Favorito ao Oscar, Nomadland ganha trailer legendado
A 20th Century Studios (ex-Fox) divulgou um novo pôster e o trailer legendado de “Nomadland”. O vídeo explora a sensibilidade do longa, que já conquistou o Leão de Ouro no Festival de Veneza e o prêmio principal do Festival de Toronto, tornando-se favorito disparado ao Oscar 2021. Road movie com influência de documentários, “Nomadland” é estrelado por Frances McDormand, que já tem dois Oscars na prateleira, por “Fargo” (1996) e “Três Anúncios para um Crime” (2017), como uma viúva sem rumo, viajando pelos EUA numa van durante a implosão financeira de sua cidade, estado e país. O elenco também inclui David Strathairn (“The Expanse”) e vários atores amadores que são nômades reais – alguns, inclusive, vistos no documentário “Without Bound – Perspectives on Mobile Living” (2014). Terceiro e último longa indie da diretora Chloé Zhao, vencedora do Gotham Award por “Domando o Destino” (2017), “Nomadland” encerra um ciclo na carreira da cineasta. Enteada da atriz chinesa Song Dandan (“O Clã das Adagas Voadoras”) e radicada nos EUA desde a adolescência, Zhao começa, depois deste filme, sua trajetória nos grandes estúdios de Hollywood com a superprodução da Marvel “Eternos”. O filme ganhou distribuição limitada em 4 de dezembro na América do Norte e o plano do estúdio é estender sua exibição até fevereiro, quando pretende lançá-lo em circuito mais amplo e no mercado internacional, inclusive no Brasil.
Vanessa Kirby brilha em trailer da Netflix rumo ao Oscar de Melhor Atriz
A Netflix divulgou o pôster e o trailer legendado de “Pieces of a Woman”, filme que já rendeu o troféu de Melhor Atriz para a inglesa Vanessa Kirby (a princesa Margaret de “The Crown”) no Festival de Veneza deste ano. A prévia é uma mostra de seu desempenho impactante, como uma mãe que precisa lidar com a perda do filho num parto que dá errado em sua casa. A plataforma adquiriu o filme logo após o anúncio da conquista em Veneza e antes da estreia do drama na América do Norte, que aconteceu poucos dias depois, durante o Festival de Toronto, com o objetivo de fazer campanha intensiva para Kirby levar o Oscar. O trailer também surge uma segunda aposta na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante para a veterana Ellen Burnstyn (“Interestelar”), que interpreta a mãe da protagonista. Curiosamente, os tradutores que barbarizam com títulos surreais nos lançamentos da plataforma no Brasil não foram convocados para trabalhar em “Pieces of a Woman”, que está sendo divulgado para os assinantes com a denominação original em inglês (a tradução literal seria “pedaços de uma mulher”). Na trama, após perder o filho no parto, a personagem de Kirby inicia uma odisseia de um ano de luto, que atinge seu marido (Shia LaBeouf, de “Ninfomaníaca”), sua mãe (Ellen Burstyn) e sua parteira (Molly Parker, de “Perdidos no Espaço”). Ela é uma executiva muito rígida, casada com um operário da construção civil de passado volátil, e os dois encontraram o amor apesar da diferença de classes e esperavam ansiosamente seu primeiro filho. Mas complicações com a parteira interrompem o planejado parto em casa, jogando o casal num drama devastador. O filme inclui entre seus fãs o cineasta Martin Scorsese, que se tornou produtor do longa após sua finalização, justamente para facilitar as negociações de sua distribuição internacional. O diretor de “O Irlandês” teria sido peça-chave para o acordo com a empresa de streaming. “Pieces of Woman” tem roteiro de Kata Wéber e direção de Kornél Mundruczó, dois cineastas húngaros que repetem as parcerias de “Deus Branco” (White God, 2014) e “Lua de Júpiter” (2017). O filme marca a estreia do casal em inglês e reflete a jornada de superação da perda do filho deles na vida real, enquanto as cenas de julgamento que finalizam a história foram inspiradas por um caso real de 2010, que levou uma parteira aos tribunais da Hungria. A estreia está marcada para 7 de janeiro “só na Netflix”.
