Wagner Moura poderá captar R$ 10 milhões para sua estreia como diretor
A produção de “Marighella”, cinebiografia do guerrilheiro Carlos Marighella, ganhou aval para captar R$ 10,3 milhões através de edital do Ministério da Cultura. O filme marcará a estreia do ator Wagner Moura (série “Narcos”) na direção e será baseado no livro “Marighella: O Guerrilheiro Que Incendiou O Mundo”, do jornalista Mário Magalhães. Agora, a produtora O2 Filmes deverá encontrar pessoas físicas ou jurídicas interessadas em financiar as filmagens. O longa já havia sido autorizado a captar via Lei do Audiovisual em janeiro de 2014, com a última prorrogação autorizada em 2016. Segundo o site da Ancine, dos R$ 10,3 milhões avalizados, apenas R$ 550 mil foram levantados pela produção até o momento. Há um ano, Wagner Moura reclamou, em entrevista ao blogueiro do UOL Leonardo Sakamoto, que estava tendo dificuldade para encontrar investidores. “Já recebemos e-mails de que não iriam apoiar um filme meu, ainda mais sobre alguém como o Mariguella, um ‘terrorista'”, ele disse na entrevista, em que ainda taxou a Lei Rouanet de “neoliberal” porque “deixa para as empresas a aplicação de dinheiro público”. Entretanto, o filme já contava na ocasião com o apoio do governo petista da Bahia, estado natal de Moura e também de Marighella. “O governador se comprometeu a fazer contato com algumas empresas como a Bahiagás, Embasa, etc, para ver a possibilidade de um patrocínio direto ou por meio do FazCultura ou da Lei Rouanet”, disse o secretário de cultura do estado, Jorge Portugal. “Marighella” pretende narrar vida do deputado federal comunista, que também foi escritor e estrategista da guerrilha no Brasil. O livro em que se baseia conta a história entre as décadas de 1930 e 1960, por meio de episódios da vida do político, como uma passagem pela prisão, assaltos a bancos, tiroteios e espionagem internacional. O longa ainda não tem data de estreia.
Últimos dias de Tancredo Neves vão virar filme
A história da jovem e corrompida democracia brasileira vai ganhar um novo capítulo cinematográfico. Desta vez, o projeto pretende mostrar como tudo começou, retratando os dramáticos últimos 30 dias da vida de Tancredo Neves, durante a transição da ditadura para a liberdade política. Com direção de Sérgio Rezende, que visitou a própria ditadura em “Lamarca” (1994) e “Zuzu Angel” (2006), além de outros períodos diferentes do Brasil em longas como “Guerra de Canudos” (1997) e “Salve Geral” (2009), o filme “O Paciente” lembrará como a saúde do primeiro presidente civil do país, após duas décadas de ditadura militar, quase colocou em risco o processo da redemocratização do Brasil. A trama será uma adaptação do livro “O Paciente: O Caso de Tancredo Neves”, de Luiz Mir, que descreveu o último mês de vida do político veterano e o nervosismo que acompanhou sua internação hospitalar em 1985. Tancredo Neves foi eleito, mas não sobreviveu para tomar posse, o que levou José Sarney, originalmente seu vice, a assumir a presidência. Segundo apurou a Folha de S. Paulo, a produção será um thriller que mostrará os duelos da equipe de médicos de Tancredo e a instabilidade política que os boletins de sua saúde suscitavam. Ainda não há elenco definido, mas as filmagens estão previstas para o segundo semestre.
Nudez de Sophie Charlote em Os Dias Eram Assim vira trend topic
A nudez da atriz Sophie Charlotte, que mostrou os seios nos três primeiros capítulos da nova série da Globo, “Os Dias Eram Assim”, virou trend topic no Twitter. Na atração, a atriz já tirou a roupa para seduzir o personagem vivido por Daniel de Oliveira, seu marido na vida real, e também em cenas de topless na praia. Com tamanho de novela, a série começa em 1970, no Rio de Janeiro, no dia em que o Brasil venceu a Copa do Mundo e se tornou tricampeão. Por conta do período, Alice, a personagem de Sophie, é meio hippie e libertária, representando as mudanças trazidas pela juventude na época, marcada pela repressão e a censura da ditadura militar. Em entrevista para diversos veículos na véspera das cenas irem ao ar, a atriz se disse à vontade com as cenas de nudez. “O sexo faz parte da vida e a paixão, principalmente na juventude, está muito ligada a isso. Essas cenas estão contando histórias e, se está dentro do contexto da cena, faz sentido para mim”. Veja abaixo algumas das impressões do público registradas em tuítes.
