Cate Blanchett é atormentada por segredo do passado em trailer de minissérie
Criada pelo diretor de "Gravidade", "Disclaimer*" também inclui no elenco Kevin Kline, Sacha Baron Cohen, Kodi Smit-McPhee e a estrela de "Round 6" Hoyeon
Suspense da Apple TV+ com Cate Blanchett ganha primeiro teaser
Minissérie "Difamação", criada pelo diretor de "Gravidade", também inclui no elenco Sacha Baron Cohen, Kodi Smit-McPhee e a estrela de "Round 6" Hoyeon
Estrela de “Round 6” vai estrelar série de Alfonso Cuarón
Grande revelação de “Round 6” (2021), Hoyeon já definiu sua próxima série, que marcará sua estreia numa produção americana. Ela se juntou ao elenco de “Disclaimer”, minissérie de suspense da Apple TV+ criada e dirigida pelo cineasta Alfonso Cuarón (vencedor do Oscar por “Gravidade” e “Roma”). A top model sul-coreana, que virou atriz em “Round 6”, mudou seu nome neste ano de Jung Ho-yeon para apenas Hoyeon. Depois de vencer o SAG Award, prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA, como Melhor Atriz em Série de Drama pela produção da Netflix, ela fechou contrato com a Louis Vitton para ser embaixadora global da grife e começa sua carreira americana de atriz com a série de dois capítulos de Cuarón. Em “Disclaimer”, ela vai se juntar às estrelas de Hollywood Cate Blanchett (“O Beco do Pesadelo”), Kevin Kline (“Última Viagem a Vegas”), Sacha Baron Cohen (“Borat”) e Kodi Smit-McPhee (“Ataque dos Cães”) na série. O projeto adapta o livro homônimo de Renee Knight, que gira em torno de Catherine Ravenscroft, uma respeitada jornalista investigativa devotada a revelar as transgressões ocultas de instituições respeitadas. Quando um romance escrito por um viúvo aparece em sua mesa de cabeceira, ela fica horrorizada ao perceber que é a personagem chave de uma história que revela seu segredo mais sombrio. Blanchett interpretará o jornalista e Kline interpretará o viúvo. Tudo indica que a minissérie terá um visual de tirar o fôlego, já que a equipe que trabalhará com Cuarón inclui dois diretores de fotografia consagrados: Emmanuel Lubezki, vencedor de três Oscars – o primeiro deles com “Gravidade” – e Bruno Delbonnel, indicado quatro vezes ao prêmio da Academia – desde “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001).
Cate Blanchett vai estrelar série do diretor de “Roma” e “Gravidade”
O cineasta mexicano Alfonso Cuarón, vencedor do Oscar por “Gravidade” (2013) e “Roma” (2018), está desenvolvendo uma série para a Apple TV+, que será estrelada por Cate Blanchett (“Carol”) e Kevin Kline (“Última Viagem a Vegas”). O projeto é uma adaptação de “Disclaimer”, romance de Renee Knight, que gira em torno de Catherine Ravenscroft, uma respeitada jornalista investigativa devotada a revelar as transgressões ocultas de instituições respeitadas. Quando um romance escrito por um viúvo aparece em sua mesa de cabeceira, ela fica horrorizada ao perceber que é a personagem chave de uma história que revela seu segredo mais sombrio. Blanchett interpretará o jornalista e Kline interpretará o viúvo. Tudo indica que a produção terá um visual de tirar o fôlego, já que a equipe que trabalhará com Cuarón inclui dois diretores de fotografia consagrados: Emmanuel Lubezki, vencedor de três Oscars – o primeiro deles com “Gravidade” – e Bruno Delbonnel, indicado quatro vezes ao prêmio da Academia – desde “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001). A série também estende o relacionamento de Cuarón com a Apple, onde já está produzindo o filme original “Raymond and Ray”, estrelado por Ewan McGregor (“Aves de Rapina”) e Ethan Hawke (“Uma Noite de Crime”) como meio-irmãos.