Nova Ordem abre a Mostra de São Paulo com exibições em drive-in e online
A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo tem início neste quinta (22/10), com uma cerimônia de abertura para convidados às 19h, no Belas Artes Drive-in, no Memorial da América Latina. Mas para o público em geral, a programação só começa à meia-noite. O filme de abertura é “Nova Ordem”, de Michel Franco, vencedor do Grande Prêmio do Júri no recente Festival de Veneza. Na trama, um casamento luxuoso da elite dá errado, enquanto a Cidade do México ferve com protestos. Pelo ponto de vista de Marianne, a jovem e simpática noiva, e dos criados, o filme retrata o colapso de um sistema político e um golpe de Estado violento. O público poderá ver “Nova Ordem” pela plataforma de streaming da Mostra, a Mostra Play (https://mostraplay.mostra.org/), por 24 horas, entre esta meia-noite e a próxima. A programação, que será exibida até 4 de novembro, também estará disponível no Spcine Play e Sesc Digital, que exibirão sessões gratuitas, enquanto os filmes da Mostra Play terão ingresso a R$ 6. Já as sessões presenciais serão realizadas no Belas Artes Drive-In e no Sesc Drive-In (do Sesc Parque Dom Pedro). Além do polêmico filme do mexicano Michel Franco, a seleção ainda inclui entre seus destaques “Não Há Mal Algum”, do iraniano Mohammad Rasoulof, vencedor do último Festival de Berlim, “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, do português João Botelho, baseado no livro homônimo de José Saramago, “Berlim Alexanderplatz”, do alemão-afegão Burhan Qurbani, “Gênero, Pan”, do filipino Lav Diaz, “Mães de Verdade”, da japonesa Naomi Kawase, “Crianças do Sol” (Sun Children), do iraniano Majid Majidi, “Miss Marx”, da italiana Susanna Nicchiarelli, além dos documentários “Kubrick por Kubrick”, do francês Gregory Monro, sobre o diretor Stanley Kubrick, “Sportin’ Life”, do americano Abel Ferrara, e “Coronation”, do chinês Ai Weiwei, que mostra o começo da pandemia de covid-19 em Wuhan. O pôster do evento foi criado pelo cineasta chinês Jia Zhang-Ke, que também estará presente com seu documentário “Nadando Até o Mar Ficar Azul”. A arte de Zhang-Ke também virou a vinheta da Mostra, mostrando um acendedor de incensos de Fenyang, cidade natal do cineasta, durante um ritual para o Deus da Literatura. Já os destaques nacionais incluem as premières de “Verlust”, de Esmir Filho, que reúne Andrea Beltrão e a cantora Marina Lima no elenco, “Casa de Antiguidades”, de João Paulo Miranda Maria, exibido nos festivais de Cannes, Toronto e San Sebastian, e “Cidade Pássaro”, de Matias Mariani, que integrou a Mostra Panorama do Festival de Berlim e foi adquirido pela Netflix. Com 36 filmes, a seleção brasileira traz ainda “Ana. Sem Título”, de Lúcia Murat, “O Lodo”, de Helvécio Ratton, “Curral”, de Marcelo Brennand, e “Mulher Oceano”, estreia da atriz Djin Sganzerla na direção, entre outras produções. Apesar do número de títulos ter caído drasticamente em relação a anos anteriores, a Mostra conseguiu reunir quase 200 filmes – exatamente 198 produções de 71 países – para sua edição da pandemia. São bem menos obras que as 327 do ano passado, mas mais países que os 65 representados em 2019. Do total, 88 títulos concorrerão ao troféu Bandeira Paulista na seção Novos Diretores, que premia obras de novos cineastas – que realizam seu primeiro ou segundo longa-metragem. As condições diferenciadas deste ano também significam que a Mostra não trará convidados internacionais para acompanhar as exibições. A presença dos diretores e de profissionais dos filmes selecionados se dará por meio de vídeos enviados previamente, entrevistas especiais gravadas e também lives. Veja abaixo o trailer do filme de abertura.