Galeria F documenta época trágica, quando presos políticos eram condenados à morte no Brasil
Num tempo em que a insanidade e a ignorância de alguns pretende trazer de volta os militares ao poder, é muito importante não esquecer o que foi o período de trevas da ditadura militar brasileira (1964-1985). Muitas histórias já foram contadas pelo caminho documental, outras foram recriadas pela via da ficção, mas ainda há muito a desvendar. E a memória precisa ser estimulada, refrescada, para que não nos esqueçamos do que vivemos e não venhamos a cometer os mesmos erros. Os mais jovens precisam se informar sobre o que aconteceu naquele período, para poderem avaliar o que se passa hoje e para se posicionarem com clareza, já que há muita confusão e desinformação no ar. O documentário “Galeria F”, de Emília Silveira, reconstrói uma história muito relevante do período: a do preso político baiano Theodomiro Romero dos Santos, que desde os 14 anos de idade lutou combatendo a ditadura. Entrou para a luta armada atuando junto ao Partido Comunista Brasileiro Revolucionário. Aos 18 anos, foi capturado junto com outros companheiros e reagiu à prisão, matando um militar que tentava alvejar um dos militantes detidos na rua. Foi preso, sobreviveu às bárbaras torturas que sofreu ao longo de 9 anos de prisão, até que veio a anistia, que não foi ampla, geral e irrestrita, como se pretendia. Classificado como terrorista, ficou de fora da anistia, foi mantido preso, enquanto poucos permaneciam encarcerados, e foi ameaçado de morte. Mais do que isso, estava de fato condenado à morte, o primeiro da história republicana. A única alternativa seria fugir da prisão, o que, surpreendentemente, aconteceu em 1979, deixando a todos perplexos. Incluído aí o governador Antônio Carlos Magalhães, que se refere na TV a essa fuga e à busca que se empreendeu a partir de então. O filme de Emília Silveira, ela também uma ex-prisioneira política, refaz com o próprio Theodomiro, seu filho Guga e outros participantes daquele período, a incrível fuga, os lugares por onde ele passou, os refúgios, e como foi possível ludibriar desde os carcereiros da prisão a toda a estrutura policial militar do cerco à sua recaptura. É um belo trabalho documental, cheio de humanidade, que não se alimenta de ódio nem de vingança, mas da retomada de um período histórico brasileiro que não pode ser esquecido, com os elementos emocionais que estão envolvidos na vida das pessoas. Por exemplo, o filho Guga, com o documentário, pôde finalmente conhecer a verdadeira história do pai. E a galeria F, onde fica a cela que abrigou o prisioneiro político por muitos anos, acaba sendo a testemunha de uma época trágica, que ainda estamos buscando superar definitivamente. Será possível?
Sophie Charlote surge provocadora e rebelde na primeira prévia de Os Dias Eram Assim
A Globo divulgou uma bela primeira prévia de sua próxima série, intitulado “Os Dias Eram Assim”. O vídeo traz a atriz Sophie Charlotte provocadora, de minissaia e atitude rebelde, ao som de “Amor”, dos Secos e Molhados. Na trama, a atriz dará vida a Alice, uma jovem que não aceita a vontade dos pais para se casar com Vítor (Daniel de Oliveira, seu marido na vida real), preferindo o romance à beira-mar com Renato (Renato Góes). O vídeo também localiza a trama em 1970, durante a ditadura militar, a comemoração do tricampeonato mundial de futebol e a era hippie. É nessa época em que Renato e Alice se conhecem e iniciam uma história de amor que vai atravessar quase duas décadas e cruzar com eventos históricos importantes do país. Chamada de supersérie, por nenhum outro motivo além de seu tamanho – mais para novela que minissérie – , a produção também conta com Antonio Calloni, Leticia Spiller, Cássia Kis, Susana Vieira, Marcos Palmeira, Maria Casadevall, Julia Dalavia, Carla Salle, Felipe Simas e Gabriel Leone, entre outros. Escrita por Ângela Chaves e Alessandra Poggi, com colaboração de Guilherme Vasconcelos e Mariana Torres, e direção geral de Carlos Araújo, “Os Dias Eram Assim” estreia em 17 de abril.
