Berlim: Jeff Nichols revela que fantasia de Midnight Special exorciza trauma pessoal
O norte-americano Jeff Nichols dividiu a crítica e o público de Berlim com o seu “Midnight Special”, que pode decepcionar os fãs de sua carreira indie de sucesso – que inclui títulos como “O Abrigo” e “Amor Bandido”. O filme narra a bizarra história de um menino com superpoderes em fuga (do FBI e de uma sinistra organização religiosa) com o pai e não terá facilidade para convencer a audiência no seu lançamento comercial. Na entrevista coletiva, Nichols bem tentou dar uma explicação coerente, falando na óbvia influência de Steven Spielberg (filmes como “E.T.” e “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”) para que o público percebesse essa conexão por vezes bizarra que traz elementos dos quadrinhos (o menino os lê o tempo todo) e, claro, da ficção científica (as visitas extraterrestres). “O que eu acho que este tipo de filme faz especialmente bem é construir um senso de mistério, que leva a um maravilhamento”, disse o diretor. “É um sentimento positivo”, resumiu. Ele também explicou que a ideia para a trama surgiu de sua necessidade de superar o medo de perder seu próprio filho pequeno, quando uma crise de febre muito elevada o fez ter espasmos. “Eu corri com ele para o hospital e achei que estivesse morrendo”, contou o diretor. “Foi um momento muito assustador, em que eu percebi que não tinha controle da situação, e que se algo acontecesse com ele eu ficaria devastado”, ponderou. “Assim, ‘Midnight Special’ surgiu como uma forma para eu processar esse medo. Acho que a razão pela qual amamos tanto nossas crianças é por causa do medo de perdê-las e eu fiz um filme sobre isso”. Estrelado por Michael Shannon (“O Homem de Aço”), ator-fetiche do diretor, além de Kirsten Dunst (“Melancolia”), Adam Driver (“Star Wars: O Despertar da Força”), Joel Edgerton (“Aliança do Crime”) e o menino Jaeden Lieberher (“Um Santo Vizinho”), o filme estreia no Brasil em março e resta saber até que ponto a audiência vai se deixar embalar por seu enredo, cujas emoções vêm dos fortes laços familiares e afetivos entre os protagonistas, mas que, no âmbito da sci-fi, envereda por caminhos sinuosos e de difícil credibilidade.
Com boa presença brasileira, começa o Festival de Berlim 2016
O Festival de Berlim começa nesta quinta (11/2) num contexto efervescente na Alemanha, onde a crise dos refugiados repercute de forma particularmente forte. Em sua entrevista inaugural, o diretor do evento Dieter Kosslick salientou a importância de não se virar as costas para a realidade social, que estará no centro de diversas iniciativas ao longo do festival. Mas também chamam atenção as medidas de segurança, reforçadas em relação aos eventos anteriores, em decorrência dos atentados terroristas em Paris no ano passado. São esperadas cerca de 400 mil pessoas no festival, que vai se estender até 18 de fevereiro com diversas mostras paralelas e a competição pelo Urso de Ouro, cujo juri é presidido pela atriz Meryl Streep (“A Dama de Ferro”). Repetindo uma tendência dos últimos anos, a nova edição é marcada por forte presença brasileira. Em 2016, a maior expectativa da imprensa internacional recai sobre o novo projeto da paulista Anna Muylaert, “Mãe Só Há Uma”, em consequência da espantosa trajetória internacional de “Que Horas Ela Volta?” – que incluiu o Prêmio do Público na própria Berlinale do ano passado. O novo filme da cineasta retoma questões de maternidade e identidade, vistas no trabalho anterior, por meio da história de um rapaz transgênero. “Mãe Só Há Uma” faz parte da seção Panorama, mostra paralela onde também estão outros dois longas brasileiros. Há grande curiosidade, por sinal, a respeito de “Antes o Tempo não Acabava”, novo filme do amazonense Sergio Andrade após “A Floresta de Jonathas” (2013), que, indo de encontro ao notório gosto dos alemães pelo exótico, acompanha um xamã indígena confrontado pelo mundo urbano de Manaus. Igualmente promissor é “Curumim”, documentário de Marcos Prado (“Estamira”), que retrata a trágica histórica de Marco “Curumim” Archer, o brasileiro que passou 11 anos detido na Indonésia até ser condenado à morte em 2015. Prado valeu-se de filmagens escondidas feitas pelo próprio retratado – acrescentando