Mostra de São Paulo anuncia programação com sessões virtuais e drive-in
A organização da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo revelou neste sábado (10/10), numa live no YouTube, que a 44ª edição do evento vai acontecer de forma virtual e com projeções em cines drive-in, mesmo com a liberação dos cinemas na capital paulista neste fim de semana. A programação, que será exibida entre 22 de outubro e 4 de novembro, estará disponível no Spcine Play, Sesc Digital e num novo aplicativo do evento, Mostra Play. As duas primeiras plataformas exibirão sessões gratuitas, enquanto os filmes da Mostra Play terão ingresso a R$ 6,00. Já as sessões presenciais serão realizadas no Belas Artes Drive-In e no Sesc Drive-In (do Sesc Parque Dom Pedro). Alguns títulos de filmes também foram revelados durante a transmissão online. O longa-metragem escolhido para a abertura é o polêmico mexicano “Nova Ordem” (foto acima), de Michel Franco, vencedor do Grande Prêmio do Júri no recente Festival de Veneza. A seleção ainda inclui entre seus destaques “Não Há Mal Algum”, do iraniano Mohammad Rasoulof, vencedor do último Festival de Berlim, “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, do português João Botelho, baseado no livro homônimo de José Saramago, “Berlim Alexanderplatz”, do alemão-afegão Burhan Qurbani, “Gênero, Pan”, do filipino Lav Diaz, “Mães de Verdade”, da japonesa Naomi Kawase, “Crianças do Sol” (Sun Children), do iraniano Majid Majidi, “Miss Marx”, da italiana Susanna Nicchiarelli, além dos documentários “Kubrick por Kubrick”, do francês Gregory Monro, sobre o diretor Stanley Kubrick, “Sportin’ Life”, do americano Abel Ferrara, e “Coronation”, do chinês Ai Weiwei, que mostra o começo da pandemia de covid-19 em Wuhan. O pôster do evento foi criado pelo cineasta chinês Jia Zhang-Ke, que também estará presente com seu documentário “Nadando Até o Mar Ficar Azul”. A arte de Zhang-Ke também virou a vinheta da Mostra, mostrando um acendedor de incensos de Fenyang, cidade natal do cineasta, durante um ritual para o Deus da Literatura. Já os destaques nacionais incluem as premières de “Verlust”, de Esmir Filho, que reúne Andrea Beltrão e a cantora Marina Lima no elenco, “Casa de Antiguidades”, de João Paulo Miranda Maria, exibido nos festivais de Cannes, Toronto e San Sebastian, e “Cidade Pássaro”, de Matias Mariani, que integrou a Mostra Panorama do Festival de Berlim e foi adquirido pela Netflix. Com 36 filmes, a seleção brasileira traz ainda “Ana. Sem Título”, de Lúcia Murat, “O Lodo”, de Helvécio Ratton, “Curral”, de Marcelo Brennand, e “Mulher Oceano”, estreia da atriz Djin Sganzerla na direção, entre outras produções. Apesar do número de títulos ter caído drasticamente em relação a anos anteriores, a Mostra conseguiu reunir quase 200 filmes – exatamente 198 produções de 71 países – para sua edição da pandemia. São bem menos obras que as 327 do ano passado, mas mais países que os 65 representados em 2019. Do total, 88 títulos concorrerão ao troféu Bandeira Paulista na seção Novos Diretores, que premia obras de novos cineastas – que realizam seu primeiro ou segundo longa-metragem. As condições diferenciadas deste ano também significam que a Mostra não trará convidados internacionais para acompanhar as exibições. A presença dos diretores e de profissionais dos filmes selecionados se dará por meio de vídeos enviados previamente, entrevistas especiais gravadas e também lives. Veja abaixo a vinheta oficial da 44ª edição.
Narciso em Férias é emocionante e essencial para a democracia
“Eu comecei a achar que a vida era aquilo ali. Só aquilo. E que a lembrança do apartamento, dos shows, da vida lá fora era uma espécie de sonho que eu tinha tido.” Essa é uma das falas de Caetano Veloso em “Narciso em Férias”, ao descrever o seu primeiro momento no cárcere, quando foi colocado, sem a menor explicação, em uma solitária escura. Só de pensar nisso, de ter essa sensação de deslocamento da realidade, já é aterrador. “Narciso em Férias” marca o retorno da dupla de cineastas Ricardo Calil e Renato Terra ao mundo da música popular brasileira, depois do ótimo “Uma Noite em 67” (2010). Desta vez, a opção de entrecortar as falas de Caetano Veloso com imagens de arquivo e depoimentos de outros entrevistados foi deixada de lado, e o filme fica muito mais poderoso apenas com as cenas da entrevista com o cantor, músico e compositor baiano. Há quem diga que apresentar única e exclusivamente a entrevista de uma pessoa à frente de uma câmera não é fazer cinema, mas isso é bobagem. Esquecem da grandeza de Eduardo Coutinho, mestre nesse formato. Em “Narciso em Férias”, os diretores optaram