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    Claudia Cardinale, símbolo do cinema italiano, morre aos 87 anos.

    24 de setembro de 2025 /

    Atriz de “O Leopardo”, “8 1/2” e “Era uma Vez no Oeste” marcou época com sua presença em grandes clássicos do cinema europeu

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    Robert Hossein (1927 – 2020)

    1 de janeiro de 2021 /

    O ator e diretor francês Robert Hossein morreu na quinta-feira (31/12), aos 93 anos após sofrer um “problema respiratório”, afirmou sua esposa, a atriz Candice Patou. Filho de um famoso compositor iraniano, André Hossein, Robert começou a atuar no cinema francês ainda na adolescência, como figurante de “Encontro com o Destino” (1948) e “Maya, A Desejável” (1949). A carreira, que abrange oito décadas, embalou a partir de 1955, quando apareceu no clássico “Rififi”, de Jules Dassin, e estreou precocemente como diretor em “Os Malvados Vão para o Inferno”. A partir daí, passou a se alternar nas duas funções. Entre os destaques de sua filmografia nos anos 1950, ele apareceu ainda em “Crime e Castigo” (1956), ao lado de Jean Gabin, em “Aconteceu em Veneza” (1957), de Roger Vadim, e passou a ser considerado protagonista com “Os Assassinos Também Amam” (1957). Em seguida, tornou-se o intérprete principal de filmes como “Vampiros do Sexo” (1959), “Rififi Entre Mulheres” (1959) e “A Sentença” (1959), especializando-se em viver vilões ou personagens dúbios do cinema noir francês – gênero que também seguiu como diretor, ao filmar “Pardonnez nos Offenses” (1956), “Você, O Veneno” (1958), etc. Ele nem sempre estrelava os filmes que dirigia, mas convocava o pai para trabalhar nas trilhas sonoras e reservava o papel principal para sua então esposa, a atriz Marina Vlady, que aos 17 anos, época de seu casamento, rivalizava com Brigitte Bardot pelo título de adolescente mais bela do cinema francês. A parceria e o casamento, no entanto, foram curtos. Após ele conquistar reconhecimento internacional como diretor, por “A Noite dos Espiões” (1959), um drama passado na 2ª Guerra Mundial, estrelado por Vlady e selecionado para o Festival de Veneza, o casal se separou durante a última atuação conjunta, em “Os Canalhas” (1960), de Maurice Labro. Divorciada, Vlady foi considerada a Melhor Atriz do Festival de Cannes três anos depois, por “Leito Conjugal” (1963), de Ugo Tognazzi, atingindo um reconhecimento que Houssein nunca conseguiu. Por outro lado, quando lançou seu western francês, “O Gosto da Violência” (1961), Houssein foi saudado como um dos diretores mais ousados de sua época, por usar os elementos dos filmes de cowboy de Hollywood para aludir aos movimentos revolucionários dos guerrilheiros da América Latina. Em reconhecimento, Sergio Leone fez questão de inclui-lo numa pequena cena de flashback de seu épico “Era uma Vez no Oeste” (1968), como uma homenagem simbólica – e sem créditos. Mas Houssein logo voltou ao mundo do crime em seus filmes seguintes, “A Morte de um Matador” (1964) e “O Diabólico Vampiro de Düsseldorf” (1965), em que viveu dois criminosos famosos. Como ator, ainda estrelou o noir “O Elevador da Morte” (1962), com Lea Massari, e fez mais dois filmes para Roger Vadim, abusando de Brigitte Bardot em “O Repouso do Guerreiro” (1962) e de Catherine Deneuve em “Vício e Virtude” (1963), ambos de temática sadomasoquista – o último inspirado diretamente em “Justine”, do Marquês de Sade. Mas foi uma produção popular, “Angelica, Marquesa dos Anjos” (1964), que o transformou em ídolo das matinés. Sua interpretação ardente do Conde Peyrac, visto sem camisa em várias cenas, arrancou suspiros de uma geração de jovens apaixonadas, dando origem a uma longa franquia romântica de época, passada no século 17, que ele estrelou ao lado de Michèle Mercier. Curiosamente, os dois também formaram par em dois dramas criminais e antirromânticos, “A Amante Infiel” (1966) e “Cemitério Sem Cruzes” (1969). Houssein ignorou o auge da nouvelle vague, especializando-se, nos anos 1960, em produções de apelo mais, digamos, sedutor. Num período em que o cinema