Ailton Krenak é primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras
O escritor, filósofo e ambientalista Ailton Krenak foi eleito nesta quinta-feira (5/10) para a Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na instituição. Krenak assumirá a cadeira 5, vaga desde o falecimento do historiador José Murilo de Carvalho em agosto deste ano. O novo acadêmico superou outros candidatos como a historiadora Mary Del Priore e o também indígena Daniel Munduruku. Trajetória literária Krenak é Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora e membro da Academia Mineira de Letras. Sua trajetória é marcada por ativismo em prol dos direitos indígenas e do meio ambiente. Em 1987, seu discurso na Assembleia Nacional Constituinte foi crucial para a aprovação de emendas que garantem os direitos dos povos originários. O filósofo tem obras que se tornaram best-sellers, como “A Vida Não é Útil” e “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, publicadas pela Companhia das Letras. Nestes livros, Krenak propõe uma crítica à “humanidade zumbi”, termo que usa para descrever uma sociedade desconectada da natureza e voltada para o consumo desenfreado. A atual crise climática trouxe maior visibilidade para Krenak. Seu mais recente livro, “Um Rio um Pássaro”, lançado pela editora Dantes, traz reflexões sobre a relação do homem com a natureza e o universo. Krenak explora o conceito de “cosmofobia”, a resistência humana em aceitar uma visão cósmica da existência. Trajetória audiovisual Ailton Krenak também participou de diversos documentários e produções audiovisuais que exploram temas ambientais e indígenas, como “Territórios de Resistência – Florestanias, Sertanias, Ribeirias” (2021), “Nossa Pátria Está Onde Somos Amados” (2022) e “Pisar Suavemente na Terra” (2022). Ele também foi destaque em “Falas da Terra”, especial da Globo sobre o povo originário, e serviu de consultor para a série ainda inédita de Xuxa, “Tarã”, além de frequentemente ser convidado para compartilhar seu pensamento sobre sustentabilidade, direitos indígenas e a relação do homem com a natureza. Recentemente, seus livros “Ideias para Adiar o Fim do Mundo” e “A Vida Não É Útil”, tiveram seus direitos comprados pela RT Television, braço televisivo da RT Features, a premiada produtora de Rodrigo Teixeira, responsável por filmes de sucesso como “Alemão”, “Tim Maia”, “A Bruxa”, “Me Chame pelo Seu Nome”, “Ad Astra” e “A Vida Invisível”. Krenak, que completou 70 anos no último 29 de setembro, foi eleito para a ABL em um momento em que a Academia tem buscado maior diversidade e amplitude cultural em seus quadros, tendência demonstrada também com a inclusão de Fernanda Montenegro e Gilberto Gil em seus quadros em 2021. A cerimônia de posse do novo “imortal” está prevista para o próximo mês.
Globo exibe especial “Falas da Terra” neste Dia do Índio
A Globo celebra o Dia do Índio com a exibição nesta segunda-feira (19/4) do especial “Falas da Terra”, terceiro fruto do Projeto Identidade, dedicado a valorizar temáticas da agenda social vinculadas a datas do calendário. Nenhum dos especiais repetiu a mesma estrutura, mas cada um avançou um pouco a forma de abordar seus temas. O que se dedica ao lugar da fala indígena é o mais representativo, por dar voz a ativistas de verdade – uma rápida evolução desde o primeiro, “Falas Negras”, que trouxe atores interpretando ativistas, além de ter sido escrito por roteirista branca. Desta vez, há nativos brasileiros à frente e atrás das câmeras. O especial conta com a consultoria do escritor Ailton Krenak, da artista Ziel Karapató, da cineasta Graciela Guarani, da documentarista Olinda Tupinambá e do cineasta Alberto Alvarez. Na pauta, estão a pluralidade de falas dos diferentes indígenas do Brasil, que compartilham suas identidades étnico-raciais, culturas, lutas e ocupações, tratando não apenas da terra física mas de sua extensão cultural, como moda, música e arte. O programa vai ao ar após o “BBB 21”. Veja um vídeo especial sobre o programa abaixo, que aborda os bastidores da produção.