posteriormente outros depoimentos e imagens. Além destes três filmes, duas produções alemãs na seção Fórum tem conexões com o Brasil: “Muito Romântico”, de cunho experimental, é uma obra de dois brasileiros radicados em Berlim, a gaúcha Melissa Dullius e o catarinense Gustavo Jahn, enquanto “Zona Norte” é um documentário onde a cineasta Monica Treut retorna à uma favela do Rio de Janeiro 13 anos depois de ter rodado lá “Guerreira da Luz”, onde abordava o trabalho social de Yvonne Bezerra de Menezes. Os americanos O tapete vermelho, porém, estende-se mesmo para os americanos. Hollywood domina a cena desde a abertura, inclusive no tema do filme escolhido, “Ave César!”. Cinco anos após abrirem a Berlinale com “Bravura Indômita” (2010), cabe novamente aos irmãos Coen a honra de trazer o filme de abertura – claramente uma aposta mais segura da organização, depois do ato falho do ano passado, quando “Ninguém Quer a Noite” não agradou ninguém e terminou por ficar posteriormente restrito às salas espanholas. “Ave César!” já arrancou boas reações nos Estados Unidos e, com a capacidade dos irmãos em agradar cinéfilos e o grande público, deve repetir o sucesso na Alemanha. A maioria dos outros trabalhos aterriza em Berlim vindos de Sundance, festival ocorrido em janeiro nos EUA. Um dos mais aguardados é “Maggie’s Plan”, volta de Rebecca Miller, sete anos após “A Vida Íntima de Pippa Lee” (2009), acompanhada por um elenco formado pelos queridinhos Greta Gervig (“Frances Ha”), Ethan Hawke (“Boyhood”) e Julianne Moore (“Para Sempre Alice”). Por seu lado, “Indignation” marca a estreia na direção do produtor James Schamus, um dos patrões do estúdio Focus – bastião do cinema alternativo nos Estados Unidos. Logan Lehrman (“Cruz de Ferro”) e Sarah Gadon (“Drácula: A História Nunca Contada”) estrelam. Outras promessas são “War on Everyone”, um buddy movie politicamente incorreto com Alexander Skarsgard (“True Blood”) e Michael Peña (“Homem-Formiga”) e, talvez a mais importante, “Midnight Special”, uma investida na sci-fi de Jeff Nichols (“Amor Bandido”), que volta a se reunir com seu habitual colaborador Michael Shannon (“O Homem de Aço”), desta vez acompanhado por Kirsten Dunst (“Melancolia”). O filme estreia já em março no Brasil. Com o trio Alex Gibney (“The Story of WikiLeaks: We Still Secrets”), Michael Moore (“Fahrenheit 9/11”) e Spike Lee (“Malcom X”) também estão prometidas algumas polêmicas para a Berlinale. Gibney, um dos melhores documentaristas do mundo, traz um retrato sobre a sombria rede de vigilância na internet com “Zero Days”, enquanto o sempre corrosivo Michael Moore corre o mundo à procura de ideias e comportamentos que deviam ser copiados pelo seu país. Já Spike Lee debruça-se, em “Chi-Raq”, sobre a guerra americano menos falada – a dos guetos negros de Chicago, onde as lutas de gangues são responsáveis por mais mortos que os conflitos internacionais do país. Mas a competição também terá nomes fortes de outros países, que já se tornaram habitués dos festivais internacionais, como o dinamarquês Thomas Vintenberg (“A Caça”), os franceses André Techiné (“O Homem Que Elas Amavam Demais”) e Mia Hansen-Love (“Eden”), o canadense Denis Côté (“Vic+Flo Viram um Urso”), o italiano Gianfranco Rosi (“Sacro GRA”), filipino Lav Diaz (“Norte, o Fim da História”), o bósnio Danis Tanović (“Terra de Ninguém”) e os iranianos Rafi Pitts (“Separados pelo Inverno”) e Mani Haghighi (“Modest Reception”), entre outros. Além disso, muitas surpresas podem vir de cineastas novatos, como a alemã Anne Zohra Berrached (“Two Mothers”), que em seu segundo longa aborda o dilema de uma mãe que descobre, ao final da gravidez, que seu filho terá Síndrome de Down e um defeito cardíaco potencialmente letal. A estreia mais esperada, porém, é a do diretor teatral britânico Michael Grandage, cujo primeiro filme, “Genius”, conta a história do editor dos grandes mestres da literatura Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald e Thomas Wolf. O elenco grandioso inclui Colin Firth (“Kingsman – Serviço Secreto”), Dominic West (série “The Affair”), Jude Law (“A Espiã que Sabia de Menos”), Guy Pearce (“The Rover – A Caçada”), Nicole Kidman (“Olhos da Justiça”), Laura Linney (“Sr. Sherlock Holmes”) e Vanessa Kirby (“Evereste”).
