Cidade do interior do Texas processa Netflix por Lindinhas
A Netflix foi indiciada num processo criminal em uma cidadezinha de 86 mil habitantes do estado americano do Texas por causa do filme “Lindinhas” (Mignonnes). A ação, protocolada em 23 de setembro no condado de Tyler, acusa a plataforma de promover imagens obscenas de crianças no filme francês. A acusação foi parcialmente revelada pelo deputado conservador Matt Shaefer no Twitter nesta terça-feira (6/10). Ele destacou a parte do texto que acusa o filme de “retratar a exibição obscena da região púbica de uma criança vestida ou parcialmente vestida com menos de 18 anos de idade, que apela ao interesse lascivo por sexo”. Segundo a plataforma, o processo “não tem mérito”, porque “‘Lindinhas’ é um comentário social contra a sexualização de crianças pequenas”. “Essa acusação não tem mérito e nós apoiamos o filme”, manifestou-se a Netflix por comunicado. No Brasil, um templo evangélico também tentou processar a empresa por causa do filme. A ação, que pedia censura de “Lindinhas”, foi julgada improcedente. Ao rejeitar o pedido de liminar, o juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra disse que a Netflix não violou a legislação e que o pedido de exclusão do filme é inconstitucional. Premiado no Festival de Sundance e exibido sem polêmicas na França, “Lindinhas” acabou ganhando repercussão entre os conservadores dos EUA e, posteriormente, no Brasil pela ministra pastora Damares Alves, que disse que também tentaria censurá-lo. “É interesse de todos nós botarmos freio” e “vamos tomar todas as medidas judiciais cabíveis”, ela chegou a afirmar sobre a produção. Em contraste com a reação de Damares e outros conservadores, o filme foi acompanhado pelas autoridades de proteção infantil do governo francês durante toda a sua produção e elas aprovaram seu conteúdo integralmente. A reação negativa só começou após um pôster equivocado da própria Netflix, que apresentava as meninas em trajes colantes, tentando fazer poses sensuais. A imagem, por sinal, é exatamente o que o filme critica. No momento em que ela aparece no contexto do filme, as meninas são vaiadas por mães que se horrorizam com a performance sexualizada delas num concurso de danças. Isto serve de despertar para a protagonista, uma pré-adolescente que até então confundia sexualização com rebelião diante da cultura de submissão feminina de sua família religiosa. O governo francês também defendeu o filme ao considerar que as críticas se baseiam numa série de imagens descontextualizadas e reducionistas. Afirma que as críticas imputam à diretora uma intenção que ela não teve e que vai “em total contradição com o que a obra propõe”.
Justiça nega tentativa de censura evangélica de Lindinhas no Brasil
O juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra rejeitou pedido feito pela organização evangélica Templo Planeta do Senhor para censurar o filme francês “Lindinhas” (Mignonnes), lançado na Netflix. Premiado no Festival de Sundance, “Lindinhas” ganhou repercussão entre os evangélicos brasileiros após deixar a ministra pastora Damares Alves “brava, Brasil”. Ela também tenta a censura do filme. “É interesse de todos nós botarmos freio” e “vamos tomar todas as medidas judiciais cabíveis”, chegou a afirmar sobre a produção. O motivo do protesto são “meninas em posições eróticas e com roupas de dançarinas adultas”, segundo a pastora que integra o governo Bolsonaro. “Quero deixar claro que não faremos concessões a nada que