Filmes da Letônia e do Chile são os primeiros premiados em Berlim
As produções “Mellow Mud”, da Letônia, e “Las Plantas”, do Chile, foram os primeiros filmes premiados do Festival de Berlim em 2016. Exibidos na seção Generations, dedicada a obras com temáticas adolescentes, o longa da Letônia venceu o Cristal de Ouro, como Melhor Filme da mostra, na eleição do Júri da Juventude. A Menção Especial coube ao chileno, que também levou o prêmio máximo entregue por um segundo grupo de eleitores, o Júri Internacional. Justificando a escolha, os votantes declararam-se impressionados com a força das imagens, “poderosas e expressivas, a despeito de poucos diálogos e interpretações discretas”. “Mellow Mud” conta a história de uma jovem que vive com o irmão caçula e a avó. Quando esta falece, no entanto, eles a enterram no quintal para fingir que nada aconteceu. O objetivo é evitar um centro de acolhimento para menores – mas a decisão os obriga a um rápido processo de amadurecimento. Tanto o diretor, Renārs Vimba, quanto a atriz principal, Elina Vaska, tiveram a sua formação na Academia de Cultura da Letônia. Trata-se do primeiro filme da cineasta e também do estúdio Tasse, mas uma de suas fundadoras já produziu outro filme vencedor do mesmo prêmio nesta seção da Berlinale em 2013, “Mother I Love You”. Vimba, por sinal, já trabalha no seu segundo filme, “Sanctus”. “Las Plantas”, por sua vez, confirma o vigor do cinema chileno ao contar o processo de despertar sexual de uma adolescente, por meio da história de Violetta. É a ela que cabe a tarefa de cuidar de um irmão em estado vegetativo – ao mesmo tempo que à noite conversa com homens na internet. O filme foi dirigido por Roberto Doveris, que também estreia em longa-metragem. Ambos os filmes foram considerados hits em Berlim, com a crítica internacional destacando como souberam encontrar o delicado equilíbrio entre sensibilidade e choque. Vencedores da mostra Generations, do Festival de Berlim 2016 Distinções do Júri da Juventude Urso de Cristal de Melhor Filme “Mellow Mud”, de Renars Vimba (Letônia) Menção Especial “Las Plantas”, de Roberto Doveris (Chile) Urso de Cristal para Melhor Curta-Metragem “Balcony”, de Toby Fell-Holden (Inglaterra) Menção Especial para Curta-Metragemm “The Body is a Lonely Place”, de Ida Lindgren. Distinções do Júri Internacional Grande Prêmio “Las Plantas”, de Roberto Doveris (Chile) Menção Especial “Zhaleika”, de Eliza Petkova (Alemanha) Grande Prêmio de Melhor Curta-metragem “A Night in Tokoriki”, de Roxana Stroe (Roménia) Menção Especial para Curta-metragem “The Body Is a Lonely Place”, de Ida Lindgren (Suécia).
Colonia: Novo trailer traz Emma Watson convertendo-se a uma seita sinistra
A Screen Media Films divulgou o novo trailer do filme “Colonia”, estrelado por Emma Watson (“Noé”) e Daniel Brühl (“Rush: No Limite da Emoção”). Diferente das anteriores, a prévia se foca na conversão da personagem de Watson numa estranha seita, comandada por um nazista(Michael Nyqvist, de “Missão Impossível – Protocolo Fantasma”) exilado no Chile nos anos 1970, e a forma como ele usa brutalidade para controlar seus seguidores, ao mesmo tempo em que revela as segundas intenções da jovem, que visa usar a seita como forma de reencontrar seu namorado (Bhrul), “desaparecido” durante o golpe militar chileno. Baseada em fatos verídicos, o filme tem direção do alemão Florian Gallenberger (“Sombras do Passado”) e estreou na quinta (18/2) na Alemanha. A produção só chega aos cinemas americanos em abril, mas ainda não há previsão para seu lançamento no Brasil.