por esconder, sempre que possível, suas próprias vozes na condução da entrevista. E utilizam apenas três enquadramentos básicos: o close-up, um plano que mostra o corpo inteiro do cantor e um plano mais distante, que acentua a parede ao fundo. Tudo que ele conta já está em um capítulo do seu livro “Verdade Tropical”, justamente intitulado “Narciso em Férias”, e que agora se tornará um livro à parte, já em pré-venda. O termo foi tomado de empréstimo de um livro do romancista americano F. Scott Fitzgerald, e que também se refere ao fato de que, durante todo o período em que esteve preso, Caetano não se olhou no espelho – deu férias a seu lado narcisista, por assim dizer. Histórias narradas oralmente são a base da construção de nossa civilização e é bom ver que esse tipo de recurso ainda segue sendo incrivelmente poderoso, especialmente quando encontramos alguém que consegue nos colocar dentro da ação. Há momentos da fala de Caetano que conseguem fazer o público se sentir em seu lugar, com um detalhismo de carga dramática assombrosa. O documentário é cheio de momentos de bastante emoção, especialmente em seu terço final. O próprio Caetano Veloso parece ter se surpreendido com o próprio choro e pede para que os diretores parem a filmagem em determinado momento. E não é um momento em que ele fala de seu sofrimento, mas de quando comenta o sentimento de gratidão, que ele tem por um sargento que ficou com pena de sua situação, de ele ser o único que não podia receber a visita da esposa, e que o ajudou. E ele lamenta não ter procurado saber o nome desse homem. Sem dúvida um dos momentos mais bonitos e tocantes do documentário e que, muito provavelmente, perderia um bocado da força sem a voz e sem o olhar do cantor . Outro acerto de Calil e Terra foi o fato de trazerem canções para o documentário. Já começa com uma canção de Orlando Silva, “Súplica”, cuja importância é exposta ao longo do filme. Além disso, cada vez que “Hey Jude”, dos Beatles, tocava nos rádios – foi um grande sucesso da época, o final dos anos 1960 – trazia esperança para Caetano. Outras duas canções do próprio Caetano, inspiradas pela experiência do cárcere, também são citadas com emoção: “Irene” e “Terra”. Além de enfatizar a importância e a beleza do trabalho de um de nossos mais brilhantes músicos, “Narciso em Férias” também impacta por lembrar como os artistas brasileiros foram presos e exilados durante a ditadura militar, em um momento em que a extrema direita se apresenta como uma ameaça cada vez maior para a democracia do Brasil. E isso o torna um filme essencial.
Após conquistar Veneza, Nomadland vence Festival de Toronto
O Oscar 2021 já tem favorito. Depois de vencer o Festival de Veneza no fim de semana passado, “Nomadland” levou o prêmio principal do Festival de Toronto. O longa dirigido por Chloe Zhao (“Domando o Destino”) foi consagrado neste domingo (20/9) como Melhor Filme pelo júri popular, em votação do público do evento. Ao contrário da maioria dos festivais principais, Toronto não tem um júri de estrelas para definir seu prêmios mais importantes, deixando as escolhas para os espectadores. E o público canadense costuma antecipar com grande acerto a votação do Oscar. Basta lembrar que Toronto foi o primeiro festival a reconhecer “Green Book”, antes do filme vencer o Oscar do ano passado. O segundo colocado na votação do público foi “One Night in Miami”, estreia da atriz Regina King (“Watchmen”) como diretora de cinema, enquanto a terceiro colocação ficou com “Beans”, da também estreante Tracey Deer. Todos os três filmes mais votados foram dirigidos por mulheres. O agora consagrado “Nomadland” traz Frances McDormand, que já venceu o Oscar por “Fargo” (1996) e “Três Anúncios para um Crime” (2017), como uma viúva sem rumo, viajando pelos EUA numa van durante a implosão financeira de sua cidade, estado e país. Road movie com influência de documentários, o filme inclui vários atores amadores que são nômades reais – alguns, inclusive, vistos no documentário “Without Bound – Perspectives on Mobile Living” (2014). Terceiro e último longa indie da diretora Chloé Zhao, vencedora do Gotham Award por “Domando o Destino” (2017), “Nomadland” encerra um ciclo na carreira da cineasta. Enteada da atriz chinesa Song Dandan (“O Clã das Adagas Voadoras”) e radicada nos EUA desde a adolescência, Zhao começa, depois deste filme, sua trajetória nos grandes estúdios de Hollywood com a superprodução da Marvel “Eternos”. O lançamento comercial está marcado para 4 de dezembro na América do Norte, mas ainda não há previsão para estreia no Brasil. Veja abaixo o teaser legendado da produção da Searchlight Pictures.