erotize ou normalize a pedofilia!”, ainda ameaçou. Na ação em que pede censura ao filme da diretora Maïmouna Doucouré, a organização Templo Planeta do Senhor ecoa o ataque da ministra para dizer que as meninas do filme têm um comportamento inadequado para sua idade, com “vestimentas sensuais, blusas curtas e calças apertadas”, concluindo que a Netflix promove um “prato cheio para a pedofilia”. Ao rejeitar o pedido de liminar, o juiz diz que a Netflix não violou a legislação e que o pedido de exclusão do filme é inconstitucional. “É uma forma indefensável de censura, pois pretendia a supressão da liberdade de informação e, sobretudo, da liberdade de educação familiar”. De acordo com o magistrado, os pais e responsáveis têm o direito de decidir quais conteúdos seus filhos podem assistir, a despeito dos interesses religiosos da entidade. A Templo Planeta do Senhor é a mesma organização evangélica que queria lucrar R$ 1 bilhão num processo contra a Netflix e o Porta dos Fundos, devido ao especial de Natal do grupo de humoristas, mas acabou punida com um prejuízo financeiro considerável. A ação chegou ao fim sem que a Netflix e o Porta dos Fundos fossem sequer notificados oficialmente, porque a juíza do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Patrícia Conceição, não deu o direito da Justiça gratuita ao caso – ou seja, como o Templo Planeta do Senhor pedia R$ 1 bilhão, os custos do processo chegaram a R$ 82 mil. O templo tentou mudar o valor da indenização, mas foi impedido porque o caso já tinha avançado. Pensou em recorrer, mas aí o prejuízo seria em dobro, novamente em custos judiciais. Acabou desistindo do processo, mas ainda precisou pagar os custos. Assim como fez com “Lindinhas”, o processo anterior também pedia a retirada do programa do ar e tinha pouca chance de prosperar, pois em janeiro o Supremo Tribunal Federal já havia se manifestado de forma favorável à liberdade de expressão dos humoristas e contra qualquer tentativa de censura. Em contraste com a reação de Damares e outros evangélicos, o filme foi lançado sem provocar polêmicas na França em agosto. De fato, as autoridades de proteção infantil do governo francês acompanharam as filmagens durante a produção e aprovaram seu conteúdo integralmente. A reação negativa contra o filme só começou após um pôster equivocado da própria Netflix, que apresentava as meninas em trajes colantes, tentando fazer poses sensuais. A imagem, por sinal, é exatamente o que o filme critica. No momento em que ela aparece no contexto do filme, as meninas são vaiadas por mães que se horrorizam com a performance sexualizada delas num concurso de danças. Isto serve de despertar para a protagonista, uma pré-adolescente que até então confundia sexualização com rebelião diante da cultura de submissão feminina de sua família religiosa. O governo francês também defendeu o filme ao considerar que as críticas se baseiam numa série de imagens descontextualizadas e reducionistas. Afirma que as críticas imputam à diretora uma intenção que ela não teve e que vai “em total contradição com o que a obra propõe”. A Netflix também se pronunciou sobre as críticas conservadoras ao longa. “‘Lindinhas’ é uma crítica social à sexualização de crianças. É um filme premiado, com uma história poderosa sobre a pressão que jovens meninas sofrem das redes sociais e da sociedade em geral enquanto crescem — e encorajamos qualquer pessoa que se importa com este tema fundamental a assistir ao filme”, disse a plataforma.