Berlim: Novo filme de Michael Moore faz o festival gargalhar
O novo filme de Michael Moore, “Where to Invade Next”, foi exibido fora de competição no Festival de Berlim. E também foi o mais próximo que se encontrou de uma comédia no sizudo festival germânico – dedicado essencialmente à produções artísticas. O longa narra as andanças de Moore por nações da Europa, além da Tunísia, em busca de boas ideias e práticas para “roubar” e levar para a América. De país para país, muitas piadas que, somadas ao carisma do diretor/apresentador, provocaram imensas gargalhadas entre o público. Entre os modelos que o investigador Moore quer levar para a América estão o sistema de pagamento de salários da Itália (Moore fica perplexo com o 13º salário e o subsídio de maternidade, igualmente praticados no Brasil), a descriminalização dos usuários de drogas em Portugal, o sistema penitenciário norueguês e a alimentação saudável das escolas francesas, entre outras. Claro que, em meio do show-off, sobra superficialidades e afirmações fáceis – com conclusões apressadas e algumas francamente inverossímeis (como dizer que o único banco que sobreviveu à ruína do sistema financeira na Islândia o fez porque era gerido por mulheres) ou ingênuas de alguém que, a despeito de assumir o lado “esquerdo” da barricada, acredita na pureza dos velhos ideais americanos. Moore não viajou a Berlim para acompanhar a première por enfrentar problemas de saúde, uma pneumonia que o internou no hospital e também o impediu de divulgar o lançamento nos EUA. Em seu Facebook, ele escreveu que “tentar voltar a respirar já é um sacrifício suficiente”.
Jake Gyllenhaal implode no trailer do novo drama do diretor de Clube de Compras Dallas
A Fox Searchlight Pictures divulgou o pôster e o segundo trailer do drama “Demolition”, do diretor canadense Jean-Marc Vallée (“Clube de Compras Dallas”), que traz Jake Gyllenhaal (“O Abutre”) como um viúvo com dificuldades de expressar a dor de sua perda. A prévia mostra o acidente que matou sua mulher (Heather Lind, da série “Turn”), os problemas de relacionamento com o sogro (Chris Cooper, de “Álbum de Família”), a passividade com que encarava a vida e sua reação emocional, ao decidir demolir a própria casa, atitude que serve como uma metáfora para sua autodestruição, mas também reconstrução – com a ajuda de uma desconhecida vivida por Naomi Watts (“O Impossível”) e seu filho (Judah Lewis, de “Caçadores de Emoção: Além do Limite”). Filme de abertura do Festival de Toronto do ano passado, “Demolition” chega aos cinemas americanos em 8 de abril e ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.
Mãe Só Há Uma: Veja uma cena e o pôster internacional do novo filme de Anna Muylaert
O pôster e a primeira cena de “Mãe Só Há Uma”, novo filme da diretora brasileira Anna Muylaert, foram divulgados para o mercado internacional, acompanhando a repercussão positiva da première no Festival de Berlim. Exibido na mostra Panorama, que no ano passado foi vencida por outra obra da cineasta, “Que Horas Ela Volta?”, o filme teve uma recepção entusiasmada do público e da crítica na Bienale. A trama segue a história de um adolescente, roubado ainda bebê numa maternidade, que é reintroduzido à sua família biológica, enquanto lida ainda com a definição de sua identidade sexual. O elenco destaca o estreante Naomi Nero (sobrinho de Alexandre Nero) no papel principal, a pouco conhecida Dani Nefusi em papel duplo, como a sequestradora e a mãe biológica, e Matheus Nachtergaele (“Trinta”) como o pai burguês e machista, que precisa lidar com a descoberta de um filho transgênero. “Mãe Só Há Uma”, que no mercado internacional se chama “Don’t Call Me Son”, ainda não tem previsão de estreia.