Sophie Charlotte aparecerá nua nos três primeiros capítulos da nova minissérie da Globo
A atriz Sophie Charlotte vai aparecer nua nos três primeiros capítulos da próxima minissérie da Globo, intitulado “Os Dias Eram Assim”. Na trama, a atriz dará vida a Alice, par de Vítor (Daniel de Oliveira, seu marido na vida real), e os atores já gravaram cenas românticas em praia do Rio. Mesmo assim, as cenas de nudez e sexo não serão tão frequentes na comparação com outras produções exibidas na mesma faixa horário. Segundo a coluna Telinha, do jornal Extra, já na estreia ela tentará seduzir o namorado e, para isso, tira a roupa. No segundo capítulo, Sophie vai surgir pelada ao tomar banho. E no capítulo seguinte, aparecerá mais uma vez sem roupa quando o personagem Vítor tentar lhe estuprar. O elenco da minissérie, que está sendo chamada de supersérie pela Globo sem muita justificativa, terá ainda Renato Goes, Leticia Spiller, Cássia Kis, Susana Vieira, Marcos Palmeira, Maria Casadevall, Julia Dalavia, Carla Salle, Felipe Simas e Gabriel Leone, entre outros. A minissérie começa em de 1970, no Rio de Janeiro, no dia em que o Brasil venceu a Copa do Mundo e se tornou tricampeão, mas o clima de euforia das ruas contrasta com o peso do momento: repressão, ditadura, violência… É nesse cenário em que Renato (Renato Góes) e Alice (Sophie Charlotte) se conhecem e iniciam uma história de amor que vai atravessar quase duas décadas e cruzar com eventos históricos importantes do país nestes períodos. Escrita por Ângela Chaves e Alessandra Poggi, com colaboração de Guilherme Vasconcelos e Mariana Torres, e direção geral de Carlos Araújo, “Os Dias Eram Assim” estreia em 17 de abril.
Tony Ramos vai estrelar próximo filme de Jorge Furtado
O ator Tony Ramos (“Getúlio”) vai voltar aos cinemas para estrelar o novo filme do diretor Jorge Furtado (“Real Beleza”). Trata-se de uma adaptação de “Rasga Coração”, baseado na peça de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (criador da série “A Grande Família”), escrita enquanto ele lutava contra o tumor que o mataria em 1974, aos 41 anos de idade. Censurada pela ditadura, a trama gira em torno de um comunista que repassa a história política do país, desde a revolução de 1930, realizada por Getúlio Vargas, até a ditadura imposta pelos militares. Por curiosidade, Ramos viveu Getúlio no filme homônimo de 2014. E sua colega de cena, Luisa Arraes (“Reza a Lenda”), é neta do ex-governador Miguel Arraes, preso pela ditadura de 1964. O texto da peça, por sinal, apresenta três gerações – avô, pai e filho – sempre em situações de luta, cada uma delas, para impor-se diante do autoritarismo dos que detêm o poder. As filmagens estão previstas para acontecer na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, entre maio e junho. A produção é uma parceria entre a Casa de Cinema de Porto Alegre e a Globo Filmes e ainda não há data de lançamento definida.