Festival de Berlim seleciona três filmes brasileiros para a Mostra Panorama
O festival de Berlim selecionou três filmes brasileiros para a mostra Panorama: os longa-metragens “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, “Antes o Tempo Não Acabava”, de Fábio Baldo e Sérgio Andrade, e “Curumim”, de Marcos Prado. Em 2015, o grande vencedor dessa mostra foi o brasileiro “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, que volta ao festival este ano com outra história sobre um complicado relacionamento entre mãe e filho. “Mãe Só Há Uma” acompanha um adolescente que descobre ter sido roubado na maternidade. O elenco tem Matheus Nachtergaele, Naomi Nero e Dani Nefussi. “Antes o Tempo Não Acabava” também se mantém no universo (amazonense) do primeiro filme de Sérgio Andrade, “A Floresta de Jonathas”, ao retratar um jovem indígena que vive o choque entre sua cultura tradicional e a vida na capital Manaus. Já o único documentário da lista, “Curumim”, do diretor de “Paraísos Artificiais”, conta a história de Marco Archer, brasileiro executado na Indonésia em janeiro de 2015 por tráfico de drogas. Ao todo, foram selecionadas 51 produções de 33 países diferentes, que serão exibidos entre 11 e 21 de fevereiro, paralelamente à mostra competitiva do Festival de Berlim.
Conheça os cartazes do Festival de Berlim 2016
A organização do Festival de Berlim divulgou os pôsteres de sua 66ª edição. As belas artes mostram ursos soltos na capital da Alemanha, fazendo bom uso do mascote da competição. Confira abaixo. O evento, que acontece de 11 a 21 de fevereiro, será aberto pela exibição de nova comédia dos irmãos Coen, “Ave, César!”, passada na Era de Ouro de Hollywood e com um elenco repleto de estrelas, como George Clooney, Scarlett Johansson, Josh Brolin, Channing Tatum, Jonah Hill, Tilda Swinton e Ralph Fiennes. A competição pelo Urso de Ouro destaca em sua seleção o drama britânico “Genius”, de Michael Grandage, centrado na história do editor literário Max Perkins (1884-1947), e “Midnight Special”, primeira sci-fi do diretor Jeff Nichols (“Amor Bandido”), que traz Michael Shannon (“O Homem de Aço”) como um pai em fuga com seu filho, após o governo americano descobrir que o menino tem poderes especiais. Entre os filmes já divulgados, também se encontram “Alone in Berlin”, do ator e diretor francês Vincent Perez (“O Segredo”), “Boris sans Béatrice”, do canadense Denis Côté (“Vic+Flo Viram um Urso”), e “Zero Days”, novo documentário de Alex Gibney (vencedor do Oscar por “Taxi to the Dark Side”), sobre a origem dos hackers e as ameaças cibernéticas para economia mundial. Outros três documentários também foram anunciados em apresentação especial, fora de competição. Dois deles reverenciam artistas: “The Music of Strangers: Yo-Yo Ma and the Silk Road Ensemble” e “The Seasons in Quincy: Four Portraits of John Berger”, codirigido pela atriz Tilda Swinton (“O Grande Hotel Budapeste”). O terceiro é “Where to Invade Next”, de Michael Moore (“Fahrenheit 11 de Setembro”), já exibido no Festival de Toronto.
Festival de Berlim anuncia competição com drama estrelado por Colin Firth e Jude Law e a primeira sci-fi de Jeff Nichols
A organização do Festival de Berlim anunciou os cinco primeiros filmes da competição pelo Urso de Ouro em 2016. O evento, que acontece de 11 a 21 de fevereiro na capital alemã, selecionou duas produções com astros de Hollywood. A maior garantia de tapete vermelho concorrido vem do drama britânico “Genius”, de Michael Grandage. Centrado na história de Max Perkins (1884-1947), editor de clássicos literários de Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald e Thomas Wolfe, o filme reúne Colin Firth (“Kingsman – Serviço Secreto”), Jude Law (“A Espiã Que Sabia de Menos”), Nicole Kidman (“Olhos da Justiça”), Laura Linney (“O Quinto Poder”), Guy Pearce (“The Rover – A Caçada”) e Dominic West (série “The Affair”). Outro concorrente popular é “Midnight Special”, primeira sci-fi do diretor Jeff Nichols (“Amor Bandido”), que traz Michael Shannon (“O Homem de Aço”) como um pai em fuga com seu filho, após o governo americano descobrir que o menino tem poderes especiais. O elenco ainda inclui Kirsten Dunst (“Melancolia”), Adam Driver (“Star Wars: O Despertar da Força”) e Sam Shepard (“Álbum de Família”). Os demais filmes são “Alone in Berlin”, do ator e diretor francês Vincent Perez (“O Segredo”), “Boris sans Béatrice”, do canadense Denis Côté (“Vic+Flo Viram um Urso”) e “Zero Days”, novo documentário de Alex Gibney (vencedor do Oscar por “Taxi to the Dark Side”), sobre a origem dos hackers e as ameaças cibernéticas para economia mundial. Outros três documentários também foram anunciados em apresentação especial, fora de competição. Dois deles reverenciam artistas: “The Music of Strangers: Yo-Yo Ma and the Silk Road Ensemble” e “The Seasons in Quincy: Four Portraits of John Berger”, codirigido pela atriz Tilda Swinton (“O Grande Hotel Budapeste”). O terceiro é “Where to Invade Next”, de Michael Moore (“Fahrenheit 11 de Setembro”), já exibido no Festival de Toronto.