Governo Bolsonaro diz que Lindinhas é “pornografia infantil”
O governo Bolsonaro oficializou um pedido de censura do filme “Lindinhas” (“Mignonnes”, em francês) no Brasil, além da apuração da responsabilidade da Netflix por oferecer e distribuir “pornografia infantil”. O pedido foi feito por meio da Secretaria Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA), que faz parte do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e encaminhado à Coordenação da Comissão Permanente da Infância e Juventude (COPEIJ). O ofício assinado pelo secretário Maurício Cunha afirma que o filme “apresenta pornografia infantil e múltiplas cenas com foco nas partes íntimas das meninas enquanto reproduzem movimentos eróticos durante a dança, se contorcem e simulam práticas sexuais”. “A SNDCA vê com extrema preocupação a perpetuação do conteúdo que, longe de ser entretenimento ou liberdade de expressão, na verdade, afronta e fragiliza a normativa nacional de proteção à infância e adolescência”, acrescenta o texto oficial. Comentando o caso, a ministra Damares Alves disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro atuará “nessa luta”. “Crianças e adolescentes são o bem mais precioso da nação e o mais vulnerável. É interesse de todos nós botarmos freio em conteúdos que coloquem as crianças em risco ou as exponham à erotização precoce. O governo do presidente Jair Bolsonaro não vai ficar parado nessa luta. Vamos tomar todas as medidas judiciais cabíveis. A nossa luta é para direitos humanos para todas as crianças do Brasil”, manifestou-se Damares. A ministra pastora do governo Bolsonaro já tinha avisado na terça passada (15/9) que imitaria a direita americana e pediria censura do filme e responsabilização criminal da Netflix. Em carta ao procurador-geral dos EUA, o senador Ted Cruz também chegou a chamar “Lindinhas” de “pornografia infantil”. Em contraste com esta reação exacerbada, o filme foi premiado no Festival de Sundance e lançado sem provocar polêmicas na França em agosto. De fato, as autoridades de proteção infantil do governo francês acompanharam as filmagens durante a produção e aprovaram seu conteúdo integralmente. A reação negativa contra o filme só começou após um pôster equivocado da própria Netflix, que apresentava as meninas em trajes colantes, tentando fazer poses sensuais. A imagem, por sinal, é exatamente o que o filme critica. No momento em que ela aparece no contexto do filme, as meninas são vaiadas por mães que se horrorizam com a performance sexualizada delas num concurso de danças. Isto serve de despertar para a protagonista, uma pré-adolescente que até então confundia sexualização com rebelião diante da cultura de submissão feminina de sua família religiosa. A Netflix também já havia se pronunciado após as críticas ao longa. “‘Lindinhas’ é uma crítica social à sexualização de crianças. É um filme premiado, com uma história poderosa sobre a pressão que jovens meninas sofrem das redes sociais e da sociedade em geral enquanto crescem — e encorajamos qualquer pessoa que se importa com este tema fundamental a assistir ao filme”, disse a plataforma. Segundo a cineasta Maïmouna Doucouré, que venceu o troféu de Melhor Direção no Festival de Sundance pelo filme, “Lindinhas” retrata um pouco sua própria infância, como uma mulher negra de família senegalesa que cresceu na França, mas também a constatação de que crianças estão dançando “como costumamos ver em videoclipes” e imitando o comportamento adulto. “Nossas meninas notam que, quanto mais uma mulher é excessivamente sexualizada nas redes sociais, mais ela tem sucesso. As crianças apenas imitam o que veem, tentando alcançar o mesmo resultado sem entender o significado”, disse Doucouré em um vídeo disponibilizado pela Netlix. “É perigoso”, ela acrescentou, dizendo que o filme era sua tentativa de chamar atenção para o problema. O filme, entretanto, acabou chamando atenção para outro problema: o medo de discutir educação sexual que domina os governos conservadores. Enquanto Damares atacava “Lindinhas” em nome dos “direitos humanos para todas as crianças do Brasil”, ela própria virava alvo de uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR), feita pelo senador Humberto Costa, para que