francês era considerado um dos mais sexy do mundo, ele participou de “Lamiel, a Mulher Insaciável” (1967), “Sempre Tua… Mas Infiel” (1968), “Lição Particular… de Amor” (1968) e “Se Don Juan Fosse Mulher” (1973), derradeira parceria com Bardot. Mas sua presença cinematográfica diminuiu drasticamente nos anos seguintes. Por ironia, isso aconteceu logo após suas primeiras experiências com um mestre da nouvelle vague, Claude Lelouch, com “Retratos da Vida” (1981) e “Um Homem, uma Mulher: 20 Anos Depois” (1986), em que interpretou a si mesmo. O astro também dirigiu seus últimos filmes nesse período, uma adaptação de “Os Miseráveis” (1982) e o thriller de espionagem “Le Caviar Rouge” (1985). Nos últimos anos, ele dedicou sua energia a grandes produções teatrais destinadas a levar o grande público aos teatros. “Teatro como se pode ver apenas no cinema”, era como anunciava seus grandiosos espetáculos, geralmente de temas épicos, como a trama de gladiadores “Ben-Hur”. Entre suas trabalhos finais nas telas estão “Instituto de Beleza Vênus” (1999), “O Sumiço do Presidente” (2004), com Gérard Depardieu, “La Disparue de Deauville” (2007), dirigido pela atriz Sophie Marceau, e “Noni – Le Fruit de l’Espoir” (2020), lançado em fevereiro passado na França. Após se separar de Marina Vlady em 1959, ele se casou por dois anos com a roteirista Caroline Eliacheff (“Cópia Fiel”) e viveu de 1976 ao resto de sua vida com a atriz Candice Patou (“Edith e Marcel”), que ele escalou como Eponine em sua versão de “Os Miseráveis”.

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    Ennio Morricone (1928 – 2020)

    6 de julho de 2020 /

    O grande compositor Ennio Morricone, criador de trilhas sonoras inesquecíveis, morreu nesta segunda-feira (6/7) em Roma aos 91 anos, por complicações de uma queda sofrida na semana passada. Ele teve uma carreira de quase 70 anos como instrumentista e 60 anos como compositor de obras para o cinema, TV e rádio. Suas músicas acompanharam mais de 500 filmes, venderam cerca de 70 milhões de discos e criaram a identidade sonora de gêneros inteiros, como o spaghetti western, também conhecido como “bangue-bangue à italiana”, o giallo ultraviolento, os filmes americanos de máfia e reverberaram por toda a indústria cinematográfica italiana. “O Maestro”, como era conhecido, nasceu em 10 de novembro de 1928 em uma área residencial de Roma. Seu pai, Mario, tocava trompete, e este foi o primeiro instrumento que o jovem aprendeu a tocar. Graças a essa convivência, ele começou a compor músicas aos 6 anos. Quando tinha cerca de 8 anos, Morricone conheceu seu grande parceiro, o cineasta Sergio Leone, no ensino fundamental. Os dois voltaram a se encontrar duas décadas mais tarde para fazer História. O jovem Morricone começou a carreira compondo músicas para dramas de rádio, ao mesmo tempo em que tocava numa orquestra especializada em trilhas para filmes. “A maioria era muito ruim e eu acreditava que poderia fazer melhor”, disse ele numa entrevista de 2001. Ele trabalhou com Mario Lanza, Paul Anka, Charles Aznavour, Chet Baker e outros como arranjador de estúdio na gravadora RCA e com o diretor Luciano Salce em várias peças. Quando Salce precisou de uma trilha para seu filme “O Fascista” (1961), lembrou do jovem e deu início à carreira de compositor de cinema de Morricone. Depois de alguns filmes, Morricone reencontrou Leone, iniciando a lendária colaboração. O primeiro trabalho da dupla, “Por um Punhado de Dólares” (1964), marcou época e estabeleceu um novo patamar no gênero apelidado de spaghetti western – além de ter lançado a carreira de Clint Eastwood como cowboy de cinema. Os dois assinaram com pseudônimos americanos, e muita gente realmente acreditou que se tratava de uma produção de Hollywood, tamanha a qualidade. Ao todo, Morricone e Leone trabalharam juntos em sete filmes, dos quais o maestro considerava “Era uma Vez no Oeste” (1968) a obra-prima da dupla. O segredo da combinação é que Leone pedia para Morricone compor as músicas antes dele filmar, usando-a como elemento narrativo, muitas vezes dispensando diálogos. Nesta