Reportagem revela detalhes tóxicos dos bastidores da “Liga da Justiça de Zack Snyder”
A revista americana Rolling Stone publicou nesta terça (19/7) uma reportagem bombástica sobre os bastidores do Snyder Cut, a versão do diretor conhecida como “Liga da Justiça de Zack Snyder”. Na apuração, a atividade online de supostos fãs de Zack Snyder para pressionar a Warner pelo lançamento – e coisas mais – é descrita como “campanha tóxica” e teria sido uma orquestração do próprio cineasta, resultando em várias atividades polêmicas. Para começar, a volumosa campanha online que convenceu a Warner a produzir uma nova versão de “Liga da Justiça” teria sido alimentada artificialmente por contas falsas e bots no Twitter. A revista teve acesso a relatórios de mídia social encomendados pela WarnerMedia. Os levantamentos mostram que 13% das contas engajadas no movimento #ReleaseTheSnyderCut eram falsas ou operadas por robôs, bem acima da proporção encontrada nas hashtags que chegam aos Assuntos do Momento do Twitter. Além disso, a publicação contatou três empresas especializadas em rastrear a autenticidade das campanhas de mídia social. Q5id e Graphika também detectaram atividades inautênticas provenientes do SnyderVerso – apelido da comunidade de fãs do diretor. E a Alethea Group descobriu que o domínio forsnydercut.com – que afirma ter feito a hashtag #ReleaseTheSnyderCut se tornar viral em maio de 2018 – foi registrado por uma pessoa que também dirigia uma agência de publicidade (hoje extinta) que dizia ser capaz de trazer “tráfego do tamanho de ‘Avatar’, barato e instantâneo para seu site”. A Rolling Stone também conversou com mais de 20 pessoas envolvidas com a versão original de “Liga da Justiça” e a maioria acredita que o diretor se dedicou a estimular e manipular a campanha. A reportagem resgata muitos detalhes da produção do filme original, incluindo os conflitos entre Snyder e executivos da Warner pela duração e tom do filme, e que motivaram a contratação de um substituto antes mesmo de Snyder se afastar devido à morte da filha. Joss Whedon recebeu a missão de fazer refilmagens extensas enquanto Snyder ainda estava à frente do longa. Com o afastamento do diretor original, Whedon ganhou carta branca para mudar quase tudo. Synder não esqueceu. Após convencer os novos chefes da então recém-criada WarnerMedia a realizar a reedição do filme para engajar seus supostos milhões de fãs na HBO Max, Snyder teria orquestrado um ataque contra os executivos que organizaram sua substituição. Segundo a Rolling Stone, uma campanha de difamação teria sido combinada com o ator Ray Fisher, que interpretou o Ciborgue em “Liga da Justiça” e acusou os produtores Geoff Johns e Jon Berg de racismo e negligência. Foram os dois que tiraram o controle criativo do filme das mãos do diretor. Procurado pela Rolling Stone, Snyder confirmou que pediu à Warner para que retirasse os nomes dos produtores de sua versão do filme, mas negou qualquer coordenação com Fisher, que também acusou Whedon de comportamento abusivo no set – nesse caso, com alegações corroboradas por Gal Gadot, intérprete da Mulher-Maravilha, entre outros. Entretanto, a revista ouviu fontes que apontam que o envolvimento de Snyder foi além de um “pedido pessoal” para cortar os créditos dos produtores. Snyder teria confrontado um executivo do departamento de pós-produção do estúdio com uma ameaça: “Vou destruí-los nas redes sociais”. À medida que as exigências de Snyder aumentavam nos bastidores – inclusive por mais dinheiro para incluir novas filmagens para sua versão da “Liga da Justiça” – uma enxurrada de ataques foram direcionados à Warner Bros. nas redes sociais. Além da exigência de demissão de executivos, vieram pedidos de boicotes e até mesmo ameaças de morte. Esses ataques de “fãs” buscaram atingir qualquer pessoa ou coisa que pudesse atrapalhar Snyder, incluindo diretores como Adam Wingard, porque o lançamento de “Godzilla vs. Kong” ofuscou o Snyder Cut na HBO Max, e filmes como “Mulher-Maravilha 1984”, porque foi escrito por Geoff Johns. Até a ex-presidente da DC