responda por crime de responsabilidade contra direitos humanos de uma criança do Brasil. Damares teria agido nos bastidores para impedir que uma menina de 10 anos, grávida após estupro, tivesse acesso ao aborto legal. O caso mobilizou a atenção da mídia no mês passado, mas detalhes da atuação da ministra só agora começam a vir à tona. Em agosto, a ministra pastora enviou à cidade de São Mateus, no Espírito Santo, representantes do ministério e aliados políticos que tentaram retardar a interrupção da gravidez e, em uma série de reuniões, pressionaram os responsáveis por conduzir os procedimentos, inclusive oferecendo benfeitorias ao conselho tutelar local. Segundo apurou o jornal Folha de S. Paulo, pessoas envolvidas no processo afirmam ainda que os representantes da ministra seriam os responsáveis por vazar o nome da criança à extremista de direita Sara Giromini, ex-funcionária do Ministério, que o divulgou em redes sociais, afrontando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e colocando a vida da criança – “o bem mais precioso da nação e o mais vulnerável” – em risco. O resultado disso foi que a menina precisou ser protegida pela polícia contra grupos cristãos que foram atrás dela em outro estado, cercaram o hospital onde foi tratada e atacaram médicos, chamando-os de “assassinos”. A exposição arruinou a vida da menina que precisou ser inscrita no Programa de Proteção a Testemunhas, tendo seu nome e endereço alterados. “É inaceitável que a mais alta autoridade do governo na área de direitos humanos e políticas para a mulher tenha agido de forma tão cruel e desumana contra uma menina violentada, aumentando ainda mais o enorme drama que ela já vivia”, afirmou Humberto Costa. Damares acha que um filme de ficção é muito pior do que o mal que ela teria estimulado contra uma menina real de 10 anos. Seu Ministério e a SNDCA também não viram “com extrema preocupação” o presidente Jair Bolsonaro levar há duas semanas uma youtuber mirim de 10 anos para sua live e se aproveitar da inocência da criança para fazer uma piada de cunho sexual, quando ela lhe contou que “começou cedo”. “Começou cedo? Como é que é?”, perguntou Bolsonaro para a menor, rindo e insinuando maldade, após fazer bullying com todos presentes, com falas gordofóbicas, homofóbicas e misóginas diante da criança. Não há lembranças tampouco de protestos contra a apologia insistente de Bolsonaro da exploração do trabalho de menor, proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Nem que a SNDCA tenha questionado um vídeo verdadeiramente pornográfico disponibilizado na internet por Bolsonaro: o infame compartilhamento de golden shower nas redes sociais – um vídeo que, usando as palavras do secretário Maurício Cunha, “longe de ser entretenimento ou liberdade de expressão, na verdade, afronta e fragiliza a normativa nacional de proteção à infância e adolescência”.
Damares quer censurar Netflix por Lindinhas
A ministra Damares Alves, da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, resolveu emular a direita americana e fazer pressão pela censura do filme “Lindinhas” (Mignonnes) no Brasil. Premiado no Festival de Sundance e lançado sem provocar polêmicas na França em agosto, o filme da Netflix é acusado de sexualizar meninas. O ataque foi estimulado por um pôster equivocado da própria Netflix, que apresentava as meninas em trajes colantes, tentando fazer poses sensuais. A imagem, por sinal, é exatamente o que o filme critica. No momento em que ela aparece no contexto do filme, as meninas são vaiadas por mães que se horrorizam com a performance sexualizada delas num concurso de danças. Isto serve de despertar para a protagonista, uma pré-adolescente que até então confundia sexualização com rebelião diante da cultura de submissão feminina de sua família religiosa. A campanha contra a obra, que inclui pedidos de boicote contra Netflix, é feita principalmente por quem não viu o filme e defende que ninguém veja. “Estou brava, Brasil! Estou muito brava! É abominável uma produção como a deste filme. Meninas em posições eróticas e com roupas de dançarinas adultas”, escreveu Damares nas redes sociais. “Quero deixar claro que não faremos concessões a nada que erotize ou normalize a pedofilia! Quero aproveitar e dar um recado aos pedófilos que por anos têm vindo ao Brasil abusar de nossas crianças: no Brasil existe um governo que se importa de verdade em proteger as crianças e as famílias.” Respondendo a um usuário que perguntou o que ela faria sobre o filme, a ministra afirmou: “Não vamos ficar de braços cruzados. Deixa comigo”. Trata-se, claro, de braveza seletiva. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro levou uma youtuber mirim de 10 anos para sua live e se aproveitou da inocência da criança para fazer uma piada de cunho sexual, quando ela lhe contou que “começou cedo”. “Começou cedo? Como é que é?”, perguntou Bolsonaro para a menor, rindo. A ministra, pelo que sabe, não ficou brava. Não há lembranças tampouco de protestos contra a apologia insistente de Bolsonaro da exploração do trabalho de menor, proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Nem que Damares tenha descruzado os braços para “proteger as crianças e as famílias” de um vídeo verdadeiramente pornográfico disponibilizado na internet logo que assumiu seu cargo: o infame compartilhamento de golden shower por Bolsonaro. Damares, na verdade, imita iniciativa dos senadores americanos Ted Cruz, do Texas, e Tom Cotton, de Arkansas, ambos do Partido Republicano (o mesmo do presidente Trump), que na semana passada pediram ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos que investigasse a produção e distribuição do filme. Em carta ao procurador-geral William Barr, Cruz chegou a chamar “Lindinhas” de “pornografia infantil”. A Netflix, por sua vez, disse em um comunicado que o filme faz de um “comentário social contra a sexualização de crianças pequenas”. Em “Lindinhas”, as crianças usam tops curtos e saltos altos, falam sobre Kim Kardashian, indicam dietas, dançam “twerking” e buscam na internet vídeos e assuntos relacionados ao sexo que elas não entendem. Segundo a cineasta Maïmouna Doucouré, que venceu o troféu de Melhor Direção no Festival de Sundance, esses detalhes retratam um pouco sua própria infância, como uma mulher negra de família senegalesa que cresceu na França, mas também a constatação de que crianças estão dançando “como costumamos ver em videoclipes” e imitando o comportamento adulto. “Nossas meninas notam que, quanto mais uma mulher é excessivamente sexualizada nas redes sociais, mais ela tem sucesso. As crianças apenas imitam o que veem, tentando alcançar o mesmo resultado sem entender o significado”, disse Doucouré em um vídeo disponibilizado pela Netlix. “É perigoso”, ela acrescentou, dizendo que o filme era sua tentativa de chamar atenção para o problema. Veja a íntegra da entrevista da cineasta abaixo.
Ministra Damares diz que Frozen é do diabo, porque Elza é uma princesa lésbica
A ala circense do governo Bolsonaro voltou a chamar atenção com o compartilhamento do vídeo de uma palestra da ministra Damares Alves, em que ela ataca a animação “Frozen”, comparando-a a um trabalho do diabo – ou do “cão”, em sua linguagem característica. O desenho seria responsável por seduzir “menina de três anos” para o mal, porque Elza acaba sozinha e sem precisar de príncipe encantado. O que, segundo a Ministra, é uma apologia ao estilo de vida gay. No vídeo, que começou a circular no sábado (11/5), Damares aparece cantando a música-tema do filme (“Livre Estou”) e diz: “Sabe por que ela [Elsa] termina sozinha em um castelo de gelo? Porque é lésbica! O cão está muito bem articulado e nós estamos alienados”. Ela ainda afirma que Elsa “vai acordar a Bela Adormecida com um beijo gay”. “Isto aqui é muito grave, sabe por quê? Porque eu fui menina e sonhei em ser princesa. Eu sonhei com o meu príncipe encantado. A gente tá abrindo uma brecha na cabecinha da menina de três anos pra sonhar com princesa! Isto aqui é indução!” O vídeo foi compartilhado nas redes sociais pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta, que acrescentou: “Eis o pensamento de uma ministra de estado dos Direitos Humanos. Disseminando ódio e preconceito contra um segmento social que já enfrenta todo tipo de estigma e preconceito”. Damares respondeu no Instagram algumas horas depois. Ela afirmou se tratar de uma “polêmica que tem como base novamente uma pequena parte