Angelina Jolie aparece seminua e sensual em novo comercial de perfume francês
A atriz Angelina Jolie (“Malévola”) exibe todas suas tatuagens e outras partes de seu corpo no novo comercial do perfume francês Mon Guerlain. Dirigido por Emmanuel Lubezki, diretor de fotografia vencedor de três Oscars (por “Gravidade”, “Birdman” e “O Regresso”), o vídeo mostra Angelina completamente sensual aos 44 anos, despertando nua sob os lençóis. A estrela de cinema, que também é mãe de seis filhos, está solteira desde que se divorciou de Brad Pitt. O próximo filme da atriz é “Malévola: Dona do Mal”, que estreia em outubro. Já a próxima filmagem é “Eternos”, em que ela vai interpretar Thena, uma super-heroína da Marvel.
Últimos Dias no Deserto humaniza Jesus Cristo
Filho do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Rodrigo García seguiu uma trajetória bem diferente de seu saudoso pai. Desde que estreou em 2000 como diretor do delicado “Coisas que Você Pode Dizer Só de Olhar para Ela“, García tem alternado uma carreira no cinema e na TV com narrativas que privilegiam as mulheres e a psicologia de pessoas com vidas nada extraordinárias. Embora “Últimos Dias no Deserto” tenha um verniz bíblico, pode-se dizer que é a primeira vez que Rodrigo García faz um filme com proximidade à obra literária de seu pai. A “expedição” enfrentada pelo Yeshua (pronúncia hebraica de Jesus) vivido por Ewan McGregor (“Álbum de Família”) carrega todo aquele peso existencial de obras como “Memórias de Minhas Putas Tristes” e “Relato de Um Náufrago”, por exemplo. Também assinado por Rodrigo García, o roteiro de “Últimos Dias no Deserto” imagina com muitas liberdades uma peregrinação de 40 dias de Yeshua pelo deserto. Por si só e em jejum, Yeshua aplaca o vazio de sua jornada com orações, encontrando ao final Jerusalém como o seu destino. Indo contra o caminho de filmes bíblicos de proporções épicas que seguem em produção, “Últimos Dias no Deserto” traz um Jesus Cristo intimista em uma “aventura” sem qualquer adorno para engrandecer as suas ações. A escolha favorece a intenção de humanizar uma figura divina, que se vê enclausurada em dilemas com as aparições inconvenientes do Diabo (também interpretado por Ewan McGregor) e ao cruzar com uma família. Composta por um Pai (Ciarán Hinds, de “A Mulher de Preto”), uma Mãe (Ayelet Zurer, que esteve na nova versão de “Ben-Hur” como a mãe do personagem-título) que adoece e um Filho (Tye Sheridan, de “X-Men: Apocalipse”), tal família constrói aos poucos uma casa enquanto dormem em uma tenda. Habilidoso carpinteiro, Yeshua oferece a sua mão de obra e, no processo, percebe um atrito entre o Pai e o Filho – este segundo, um jovem de 16 anos, é claramente oprimido para viver no deserto. Para potencializar ao máximo as relações do protagonista com os componentes dessa família e da figura demoníaca com as mesmas feições de Yeshua, “Últimos Dias no Deserto” é quase isento de elementos cenográficos. Com exceção de trapos, gravetos e o esqueleto do que pretende ser uma habitação, não há nada além da aridez do deserto diante dos nossos olhos. A fotografia de Emmanuel Lubezki sequer se permite a transformar as paisagens em espetáculos visuais, algo esperado do mexicano que venceu consecutivamente três estatuetas do Oscar por “Gravidade” (2013), “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” (2014) e “O Regresso” (2015). Os planos abertos são geralmente usados em circunstâncias em que a desolação é o sentimento que toma os pensamentos de Yeshua. O olhar muito particular de Rodrigo García, ainda que não se furte de emoção genuína (como a descida do Pai em uma montanha para resgatar uma pedra preciosa), também é frio ao apresentar certo distanciamento diante da própria história que narra, quase se aproximando de “O Canto dos Pássaros”, filme de 2008 dirigido por Albert Serra sobre a viagem d’Os Três Reis Magos para adorar o menino Jesus. Apesar da dessacralização encenada, Rodrigo García sai-se melhor em seus relatos dramáticos de indivíduos facilmente identificáveis em nosso cotidiano.
