Marion Hänsel (1949 – 2020)
A cineasta, produtora e atriz Marion Hänsel, que venceu o Leão de Prata no Festival de Veneza de 1985, morreu na segunda (8/6) aos 71 anos, após um ataque cardíaco. Nascida em Marselha, na França, Hansel cresceu na cidade belga de Antuérpia e os seus estudos levaram-na ao Reino Unido, a Paris, e Nova York, onde estudou na famosa Actors Studio, a escola de atores de Lee Strasberg. Depois de se apresentar no palco em Bruxelas e ganhar pequenos papéis na televisão, começou a carreira como atriz de cinema na fantasia belga “Palaver” (1969), de Emile Degelin. E seguiu atuando em filmes belgas até ser contratada por Agnès Varda para participar do clássico francês “Uma Canta, a Outra Não” (1977). Foi nesse mesmo ano que criou a produtora Man’s Films e assinou a sua primeira curta-metragem: “Equilibres” . A sua estreia na direção de longas se deu em 1982 com “Le Lit”, nomeado ao César de Melhor Filme Francófono (estrangeiro falado em frncês), e a partir aí ela assinou duas dezenas de trabalhos como realizadora e cerca de 35 obras como produtora, como “Terra de Ninguém”, de Danis Tanovic, que venceu o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira em 2002. O filme que lhe rendeu o Leão de Prata foi também sua primeira obra falada em inglês: “Dust” (1985), produção polêmica que deu o falar pela cena de estupro de uma mulher negra por um patrão branco (Trevor Howard) na África do Sul, em pleno apartheid, e o assassinato deste pela própria filha (Jane Birkin). Ela também foi premiada nos festivais de Cannes e Bruxelas por “Entre o Inferno e o Profundo Mar Azul” (1995), um filme cultuado sobre a amizade entre um marinheiro estrangeiro (Stephen Rhea) e uma garotinha chinesa. Seu filme mais recente, “There Was A Little Ship”, teve a sua estreia internacional no Festival de Rotterdam deste ano, que lhe dedicou uma retrospectiva especial de sua carreira.
HBO Europe vai produzir minissérie do diretor bósnio de Terra de Ninguém
A HBO Europe deu sinal verde para a produção de “Success”, minissérie criada pelo cineasta bósnio Danis Tanovic, vencedor do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira por “Terra de Ninguém” (2001), Escrita em parceria com Marjan Alcevski (do documentário “Cash & Marry”), a minissérie de seis episódios vai acompanhar quatro estranhos que se unem por um evento violento em Zagreb. Cada um, à sua maneira, tentará recuperar o controle de suas vidas, mas as conseqüências de suas ações ameaçam alcançá-los. A HBO Europe descreve a série como “uma ode amarga para a cidade de Zagreb”. “Success” será a primeira série de Tanovic, que já trabalhou com narrativas múltiplas em seu último filme, “Death in Sarajevo”, que ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim em 2016. Seu drama de 2013, “Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro-Velho”, também levou o Prêmio do Grande Júri de Berlim. “Há tempos venho recebendo ofertas para fazer séries, e eu acho, no momento, que elas são mais interessantes e inventivas do que os filmes, mas nenhum projeto tinha me intrigado até agora”, disse Tanovic, em comunicado. “O roteiro de Marjan Alcevski é incrivelmente bem escrito, e estou muito feliz pela HBO ter reconhecido sua qualidade e me dar a oportunidade de colaborar nesse projeto”. A HBO Europa vem obtendo sucesso de público e crítica por algumas produções não faladas em inglês, como o drama político checo “Burning Bush”, o thriller policial polonês “The Pack” e o drama criminal romeno “Umbre”.
