveu Napoleão. Foi nesta época, inclusive, que começou sua conexão com “O Senhor dos Anéis”. Em 1981, quando a BBC produziu uma adaptação para o rádio da obra de J.R.R. Tolkien, ele foi o escolhido para dar voz a Frodo. Vinte anos depois, virou o tio de Frodo, Bilbo Bolseiro, na trilogia cinematográfica de Peter Jackson, lançada entre 2001 e 2003 — o final da saga, “O Retorno do Rei”, rendeu-lhe o SAG Awards (prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA) como parte do Melhor Elenco do ano. Sua carreira foi repleta de aventuras fantásticas, incluindo “Juggernaut: Inferno em Alto-Mar” (1974), de Richard Lester, e “Greystoke: A Lenda de Tarzan” (1984), uma das mais fiéis adaptações da obra de Edgar Rice Burroughs, na qual interpretou o francês Phillippe D’Arnot, o melhor amigo de Tarzan. Mas também dramas sutis, como “Dançando com um Estranho” (1985), de Mike Newell, e “A Outra” (1988), de Woody Allen. Holm perpetuou-se nas telas em várias adaptações shakespeareanas, numa lista que conta ainda com “Henrique V” (1989), de Kenneth Branagh, e “Hamlet” (1990), de Franco Zeffirelli. E multiplicou-se em obras cults, como “Kafka” (1991), de Steven Sodebergh, “Mistérios e Paixões” (1991), de David Cronenberg, “As Loucuras do Rei George (1994), de Nicholas Hytner, “Por uma Vida Menos Ordinária” (1997), de Danny Boyle, “O Doce Amanhã” (1997), de Atom Egoyan, etc, etc. Ele até voltou a viver Napoleão uma terceira vez, em “As Novas Roupas do Imperador” (2001), de Alan Taylor, tornando-se o ator mais identificado com o papel. Entre os cerca de 130 desempenhos que legou ao público também destacam-se os primeiros filmes dirigidos pelos atores Stanley Tucci (“A Grande Noite”, em 1996) e Zach Braff (“Hora de Voltar”, em 2004), os dramas premiados “O Aviador” (2004), de Martin Scorsese, e “O Senhor das Armas” (2005), de Andrew Niccol, e a animação “Ratatouille” (2007), da Disney-Pixar. Seus últimos trabalhos foram resgates de seus papéis mais populares. Ele voltou a viver Ash no videogame “Alien: Isolation”, lançado em 2014, e a versão envelhecida de Bilbo na trilogia “O Hobbit”, encerrando sua filmografia em 2014, com “O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos”. Tudo isso, apesar de sofrer de ataques de pânico a cada vez que as luzes acendiam, o diretor dizia “ação” e as cortinas se abriam. Tudo isso, que também lhe rendeu a nomeação de Comandante do Império Britânico em 1989, a distinção de cavaleiro, conferida pela Rainha Elizabeth II em 1998, a admiração de seus pares e o encantamento de fãs, ao redor do mundo.