fase, ele também inaugurou duradouras parcerias com Bernardo Bertolucci e Pier Paolo Pasolini. Do primeiro, compôs a trilha de “Antes da Revolução” (1964), mas só retomou as colaborações na década seguinte. Já com o segundo, foi fundo na cumplicidade do período mais controvertido do diretor, embalando clássicos que desafiaram a censura, como “Teorema” (1968), “Orgia” (1968), “Decameron” (1971), “Os Contos de Canterbury” (1972) e “As Mil e Uma Noites” (1974). Serviu até de consultor musical para o mais ultrajante de todos, “Salò, ou os 120 Dias de Sodoma” (1975), proibidíssimo e talvez relacionado ao assassinato nunca resolvido do diretor naquele ano. Fez também muitas comédias picantes e uma profusão de obras sobre crimes e gângsteres de especialistas como Alberto Martino e Giuliano Montaldo. A verdade é que, no começo da carreira, Morricone chegava a compor até 10 trilhas por ano, entre elas composições de clássicos como “De Punhos Cerrados” (1965), de Marco Bellochio, e “A Batalha de Argel” (1966), de Gillo Pontecorvo. E o sucesso dos westerns de Leone – como “Por uns Dólares a Mais” (1965) e “Três Homens em Conflito” (1966), igualmente estrelados por Clint Eastwood – , aumentou muito mais a procura por seus talentos. Sua música não só ressoava em dezenas de filmes, como os demais compositores tentavam soar como ele, especialmente os que musicavam westerns italianos. Morricone ainda deixou sua marca num novo gênero, ao assinar a trilha de “O Pássaro das Plumas de Cristal” (1970), de Dario Argento, considerado o primeiro giallo, uma forma de suspense estilizada e sanguinária, que geralmente envolvia um serial killer e mortes brutais. Confundindo-se com a tendência, fez trilhas para outros giallos famosos, como “O Gato de Nove Caudas” e “Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza”, ambos de Argento, além de “O Ventre Negro da Tarântula” e “Uma Lagartixa num Corpo de Mulher”, só para citar trabalhos feitos num período curto. As trilhas destes quatro filmes foram criadas em 1971, simultaneamente a uma dezena de outras, entre elas partituras de pelo menos três clássicos, “Decameron”, de Pier Paolo Pasolini, “Sacco e Vanzetti”, de Giuliano Montaldo, e “A Classe Operária Vai para o Paraíso”, de Elio Petri, sem esquecer uma nova colaboração com Leone, “Quando Explode a Vingança”. Para dar ideia, ele chegou a recusar o convite para trabalhar em “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, porque não daria conta. Requisitadíssimo, Morricone assinou as trilhas da franquia “Trinity”, que popularizou a comédia western italiana e virou fenômeno de bilheteria mundial, e começou a receber pedidos de produções francesas – teve uma forte parceria com o cineasta Henri Verneuil em thrillers de Jean-Paul Belmondo – e alemãs. Quando Clint Eastwood retornou aos EUA, convocou o maestro a fazer sua estreia em Hollywood, assinando a música de seu western “Os Abutres Têm Fome” (1970), dirigido por Don Siegel. Mas foi preciso um terror para que se estabelecesse de vez na indústria americana. Morricone tinha recém-composto a trilha do épico “1900” (1976), de Bernardo Bertolucci, quando foi convidado a trabalhar em “O Exorcista II: O Herege” (1977), contratado ironicamente devido a uma de suas obras menores, “O Anticristo” (1974). A continuação do clássico de terror decepcionou em vários sentidos, mas o compositor começou a engatar trabalhos americanos, como “Orca: A Baleia Assassina” (1977) e o filme que o colocou pela primeira vez na disputa do Oscar, “Cinzas do Paraíso” (1978). A obra-prima de Terrence Malick era um drama contemplativo, repleto de cenas da natureza, que valorizou ao máximo seu acompanhamento musical. E deu reconhecimento mundial ao trabalho do artista. Apesar da valorização, ele não diminuiu o ritmo. Apenas acentuou sua internacionalização. Musicou o sucesso francês “A Gaiola das Loucas” (1978), o polêmico “Tentação Proibida” (1978), de Alberto Lattuada, e voltou a trabalhar com Bertolucci em “La Luna” (1979) e “A Tragédia de um Homem Ridículo” (1981), ao mesmo tempo em que compôs suspenses/terrores