Entertainment, Diane Nelson, foi assediada por elogiar o “Coringa” de Todd Phillips, porque o filme ia contra o cânone do SnyderVerso. Ela chegou a deletar a conta do Twitter, tamanha a perseguição. Um dos fatos mais terríveis aconteceu três meses antes do lançamento da “Liga da Justiça de Zack Snyder”, quando uma conta no Instagram com o nome @daniras_ilust postou uma imagem grotesca, retratando as cabeças decapitadas de Johns, do presidente da DC Films Walter Hamada e do ex-presidente da Warner Bros. Toby Emmerich. A imagem circulou rapidamente entre os devotos do SnyderVerso, que até marcaram contas de mídia social dos filhos dos executivos. Após esta postagem alarmante, a WarnerMedia ficou preocupada com a integridade de seus funcionários e encomendou em sigilo uma série de relatórios de uma empresa de segurança cibernética terceirizada para analisar a trollagem. Um relatório secreto foi produzido, que teria identificado a concentração de disparos em três contas específicas, responsáveis por espalhar “ordens” para seguidores. O estúdio se recusou a comentar as descobertas com a Rolling Stone, alegando que o problema era relativo à administração passada – tecnicamente, a WarnerMedia não existe mais, substituída pela Warner Bros. Discovery. Em sua defesa, Snyder disse que nunca manipulou as redes sociais. Ele afirma que, “se alguém” usou robôs foi a Warner Bros. “tentando alavancar minha base de fãs para reforçar os assinantes de seu novo serviço de streaming”. “Nem eu nem a minha esposa [Deborah Snyder, produtora dos filmes de Zack] falamos nada negativo sobre Johns e Berg em entrevistas ou nas redes sociais. A remoção dos nomes deles era algo importante porque este não era o filme em que eles acreditavam, que eles desenvolveram ou que ajudaram a fazer”, declarou. O diretor ainda acrescentou que, “como artista, foi recompensador finalmente ver minha visão levada à fruição” no Snyder Cut, especialmente depois de “passar por um momento tão difícil em minha vida”. “Eu me sinto grato aos fãs e à Warner por permitirem que isso acontecesse. Continuar remoendo a negatividade e os rumores não serve a ninguém”, completou. Entretanto, a campanha não terminou com o lançamento do Snyder Cut em 18 de março de 2021. O site The Wrap informou em maio que os bots podem ter levado Snyder a ganhar os primeiros prêmios de “público” do Oscar neste ano. Na votação online, “Liga da Justiça de Zack Snyder” teve uma de suas cenas lembradas como um dos momentos mais icônicos do cinema e “Army of the Dead: Invasão em Las Vegas”, também de Snyder, venceu como filme favorito do público. A firma de consultoria Tweetbinder, que rastreia e analisa hashtags, indicou tendência de manipulação por bots nestas votações. Mas não é necessário ouvir especialistas para questionar a realidade dos fãs que pediram e adoraram o Snyder Cut. Basta verificar o desempenho de “Liga da Justiça de Zack Snyder”, que jamais entrou nas listas de produções mais vistas do streaming. De fato, o lançamento não foi destaque nem no Brasil, ausente da lista das séries e filmes mais vistos na celebração do primeiro ano da HBO Max no país. O fracasso da “Liga da Justiça” original costuma ser apontado como fator de pânico entre os executivos da empresa Time-Warner, que entraram numa negociação apressada de venda para a AT&T em novembro de 2017, mesmo mês em que o filme foi lançado. Empresa de telefonia e comunicação sem experiência com produção de conteúdo, a AT&T relançou o conglomerado de mídia como WarnerMedia em 2018 e tomou várias decisões equivocadas que acumularam uma dívida recorde e desvalorizaram seu patrimônio. Sem paciência para esperar a HBO Max decolar em meio à pandemia, e com o alto investimento em “Liga da Justiça de Zack Snyder” sem resultar na atração de mais assinantes para o serviço, a AT&T tratou de encerrar rapidamente a aventura da WarnerMedia, passando o controle da companhia para uma empresa bem menor que a própria Warner, a Discovery, que assumiu neste ano o comando da nova versão do conglomerado, batizada de Warner Bros. Discovery.