Nomadland: Vencedor do Festival de Veneza ganha teaser legendado
A 20th Century Studios (ex-Fox) divulgou a versão brasileira do teaser de “Nomadland”. O vídeo lista uma série de festivais que selecionaram o longa. Mas como foi exibido originalmente há 10 dias nos EUA, omite que o filme já venceu um deles. “Nomadland” conquistou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, no fim de semana passado. O drama também foi selecionado pelos festivais de Toronto, Telluride, Nova York e Londres e é favoritíssimo a despontar no Oscar. Road movie com influência de documentários, “Nomadland” traz Frances McDormand, que já venceu o Oscar por “Fargo” (1996) e “Três Anúncios para um Crime” (2017), como uma viúva sem rumo, viajando pelos EUA numa van durante a implosão financeira de sua cidade, estado e país. O elenco também inclui David Strathairn (“The Expanse”) e vários atores amadores que são nômades reais – alguns, inclusive, vistos no documentário “Without Bound – Perspectives on Mobile Living” (2014). Terceiro e último longa indie da diretora Chloé Zhao, vencedora do Gotham Award por “Domando o Destino” (2017), “Nomadland” encerra um ciclo na carreira da cineasta. Enteada da atriz chinesa Song Dandan (“O Clã das Adagas Voadoras”) e radicada nos EUA desde a adolescência, Zhao começa, depois deste filme, sua trajetória nos grandes estúdios de Hollywood com a superprodução da Marvel “Eternos”. O lançamento comercial está marcado para 4 de dezembro na América do Norte, mas ainda não há previsão para estreia no Brasil.
Netflix adquire filme premiado no Festival de Veneza
A Netflix anunciou a compra dos direitos de “Pieces of a Woman”, poucas horas após o filme ser premiado no Festival de Veneza. O drama do húngaro Kornél Mundruczó (de “White Dog”) rendeu o troféu de Melhor Atriz para a inglesa Vanessa Kirby (a princesa Margaret de “The Crown”) e será exibido pela primeira vez na América do Norte neste domingo (12/9), no Festival de Toronto. A trama gira em torno de uma jovem mãe (Kirby), que após perder o filho natimorto inicia uma odisseia de um ano de luto que atinge seu marido (Shia LaBeouf), sua mãe (Ellen Burstyn) e sua parteira (Molly Parker). No filme, Martha é uma executiva muito rígida e Shawn um operário da construção civil com um passado volátil. Eles encontraram o amor apesar da diferença de classe e estão esperando ansiosamente seu primeiro filho. Mas complicações com a parteira interrompem o planejado parto em casa, enviando o casal à tragédia numa sequência devastadora. Em comunicado, o diretor Mundruczó afirmou: “Como cineasta europeu, não poderia estar mais animado e agradecido por encontrar uma casa para este filme na Netflix. Seu gosto pelo cinema independente parece a da United Artists dos anos 1970. A verdadeira campeã dos cineastas e vozes originais de hoje.” O filme inclui entre seus fãs o cineasta Martin Scorsese, que se tornou produtor do longa no mês passado, justamente para facilitar as negociações para sua distribuição internacional. Na ocasião, ele disse ao site Deadline “É uma sorte ver um filme que te pega de surpresa. É um privilégio ajudá-lo a encontrar o amplo público que merece. ‘Pieces of a Woman’ para mim foi uma experiência profunda e comovente. Eu fiquei emocionalmente investido nele desde a primeira cena, e a experiência só se intensificou enquanto eu assistia, fascinado pela realização do filme e pelo trabalho de um elenco esplêndido, que inclui minha velha colega Ellen Burstyn. Você se sente como se tivesse caído no vórtice de uma crise familiar e conflito moral com todas as suas nuances, puxado com cuidado e compaixão, mas sem julgamento. Kornél Mundruczó tem um estilo fluido e imersivo com a câmera que torna difícil desviar o olhar e impossível não se importar”.