baratos americanos em série. Dois terrores desse período tornaram-se cultuadíssimos, “O Enigma de Outro Mundo” (1982), em que trabalhou com o diretor – e colega compositor – John Carpenter, e “Cão Branco” (1982), uma porrada de Samuel Fuller com temática antirracista. Foi só após um reencontro com Sergio Leone, desta vez em Hollywood, que Morricone deixou os filmes baratos americanos por produções de grandes estúdios. Os dois velhos amigos colaboraram pela última vez em “Era uma Vez na América” (1984), antes da morte de Leone, que aconteceria em seguida. Ambos foram indicados ao Globo de Ouro e o compositor venceu o BAFTA (o Oscar britânico). A repercussão de “Era uma Vez na América” levou o maestro a trabalhar em “A Missão” (1986), de Roland Joffé, que como o anterior era estrelado por Robert De Niro. O filme, passado no Rio Grande do Sul, rendeu-lhe a segunda indicação ao Oscar. Em seguida veio seu filme americano mais conhecido, novamente com De Niro no elenco. “Os Intocáveis” (1987), de Brian De Palma, foi sua terceira indicação ao Oscar – e, de quebra, lhe deu um Grammy (o Oscar da indústria musical). O compositor recebeu sua quarta indicação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por outro filme de gângster, “Bugsy” (1991), de Barry Levinson. Mas nunca se mudou para os Estados Unidos, o que lhe permitiu continuar trabalhando no cinema europeu – em obras como “Busca Frenética” (1988), de Roman Polanski, o premiadíssimo “Cinema Paradiso” (1988), de Giuseppe Tornatore, “Ata-me” (1989), de Pedro Almodóvar, e “Hamlet” (1990), de Franco Zeffirelli. Eventualmente, voltou a bisar parcerias com De Palma, Joffé e até fez alguns blockbusters de Hollywood, como “Na Linha de Fogo” (1993), em que reencontrou Clint Eastwood, “Lobo” (1994), de Mike Nichols, e “Assédio Sexual” (1994), novamente de Levison. Mas sua última indicação ao Oscar foi uma produção italiana, outra colaboração com Tornatore: “Malena” (2000). Na verdade, Morricone musicou todos os filmes de Tornatore desde “Cinema Paradiso”. Foram 10 longas e alguns curtas, até 2016. Seu ritmo só diminuiu mesmo a partir de 2010, quando, em vez de 10 trabalhos anuais, passou a assinar 4 trilhas por ano. Apesar de convidado, ele nunca trilhou um filme dirigido por Eastwood, decisão da qual mais se arrependia, mas recebeu das mãos do velho amigo o seu primeiro Oscar. Foi um troféu honorário pelas realizações de sua carreira, em 2007. Morriconi ainda veio a receber outro prêmio da Academia, desta vez pelo trabalho num filme: a trilha de “Os Oito Odiáveis”, western dirigido por Quentin Tarantino em 2015. Esta criação sonora também lhe rendeu o Globo de Ouro e o BAFTA. E ele fez sem ver o longa, no estúdio particular de sua casa. Grande fã de sua obra, Tarantino já tinha usado algumas de suas composições como música incidental em “Kill Bill”, “Django Livre” e “Bastardos Inglórios”. E deu completa liberdade para Morricone, que, em troca, disse que trabalhar com o diretor em “Os Oito Odiáveis” tinha sido “perfeito… porque ele não me deu pistas, orientações”, permitindo que criasse sua arte sem interferência alguma. “A colaboração foi baseada em confiança”. O maestro ainda ganhou muitos outros prêmios, entre eles 10 troféus David di Donatello (o Oscar italiano) ao longo da carreira – o mais recente por “O Melhor Lance” (2013), de Tornatore. Foi uma carreira realmente longa, que seu velho parceiro Tornatore transformou em filme, “Ennio: The Maestro” (2020), um documentário sobre sua vida e obra, finalizado pouco antes de sua morte, que deve ser lançado ainda neste ano. Mas a última palavra sobre sua vida foi dele mesmo. Morricone escreveu seu próprio obituário, que seu advogado leu para a imprensa após o anúncio de sua morte. “Eu, Ennio Morricone, estou morto”, começa o texto, em que o maestro agradeceu a seus amigos e familiares, e dedicou “o mais doloroso adeus” a sua esposa Maria Travia, com quem se casou em 1956, dizendo “para ela renovo o amor extraordinário que nos unia e que lamento abandonar”. Relembre abaixo alguns dos maiores sucessos do grande mestre.