Divisão de filmes e séries da DC perde seus principais chefes
Em menos de uma semana, a DC Entertainment perdeu seus principais chefes. Na quarta passada (6/6), Diane Nelson anunciou que não retornaria ao cargo de presidente da divisão dedicada a desenvolvimento de filmes e séries baseadas nos quadrinhos da DC Comics. Afastada desde março por questões familiares, a executiva decidiu não retomar suas atividades na empresa. Agora, nesta segunda-feira (11/6), o site Deadline informou que Geoff Johns vai deixar o cargo de diretor criativo da companhia. Johns era o principal responsável não só pelos filmes da DC, mas também pelas séries de TV, sendo creditado como cocriador de “The Flash”. Sua saída foi atrelada a contrato para se dedicar à produção de todo o tipo de filmes, e não apenas de super-heróis, num acordo de parceria com a Warner. Ele também voltará a escrever histórias em quadrinhos para a editora, algo de que sentia falta. O produtor e roteirista deixou vários projetos engatilhados, tendo ajudado a escrever os roteiros de “Mulher-Maravilha 2” e “Aquaman”, sem esquecer que “Shazam!” é baseada em quadrinhos de sua autoria. Entre as séries, também ajudou a desenvolver “Titans” e seu spin-off, “Doom Patrol”, para o serviço de streaming DC Universe. Quem herda sua função no conglomerado Warner é Jim Lee, editor dos quadrinhos da DC Entertainment – que o mercado notou não ter experiência anterior com filmes e séries.
Gal Gadot reclama dos protestos contra Mulher Maravilha como Embaixadora da ONU
A atriz Gal Gadot afirmou não entender a polêmica envolvendo a escolha da Mulher Maravilha como Embaixadora Honorária da ONU. “Há tantas coisas horríveis acontecendo no mundo e é contra isso que você está protestando?”, ela comentou, em entrevista à revista americana Time. “Quando as pessoas argumentam que a Mulher Maravilha deveria se cobrir, eu não entendo… Dizem que ‘se ela é inteligente e forte, não pode ser sexy também’. Isso não é justo. Por que ela não pode ser todas essas coisas?”, questionou a atriz. Vale observar que a própria Gadot é um exemplo disso. Neta de sobreviventes do Holocausto, ela foi eleita Miss Israel e competiu no concurso de beleza Miss Universo em 2004, e logo depois disso serviu nas Forças de Defesa de Israel por dois anos – o serviço militar é obrigatório para cidadãos de Israel, independente do sexo. Ela ainda cursou a faculdade de Direito, antes de ser descoberta por um diretor de casting que a escalou na franquia “Velozes e Furiosos”. Então: bonita (confere), forte (confere) e inteligente (confere)… Os protestos em relação à nomeação da Mulher Maravilha como Embaixadora da ONU iniciaram durante a própria cerimônia, quando dezenas de funcionárias da ONU se manifestaram em reprovação, diante de Diane Nelson, presidente da DC Entertainment, a Mulher Maravilha do cinema Gal Gadot e a intérprete da heroína na série dos anos 1970 Lynda Carter. Desde então, uma petição contra a escolha reuniu 45 mil assinaturas, exigindo sua demissão. A razão, segundo o texto, é que, “embora os criadores possam ter pretendido criar uma mulher guerreira e independente, a realidade é que hoje a personagem foi reduzida a uma mulher branca, de seios enormes e proporções impossíveis, espremida num maiô minúsculo”. A ONU anunciou que a participação da Mulher Maravilha seria usada numa campanha para criar conscientização para a Meta 5 de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que prevê que igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres é uma parte essencial na criação de um mundo pacífico e próspero. Dois meses depois, a ONU decidiu revogar o título da heroína. O filme solo da Mulher Maravilha tem estreia marcada para 1º de junho, com Gal Gadot e Chris Pine no elenco, e a personagem também estará em “Liga da Justiça”, que estreia em novembro.