Nomadland vence o Leão de Ouro no Festival de Veneza
“Nomadland”, de Chloé Zhao, venceu o Festival de Veneza 2020. O drama estrelado por Frances McDormand era favorito a prêmios antes mesmo de ser exibido, pelo histórico dos talentos envolvidos em sua produção, mas após sua première na sexta (11/9) sua vitória passou a ser considerada a maior barbada do evento. O filme foi recebido com aplausos estrondosos e deixou os críticos em êxtase. No Rotten Tomatoes, os elogios atingiram 100% de aprovação. Road movie com influência de documentários, “Nomadland” traz Frances McDormand como uma viúva sem rumo, viajando pelos EUA numa van durante a implosão financeira de sua cidade, estado e país, e coloca a atriz, que já venceu o Oscar por “Fargo” (1996) e “Três Anúncios para um Crime” (2017), na briga pelas premiações da temporada. A vitória é mais importante ainda para a diretora chinesa, radicada nos EUA. Veneza não premiava um filme dirigido por mulher há uma década, desde a controvertida vitória de Sofia Coppola por “Um Lugar Qualquer” (2010). Em um ano com um recorde de oito diretoras em competição, havia muitas especulações de que o júri presidido por Cate Blanchett destacaria uma delas. E nenhuma cineasta chegou mais cercada de expectativas que Zhao. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA ignora quem ela seja, mas Chloé Zhao vem sendo considerada uma das diretoras mais promissoras do cinema indie americano desde seu primeiro longa, “Songs My Brothers Taught Me”, há cinco anos. O segundo, “Domando o Destino”, tem 98% de aprovação no Rotten Tomatoes e foi consagrado como o Melhor Filme indie de 2017 na premiação do Gotham Awards, além de ter vencido o Festival de Atenas e o troféu da Confederação dos Cinemas de Arte no Festival de Cannes. Até a Marvel sabe quem ela é, ao contratá-la para dirigir a superprodução de heróis “Eternos”. A vitória de “Nomadland” deve, agora, pressionar a Academia para sair do casulo em que se meteu na última premiação do Oscar, quando ignorou o cinema indie para prestigiar apenas produções dos grandes estúdios. A imprensa americana praticamente já começou a campanha para ver Zhao se tornar a primeira mulher não branca indicada ao Oscar de Melhor Direção. Do ponto de vista dos negócios, a vitória de “Nomadland” também fortalece o prestígio do estúdio Searchlight, que atinge sua primeira conquista após ser incorporado à Disney na compra da Fox. Vale lembrar que esta já é a segunda vitória da Searchlight em Veneza, após conquistar o Leão de Ouro em 2017 com “O Forma da Água”, de Guillermo del Toro, que acabou vencendo o Oscar de Melhor Filme – e Direção. O prêmio de Melhor Direção, porém, ficou com outro cineasta asiático, o veterano mestre japonês Kiyoshi Kurosawa por “Wife of a Spy”, um drama frio e contido de espionagem em tempos de guerra, enquanto a escolha de Melhor Atriz recaiu sobre a inglesa Vanessa Kirby. Ela era outro destaque do evento, tendo estrelado dois dos longas da seleção de Veneza. Seu prêmio foi pelo longa húngaro “Pieces of a Woman” de Kornél Mundruczó. O júri comandado por Blanchet também agraciou o thriller social distópico “New Order”, do mexicano Michel Franco, com seu Grande Prêmio, e “Dear Comrades”, do veterano cineasta russo Andrei Konchalovsky com o Prêmio Especial, além de reconhecer Pierfrancesco Favino como Melhor Ator, por “Padrenostro”. Para completar, a Mostra Horizontes, principal seção paralela do Festival de Veneza, consagrou outra cineasta feminina. A atriz portuguesa Ana Rocha de Sousa venceu dois troféus com sua estreia na direção: o Prêmio Especial do Júri e o Leão do Futuro de Melhor Filme de Estreia por “Listen”. “The Wasteland”, do iraniano Ahmad Bahrami, foi o Melhor Filme da seção, e o colecionador de troféus Lav Diaz ganhou mais um, pela Direção de “Genus Pan”, 24º longa e um dos mais curtos da carreira do cineasta filipino, com “apenas” duas horas e meia de duração. Confira abaixo a lista completa dos prêmios. Mostra Competitiva Leão de Ouro: “Nomadland”, de Chloé Zhao Grande Prêmio do Júri: “New Order”, de Michel Franco Leão de Prata de Melhor Direção: Kiyoshi Kurosawa, “Wife of a Spy” Melhor Atriz: Vanessa Kirby, “Pieces of a Woman” Melhor Ator: Pierfrancesco