Andrea Tonacci (1944 – 2016)
Morreu o cineasta Andrea Tonacci, um dos principais nomes do cinema marginal brasileiro. Ele faleceu na sexta-feira, vítima de câncer no pâncreas. Tonacci nasceu em Roma, na Itália, em 1944, e se mudou com a família para São Paulo aos 10 anos. Fez sua estreia no cinema com o curta “Olho por Olho” (1966), feito na mesma época e com a mesma equipe de “Documentário”, de Rogério Sganzerla, e “O Pedestre”, de Otoniel Santos Pereira. Seu primeiro longa, “Bang-Bang” (1971), com Paulo Cesar Pereio numa máscara de macaco, se tornou um marco do cinema marginal brasileiro, como ficou conhecida a geração contracultural, que reagia ao intelectualismo exacerbado do Cinema Novo. A ditadura militar não distinguia entre os dois movimentos e tratava de dificultar a exibição por igual. Por isso, o filme teve carreira restrita a cineclubes no Brasil, mas acabou escolhido para a prestigiada Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. Rodada em Belo Horizonte, a obra trazia Pereio mascarado e delirante, em fuga de sujeitos estranhos, e pode ser interpretada como alegoria à falta de saídas diante da ditadura. Ele também provocou a ditadura com o curta “Blábláblá” (1968), em que o ator Paulo Gracindo vivia um ditador demagógico. Mas não demorou a abandonar as alegorias para mostrar o que realmente acontecia no país, aproximando-se da linguagem documental e se especializando em temas da cultura indígena. Em curto período, ele dirigiu filmes como “Guaranis do Espírito Santo” (1979), “Os Araras” (1980) e “Conversas no Maranhão” (1977-83). Nos anos 1990, fez apenas um documentário sobre a “Biblioteca Nacional” (1997) para ressurgir com força na década seguinte com seu filme mais impactante, “Serras da Desordem” (2006), que resgata a história do massacre da tribo Awá-Guajá nos anos 1970 na Amazônia, a partir do ponto de vista de um sobrevivente. Combinação de documentário com ficção, o longa venceu os prêmios de Melhor Filme, Direção e Fotografia no Festival de Gramado. E recentemente entrou na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, elaborada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). O último filme de Tonacci foi “Já Visto Jamais Visto” (2014), no qual o cineasta revisita suas memórias com registros inéditos de imagens de família, viagens, projetos inacabados, etc. No começo do ano, ele completou o balaço com uma homenagem e retrospectiva no Festival de Tiradentes, em celebração aos seus 50 anos de carreira.
Neruda diverte, emociona e volta a destacar o talento do diretor chileno Pablo Larraín
O poeta Pablo Neruda (1904-1973), prêmio Nobel de Literatura, é uma das maiores referências culturais do Chile em todos os tempos. O poeta do amor também teve forte participação política, foi senador da República, vinculado ao Partido Comunista. E nessa condição chegou a apoiar a eleição de Gabriel González Videla (1898-1980). Mas Videla se tornaria, depois, um forte perseguidor dos comunistas. Em 1948, promoveu uma verdadeira caça, conhecida como “A Lei Maldita”, a versão chilena do macartismo nos Estados Unidos, na mesma época. A força da União Soviética, após a vitória na 2ª Guerra Mundial, incomodava muito e era preciso combatê-la. A Guerra Fria vigorava. Segundo um diálogo do filme “Neruda”, de Pablo Larraín, o presidente do Chile tem um chefe: é o presidente dos Estados Unidos. Logo, é natural que siga as ordens da matriz. Bem, o fato é que Pablo Neruda, na condição de senador, atacou o presidente González Videla e denunciou tudo o que estava acontecendo com centenas de presos e perseguidos. Claro que se tornou um deles, teve que se esconder e brincar de gato-e-rato com a polícia, que estava em seu encalço. A história dessa perseguição é o assunto do filme “Neruda”, protagonizado por Luís Gnecco, no papel do poeta, e pelo ator mexicano Gael García Bernal, no papel do policial Oscar Peluchoneau, filho de um grande agente que havia marcado história na polícia. Curiosamente, o personagem secundário do policial é quem narra a história, é do seu ponto de vista que vamos conhecendo o que se passou. Inclusive, com direito a falas em off, que narram, explicam o que acontece na tela, na visão dele. Recurso que incomoda e é desnecessário. No entanto, é interessante o enfoque do filme, produz uma história de suspense ao estilo noir, que é capaz de interessar uma plateia menos politizada. A caçada é emocionante, tem lances curiosos, surpresas, e é uma produção ficcional com base na realidade histórica. O policial Oscar é uma criação do escritor, existe só em função de Neruda, só relacionado a ele, não dispõe de realidade própria. E é o centro da narrativa do filme, contando com um ator global que puxa plateias, como Gael García Bernal. Essa mesma história já havia sido filmada no Chile, em caráter ficcional, há dois anos. O filme “Neruda – Fugitivo” (2014), de Manuel Basoalto, que é parente de Neruda, é bem inferior ao trabalho atual de Larrain, que vai mais fundo, questiona e inova sua narrativa, sem medo de tirar o poeta do pedestal em que se encontra. Pablo Neruda cresceria de importância internacional depois desse episódio narrado nesses filmes, e só morreria em 1973, doze dias depois de instaurado o golpe militar que levou Augusto Pinochet ao poder e que produziu uma das ditaduras mais sanguinárias do continente. Oficialmente, Neruda morreu em decorrência de câncer de próstata, mas um calmante que lhe foi injetado teria produzido a parada cardíaca que o matou. Há quem não só questione como ainda esteja investigando a hipótese de assassinato, perfeitamente plausível naquele momento político. Mas essa já é uma história posterior, que não está no filme. Talvez no futuro, em um novo filme, novas revelações possam aparecer. O diretor Pablo Larraín já refletiu sobre a ditadura de Pinochet numa trilogia, com “Tony Manero” (2008), “Post Mortem” (2010) e mais explicitamente em “No” (2012), sobre o plebiscito que tirou o ditador do poder. Brilhou ainda mais com “O Clube” (2015), que trata com muita clareza da pedofilia dentro do clero da igreja católica. Mostra-se um cineasta que mergulha na história chilena, fazendo um cinema político importante e crítico, com posição, mas sem qualquer dose de panfletarismo, além de demonstrar uma técnica que não deve nada à Hollywood. Não por acaso, “Neruda” concorre ao Globo de Ouro 2017, ao mesmo tempo em que Larraín é reconhecido nas premiações americanas por outro filme que fez neste ano, sua estreia nos EUA: “Jackie”.