Estreias: O Homem nas Trevas domina o escuro dos cinemas brasileiros
O terror “O Homem nas Trevas” chega ao circuito com a ambição de repetir no Brasil seu sucesso americano. Há duas semanas na liderança das bilheterias dos EUA, o filme dirigido pelo uruguaio Fede Alvarez (“A Morte do Demônio”) tem o maior lançamento da semana, com distribuição em 460 telas. E após uma leva de decepções do gênero, seu clima tenso deve agradar quem gosta de levar sustos no escuro do cinema. Com 86% de aprovação no Rotten Tomatoes, gira em torno de três jovens ladrões que invadem a casa de um cego, sem saber que, em vez de roubar uma vítima indefesa, entraram no covil de um psicopata mortal. A segunda estreia mais ampla é uma produção nacional. A comédia “O Roubo da Taça” se revela uma boa surpresa, ao evitar os lugares comuns do besteirol televisivo para enveredar pela crítica social num humor bastante ácido. O filme relata o roubo verídico da Taça Jules Rimet, símbolo do tricampeonato da seleção brasileira de futebol de 1970, mas inventa boa parte da história. Venceu o prêmio do público no festival americano SXSW e quatro troféus em Gramado, incluindo os de Ator para Paulo Tiefenthaler (“O Lobo Atrás da Porta”) e Roteiro para Lusa Silvestre (“Mundo Cão”) e o diretor Caíto Ortiz (“Estação Liberdade”). Estreia em 180 salas. “Herança de Sangue” marca a volta triunfal de Mel Gibson aos filmes de ação, pelas mãos de um cineasta francês, Jean-François Richet (“Inimigo Público nº 1”), e com aprovação da crítica americana – 86% no site Rotten Tomatoes. Na trama, o personagem de Gibson faz tudo para salvar a filha, jurada de morte por traficantes. Em 138 salas. Pior filme da semana, a comédia besteirol americana “Virei um Gato”, estrelada por Kevin Spacey (série “House of Cards”), é a versão felina de diversos filmes de homens que trabalham demais, negligenciam suas famílias e viram cães. Como a crítica prefere cachorrinhos, teve apenas 10% de aprovação no Rotten Tomatoes. Despejado em 116 telas. A outra comédia americana desta quinta (8/9) teve 61% de aprovação mesmo sem cachorrinhos, embora seu título seja “Cães de Guerra”. Baseada numa história verídica, mostra Jonah Hills (“Anjos da Lei”) e Miles Teller (“Divergente”) como dois jovens inexperientes que ficaram milionários ao conseguir, de forma inacreditável, um contrato com o Pentágono para negociar armas no Oriente Médio. A direção de Todd Philips (“Se Beber, Não Case!”) busca ultrajar, mas também rende uma classificação etária elevada (escândalo: 16 anos no Brasil e censura livre na França, logo é “perseguido” politicamente como “Aquarius”!), que limita seu circuito a 60 salas. O drama religioso “Últimos Dias no Deserto” traz o escocês Ewan McGregor (“O Impossível”) como Jesus Cristo, mas, em contraste a “Ben Hur” e lançamentos evangélicos recentes, ocupa, sem fanfarra alguma, apenas 29 salas. O tamanho é inversamente proporcional à sua qualidade, ao desafiar dogmas para mostrar um Jesus humano. Dirigido pelo colombiano Rodrigo García (filho do escritor Gabriel García Márquez), a trama se passa durante os 40 dias de jejum e oração de uma peregrinação solitária pelo deserto, na qual Jesus encontra o próprio diabo. Com 72% de aprovação, ainda conta com uma cinegrafia deslumbrante, assinada pelo mexicano Emmanuel Lubezki (“O Regresso”), que venceu os três últimos Oscars de Melhor Fotografia. Passado durante a 2ª Guerra Mundial, o drama “Viva a França!” acompanha August Diehl (“Bastardos Inglórios”) como um pai desesperado, que atravessa os campos franceses, tomados por nazistas, para encontrar o filho desaparecido durante a invasão alemã da França, contando com a ajuda de um soldado britânico desgarrado, vivido por Matthew Rhys (série “The Americans”). A direção é do francês Christian Carion, responsável pelo belo “Feliz Natal”, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2006. A exibição é restrita a nove telas. Três filmes nacionais completam a programação, ainda que de forma praticamente invisível. O romance lésbico “Nós Duas Descendo a Escada” chega a somente duas telas em São Paulo e duas em Porto Alegre. Roteiro e direção são de um homem, o gaúcho Fabiano de Souza, que antes fez o ótimo “A Última Estrada da Praia” (2010). Quem conseguir ver, vai se surpreender com um filme repleto de citações cinéfilas, que merecia poder respirar melhor no circuito. Os dois títulos finais são documentários. “Jaime Lerner – Uma História de Sonhos” não deixa de ser também propaganda política, pelos personagens que desfila. Afinal, além de ser um urbanista renomado, Lerner foi governador do Paraná por duas vezes. O lançamento, curiosamente, vai ignorar o estado, chegando a uma sala no Rio e a outra em São Paulo. Já “O Touro” não teve circuito divulgado. Primeiro longa escrito e dirigido pela brasiliense Larissa Figueiredo, acompanha uma garota portuguesa que descobre que os moradores de Lençóis, na Bahia, proclamam-se descendentes de Dom Sebastião, o lendário rei de Portugal que desapareceu no século 16.
