Nomadland vence o Leão de Ouro no Festival de Veneza

“Nomadland”, de Chloé Zhao, venceu o Festival de Veneza 2020. O drama estrelado por Frances McDormand era favorito a prêmios antes mesmo de ser exibido, pelo histórico dos talentos envolvidos em sua […]

Divulgação/Searchlight

“Nomadland”, de Chloé Zhao, venceu o Festival de Veneza 2020. O drama estrelado por Frances McDormand era favorito a prêmios antes mesmo de ser exibido, pelo histórico dos talentos envolvidos em sua produção, mas após sua première na sexta (11/9) sua vitória passou a ser considerada a maior barbada do evento. O filme foi recebido com aplausos estrondosos e deixou os críticos em êxtase. No Rotten Tomatoes, os elogios atingiram 100% de aprovação.

Road movie com influência de documentários, “Nomadland” traz Frances McDormand como uma viúva sem rumo, viajando pelos EUA numa van durante a implosão financeira de sua cidade, estado e país, e coloca a atriz, que já venceu o Oscar por “Fargo” (1996) e “Três Anúncios para um Crime” (2017), na briga pelas premiações da temporada.

A vitória é mais importante ainda para a diretora chinesa, radicada nos EUA. Veneza não premiava um filme dirigido por mulher há uma década, desde a controvertida vitória de Sofia Coppola por “Um Lugar Qualquer” (2010). Em um ano com um recorde de oito diretoras em competição, havia muitas especulações de que o júri presidido por Cate Blanchett destacaria uma delas. E nenhuma cineasta chegou mais cercada de expectativas que Zhao.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA ignora quem ela seja, mas Chloé Zhao vem sendo considerada uma das diretoras mais promissoras do cinema indie americano desde seu primeiro longa, “Songs My Brothers Taught Me”, há cinco anos. O segundo, “Domando o Destino”, tem 98% de aprovação no Rotten Tomatoes e foi consagrado como o Melhor Filme indie de 2017 na premiação do Gotham Awards, além de ter vencido o Festival de Atenas e o troféu da Confederação dos Cinemas de Arte no Festival de Cannes. Até a Marvel sabe quem ela é, ao contratá-la para dirigir a superprodução de heróis “Eternos”.

A vitória de “Nomadland” deve, agora, pressionar a Academia para sair do casulo em que se meteu na última premiação do Oscar, quando ignorou o cinema indie para prestigiar apenas produções dos grandes estúdios. A imprensa americana praticamente já começou a campanha para ver Zhao se tornar a primeira mulher não branca indicada ao Oscar de Melhor Direção.

Do ponto de vista dos negócios, a vitória de “Nomadland” também fortalece o prestígio do estúdio Searchlight, que atinge sua primeira conquista após ser incorporado à Disney na compra da Fox. Vale lembrar que esta já é a segunda vitória da Searchlight em Veneza, após conquistar o Leão de Ouro em 2017 com “O Forma da Água”, de Guillermo del Toro, que acabou vencendo o Oscar de Melhor Filme – e Direção.

O prêmio de Melhor Direção, porém, ficou com outro cineasta asiático, o veterano mestre japonês Kiyoshi Kurosawa por “Wife of a Spy”, um drama frio e contido de espionagem em tempos de guerra, enquanto a escolha de Melhor Atriz recaiu sobre a inglesa Vanessa Kirby. Ela era outro destaque do evento, tendo estrelado dois dos longas da seleção de Veneza. Seu prêmio foi pelo longa húngaro “Pieces of a Woman” de Kornél Mundruczó.

O júri comandado por Blanchet também agraciou o thriller social distópico “New Order”, do mexicano Michel Franco, com seu Grande Prêmio, e “Dear Comrades”, do veterano cineasta russo Andrei Konchalovsky com o Prêmio Especial, além de reconhecer Pierfrancesco Favino como Melhor Ator, por “Padrenostro”.

Para completar, a Mostra Horizontes, principal seção paralela do Festival de Veneza, consagrou outra cineasta feminina. A atriz portuguesa Ana Rocha de Sousa venceu dois troféus com sua estreia na direção: o Prêmio Especial do Júri e o Leão do Futuro de Melhor Filme de Estreia por “Listen”. “The Wasteland”, do iraniano Ahmad Bahrami, foi o Melhor Filme da seção, e o colecionador de troféus Lav Diaz ganhou mais um, pela Direção de “Genus Pan”, 24º longa e um dos mais curtos da carreira do cineasta filipino, com “apenas” duas horas e meia de duração.

Confira abaixo a lista completa dos prêmios.

Mostra Competitiva

Leão de Ouro: “Nomadland”, de Chloé Zhao
Grande Prêmio do Júri: “New Order”, de Michel Franco
Leão de Prata de Melhor Direção: Kiyoshi Kurosawa, “Wife of a Spy”
Melhor Atriz: Vanessa Kirby, “Pieces of a Woman”
Melhor Ator: Pierfrancesco Favino, “Padrenostro”
Melhor Roteiro: Chaitanya Tamhane, “The Disciple”
Prêmio Especial do Júri: “Dear Comrades”, de Andrei Konchalovsky
Prêmio Marcello Mastroianni de Melhor Ator Jovem: Rouhollah Zamani, de “Sun Children”

Mostra Horizontes
Melhor Filme: “The Wasteland”, de Ahmad Bahrami
Melhor Direção: “Genus Pan”, de Lav Diaz
Prêmio Especial do Júri: “Listen”, de Ana Rocha de Sousa
Melhor Atriz: Khansa Batma, “Zanka Contact”
Melhor Ator: Yahya Mahayni, “The Man Who Sold His Skin”
Melhor Roteiro: Pietro Castellitto, “I Predatori”
Melhor Curta: “Entre Tú y Milagros”, de Mariana Safron

Leão do Futuro
Prêmio Luigi De Laurentiis de Melhor Estreia: “Listen”, de Ana Rocha de Sousa

Competição de Realidade Virtual
Melhor Realidade Virtual: “The Hangman at Home: An Immersive Single User Experience”, de Michelle e Uri Kranot
Melhor Experiência Virtual: “Finding Pandora X”, de Kiira Benzing
Melhor História de Realidade Virtual: “Killing a Superstar”, de Fan Fan