Berlim: Anna Muylaert retorna ao festival alemão sob aplausos
Um ano após ser premiada no Festival de Berlim por “Que Horas Ela Volta?”, a diretora brasileira Anna Muylaert voltou a receber aplausos efusivos do público alemão com a exibição de seu novo filme, “Mãe Só Há Uma”. Emocionada no reencontro, ela revelou que teve receios em retornar tão cedo à Berlinale, especialmente na mesma mostra, a Panorama, que ela venceu em 2015. “Depois que pisei aqui no ano passado, minha vida mudou”, ela discursou, durante a première. “Foram centenas de horas falando sobre os problemas sociais brasileiros e o machismo no cinema. Relutei em voltar, pensando que seria difícil vencer novamente e me sentir deprimida. Mas minha função não é fazer gols, é fazer flores. Esse filme é a minha mais nova flor. É sobre uma história muito conhecida que aconteceu no Brasil. É um filme que não foi feito para se sentir bem, mas para se sentir autêntico. Esta é uma flor autêntica”. A história conhecida a que ela se refere é a do menino Pedrinho, que foi roubado ainda bebê numa maternidade de Brasília, décadas atrás. Criado como filho pela sequestradora, Pedrinho vira Pierre no filme, interpretado pelo estreante Naomi Nero (sobrinho de Alexandre Nero), e para complicar essa história já complexa por si só, ele também busca sua identidade sexual, vestindo-se de mulher. Por isso, o reencontro com a família biológica vem junto de um turbilhão de sentimentos, especialmente na relação com o pai machista, vivido por Matheus Nachtergaele (“Trinta”). Em suma, “Mãe Só Há Uma” não é um “filme simples, sem pretensões”, como a diretora dizia em suas entrevistas pregressas, para evitar comparações com “Que Horas Ela Volta?”. Sem o maniqueísmo do filme anterior, é até mais complexo, cheio de nuances, com direito a algumas opções criativas, como a escolha da mesma atriz, Dani Nefusi, para interpretar a mãe sequestradora e a mãe biológica. Presente na sessão, o diretor Karin Aïnouz (“Praia do Futuro”) sintetizou perfeitamente a percepção da obra: “A Anna vai para o lado da loucura e se sai superbem”.
Berlim: Jeff Nichols revela que fantasia de Midnight Special exorciza trauma pessoal
O norte-americano Jeff Nichols dividiu a crítica e o público de Berlim com o seu “Midnight Special”, que pode decepcionar os fãs de sua carreira indie de sucesso – que inclui títulos como “O Abrigo” e “Amor Bandido”. O filme narra a bizarra história de um menino com superpoderes em fuga (do FBI e de uma sinistra organização religiosa) com o pai e não terá facilidade para convencer a audiência no seu lançamento comercial. Na entrevista coletiva, Nichols bem tentou dar uma explicação coerente, falando na óbvia influência de Steven Spielberg (filmes como “E.T.” e “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”) para que o público percebesse essa conexão por vezes bizarra que traz elementos dos quadrinhos (o menino os lê o tempo todo) e, claro, da ficção científica (as visitas extraterrestres). “O que eu acho que este tipo de filme faz especialmente bem é construir um senso de mistério, que leva a um maravilhamento”, disse o diretor. “É um sentimento positivo”, resumiu. Ele também explicou que a ideia para a trama surgiu de sua necessidade de superar o medo de perder seu próprio filho pequeno, quando uma crise de febre muito elevada o fez ter espasmos. “Eu corri com ele para o hospital e achei que estivesse morrendo”, contou o diretor. “Foi um momento muito assustador, em que eu percebi que não tinha controle da situação, e que se algo acontecesse com ele eu ficaria devastado”, ponderou. “Assim, ‘Midnight Special’ surgiu como uma forma para eu processar esse medo. Acho que a razão pela qual amamos tanto nossas crianças é por causa do medo de perdê-las e eu fiz um filme sobre isso”. Estrelado por Michael Shannon (“O Homem de Aço”), ator-fetiche do diretor, além de Kirsten Dunst (“Melancolia”), Adam Driver (“Star Wars: O Despertar da Força”), Joel Edgerton (“Aliança do Crime”) e o menino Jaeden Lieberher (“Um Santo Vizinho”), o filme estreia no Brasil em março e resta saber até que ponto a audiência vai se deixar embalar por seu enredo, cujas emoções vêm dos fortes laços familiares e afetivos entre os protagonistas, mas que, no âmbito da sci-fi, envereda por caminhos sinuosos e de difícil credibilidade.
