Berlim: Jeff Nichols revela que fantasia de Midnight Special exorciza trauma pessoal

O norte-americano Jeff Nichols dividiu a crítica e o público de Berlim com o seu “Midnight Special”, que pode decepcionar os fãs de sua carreira indie de sucesso – que inclui títulos […]

O norte-americano Jeff Nichols dividiu a crítica e o público de Berlim com o seu “Midnight Special”, que pode decepcionar os fãs de sua carreira indie de sucesso – que inclui títulos como “O Abrigo” e “Amor Bandido”. O filme narra a bizarra história de um menino com superpoderes em fuga (do FBI e de uma sinistra organização religiosa) com o pai e não terá facilidade para convencer a audiência no seu lançamento comercial.

Na entrevista coletiva, Nichols bem tentou dar uma explicação coerente, falando na óbvia influência de Steven Spielberg (filmes como “E.T.” e “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”) para que o público percebesse essa conexão por vezes bizarra que traz elementos dos quadrinhos (o menino os lê o tempo todo) e, claro, da ficção científica (as visitas extraterrestres). “O que eu acho que este tipo de filme faz especialmente bem é construir um senso de mistério, que leva a um maravilhamento”, disse o diretor. “É um sentimento positivo”, resumiu.

Ele também explicou que a ideia para a trama surgiu de sua necessidade de superar o medo de perder seu próprio filho pequeno, quando uma crise de febre muito elevada o fez ter espasmos. “Eu corri com ele para o hospital e achei que estivesse morrendo”, contou o diretor. “Foi um momento muito assustador, em que eu percebi que não tinha controle da situação, e que se algo acontecesse com ele eu ficaria devastado”, ponderou. “Assim, ‘Midnight Special’ surgiu como uma forma para eu processar esse medo. Acho que a razão pela qual amamos tanto nossas crianças é por causa do medo de perdê-las e eu fiz um filme sobre isso”.

Estrelado por Michael Shannon (“O Homem de Aço”), ator-fetiche do diretor, além de Kirsten Dunst (“Melancolia”), Adam Driver (“Star Wars: O Despertar da Força”), Joel Edgerton (“Aliança do Crime”) e o menino Jaeden Lieberher (“Um Santo Vizinho”), o filme estreia no Brasil em março e resta saber até que ponto a audiência vai se deixar embalar por seu enredo, cujas emoções vêm dos fortes laços familiares e afetivos entre os protagonistas, mas que, no âmbito da sci-fi, envereda por caminhos sinuosos e de difícil credibilidade.