Favino, “Padrenostro” Melhor Roteiro: Chaitanya Tamhane, “The Disciple” Prêmio Especial do Júri: “Dear Comrades”, de Andrei Konchalovsky Prêmio Marcello Mastroianni de Melhor Ator Jovem: Rouhollah Zamani, de “Sun Children” Mostra Horizontes Melhor Filme: “The Wasteland”, de Ahmad Bahrami Melhor Direção: “Genus Pan”, de Lav Diaz Prêmio Especial do Júri: “Listen”, de Ana Rocha de Sousa Melhor Atriz: Khansa Batma, “Zanka Contact” Melhor Ator: Yahya Mahayni, “The Man Who Sold His Skin” Melhor Roteiro: Pietro Castellitto, “I Predatori” Melhor Curta: “Entre Tú y Milagros”, de Mariana Safron Leão do Futuro Prêmio Luigi De Laurentiis de Melhor Estreia: “Listen”, de Ana Rocha de Sousa Competição de Realidade Virtual Melhor Realidade Virtual: “The Hangman at Home: An Immersive Single User Experience”, de Michelle e Uri Kranot Melhor Experiência Virtual: “Finding Pandora X”, de Kiira Benzing Melhor História de Realidade Virtual: “Killing a Superstar”, de Fan Fan
Nomadland: Filme favorito às premiações da temporada ganha primeiro teaser
A Searchlight Pictures (ex-Fox Searchlight) divulgou o pôster e o primeiro teaser de “Nomadland”, drama selecionado pelos festivais de Veneza, Toronto, Telluride, Nova York e Londres, que está cotadíssimo a se destacar na temporada de premiações. A prévia mostra apenas uma panorâmica da atriz Frances McDormand, enquanto ela caminha por um grande acampamento de trailers e caminhonetes. Estrelado pela atriz vencedora de dois Oscars (por “Fargo” e “Três Anúncios para um Crime”), o filme narra o colapso econômico de uma cidade empresarial na zona rural de Nevada, que transforma vans em habitações, explorando a vida fora da sociedade convencional de um grupo de nômades modernos. O elenco também inclui David Strathairn (“The Expanse”) e vários atores amadores, que são nômades reais – alguns, inclusive, vistos no documentário “Without Bound – Perspectives on Mobile Living” (2014). Terceiro e último longa indie da diretora Chloé Zhao, vencedora do Gotham Award por “Domando o Destino” (2017), “Nomadland” encerra um ciclo na carreira da cineasta. Enteada da atriz chinesa Song Dandan (“O Clã das Adagas Voadoras”) e radicada nos EUA desde a adolescência, Zhao começa, depois deste filme, sua trajetória nos grandes estúdios de Hollywood com a superprodução da Marvel “Eternos”. O lançamento comercial está marcado para 4 de dezembro na América do Norte, mas ainda não há perspectiva para estreia no Brasil.
Filme da prisão de Caetano Veloso é “advertência” sobre futuro brasileiro
Único filme brasileiro selecionado para o Festival de Veneza, o documentário “Narciso em Férias” foi exibido nesta segunda-feira (7/9) em sessão de gala, fora de competição no evento italiano. Ausentes devido à pandemia de coronavírus, os responsáveis pelo longa participaram da première de forma remota, via videoconferência. Dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil (“Uma Noite em 67”), o filme traz Caetano compartilhando suas memórias do cárcere e as canções que marcaram o período, quando foi preso com seu amigo Gilberto Gil em 1968 e posteriormente exilado do Brasil. Durante a entrevista coletiva, disponibilizada por streaming, os realizadores destacaram que o filme faz mais que relembrar fatos do passado, que muitos brasileiros não conhecem ou fingem não ter existido. Ele serve também como uma “advertência” para o futuro, diante de rumos dos tempos atuais, “para que não se repitam os erros que culminaram na atrocidade e na imbecilidade que foi a ditadura militar no Brasil”, nas palavras de Renato Terra. O diretor fez uma comparação entre o passado da ditadura e o governo brasileiro atual. “Em 1968, no Brasil, houve o AI-5, o Congresso Brasileiro foi fechado, havia censura na imprensa, pessoas eram sequestradas, tiradas de casa e torturadas, foi um período horrível da História brasileira. Hoje, a gente vive aqui numa democracia, é diferente, mas o caminho que a gente percorreu para chegar até 68 guarda algumas semelhanças com o que a gente tá vivendo nesse momento no Brasil”, apontou. Ele lembrou que a volta da ditadura é bandeira de alguns políticos nacionais. “O AI-5, por exemplo, que foi a causa direta da prisão do Caetano e do Gil… Algumas pessoas no Brasil – poucas, mas