Com boa presença brasileira, começa o Festival de Berlim 2016
O Festival de Berlim começa nesta quinta (11/2) num contexto efervescente na Alemanha, onde a crise dos refugiados repercute de forma particularmente forte. Em sua entrevista inaugural, o diretor do evento Dieter Kosslick salientou a importância de não se virar as costas para a realidade social, que estará no centro de diversas iniciativas ao longo do festival. Mas também chamam atenção as medidas de segurança, reforçadas em relação aos eventos anteriores, em decorrência dos atentados terroristas em Paris no ano passado. São esperadas cerca de 400 mil pessoas no festival, que vai se estender até 18 de fevereiro com diversas mostras paralelas e a competição pelo Urso de Ouro, cujo juri é presidido pela atriz Meryl Streep (“A Dama de Ferro”). Repetindo uma tendência dos últimos anos, a nova edição é marcada por forte presença brasileira. Em 2016, a maior expectativa da imprensa internacional recai sobre o novo projeto da paulista Anna Muylaert, “Mãe Só Há Uma”, em consequência da espantosa trajetória internacional de “Que Horas Ela Volta?” – que incluiu o Prêmio do Público na própria Berlinale do ano passado. O novo filme da cineasta retoma questões de maternidade e identidade, vistas no trabalho anterior, por meio da história de um rapaz transgênero. “Mãe Só Há Uma” faz parte da seção Panorama, mostra paralela onde também estão outros dois longas brasileiros. Há grande curiosidade, por sinal, a respeito de “Antes o Tempo não Acabava”, novo filme do amazonense Sergio Andrade após “A Floresta de Jonathas” (2013), que, indo de encontro ao notório gosto dos alemães pelo exótico, acompanha um xamã indígena confrontado pelo mundo urbano de Manaus. Igualmente promissor é “Curumim”, documentário de Marcos Prado (“Estamira”), que retrata a trágica histórica de Marco “Curumim” Archer, o brasileiro que passou 11 anos detido na Indonésia até ser condenado à morte em 2015. Prado valeu-se de filmagens escondidas feitas pelo próprio retratado – acrescentando posteriormente outros depoimentos e imagens. Além destes três filmes, duas produções alemãs na seção Fórum tem conexões com o Brasil: “Muito Romântico”, de cunho experimental, é uma obra de dois brasileiros radicados em Berlim, a gaúcha Melissa Dullius e o catarinense Gustavo Jahn, enquanto “Zona Norte” é um documentário onde a cineasta Monica Treut retorna à uma favela do Rio de Janeiro 13 anos depois de ter rodado lá “Guerreira da Luz”, onde abordava o trabalho social de Yvonne Bezerra de Menezes. Os americanos O tapete vermelho, porém, estende-se mesmo para os americanos. Hollywood domina a cena desde a abertura, inclusive no tema do filme escolhido, “Ave César!”. Cinco anos após abrirem a Berlinale com “Bravura Indômita” (2010), cabe novamente aos irmãos Coen a honra de trazer o filme de abertura – claramente uma aposta mais segura da organização, depois do ato falho do ano passado, quando “Ninguém Quer a Noite” não agradou ninguém e terminou por ficar posteriormente restrito às salas espanholas. “Ave César!” já arrancou boas reações nos Estados Unidos e, com a capacidade dos irmãos em agradar cinéfilos e o grande público, deve repetir o sucesso na Alemanha. A maioria dos outros trabalhos aterriza em Berlim vindos de Sundance, festival ocorrido em janeiro nos EUA. Um dos mais aguardados é “Maggie’s Plan”, volta de Rebecca Miller, sete anos após “A Vida Íntima de Pippa Lee” (2009), acompanhada por um elenco formado pelos queridinhos Greta Gervig (“Frances Ha”), Ethan Hawke (“Boyhood”) e Julianne Moore (“Para Sempre Alice”). Por seu lado, “Indignation” marca a estreia na direção do produtor James Schamus, um dos patrões do estúdio Focus – bastião do cinema alternativo nos Estados Unidos. Logan Lehrman (“Cruz de Ferro”) e Sarah Gadon (“Drácula: A História Nunca Contada”) estrelam. Outras promessas são “War on Everyone”, um buddy movie