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    Bernardo Bertolucci (1941 – 2018)

    26 de novembro de 2018 /

    O cineasta italiano Bernardo Bertolucci morreu nesta segunda-feira (26/11), aos 77 anos. Celebrado por clássicos como “O Último Tango em Paris” (1972) e “O Último Imperador” (1987), ele lutou por anos contra um câncer, mas não resistiu. Com a saúde deteriorada, locomovia-se com uma cadeira de rodas há cerca de uma década, porém nem isso o impediu de realizar um último filme recentemente. Bertolucci foi um dos maiores nomes do cinema italiano e mundial, o mais novo e último remanescente de uma geração que contava com Fellini, Antonioni, Pasolini e Visconti, cuja obra autoral marcou gerações. Vencedor do Oscar de Melhor Direção por “O Último Imperador” – filme que conquistou ao todo nove troféus da Academia – , ele também foi homenageado com a Palma de Ouro, do Festival de Cannes, pelo conjunto da obra. E que obra. Filho de Attilio Bertolucci, um famoso poeta italiano, ele costumava acompanhar seu pai ao cinema em Parma, a cidade onde ele nasceu e cresceu, e começou a fazer filmes de 16mm aos 16 anos de idade. Conheceu o poeta Pier Paolo Pasolini através de seu pai, e quando Pasolini dirigiu seu primeiro filme, “Accattone – Desajuste Social” (1961), Bernardo foi contratado como assistente de produção. Um ano depois, ele dirigiu seu primeiro longa-metragem, “A Morte” (1962), baseado em um esboço de cinco páginas de Pasolini. Rodado quando ele tinha 22 anos de idade, o filme investigava o mistério de um assassinato por meio de flashbacks e diferentes perspectivas de testemunhas, que narravam o que viram ao investigador do caso, um figura invisível para os espectadores. O estilo era diferente e ousado já naquela época, resultado, segundo ele, de quem “tinha visto muitos e muitos filmes”. “Antes da Revolução” (1964) foi um trabalho muito mais pessoal, explorando os problemas de um jovem egoísta de classe média que se vê dividido entre política radical e conformidade, e entre um caso apaixonado com sua jovem tia e seu casamento burguês. Ele opta por respeitabilidade em ambos os casos. Vagamente baseado no romance “A Cartuxa de Parma”, de Stendhal, o filme chamou atenção por ser tecnicamente impressionante e pela capacidade de Bertolucci de articular temas, como o pai traidor e a conexão da libido com a política, que ele exploraria ao longo da carreira. Em “Partner”, ele adaptou “O Duplo” de Dostoiévski, atualizando a trama para a Roma de 1968 e incluindo uma homenagem à novelle vague, ao mostrar o protagonista, interpretado por Pierre Clémenti, falando francês, enquanto todos os demais falam italiano. No mesmo ano, Bertolucci assinou o roteiro do filme que passou a ser celebrado como auge do gênero spaghetti western, “Era uma Vez no Oeste”, de Sergio Leone, em que manifestou pela primeira vez suas aspirações épicas. Sua carreira estourou na década seguinte, após dar ao operador de câmera de “Antes da Revolução” o status de diretor de fotografia. A parceria com Vittorio Storaro marcou época. Fizeram oito filmes juntos, sendo o primeiro “A Estratégia da Aranha” (1970), que transpôs a história de Jorge Luis Borges da Irlanda para a Itália, mudando o contexto político para um retrato do fascismo dos anos 1930, ao mostrar que o pai, que o protagonista considerava um herói, era realmente um traidor. Um de seus maiores clássicos foi rodado quase ao mesmo tempo. “O Conformista” (1970) juntou as preocupações freudianas e políticas de Bertolucci em um estudo da Itália fascista, que procurava captar o pensamento da extrema direita por meio de um protagonista reprimido. Um homossexual que se recusava a se assumir, vivido por Jean-Louis Trintignant, e que por isso optava por valores burgueses e pela violência, recebendo do partido fascista a missão de assassinar seu ex-professor. O roteiro adaptado da obra de Alberto Moldavia rendeu ao cineasta sua primeira indicação ao Oscar. Impressionante, por ser um “filme falado em língua estrangeira”. O longa também se destacou pelo florescimento do estilo cinematográfico de Bertolucci, com tomadas elaboradas, ângulos de câmera