Documentário sobre refugiados vence o Urso de Ouro do Festival de Berlim
O tema mais incontornável da Europa no momento está no centro de “Fuocoammare” (Fire at the Sea), escolhido pelo júri liderado pela atriz Meryl Streep como o vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim 2016. Documentário como todos os filmes do diretor Gianfranco Rosi, entre eles “Sacro GRA”, vencedor do Festival de Veneza 2013, “Fuocoammare” foca a dura realidade da ilha de Lampedusa, que há cerca de duas décadas é um dos principais destinos das trágicas jornadas pelo Mediterrâneo dos imigrantes. O diretor destaca não só as pessoas em fuga, mas também o quanto a situação afeta a vida de quem vive na ilha. Em seu discurso de agradecimento, ele dedicou sua vitória “àqueles cujas viagens de esperança nunca chegaram a Lampedusa” e aos habitantes da ilha que “há 23 anos abrem os seus corações àqueles que ali chegam.” Nascido há 51 anos na Eritreia, na África, sob nacionalidade italiana, Rosi saiu ainda com os prêmios do Júri Ecumênico, da Anistia Internacional e dos leitores do jornal alemão Berliner Morgenpost, sendo alçado à condição de “embaixador” dos refugiados sem voz. Para Meryl Streep, presidente do júri, seu filme é “urgente” e “imaginativo” e se comunica com o mundo atual. A politização também marcou o Grande Prêmio do Júri, vencido pela coprodução franco-bósnia “Death in Sarajevo”, em que o bósnio Danis Tanovic (“Um Episódio na Vida de Um Catador de Ferro-Velho”) cria uma fábula irônica sobre a situação da Europa atual, mostrando a dificuldade de convivência dos europeus dentro de um mesmo bloco. A francesa Mia Hansen-Love (“Eden”) venceu o Urso de Prata de Melhor Direção por “L’avenir”, sobre uma professora de filosofia (Isabelle Huppert) que se vê obrigada a se reinventar em plena meia idade, enquanto o polonês Tomasz Wasilewski foi considerado o Melhor Roteirista por “United States of Love”. Entre os atores, o novo filme de Thomas Vinteberg (“A Caça”), “The Commune”, rendeu à sua protagonista, a dinamarquesa Trine Dyrholm (“O Amante da Rainha”), o prêmio de Melhor Atriz, enquanto o Urso de Prata de interpretação masculina ficou com o tunisino Majd Mastoura por “Hedi”, de Mohamed Bem Attia, obra que ainda venceu o Urso de Prata de Melhor Filme de Estreia. Completando as distinções, o chinês Mark Lee Ping-Bing foi destacado pelo seu trabalho como operador de câmera em “Crosscurrent”, enquanto a proposta mais ousada da Berlinale, “A Lullaby to the Sorrowful Mystery”, um filme com oito horas de duração do filipino Lav Diaz (“Norte, o Fim da História”), levou o prêmio Alfred Bauer – destinado a produções que “abrem novas perspetivas”. No universo das curtas-metragens, o Urso de Ouro coube à portuguesa Leonor Teles, com “A Balada do Batráquio”, filme que aborda a discriminação contra as comunidades ciganas no país. Aos 23 anos, Leonor também se tornou a mais jovem vencedora do Urso de Ouro da história do Festival de Berlim. Vencedores do Festival de Berlim 2016 Urso de Ouro – Melhor Filme Fuocoammare, de Gianfranco Rosi (Itália) Urso de Prata – Grande Prémio do Júri Death in Sarajevo, de Danis Tanovic (França/Bósnia e Herzegovina) Urso de Prata – Prêmio Alfred Bauer A Lullaby to The Sorrowful Mystery, de Lav Diaz (Filipinas) Urso de Prata – Melhor Direção Mia Hansen-Løve, por L’avenir (França) Urso de Prata – Melhor Atriz Trine Dyrholm, por The Commune (Dinamarca/Suécia) Urso de Prata – Melhor Ator Majd Mastoura, por Hedi (Tunísia) Urso de Prata – Melhor Roteiro United States of Love, de Tomasz Wasilewski (Polônia) Urso de Prata – Melhor Contribuição Artística Crosscurrent, de Mark Lee Ping-Bing (China) Melhor Primeiro Filme Hedi, de Mohamed Ben Attia (Tunísia) Urso de Ouro – Melhor Curta-Metragem Balada de um Batráquio, de Leonor Teles (Portugal) Urso de Prata – Segundo Melhor Curta A Man Returned, de Mahdi Fleifel (Reino Unido/Dinamarca/Holanda) Prêmio Audi para Melhor Curta Anchorage Prohibited, de Chiang Wei Liang (Taiwan) Prêmio European Film A Man Returned, de Mahdi Fleifel (Reino Unido/Dinamarca/Holanda) Veja Também BERLIM: PREMIAÇÃO DA MOSTRA PANORAMA CONSAGRA O CINEMA ISRAELENSE FILMES DA LETÔNIA E DO CHILE SÃO OS PRIMEIROS PREMIADOS EM BERLIM