Nova comédia dos irmãos Coen vai abrir o Festival de Berlim
A nova comédia dos irmãos Coen, “Ave, César!”, vai abrir o Festival de Berlim de 2016. O filme se passa durante a Era de Ouro de Hollywood e traz um elenco repleto de estrelas, como George Clooney, Scarlett Johansson, Josh Brolin, Channing Tatum, Jonah Hill, Tilda Swinton e Ralph Fiennes. “É maravilhoso que Joel e Ethan Coen estejam abrindo a Berlinale mais uma vez”, disse o diretor do festival, Dieter Kosslick, em comunicado, referindo-se à participação dos irmãos cineastas no evento de 2011, aberto pela refilmagem do western clássico “Bravura Indômita”. “Seu humor, seus personagens únicos e sua habilidade narrativa fantástica são garantia de emoção para a plateia. ‘Ave, César!’ é o início perfeito para a Berlinale 2016”, completou. Vencedores do Oscar de Melhor Filme por “Onde os Fracos Não Têm Vez” (2007), os irmãos Coen tem prestígio internacional e presidiram, no ano passado, o júri do Festival de Cannes. Por sua vez, a 66ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim será presidida pela atriz americana Meryl Streep (“Álbum de Família”), e está marcada para começar no dia 11 de fevereiro. Aproveite para ver abaixo o trailer de “Ave, César!”.
Meryl Streep presidirá juri do Festival de Berlim 2016
A atriz Meryl Streep será a presidente do juri do Festival de Berlim 2016. A organização do evento, que acontecerá entre 11 e 21 de fevereiro, anunciou sua escolha na quarta-feira (14/10). “Meryl Streep é uma das mais criativas e multifacetadas artistas. Para marcar nosso entusiasmo por seu incrível talento, nós a homenageamos em 2012 por seu conjunto da obra. Estou feliz que ela esteja retornando a Berlim com sua experiência artística para a presidência do júri internacional”, disse Dieter Kosslick, diretor do festival, em comunicado. Streep também foi homenageada pelo festival em duas outras ocasiões: em 1999, foi premiada com o Camera Berlinale, e em 2003, dividiu o Urso de Prata de Melhor Atriz com Juliane Moore e Nicole Kidman por sua atuação em “As Horas”. “É sempre uma emoção retornar ao festival, mas é com grande prazer que espero participar do júri. A responsabilidade é um pouco assustadora, já que eu nunca fui presidente de nada”, disse ela, assumindo-se “grata pela honra”. A escolha mantém a atriz em evidência, após chamar atenção por comentários em relação ao machismo da indústria cinematográfica e ao feminismo, aproveitando a divulgação do filme “Suffragette”, em que interpreta uma das pioneiras do movimento feminista. Ela revelou que até o seu salário é menor que o de colegas homens, apesar de já ter vencido três Oscar e deter o recorde de 19 indicações ao prêmio. Entretanto, preferiu descrever-se como “humanista” a “feminista”, falando sobre suas restrições ao que acredita ser o “significado atual” da palavra. “Eu sou mãe de um filho e mulher de um homem. Amo homens. Não se trata do que o feminismo significa historicamente, mas do que ele passou a significar para jovens mulheres, que as faz sentir que elas devam se afastar das pessoas que elas amam. Isso me incomoda. Eu sou (feminista), é claro. Mas as minhas ações provam o que eu sou. Eu vivo sob estes princípios”, declarou. “Suffragette”, seu próximo filme, estreia em 24 de dezembro no Brasil. Ela também interpreta o papel principal de “Florence Foster Jenkins”, cinebiografia de uma herdeira obcecada em virar cantora de época, que tem direção de Stephen Frears (“Philomena”) e previsão de lançamento apenas para o final de 2016.