barrocos, cores opulentas, cenografia repleta de ornamentos e um intrincado jogo de luz e sombra, que quase transformavam o filme em 3D só pelo impacto visual. Mas nenhum filme marcou mais sua carreira, para o bem e para o mal, que o que veio em seguida. “O Último Tango em Paris” se tornou um clássico do cinema erótico, por seu retrato de um relacionamento anti-romântico, baseado apenas em sexo, entre uma ninfeta e um homem bem mais velho, vividos por Maria Schneider, então com 19 anos, e Marlon Brando, de 48, que não querem saber nada um do outro, nem mesmo o nome. Altamente sensual, mas também violento, o filme provocou muitas discussões na época e rende assunto até hoje. Na ocasião, o cineasta foi indiciado por um tribunal em Bolonha por fazer um filme pornográfico. Embora tenha sido absolvido, perdeu seus direitos civis (incluindo seu direito de voto) por cinco anos e os tribunais italianos ordenaram que todas as cópias do filme fossem destruídas. Mas a obra estourou no exterior, lotou cinemas, gerou frisson e rendeu a segunda indicação ao Oscar para Bertolucci, desta vez como Melhor Diretor. Muito já se falou sobre a cena da manteiga, usada para simular lubrificação numa simulação de estupro. Uma violação não consentida que, na trama, levava a jovem protagonista a encerrar o relacionamento, algo que o homem não consegue entender. Maria Schneider denunciou Bertolucci e Brando, anos depois em sua autobiografia, pela violência da encenação. Mesmo que o estupro fosse simulado, ela se disse vítima de agressão, já que o uso da manteiga não estava no roteiro ou tinha sido combinado, e foi resultado de um ato violento, com Brando jogando-a no chão e tocando sua partes íntimas. Em uma entrevista de 2007, quatro anos antes de morrer, Schneider disse que suas “lágrimas eram verdadeiras” no filme. Em dezembro de 2016, a polêmica voltou à tona, quando uma entrevista antiga de Bertolucci ressurgiu nas redes sociais. Nela, Bertulucci assumia: “A sequência da manteiga foi uma ideia que eu tive com Marlon na véspera da filmagem. Eu queria que Maria reagisse, que ela fosse humilhada. Eu não queria que ela interpretasse a raiva, eu queria que ela sentisse raiva e humilhação”. A confissão ultrajou feministas. “A todos que gostaram do filme, vocês estão vendo uma jovem de 19 anos sendo violentada por um homem de 48 anos. O diretor planejou a agressão. Isso me dá nojo”, tuitou a atriz Jessica Chastain, que, depois, tomaria a frente do movimento Time’s Up, contra abusos e discriminação contra as mulheres em Hollywood. Essa discussão demorou décadas para assumir contornos mais negativos, o que levou Bertolucci a passar seus últimos anos se defendendo. Entretanto, ele também se beneficiou bastante da controvérsia. O interesse gerado pelas reputação de “O Último Tango em Paris” ajudou Bertolucci a obter o financiamento necessário para embarcar em seu projeto mais ambicioso, “1900”. O filme de 1977 foi o primeiro grande épico de sua carreira como diretor, com uma duração de nada menos de cinco horas, além de consumir um dos maiores orçamentos do cinema italiano. O diretor ainda quis aproximar duas escolas rivais de cinema, as grandes produções hollywoodianas e o realismo socialista do cinema russo dos anos 1930, para narrar a história da Itália sob o ponto de vista da luta de classes, representado pelos dois protagonistas: Olmo (Gérard Depardieu), o filho de uma camponesa, e Alfredo (Robert De Niro), o filho do dono da fazenda (Burt Lancaster), ambos nascidos no mesmo dia, 27 de janeiro de 1901. Imponente, mas também didático, o filme atinge o ápice em seus últimos 30 minutos, para encerrar seu painel histórico no Dia da Libertação da Itália pelos aliados, em 25 de abril de 1945. Ao buscar a grandiosidade, Bertolucci se afastou da introspecção que marcava seus trabalhos anteriores. E “1900” acabou considerado uma anomalia em sua filmografia. Suas obras seguintes voltaram aos temas psicológicos e políticos, em mergulhos na sexualidade e na relação paternal. “La Luna” (1979) foi a história de um relacionamento apaixonado, quase incestuoso, entre mãe e filho, rodado com simbolismos edipianos e virtuosismo