politicamente incorreto com Alexander Skarsgard (“True Blood”) e Michael Peña (“Homem-Formiga”) e, talvez a mais importante, “Midnight Special”, uma investida na sci-fi de Jeff Nichols (“Amor Bandido”), que volta a se reunir com seu habitual colaborador Michael Shannon (“O Homem de Aço”), desta vez acompanhado por Kirsten Dunst (“Melancolia”). O filme estreia já em março no Brasil. Com o trio Alex Gibney (“The Story of WikiLeaks: We Still Secrets”), Michael Moore (“Fahrenheit 9/11”) e Spike Lee (“Malcom X”) também estão prometidas algumas polêmicas para a Berlinale. Gibney, um dos melhores documentaristas do mundo, traz um retrato sobre a sombria rede de vigilância na internet com “Zero Days”, enquanto o sempre corrosivo Michael Moore corre o mundo à procura de ideias e comportamentos que deviam ser copiados pelo seu país. Já Spike Lee debruça-se, em “Chi-Raq”, sobre a guerra americano menos falada – a dos guetos negros de Chicago, onde as lutas de gangues são responsáveis por mais mortos que os conflitos internacionais do país. Mas a competição também terá nomes fortes de outros países, que já se tornaram habitués dos festivais internacionais, como o dinamarquês Thomas Vintenberg (“A Caça”), os franceses André Techiné (“O Homem Que Elas Amavam Demais”) e Mia Hansen-Love (“Eden”), o canadense Denis Côté (“Vic+Flo Viram um Urso”), o italiano Gianfranco Rosi (“Sacro GRA”), filipino Lav Diaz (“Norte, o Fim da História”), o bósnio Danis Tanović (“Terra de Ninguém”) e os iranianos Rafi Pitts (“Separados pelo Inverno”) e Mani Haghighi (“Modest Reception”), entre outros. Além disso, muitas surpresas podem vir de cineastas novatos, como a alemã Anne Zohra Berrached (“Two Mothers”), que em seu segundo longa aborda o dilema de uma mãe que descobre, ao final da gravidez, que seu filho terá Síndrome de Down e um defeito cardíaco potencialmente letal. A estreia mais esperada, porém, é a do diretor teatral britânico Michael Grandage, cujo primeiro filme, “Genius”, conta a história do editor dos grandes mestres da literatura Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald e Thomas Wolf. O elenco grandioso inclui Colin Firth (“Kingsman – Serviço Secreto”), Dominic West (série “The Affair”), Jude Law (“A Espiã que Sabia de Menos”), Guy Pearce (“The Rover – A Caçada”), Nicole Kidman (“Olhos da Justiça”), Laura Linney (“Sr. Sherlock Holmes”) e Vanessa Kirby (“Evereste”).
Irmãos Coen revelam planos para uma continuação de Barton Fink
Os irmãos Joel e Ethan Coen podem filmar a primeira continuação de suas carreiras. Ao desmentir rumores de uma sequência de “O Grande Lebowski” (1998), eles revelara que pensam em retomar os personagens de “Barton Fink – Delírios de Hollywood” (1991). Mas não é para já. “Nós faremos uma sequência de Barton Fink em algum momento”, disse Ethan Coen, em entrevista à revista Variety. “Esse é o único filme que achamos que merece uma continuação, intitulada ‘Old Fink'”, completou Joel Coen. Ele ainda acrescentou que a continuação só depende de um aspecto para sair do papel: John Turturro ficar “bem velho”. “Ele está chegando lá”, disse Joel. “Barton Fink” foi o primeiro filme de repercussão internacional dos Coen. Venceu a Palma de Ouro de Ouro no Festival de Cannes e ainda rendeu os prêmios de Melhor Direção para os Coen e de Melhor Ator a John Turturro. Na trama, Turturro interpreta o personagem-título, um renomado dramaturgo de Nova York que é convencido a escrever filmes na Califórnia em 1941, apenas para viver um pesadelo em Hollywood, com direito a bloqueio criativo, vizinho serial killer e produtor de cinema sádico. A sequência se passaria nos anos 1960, por isso os planos incluem o envelhecimento do intérprete. O próximo filme dos irmãos Coen, “Ave, César!”, também vai abordar a chamada “era de ouro” de Hollywood. A produção abrirá o Festival de Berlim 2016 e tem estreia marcada para o dia 7 de abril no Brasil.