Indicado ao Globo de Ouro, Neruda ganha vídeo de bastidores legendado
A Imovision divulgou um vídeo legendado dos bastidores de “Neruda”, novo filme de Pablo Larraín (“O Clube”), indicado ao Globo de Ouro 2017 e escolhido pelo Chile para tentar o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. O vídeo reúne a equipe do filme, incluindo o diretor e os astros Luis Gnecco (“A Dançarina e o Ladrão”), intérprete do papel-título, e Gael Garcia Bernal (“Zoom”), para comentar o tom fantasioso da produção. “Não é um documentário” ressalta Larraín. Passado no Chile no final dos anos 1940, o filme se concentra numa caçada policial ao poeta Pablo Neruda, “o comunista mais importante do mundo”, numa trama que mistura metalinguagem, suspense e comédia, inventando detalhes para divertir o público, enquanto o inspetor vivido por Bernal tenta prender o protagonista de forma atrapalhada. “Neruda” é o segundo filme de Larraín estrelado por Gael, após o premiado “No” (2012), mas o elenco também retoma outras parcerias, como Marcelo Alonso, Alfredo Castro e Antonia Zegers, todos vistos em “Tony Manero” (2008) e “O Clube” (2015). A época abordada vai dos anos 1946 a 1948, quando Neruda se juntou ao Partido Comunista do Chile, foi eleito senador, protestou contra a prisão de mineiros em greve, foi ameaçado de prisão, fugiu e começou a escrever “Canto Geral”, seu livro de poemas mais famoso, publicado no ano de 1950. O filme teve première na Quinzena dos Realizadores, seção paralela do Festival de Cannes, e desde então tem conquistado diversos prêmios, entre eles o Fênix. A estreia acontece na quinta (15/12) no Brasil, um dia antes do lançamento comercial nos EUA.
Repleto de lacunas, o filme Elis dá saudades da cantora Elis
Elis Regina (1945-1982) foi uma cantora perfeita. Voz, dicção, técnica e afinação impecáveis. E uma intérprete fabulosa, da dimensão de Edith Piaf, Amália Rodrigues ou Ella Fitzgerald. Um portento. Nada mais justo e razoável que uma carreira como essa seja objeto de uma cinebiografia. A questão é alcançar a qualidade artística necessária para fazer jus ao projeto. Isso, o filme “Elis”, de Hugo Prata, alcança parcialmente. Quando entra em cena Andréia Horta (da novela “Liberdade, Liberdade”), Elis realmente revive na tela. A atriz faz um trabalho notável, digno de muitos prêmios. A figura de Elis emerge em gestos, movimentos, risos de arreganhar a gengiva, coreografias que acompanham o canto, enfim, no seu conhecido estilo de ser, determinado, irônico e agressivo. As interpretações de Elis estão lá inteiras, com alta qualidade de som, já que não é Andréia quem canta, ela dubla Elis. Perfeito! Bem, nem tanto. O repertório escolhido é todo muito bom, como aliás era o repertório de Elis Regina em todas as fases de sua carreira. Mas há ausências inconcebíveis. Elis foi a principal intérprete de Milton Nascimento e Gilberto Gil. Nenhuma música deles está no filme. Como não está nada da antológica gravação que ela fez com Tom Jobim. Nem suas inovadoras interpretações de Adoniran Barbosa. Problemas com os direitos das músicas? Falha grave, do ponto de vista artístico. O começo real da carreira dela também foi deletado. Vendo o filme, tudo parece ter começado no Rio, com “Menino das Laranjas” (de Theo Barros), embora se faça referência à sua origem gaúcha e trabalho em Porto Alegre. Só que Elis Regina gravou 2 LPs na gravadora Continental: “Viva a Brotolândia”, em 1961, e “Poema”, em 1962. São 24 faixas gravadas, de discos escancaradamente comerciais, tentando lançar a cantora para