barulhentas – pedem a volta do AI-5 ou defendem a ditadura militar. E tem um absurdo muito grande nisso, uma coisa que é muito descolada da realidade”. Ricardo Calil, por sua vez, considerou que “os artistas estavam entre os primeiros alvos da ditadura militar” e, do mesmo modo, também são foco de ataques prioritários do governo atual, mas de forma distinta. “Não há mais a censura, mas há um esforço do governo em desmontar muitas áreas da Cultura, incluindo o cinema, incluindo a Cinemateca Brasileira, que é a instituição que guarda nossa memória cinematográfica, e também as instituições que patrocinam e financiam o cinema e garantem o futuro do cinema nacional” Paula Lavigne, mulher de Caetano e produtora do documentário, acrescentou que “Narciso em Férias” tem a função de relembrar como foi a ditadura, já que “muita gente não sabe que eles [Caetano e Gil] foram presos”, especialmente os mais novos, por causa da proibição de se noticiar a prisão na época e pela disseminação do negacionismo da extrema direita brasileira. Além disso, ela aponta que o verdadeiro motivo da prisão foi “uma fake news”, um boato, “e isso fica claro nos documentos: não existia uma acusação objetiva”. Essa arbitrariedade, que veio à tona em documentos recém-revelados sobre a prisão, transformam o encarceramento de Caetano e Gil “num teatro do absurdo, num pesadelo kafkiano”, na definição de Kalil. Por isso, o filme também serviria para desnudar o despreparo e o caos que caracterizou o regime militar brasileiro. “Uma das táticas da direita é o negacionismo”, ponderou Lavigne, lembrando que há pessoas de direita “dizendo até que não houve ditadura militar”. “Mas muitos artistas foram presos, alguns sofreram até mais que Caetano e Gil, foram torturados, outras pessoas mortas. Então, eu acho que o momento é muito adequado” para se falar disso. A entrevista foi disponibilizada na íntegra no canal do Festival de Veneza no YouTube. Veja abaixo, a partir de 1h13 minutos do vídeo, que reúne outras coletivas desta segunda no festival. Já “Narciso em Férias” pode ser visto, também desde esta segunda-feira, com exclusividade na plataforma Globoplay.
Diretor do Festival de Cannes protesta contra situação da Cinemateca Brasileira
O diretor do Festival de Cannes, o francês Thierry Frémaux, prestou solidariedade à Cinemateca Brasileira durante evento neste fim de semana no Festival de Veneza, em que considerou o desgoverno do presidente Jair Bolsonaro como uma ameaça à Cultura. “Quero expressar meu apoio à Cinemateca Brasileira, ameaçada pelo atual governo”, disse ele, em entrevista coletiva com a participação dos diretores dos sete maiores festivais de cinema da Europa. A Cinemateca deixou de receber repasses federais em dezembro, quando o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, encerrou o contrato da Acerp (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto) para a realização da TV Escola. Como o contrato de administração da Cinemateca era um aditivo desse outro, a situação se tornou um imbróglio jurídico. A Acerp entendeu que a parceria não poderia ser rompida, porque o acordo original para que cuidasse da Cinemateca iria até março de 2021, e continuou a administrar a entidade com recursos do próprio caixa. Por conta disso, alega que o governo lhe deve R$ 14 milhões, correspondentes aos valores não repassados desde dezembro e a um montante não recebido ainda em 2019, quando o contrato estava vigente. Segundo a OS, ao longo de 2019, dos R$ 13 milhões do orçamento, o governo entregou à Acerp só R$ 7 milhões. O objetivo da secretaria de Cultura, ao congelar o repasse, teria sido justamente inviabilizar o funcionamento da Cinemateca para ser “forçada” pelas “circunstâncias” a assumir o controle administrativo da entidade. No início de agosto, as chaves da Cinemateca Brasileira foram entregues à União e todo corpo técnico da instituição foi demitido. O caso ganhou repercussão internacional e se tornou símbolo da falta de política cultural do governo Bolsonaro – ou da própria política cultural, que é simplesmente destruir tudo. A instituição de 70 anos tem um acervo que inclui mais de 30 mil títulos sobre a televisão e o cinema brasileiros e cerca de 250 mil rolos de filmes.