Diretor brasileiro vai disputar prêmio britânico de melhor filme de ação com Star Wars e 007
Um filme de diretor brasileiro, realizado com financiamento coletivo, foi selecionado por uma premiação britânica, a National Film Awards, onde vai disputar o troféu de Melhor Filme de Ação do ano, concorrendo com “Star Wars: O Despertar da Força” e “007 contra Spectre”, entre outros. Trata-se de “Chasing Robert Barker” (Perseguindo Robert Barker), primeiro longa de ficção do mineiro Daniel Florêncio, que concorre em três categorias do prêmio britânico: Melhor Filme de Ação, Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante. Embora seja apenas a segunda edição do prêmio, que não tem o prestígio do BAFTA (o equivalente britânico ao Oscar), as indicações renderam destaque ao diretor, que foi entrevistado pela BBC. Na ocasião, ele contou a “saga” por trás da filmagem, realizada sem dinheiro e com muito improviso, e sobre o fato de a trama, apesar de passada na Inglaterra e falada em inglês, ter como personagens principais diversos imigrantes. “Não me sentiria confortável em fazer um filme 100% britânico. Não sei fazer isso”, disse Florêncio à BBC. “O que há de brasileiro no filme são as pessoas que o fizeram e a ginga para fazê-lo acontecer”, contou o cineasta, que estudou rádio e TV em Belo Horizonte e mudou-se para Londres em 2004 para cursar um mestrado em arte e mídia. Seu primeiro trabalho no país foi, curiosamente, “A Brazilian Immigrant” (2005), um documentário sobre maus tratos a brasileiros na fronteira britânica. Rodado em Londres entre abril e maio de 2013, “Chasing Robert Barker” aborda o mundo dos paparazzi, acompanhando um fotógrafo pressionado pela tarefa de registrar imagens indiscretas de um ator. A gênesis do projeto foi um documentário de TV sobre paparazzi que Florêncio dirigiu em 2007, “Tracking William”, que seguia a rotina de um fotógrafo no encalço do príncipe William. Nesse meio tempo, o escândalo de escutas ilegais do tabloide News of the World gerou grande discussão sobre as práticas da imprensa sensacionalista no Reino Unido. O financiamento coletivo, via Kickstarter, bancou a filmagem do longa, mas para finalizá-lo Florêncio buscou a parceria da produtora islandesa Pegasus, que trabalha na série “Game of Thrones”. O fato de o intérprete principal também ser islandês (Gudmundur Thorvaldsson) atraiu interesse do Festival Internacional de Cinema de Reykjavík, onde o filme teve sua première em setembro de 2015, entrando logo depois em circuito comercial na Islândia. Curiosamente, o filme ainda não teve lançamento comercial na Inglaterra. Como a votação do National Film Awards é feita pelo público, dificilmente um filme inédito terá chances de ser premiado. Mas a indicação já ajudou a obra a se tornar mais conhecida. Confira abaixo o vídeo da campanha de financiamento de “Chasing Robert Barker”, que ganhou, inclusive, legendas em português.
A Bruxa: Novo trailer revela cenas de nudez e tensão
O estúdio A24 divulgou um novo trailer do terror “A Bruxa”, que rendeu o prêmio de Melhor Diretor para Robert Eggers no Festival de Sundance do ano passado. A prévia investe no clima de paranoia, tensão e angústia da trama, passada numa fazenda do século 17 na Nova Inglaterra, onde vive um casal temente a Deus e seus cinco filhos. A diferença em relação aos trailers anteriores fica por conta de flashes de nudez da bruxa do título, além de destacar o destino do bebê da história. O elenco é formado por Anya Taylor-Joy (série “Atlantis”), Ralph Ineson (“Guardiões da Galáxia”), Kate Dickie (série “Game of Thrones”), Julian Richings (série “Supernatural”) e Ellie Grainger (série “The Village”). Primeiro longa escrito e dirigido por Robert Eggers, “A Bruxa” estreia em 3 de março no Brasil, duas semanas após o lançamento nos EUA (em 19/2).