concorrer com Celly Campello (1942-2003), que fazia muito sucesso na época. Elis renegou essa fase de sua carreira, rejeitou esses discos (que não são tão ruins assim), mas é algo que teria de ser registrado numa cinebiografia que deu relevo ao trabalho da cantora. Da vida pessoal de Elis, o casamento com Ronaldo Bôscoli durou pouco, uns cinco anos, foi muito conturbado, já que ele era mulherengo, infiel. Seu papel artístico junto a ela acrescentou pouco à arte de Elis. Pelo filme, ele foi o maior amor da vida dela e teve papel artístico muito relevante. Uma forma de romancear e fazer uma narrativa atraente? O fato é que o casamento com César Camargo Mariano foi mais longo e muitíssimo mais importante, do ponto de vista artístico. No filme, ele perde essa força. Mas nunca Elis foi tão brilhante como quando entoou canções arranjadas por César. Era algo de arrasar quarteirão de tão bom, tão sofisticado. Quem viveu esse período sabe disso. E as gravações estão aí para comprovar. Algumas no filme, também, claro. Os conflitos políticos que envolveram a ditadura militar, o canto de Elis na Olimpíada do Exército, a reação fulminante de Henfil no Pasquim, colocando-a no cemitério dos mortos-vivos, e a evolução que a levou a entoar o hino informal da anistia, “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, onde se pedia a volta do irmão do Henfil (Betinho), estão muito bem retratados. A cena em que ela aparece sendo vaiada em show ao vivo me parece excessiva para ser considerada real. Os espetáculos, muito bem produzidos para palco, com ênfase teatral, além do show, como “Transversal do Tempo” e “Saudade do Brasil”, não aparecem. E o grande sucesso, “Falso Brilhante”, um ano em cartaz, não é retratado, realmente. Apenas a música cantada surge e não o frenesi que foi aquela montagem teatralmente empolgante. Em suma, o filme está cheio de lacunas e falhas, que não vão passar despercebidas aos fãs de Elis, que conhecem a sua trajetória. Ainda assim, é um espetáculo bom de se ver, com uma atriz sensacional e uma música extraordinariamente bela. A produção serve mais é para dar muita saudade!
Neruda: Gael Garcia Bernal tenta prender o poeta Pablo Neruda no trailer legendado
A Imovision divulgou o trailer legendado de “Neruda”, novo filme de Pablo Larraín (“O Clube”), escolhido pelo Chile para tentar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Passado no Chile no final dos anos 1940, o vídeo mostra uma caçada policial ao poeta Pablo Neruda (interpretado por Luis Gnecco, de “A Dançarina e o Ladrão”), “o comunista mais importante do mundo”. A prévia também aponta o inusitado tom da produção, que mistura metalinguagem, suspense e comédia, inventando detalhes para divertir o público, enquanto Gael Garcia Bernal (“Zoom”) tenta prender o protagonista, alegando não ser o coadjuvante da história. “Neruda” é o segundo filme de Larraín estrelado por Gael, após o premiado “No” (2012), mas o elenco também retoma outras parcerias, como Marcelo Alonso, Alfredo Castro e Antonia Zegers, todos vistos em “Tony Manero” (2008) e “O Clube” (2015). A época abordada vai dos anos 1946 a 1948, quando Neruda se juntou ao Partido Comunista do Chile, foi eleito senador, protestou contra a prisão de mineiros em greve, foi ameaçado de prisão, fugiu e começou a escrever “Canto Geral”, seu livro de poemas mais famoso, publicado no ano de 1950. O filme teve première na Quinzena dos Realizadores, seção paralela do Festival de Cannes, e estreia em 15 de dezembro no Brasil, um dia antes do lançamento nos EUA.