Após protestos, Mulher Maravilha perde o título de Embaixadora da ONU
Uma mulher à menos na política. E desta vez por pressão de feministas. O jornal inglês The Guardian informou que a Mulher Maravilha perderá o título de Embaixadora de ONU (Organização das Nações Unidas), dois meses depois de ser nomeada, após protestos de feministas. Dezenas de funcionários da ONU protestaram no dia da nomeação da personagem, que aconteceu com a presença de Diane Nelson, presidente da DC Entertainment, a Mulher Maravilha do cinema Gal Gadot e a intérprete da heroína na série dos anos 1970 Lynda Carter. Desde então, uma petição contra a escolha reuniu 45 mil assinaturas, exigindo sua demissão. A razão, segundo o texto é que, “embora os criadores possam ter pretendido criar uma mulher guerreira e independente, a realidade é que hoje a personagem foi reduzida a uma mulher branca, de seios enormes e proporções impossíveis, espremida num maiô minúsculo”. A ONU não explicou o motivo da perda do título, mas o porta-voz Jeffrey Brez disse que campanhas que usam personagens de ficção muitas vezes não duram mais do que alguns meses. Ele citou que os “Angry Birds” foram representantes da ONU para o clima por um dia apenas. A DC, no entanto, disse em comunicado que estava satisfeita com a exposição da personagem para estimular a igualdade de gênero, assim como elevar a conversa global sobre empoderamento feminino. A Mulher-Maravilha foi criada nos anos 1940 por William Moulton Marston, psicólogo inventor do polígrafo, inspirado em seu relacionamento com duas mulheres: sua esposa e também psicóloga Elizabeth Holloway Marston e sua assistente e amante Olive Byrne. A história por trás desse relacionamento a três, compartilhado de comum acordo, vai virar filme com Luke Evans (“Drácula: A História Nunca Contatada”), Rebecca Hall (“Homem de Ferro 3”) e Bella Heathcote (“Orgulho e Preconceito e Zumbis”), ainda sem previsão de estreia.
Mulher Maravilha é a mais nova Embaixadora da ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu eleger uma personagem fictícia para o cargo de Embaixadora honorária. A Mulher Maravilha vai se juntar a Emma Watson como porta-voz da campanha de defesa dos direitos das mulheres e do empoderamento feminino. Não se trata de uma intérprete da heroína, mas a própria personagem dos quadrinhos. Que, curiosamente, em sua identidade secreta de Diana Prince já trabalhou na ONU – como intérprete, guia e, posteriormente, num departamento de crises humanitárias. A cerimônia em que ela assumirá seu cargo vai acontecer no dia 21 de outubro na ONU, em Nova York, e terá a presença de Diane Nelson, presidente da DC Entertainment, e das duas intérpretes de carne e osso da personagem: Lynda Carter, que estrelou a famosa série dos anos 1970 – e vive a presidente dos Estados Unidos em “Supergirl” atualmente – e Gal Gadot, que roubou a cena em “Batman vs Superman” e aparecerá em dois filmes como Mulher Maravilha em 2017: além do filme solo da heroína, que chega aos cinemas em junho, ela estará em “Liga da Justiça”, previsto para novembro. Por sinal, será a primeira vez que Carter e Gadot aparecerão juntas num mesmo evento.