Últimos Dias no Deserto: Ewan McGregor é Jesus Cristo em trailer e fotos de drama indie
A Broad Green Pictures divulgou o pôster, fotos e o trailer do drama independente “Últimos Dias no Deserto”, que traz o ator Ewan McGregor (“Álbum de Família”) como Jesus Cristo, durante sua peregrinação no deserto. A prévia surpreende pelo clima dramático, pela interpretação de McGregor, que em algumas sequências contracena consigo mesmo, e pela belíssima fotografia, assinada pelo mexicano Emmanuel Lubezki, vencedor de três Oscars consecutivos por “Gravidade” (2013), “Birdman” (2014) e “O Regresso” (2015). O filme conta uma parábola fictícia, passada durante os 40 dias em que Jesus jejuou e orou no deserto. Neste período, ele teria encontrado o diabo, com quem lutou pelo destino de uma família em crise. Além de McGregor, o elenco inclui Tye Sheridan (“Amor Bandido”), Ciaran Hinds (série “Game Of Thrones”), Ayeley Zurer (“O Homem de Aço”) e Susan Gray (“As Senhoras de Salém”). Escrito e dirigido pelo colombiano Rodrigo García (“Albert Nobbs”), “Últimos Dias no Deserto” teve première no Festival de Sundance do ano passado e chegará aos cinemas brasileiros em 26 de maio, duas semanas após seu lançamento comercial nos EUA.
Oscar 2016: Justiças, injustiças e as mudanças que a premiação antecipa
Leonardo DiCaprio conquistou seu Oscar. Mas, para os cinéfilos, a vitória de Ennio Morricone por “Os Oito Odiados” foi a mais significativa. Autor de trilhas clássicas do spaghetti western, com 87 anos de idade e já merecedor de um Oscar honorário pela carreira, ele foi reconhecido sob aplausos esfuziantes dos integrantes da Academia, que nem sempre têm a chance de corrigir lacunas históricas na premiação. O Oscar 2016 foi, por sinal, um evento focado nas injustiças da premiação, desde a falta de artistas negros em sua seleção, razão de vários discursos, até vitórias que relevaram o receio de repetir os eleitos do ano passado, casos de Alejandro G. Iñarritu, Melhor Diretor pelo segundo ano consecutivo, e Emmanuel Lubezki, único cinematógrafo a vencer o Oscar de Melhor Direção de Fotografia por três anos seguidos. Os vitoriosos por “O Regresso” eram, de fato, os melhores em suas categorias. Mas a premiação de “Spotlight – Segredos Revelados” como Melhor Filme, sobre o longa com a melhor direção, fotografia e ator (DiCaprio), aponta que os critérios da Academia não foram muito “justos”. Ao menos, não foram cinematográficos. Venceu a melhor história, supostamente, visto que “Spotlight” também conquistou o Oscar de Melhor Roteiro Original. Entretanto, há pouco cinema em “Spotlight”, que é praticamente um docudrama convencional, comparável, tecnicamente, a alguns telefilmes da TV paga. Além disso, seu diretor, Tom McCarthy, vem de realizações medíocres, entre elas a comédia “Trocando os Pés”, que, também neste ano, apareceu na lista do Framboesa de Ouro de piores filmes. Além de dirigir, ele assina o roteiro de “Spotlight” em parceria com Josh Singer, autor da bomba “O Quinto Poder” (2013), filme superficialíssimo sobre o Wikileaks execrado por todos, da esquerda à direita, do público à crítica. O que os cerca de 7 mil eleitores do Oscar se esquecem, na hora de votar, é que suas escolhas serão sempre lembradas e cobradas pela História. Será que Tom McCarthy seguirá fazendo filmes que mereçam novas indicações ao Oscar? Ou ganhará o ensaiado Framboesa de Ouro nos próximos anos? Ou, ainda, sumirá rumo à irrelevância, como Paul Haggis, o roteirista e diretor de “Crash: No Limite”, filme que venceu o Oscar de 2006 sobre “Brokeback Mountain”? Após sofrer a injustiça, Ang Lee fez novos