George Miller, diretor de Mad Max, vai presidir o Festival de Cannes 2016
Os organizadores do Festival de Cannes anunciaram nesta terça (2/2) que George Miller, diretor de “Mad Max: Estrada da Fúria”, vai presidir o júri do famoso evento internacional de cinema em 2016. “É um imenso prazer estar no centro deste festival carregado de história”, declarou Miller, no comunicado oficial. “É uma grande honra e não perderia por nada deste mundo”, completou o cineasta, que assume o cargo ocupado no ano passado pelos irmãos Joel e Ethan Coen (“Inside Llewyn Davis”). Miller será o primeiro australiano a presidir o júri de Cannes. Além de criar a franquia “Mad Max” em 1979, que lançou a carreira internacional de seu compatriota, o ator Mel Gibson, ele também filmou comédias como “As Bruxas de Eastwick” (1987), “Babe – O Porquinho Atrapalhado na Cidade” (1998) e a animação “Happy Feet – O Pinguim”, vencedor do Oscar da categoria em 2007. Seu filme mais recente, o quarto “Mad Max”, recebeu dez indicações para o Oscar 2016. O 69º Festival de Cannes acontecerá entre 11 e 22 de maio na Riviera Francesa.
Mostra de Tiradentes premia filme sobre conflitos urbanos
O filme de título mais longo, “Jovens Infelizes ou um Homem que Grita Não É um Urso que Dança”, foi o vencedor da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Premiado com o Troféu Barroco da Mostra Aurora, a principal premiação do festival mineiro, o filme do paulista Thiago Mendonça aborda encenações teatrais, anarquia, orgias e conflitos urbanos, mesclando improviso em cenas registradas em meio à manifestações reais de protesto. Ao agradecer o troféu, o diretor dedicou a vitória os movimentos sociais. “Ver esse trabalho sendo recebido da maneira como foi aqui demonstra que a gente pode utilizar o cinema para as nossas lutas”, disse Mendonça. Foi também uma vitória para confirmar, a posteriori, o tema do evento. Único festival de cinema do Brasil que proclama seu mote antes que a crítica posso pensar sobre os filmes, Tiradentes definiu 2016 como sendo o ano para discutir “espaços em conflito”. A carapuça serviu para o vitorioso. Ou a vitória escolheu o filme que melhor coube em sua tese. Sempre fica a dúvida, quando se direciona o foco da forma como Tiradentes se orgulha em fazer. O favorito da crítica, por sinal, era outro, “Animal Político”, de Tião, estrelado por uma vaca. A produção faz carreira no exterior, integrando a seleção de Festival de Roterdã, na Holanda. Já o júri popular elegeu a produção carioca “Geraldinos”, de Pedro Asbeg e Renato Martins, como melhor longa. Trata-se de um documentário sobre a “geral” do Maracanã. Menos prestigiada, apesar de exibir obras mais bem realizadas que a dos jovens da Aurora, a Mostra Transições teve seu vencedor definido por um júri formado por cinco universitários, que premiou um dos filmes mais “surreais” do festival, “Tropykaos”, de Daniel Lisboa. Realizada de 22 a 30 de janeiro, a Mostra de Tiradentes exibiu mais de 100 filmes brasileiros, pulverizados em várias mostras paralelas, a maioria sem caráter competitivo. Isto lhe permitiu trazer obras de autores celebrados, mas que vieram apenas “à passeio”, sem deixar registro nas premiações. Assim, o 2016 de Tiradentes fica para a História como o ano dos “Jovens Infelizes”, coincidentemente no fim de semana em que o cinema perdeu Jacques Rivette, que foi o “jovem infeliz” original, muitas décadas atrás.











