“Vitória” leva 500 mil aos cinemas e se torna maior bilheteria de Fernanda Montenegro
Longa arrecadou R$ 10 milhões e lidera o ranking nacional de estreias em 2025
Fernanda Montenegro enfrenta traficantes no trailer de “Vitória”
Drama de Andrucha Waddington conta a história real de uma senhora de 80 anos que ajudou a prender 30 pessoas
Foto oficial de Fernanda Montenegro em “Vitória” gera polêmica nas redes sociais
História real foi vivida por mulher negra, mas identidade verdadeira só foi revelada após a morte do diretor Breno Silveira, que sofreu ataque cardíaco durante filmagens
Fernanda Montenegro não renova com a Globo e vai se concentrar em filmes
A atriz Fernanda Montenegro decidiu não renovar o seu longevo contrato com a Globo. Ela estava escalada para um papel em “Terra Vermelha”, próxima novela das nove, que estreia em abril. Mas aos 93 anos não pretende mais encarar o ritmo intenso de uma produção do gênero. Longe de pensar em aposentadoria, ela vai se concentrar em filmes, como o recém-encerrado “Dona Vitória”, em que foi dirigida pelo genro Andrucha Waddington. Em 2023, já tem marcado o novo filme de Walter Salles, que a dirigiu no famoso “Central do Brasil” (1998). O longa é uma adaptação de “Ainda Estou Aqui”, romance autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre a prisão e desaparecimento de seu pai durante a ditadura militar. Fernanda completaria 50 anos de sua primeira aparição na Globo em 2023. Ela estreou na emissora – após passagens por diversas novelas da Record e Excelsior – numa adaptação da tragédia grega “Medeia” exibida como “Caso Especial” em 1973. A contratação para valer, porém, só veio nos anos 1980, a partir de “Baila Comigo” (1981), e lhe rendeu inúmeros papéis memoráveis, como a Charlô de “Guerra dos Sexos” (1983), a Naná de “Cambalacho” (1986), a Jacutinga de “Renascer” (1993) e a Picucha do especial e da série “Doce de Mãe” (2012-2014), que lhe rendeu o Emmy Internacional de Melhor Atriz de TV do mundo. Com isso, sua última produção na Globo foi um episódio da antologia “Amor e Sorte”, de 2020, passada durante a pandemia, em que contracenou com a filha Fernanda Torres e foi dirigida pelo genro Andrucha Waddington.
Filme interrompido pela morte de Breno Silveira é retomado com Fernanda Montenegro
Suspenso desde maio pela morte do diretor Breno Silveira, “Dona Vitória” teve as filmagens retomadas nesta semana. Com direito à cenas da veterana Fernanda Montenegro, de 93 anos, rodadas sob a forte chuva do feriado de Finados na Lapa, região central do Rio. No filme, Fernanda dá vida a uma idosa que registrou por dois anos, escondida, a rotina de traficantes de drogas na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. A história é real e aconteceu em 2004. O material que ela gravou rendeu várias reportagens que levaram à ação da polícia, numa operação que resultou na prisão de mais de 30 pessoas, entre elas policiais militares envolvidos com a quadrilha. A produção de “Dona Vitória” tinha sido interrompida em 14 de maio, quando Breno Silveira teve um infarto fulminante no set. Os trabalhos foram retomados após seis meses com direção de Andrucha Waddington (“Sob Pressão”), que é genro de Fernanda Montenegro – casado desde 1997 com Fernanda Torres. O filme é uma produção da Conspiração Filmes em parceria com o Globoplay, e ainda não tem previsão de estreia. "Durante as sequências os produtores do longa da Conspiração tiveram cuidado para que a atriz não escorregasse, já que o chão estava molhado."Foto: Leonardo Ribeiro/O Globo pic.twitter.com/PLltVH1ZR1 — Vilmar Ledesma (@viledesma) November 3, 2022
Breno Silveira (1964-2022)
O cineasta Breno Silveira, dos filmes “2 Filhos de Francisco” e “Gonzaga: De Pai pra Filho”, morreu na manhã deste sábado (14/5) em Limoeiro, Pernambuco, aos 58 anos, após sofrer um infarto súbito durante as filmagens de “Dona Vitória”, longa estrelado por Fernanda Montenegro. Ele chegou a ser socorrido, mas a parada cardíaca foi irreversível. A informação foi confirmada pela produtora Conspiração, da qual Silveira era sócio. Breno Silveira estudou cinema na École Louis Lumière, de Paris, e começou a carreira como assistente de câmera nos anos 1980, trabalhando no clássico “A Hora da Estrela” (1985), de Suzana Amaral, entre outros. Uma década depois, passou a diretor de fotografia com “Carlota Joaquina” (1995), de Carla Camurati, marco zero do renascimento do cinema brasileiro, além de “Eu, Tu, Eles” (2000), de Andrucha Waddington, que lhe valeu prêmio de Melhor Fotografia no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Seus primeiros trabalhos como diretor foram clipes dos Titãs, Paralamas do Sucesso, Marisa Monte e Gilberto Gil. Não por acaso, a música se tornou sua fonte favorita de inspiração. Logo no primeiro longa de ficção, a fonte musical se provou certeira, ajudando a bater recordes de bilheteria. Mas “2 Filhos de Francisco” (2005), a história do início da carreira de Zezé de Camargo e Luciano, também era uma história de pais e filhos, assim como “Gonzaga: de Pai pra Filho” (2012), sobre a relação entre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, e a série “Dom”, em que o filho de um policial se torna traficante. Todas baseadas em personagens reais. O diretor também filmou “Era Uma Vez…” (2008), romance mais convencional, “À Beira do Caminho” (2012), sobre a intersecção entre o universo caminhoneiro e as músicas de Roberto Carlos, e “Entre Irmãs” (2017), combinação de melodrama e western sertanejo, novamente voltando às questões familiares, que rendeu a Nanda Costa um de seus principais papéis. “Entre Irmãs” foi esticada e transformada em série, no momento em que o cineasta dava seus primeiros passos na televisão. Ele foi um dos criadores de “1 Contra Todos”, série criminal estrelada por Júlio Andrade que foi indicada ao Emmy Internacional. Além de escrever e produzir, Silveira também dirigiu a maioria dos episódios, ao longo de quatro temporadas, entre 2016 e 2020. Seu último trabalho finalizado foi “Dom”, sua primeira série de streaming, estrelada por Gabriel Leone, que ele criou e dirigiu para a Amazon Prime Video. Ele tinha terminado de completar as gravações da 2ª temporada da atração, que deve estrear ainda neste ano. O filme em que ele trabalhava, “Dona Vitória”, deveria ter começado em 2020, mas acabou adiado devido à pandemia de coronavírus. A produção era outra história real. Traria Fernanda Montenegro como a senhora aposentada que, em 2005, gravou da janela de seu apartamento, de frente para a favela na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, o trânsito livre de traficantes armados e o consumo de maconha, cocaína e crack entre crianças e adolescentes, diante da cumplicidade de policiais. Suas gravações, realizadas com uma câmera comprada a prazo, desmantelaram uma quadrilha carioca. As filmagens no interior de Pernambuco serviriam para contar detalhes do passado da protagonista, confirmando a fama de Silveira de filmar seus longas em ordem cronológica. Ele havia contraído covid-19 no dia de 3 de maio, quando a produção precisou ser interrompidas. A equipe havia retomado o trabalho há poucos dias. O diretor começou a passar mal enquanto acompanhava uma cena ser rodada e morreu sentado, em frente ao monitor do set.