filmaços, como “Desejo e Perigo” (2007) e “As Aventuras de Pi” (2012). E Haggis? Para ficar, então, no roteiro, que os acadêmicos de Hollywood consideraram o melhor do ano, não deixa de ser relevante que a trama de “Spotlight” falhe nas duas frentes em que avança. Como filme-denúncia, pouco tem a denunciar, uma vez que a questão da pedofilia na Igreja já foi absorvida pelo Vaticano. Mesmo assim, o assunto é tratado pela produção com um distanciamento burocrático que consegue fazer assepsia no asco. Sobre o mesmo tema e no mesmo ano, o drama chileno “O Clube”, também passado entre quatro paredes, é muito mais porrada. As paredes da redação de jornal, por sinal, fornecem o cenário em que “Spotlight” avança. A opção não é apenas teatral, mas pouco enaltecedora do jornalismo investigativo que o filme supostamente celebra. Os repórteres da tela não vão a campo investigar suspeitas. Eles recebem tudo mastigadinho, numa caixa repleta de depoimentos de vítimas, todas muito solícitas. E suas principais “descobertas” são notícias antigas, do arquivo da própria redação. O máximo de esforço investigativo se resume à leitura de anuários da Igreja, filtrada pelo cruzamento de informações. Assim, boa parte de sua “ação” acontece em salas cheias de pastas e papéis. Era assim que ainda se pesquisava nos anos 2000. Mas, se fosse trazida para os dias atuais, a trama mostraria simplesmente um jornalismo paralisado diante do Google. Desta forma, as comparações com “Todos os Homens do Presidente” (1976) não podem ser mais equivocadas. Quando o filme do mestre Alan J. Pakula chegou aos cinemas, não fazia uma década desde que o escândalo abordado esfriara – como em “Spotlight” – , mas apenas 20 meses que o presidente Richard Nixon renunciara. Além disso, o perigo da reportagem sobre Watergate era tamanho que as fontes não vinham à redação felizes pela atenção, balançando as provas nas mãos, mas se escondiam, falavam em off, usavam pseudônimo e forneciam apenas pistas de fatos que os jornalistas precisavam desvendar. Jornalismo investigativo com risco de vida é bem diferente de redação de pesquisa de texto – que é o que o roteiro premiado de “Spotlight” exibe. Só quem nunca trabalhou num grande jornal é capaz de confundir os dois. Como críticos de blog, roteiristas de filmes superficiais e eleitores da Academia. “Spotlight” era o filme favorito dos atores, maior grupo de votantes da Academia, como comprovou seu prêmio de Melhor Elenco na eleição do Sindicato. O SAG (Sindicato dos Atores) também emplacou três dos quatro vitoriosos de sua eleição sindical. A exceção ficou por conta de Sylvester Stallone, que perdeu para Mark Rylance, ator do teatro britânico, bastante elogiado por sua carreira nos palcos, mas que, num dos filmes mais fracos de Steven Spielberg, aparece sempre cansado, de pescoço enrijecido e dando impressão de sofrer de Alzheimer, alheio ao drama e lento em sua formulação de frases. Menosprezado por sua carreira repleta de filmes ruins, Stallone perdeu para que a Academia pudesse premiar o teatro inglês e o convencionalismo do filme menos polêmico da noite, “Ponte de Espiões”. A consagração de Alicia Vikander, por sua vez, premia a “it girl” do momento, para usar uma expressão da era de ouro de Hollywood. Ela é o que se salva do melodrama “A Garota Dinamarquesa”, sem dúvida, mas está ainda melhor em “Ex Machina”, filme que venceu a categoria de Efeitos Visuais de forma surpreendente – tinha o orçamento mais baixo entre os concorrentes – , talvez como compensação por sua ausência na lista de Melhor Filme. Já a vitória de DiCaprio era tão esperada que havia festas