recortada de um vídeo que foi gravado durante uma de minhas palestras na igreja”. “Eu critico é a tentativa de interferência dos ideólogos de gênero na identidade de nossas crianças”, escreveu. A ministra ainda lançou uma de suas frases de efeito moralistas em letras maiúsculas: “VAI UM RECADO: CRIANÇA NÃO NAMORA!! CRIANÇA BRINCA E ESTUDA”. E acrescentou: “Minha posição é contrária principalmente contra a erotização e adultizaçäo de crianças. DEIXEM NOSSAS CRIANÇAS SEREM CRIANÇAS!! Que estudem e brinquem sem que ninguém as incentivem a pular fases”. Em “Frozen”, Elza não namora nem é erotizada. A moral da história é que princesas modernas não dependem de príncipes encantados para serem felizes para sempre, uma mensagem defendida por muitos psicólogos. Mas há, sim, fãs que gostariam de ver Elza caracterizada como uma princesa lésbica, chegando a realizar campanha para a diretora do filme confirmar essa tendência na continuação, prevista para o fim do ano. A justificativa é que a Disney vem representando diversas minorias em suas animações recentes. Algo que, inclusive, tem tornado a empresa cada vez mais popular. Porém, ainda não lançou uma princesa lésbica. A defesa da diversidade é uma dos pilares dos Direitos Humanos, como a ministra com certeza sabe – todos são iguais, todos tem os mesmos direitos, etc. Já o ataque à produção cultural infantil tem como base um discurso que culpa a cultura popular por todos os males da civilização. A origem disso vem dos anos 1950, quando um psicólogo americano chamado Fredric Wertham publicou um dos livros mais infames de todos os tempos. Em “Sedução dos Inocentes”, Wertham lançou as bases do discurso de Damares, dizendo que quadrinhos eram responsáveis pelos desvios de comportamento das crianças americanas. Entre outras coisas, a obra afirmava que a força e a independência da Mulher-Maravilha a caracterizavam como lésbica. Na época, os americanos levaram a sério e Wertham foi responsável por quase falir a indústria dos quadrinhos, gerando uma quebradeira no mercado e o fechamento de editoras importantes, além de “demonizar” a chamada nona arte. Passados 65 anos, os personagens de quadrinhos se tornaram a principal produção cultural dos EUA, rendendo bilhões em bilheterias de cinema, e Wertham passou a ser citado apenas como parâmetro de pensamento antiquado. Vale lembrar que, na mesma época de Wertham, a igreja evangélica americana também considerava rock uma música do diabo, porque vinha dos negros e inspirava desejos espúrios. Vários discos foram queimados na campanha do pastor Jimmy Swaggart, primo do roqueiro Jerry Lee Lewis e um dos televangelistas mais famosos de todos os tempos. E que acabou se envolvendo num escândalo sexual com uma prostituta, 30 anos depois. Durante o nazismo, a queima pública de livros na Alemanha também teve como base uma defesa da moral e dos bons costumes – “contra a decadência e a corrupção moral”, nas palavras de outro ministro famoso, Joseph Goebbels. “Em defesa da decência e a moralidade da família e do estado”. O poeta Heinrich Heine logo avisou: “Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas.” E não deu outra. Eis o pensamento de uma MINISTRA DE ESTADO dos DIREITOS HUMANOS. Disseminando ódio e preconceito contra um segmento social que já enfrenta todo tipo de estigma e preconceito. No vídeo Damares Alves diz que a princesa Frozen vive sozinha no castelo de gelo porque ela é lésbica pic.twitter.com/cqehitc793 — Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) May 11, 2019 Visualizar esta foto no Instagram. Fui surpreendida com mais esta polêmica que tem como base, novamente, uma pequena parte recortada de um vídeo que foi gravado durante uma de minhas palestras na igreja. Minha critica é conhecida de todos, eu critico é a tentativa de interferência dos ideólogos de gênero na identidade de nossas crianças. VAI UM RECADO : CRIANÇA NÃO NAMORA!! CRIANÇA BRINCA E ESTUDA. Minha posição é contrária principalmente contra a erotização e adultizaçäo de crianças. DEIXEM NOSSAS CRIANÇAS SEREM CRIANÇAS!! Que estudem e brinquem sem que ninguém as incentivem a pular fases. Uma publicação compartilhada por Damares Alves (@damaresalvesoficial1) em 11 de Mai, 2019 às 7:07 PDT