cinematográfico. E “A Tragédia de um Homem Ridículo” (1981) representou o reverso de “A Estratégia da Aranha”, com um pai investigando a vida do filho, sequestrado misteriosamente e acusado de conspirar com a extrema esquerda. A ambiguidade das obras não agradaram público e crítica. Mas suas inclinações políticas de esquerda lhe permitiram ser bem-recebido na China, onde retomou o cinema épico, atingindo o ápice artístico de sua carreira. “O Último Imperador” foi o primeiro filme ocidental inteiramente rodado na China, e contou com participação oficial do governo do país, que lhe deu acesso à Cidade Proibida e outras locações imponentes, nunca antes registradas numa produção falada em inglês. O filme contava a história real de Pu Yi, o último imperador da China, que nasceu para governar e acabou como um jardineiro comum, após ser “reeducado” pelo regime maoísta, numa trajetória de 60 anos que cobria o período histórico mais controvertido da China. O filme era o equivalente chinês a “1900”, um novo retrato da luta de classes, mas muito mais suntuoso, ecoando o esplendor dourado do palácio na Cidade Proibida. As imagens deslumbrantes e a história inacreditável, mas real, impressionaram crítica e público em todo o mundo. Bertolucci venceu não um, mas dois Oscars, de Direção e Roteiro Adaptado, enquanto o longa colecionou 9 troféus, incluindo Melhor Filme e Fotografia (de Vittorio Storaro). “O Último Imperador” mudou os rumos da carreira de Bertolucci, que a seguir decidiu completar uma “trilogia oriental”, abrindo seu trabalho à temas existenciais e filosóficos por meio de “O Céu que nos Protege” (1990), filmado na Argélia e Marrocos, e “O Pequeno Buda” (1993), filmado no Butão e no Nepal. Mas embora fossem igualmente dispendiosos e exóticos, nenhum dos dois repetiu o êxito do longa chinês. Ele voltou para casa, descartou os excessos, retomou o cinema intimista e redescobriu o sexo com “Beleza Roubada” (1996), drama sobre o despertar sexual de uma adolescente americana (Liv Tyler) em uma vila na Toscana, habitada por artistas e boêmios, e “Assédio” (1998), ambientado em Roma, que se concentra na relação entre um pianista inglês recluso e sua jovem empregada africana (Thandie Newton). Com “Os Sonhadores” (2003), Bertolucci voltou a seus dias de juventude, tanto em termos de tema quanto de repercussão. Passado no ano de 1968, o filme juntava sexo e revolução, dois dos assuntos favoritos do diretor, usando a Primavera de Paris como pano de fundo para um relacionamento a três. Enquanto uma praia se revelava sob os paralelepípedos das ruas, os personagens se fechavam entre quatro paredes, como em “O Último Tango” passado na mesma Paris, para explorar sua paixão sexual e pelo cinema. O resultado se tornou a apoteose da cinefilia de Bertolucci e deslanchou a carreira dos jovens Louis Garrel, Michael Pitt e Eva Green, que fazia sua estreia nas telas. Foi um sucesso. Mas em vez de marcar um renascimento em sua carreira, foi quase uma despedida, pois logo em seguida ele passou a sofrer sérios problemas nas costas. Bertolucci se viu confinado a uma cadeira de rodas e não fez outro filme por nove anos. Foi buscar energia e vontade de filmar nos aplausos dos colegas, durante uma homenagem do Festival de Cannes, que lhe rendeu tributo pela carreira em 2011. Um ano depois, lançou “Eu e Você” (2012), seu primeiro filme italiano desde 1981 e último longa de sua filmografia. Foi um trabalho relativamente modesto com um pequeno elenco e, novamente, uma locação minimalista – um porão em que um adolescente se escondia com sua meia-irmã. Nos últimos anos, sua saúde deteriorou, acumulando um câncer. E, em vez de aplausos, Bertolucci precisou lidar com acusações de abusos cometidos num filme que ele dirigiu aos 31 anos de idade. Em sua derradeira manifestação pública, ele se defendeu: “Eu gostaria, pela última vez, de esclarecer um mal-entendido ridículo que continua a gerar reportagens sobre ‘O Último Tango em Paris’ em todo o mundo. Vários anos atrás, na Cinémathèque Française, alguém me perguntou detalhes sobre a famosa cena da manteiga....

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