preparadas para esta comemoração. Assim como era esperado, pelo trabalho apresentado, o Oscar da estrela menos badalada da noite, Brie Larson. Embora tenha sido tratada como revelação pela mídia que não acompanha a indústria de perto, ela começou a fazer séries com 10 anos de idade e vem se destacando em filmes indies desde 2010. Aliás, já deveria ter sido indicada por “Temporário 12” (2013), filmaço que venceu o Festival SWSW – seu próximo drama será um filme do mesmo diretor. O Oscar de Melhor Atriz pode, inclusive, ser considerado uma antítese da vitória de DiCaprio. Enquanto o prêmio de Melhor Ator consolida o sistema alimentado por astros famosos, a conquista da “desconhecida” Larson destaca o valor do cinema independente. Isto porque “O Quarto de Jack” era a única produção realmente indie na disputa, tendo fechado sua distribuição com a pequena A24 apenas após sua exibição no Festival de Toronto – que, inclusive, venceu. Os demais supostos indies da competição, como “Spotlight” e “Carol”, além de destacar estrelas já consagradas, foram realizados com toda a estrutura de estúdio e distribuição garantidas. Brie Larson não era visada por paparazzi antes de “O Quarto de Jack”. O filme não é repleto de famosos, não tem diretor incensado e seus produtores não frequentam a lista dos VIP de Hollywood. Além disso, trata de questões femininas, de abuso e maternidade, representadas sem maquiagem ou glamour algum. Menos comentado entre todos os indicados, trata-se, entretanto, do filme que mais bem representa as mudanças que se espera do Oscar, pós-velhos brancos: renovação, talento e sensibilidade. Justiças e injustiças feitas, há mesmo promessas de grandes mudanças para o Oscar 2017. E a festa da cerimônia de domingo (28/2), carregada de discursos indignados, foi, no fundo, uma forma encontrada pela presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, de preparar terreno, inclusive com uma tentativa explícita, em sua intervenção durante o evento, de engajar os acadêmicos na sua agenda. Afinal, assim que anunciou seus planos, protestos ruidosos começaram a surgir entre a parcela mais velha do eleitorado, que ela pretende afastar. Isaacs anunciou, ainda em janeiro, que o direito a voto dos acadêmicos deixará de ser perpétuo. A partir do Oscar 2017, só poderão votar os integrantes da Academia que permaneceram ativos na última década, visando, com isso, eliminar a influência dos aposentados, profissionais que não acompanham mais o dia-a-dia da indústria e que vem impedindo, pelo conservadorismo típico da idade avançada, a implementação de mudanças desejadas. Ao mesmo tempo, a Academia tentará buscar maior diversidade ao escolher novos integrantes para as vagas que se abrirão. As premiações do Oscar refletem, sim, a composição étnica, etária e sexual da Academia, que, de acordo com relatos da mídia, é majoritariamente formada por homens brancos velhos – 94% são brancos, 77% do sexo masculino e a média de idade entre os votantes é superior a 60 anos. Visando mudar a composição desses eleitores, a Academia ainda adicionou três novos assentos para mulheres e minorias no conselho de sua administração. Assim, a governança da entidade passará a contar com 54 membros, que serão responsáveis por aprovar novas reformas nos próximos Oscars, com o objetivo de dobrar o número de mulheres e minorias votantes até 2020. É esperar para ver se, com isso, mais minorias serão destacadas entre os indicados ao Oscar 2017 e se, quem sabe, no próximo ano seja possível eleger o Melhor Filme de verdade. Clique aqui para conferir a lista completa dos vencedores do Oscar 2016.
Oscar 2016: Spotlight é o Melhor Filme, mas o Regresso e Mad Max são os maiores vencedores
“Spotlight – Segredos Revelados” foi eleito o Melhor Filme na cerimônia mais politizada da história do Oscar. Menos inventivo entre todos os candidatos, o longa em que jornalistas investigam a pedofilia disseminada na Igreja também conquistou o troféu de Melhor Roteiro Original e era o favorito do maior colégio eleitoral da Academia, os atores – o filme havia vencido o prêmio do Sindicato dos Atores por seu elenco. O reconhecimento técnico, entretanto, foi compartilhado por “O Regresso” e “Mad Max: Estrada da Fúria”. O primeiro rendeu bis para Alejandro G. Iñarritu, eleito Melhor Diretor pelo segundo ano consecutivo, e para Emmanuel Lubezki, único cinematógrafo a vencer o Oscar de Melhor Direção de Fotografia por três anos seguidos, enquanto o longa dirigido por George Miller liderou o arremate das demais estatuetas, conquistando seis prêmios técnicos – menos, curiosamente, o de Efeitos Visuais, vencido por “Ex Machina”. Entre os intérpretes, três premiados pelo Sindicato dos Atores foram confirmados. A vitória de Leonardo DiCaprio, que tinha torcida organizada nas ruas, rendeu os aplausos mais ruidosos dentro da própria cerimônia. Ele também fez um dos melhores discursos da noite, apontando as dificuldades de encontrar regiões nevadas para filmar “O Regresso”, devido às mudanças climáticas. Em seu alerta, ele ainda sugeriu medidas de apoio às lideranças globais não comprometidas pelos interesses das corporações, para que se possa salvar o planeta antes que seja tarde. Brie Larson e Alicia Vikander foram confirmadas, respectivamente, como Melhor Atriz por “O Quarto de Jack” e Atriz Coadjuvante por “A Garota Dinamarquesa”. Mas Sylvester Stallone não referendou seu favoritismo por “Creed”, perdendo a estatueta de Melhor Coadjuvante para Mark Rylance, em “Ponte dos Espiões”. Quem aplaudiu mais sem graça, porém, foi Lady Gaga, que viu Sam Smith conquistar a estatueta de Melhor Canção pela música-tema de “007 Contra Spectre”. Minutos antes, Gaga tinha emocionado os espectadores com a melhor performance musical da noite, levando ao palco diversas vítimas de abuso sexual, enquanto Smith desafinara sozinho, pavorosamente. Por sua vez, o apresentador Chris Rock (“Gente Grande”) intercalou críticas à indústria cinematográfica em quase todas as suas intervenções, realçando a falta de diversidade dos concorrentes – questão que chegou a inspirar um incipiente boicote. Diversos apresentadores negros, convocados para comentar a questão, seguiram a deixa, mas também houve quem debochasse, como Sacha Baron Cohen, que apareceu como sua persona black, Ali G. Mesmo assim, em contraste com o discurso racial, o Oscar 2016 acabou se provando um dos mais diversificados dos últimos anos, ao menos em termos de nacionalidades. Além dos mexicanos de “O Regresso”, os australianos, ingleses e sul-africanos de “Mad Max”, também comemoraram vitórias a sueca Alicia Vikander, o inglês Mark Rylance, o lendário italiano Ennio Morricone (Melhor Trilha Sonora) e os vencedores das categorias de Documentário, Curtas (entre eles, um chileno) e, claro, Filme Estrangeiro. Infelizmente, a animação brasileira “O Menino e o Mundo” não se juntou à lista, perdendo para “Divertida Mente”. Confira abaixo a lista completa dos premiados e aproveite para ler uma análise mais abrangente do Oscar 2016. Se tiver curiosidade, confira também o texto sobre a expectativa da premiação, que aborda vários pontos realçados pela confirmação dos vitoriosos. VENCEDORES DO OSCAR 2016 FILME “Spotlight – Segredos Revelados” DIREÇÃO Alejandro G. Iñarritu, “O Regresso” ATOR Leonardo DiCaprio, “O Regresso” ATRIZ Brie Larson, “O Quarto de Jack” ATOR COADJUVANTE Mark Rylance, “Ponte dos Espiões” ATRIZ COADJUVANTE Alicia Vikander, “A Garota Dinamarquesa” ROTEIRO ORIGINAL “Spotlight: Segredos Revelados” – Josh Singer e Tom McCarthy ROTEIRO ADAPTADO “A Grande Aposta” – Charles Randolph e Adam McKay FOTOGRAFIA “O Regresso” – Emmanuel Lubezki EDIÇÃO “Mad Max: Estrada de Fúria” – Margaret Sixel DOCUMENTÁRIO “Amy” ANIMAÇÃO “Divertida Mente” FILME ESTRANGEIRO “O Filho de Saul” (Hungria) TRILHA SONORA ORIGINAL “Os Oito Odiados” – Ennio Morricone CANÇÃO ORIGINAL “Writing’s On The Wall”, de “007 contra Spectre” (Jimmy Napes/Sam Smith) EFEITOS VISUAIS “Ex Machina” – Andrew Whitehurst, Paul Norris, Mark Williams Ardington e Sara Bennett CENOGRAFIA “Mad Max: Estrada da Fúria” – Colin Gibson e Lisa Thompson FIGURINO “Mad Max: Estrada da Fúria” – Jenny Beavan MAQUIAGEM E CABELO “Mad Max: Estrada da Fúria” – Lesley Vanderwalt, Elka Wardega e Damian Martin EDIÇÃO DE SOM “Mad Max: Estrada da Fúria” – Mark A. Mangini e David White MIXAGEM DE SOM “Mad Max: Estrada da Fúria” – Chris Jenkins, Gregg Rudloff e Ben Osmo CURTA-METRAGEM “Stutterer” CURTA DE ANIMAÇÃO “Bear Story” DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM “A Girl in the River: The Price of Forgiveness”
O Regresso vence prêmio do Sindicato dos Diretores de Fotográfia
O Sindicato dos Cinematógrafos dos EUA (ASC, na sigla em inglês) premiou Emmanuel Lubezki com seu troféu anual, consagrando-o como o Melhor Diretor de Fotografia de 2015 por “O Regresso”. Foi a quinta vitória do mexicano, que antes havia sido premiado por “Filhos da Esperança” (2006), “A Árvore da Vida” (2011), “Gravidade” (2013) e “Birdman” (2014). Como o ASC Award costuma antecipar o Oscar, Lubezki pode fazer história como o primeiro cinematógrafo a vencer a estatueta da Academia por três anos consecutivos – ele conquistou o Oscar da categoria por “Gravidade” (2013) e “Birdman”. Conhecido pelos colegas de profissão como ‘Chivo’, o mexicano se destacou pela utilização da luz natural em uma filmagem desgastante feita no Canadá e Argentina, utilizando um câmera nova, a Arri Alexa 65, para realizar sequências impactantes e memoráveis. O sindicato também premiou a série “Marco Polo” e o piloto de “Casanova”, que ainda não virou oficialmente uma série da Amazon, além de registrar um empate entre Adam Arkapaw e Mátyás Erdély como Revelações do Ano, respectivamente pelos trabalhos realizados em “Macbeth” e “O Filho de Saul”. Vencedores dos ASC Awards 2016 Melhor Direção de Fotografia Emmanuel Lubezki – O Regresso Revelações do Ano Adam Arkapaw – Macbeth Mátyás Erdély – O Filho de Saul Melhor Direção de Fotografia em Série Vanja Cernjul – Marco Polo, episódio “The Fourth Step” Melhor Direção de Fotografia em Telefilme, Piloto ou Minissérie Pierre Gill – piloto de Casanova
O Regresso: Vídeo de bastidores revela condições extremas das filmagens
A 20th Century Fox divulgou um novo vídeo de bastidores do western “O Regresso” (The Revenant), que traz depoimentos do cineasta Alejandro González Iñárritu, do astro Leonardo DiCaprio (“O Lobo de Wall Street”) e de diversos integrantes do elenco. Além de cenas inéditas, o vídeo revela como Iñarritu levou os atores a experimentar as condições adversas de seus personagens, filmando em meio à neve, em locações extremas. Na trama, DiCaprio vive um caçador de peles do Velho Oeste, que, após ficar ferido pelo ataque de um urso, é traído por um companheiro (Tom Hardy, de “Mad Max: Estrada da Fúria”) e abandonado para morrer. A covardia inclui ainda o assassinato do filho do protagonista. Só que, mesmo enterrado vivo, ele sobrevive, motivado pela raiva e o desejo de vingança, e passa a caçar o traidor. Escrito e dirigido por Iñárritu, o filme também inclui no elenco Domhnall Gleeson (“Questão de Tempo”), Will Poulter (“Família do Bagulho”), Lukas Haas (“Transcendence”) e Paul Anderson (“Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras”). O filme já está em cartaz em circuito limitado nos EUA, mas chega apenas em 4 de fevereiro no Brasil.









