Pássaros de Verão conta a origem indígena do tráfico colombiano
Assim como em “O Abraço da Serpente” (2015), o novo filme de Ciro Guerra, codirigido por Cristina Gallego, põe o espectador em contato com uma cultura colombiana indígena. No caso deste “Pássaros de Verão”, é a comunidade Wayuú, mostrada por meio de uma aldeia a partir da família wayuunaiki, em cujo idioma o filme é falado, além do espanhol e do inglês. O inglês, por conta dos turistas norte-americanos que aparecem por lá, em busca de maconha. O que se vê, então, é um choque cultural, que põe em guerra a família indígena com o que ficou conhecido como la bonanza marimbera, o lucrativo comércio ilegal da maconha para os Estados Unidos, no decorrer dos anos 1970, que tem a ver com um ciclo que colocou a droga no centro das questões políticas do próprio país. O que seria uma questão local, de pequena dimensão, tornou-se base de uma guerra que alcançou grandes proporções, como mostra a história recente da Colômbia. O filme tem um enfoque diferente para a questão das drogas e dos crimes que a acompanham: a descoberta de um caminho produtivo, relativamente fácil e altamente lucrativo, que poderia ser a redenção econômica daquela comunidade, transformando-se numa guerra familiar muito sangrenta. A ambição e a tradicional defesa da honra e dos hábitos ancestrais da comunidade convivem com o mercado que se conduz por outros padrões, o das economias capitalistas, em que oferta e procura determinam ações, preços, e trazem consequências que escapam inteiramente ao controle da cultura local, acabando por praticamente destruí-la, descaracterizando-a, gerando a cizânia. “Pássaros de Verão” mostra a riqueza cultural tradicional do povo Waiuú, seus rituais religiosos e de acasalamento, suas danças, oferendas, princípios de relacionamento e inserção familiar. As drogas até fazem parte da comunidade, como costuma acontecer com quem está mais próximo das plantas e do uso medicinal delas. Mas se torna mais difícil de compreender e lidar quando o produto assume a condição de mercadoria, reverenciada e consumida com avidez e a preços vantajosos pelos forasteiros. Elas são fontes de riqueza, por um lado, e uma espécie de força do demônio, por outro. O filme é muito bem feito, instigante, original na abordagem, reafirmando os realizadores colombianos como cineastas de peso, o que está sendo reconhecido em festivais importantes, como o de Cannes. Ciro Guerra (com produção da atual codiretora Cristina Gallego) concorreu ao Oscar de filme estrangeiro com “O Abraço da Serpente”. Aquele filme foi também um dos grandes destaques da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e exibido no circuito comercial. “Pássaros de Verão” está seguindo trilha semelhante, incluindo a seleção para buscar uma indicação ao Oscar, e firmando uma filmografia muito interessante, com base na Antropologia, O tema de Guerra é a identificação dos elementos culturais ancestrais, postos em contato com elementos contemporâneos que os modificam e transformam, mas que também podem transformar, de algum modo. Via uma consciência ecológica, por exemplo, que tem muito a aprender com as culturas mais tradicionais. Também é muito relevante seu papel ao registrar os encontros e desencontros culturais de diferentes mundos que coexistem.
Festival de Gramado reúne a indústria cinematográfica sob ataque de Bolsonaro
O Festival de Gramado nasceu durante o boom do cinema brasileiro produzido na era de ouro da Embrafilme, sobreviveu à destruição daquela época pelo governo Collor, quando praticamente não foram lançados longas, e chega a sua 47ª edição nesta sexta (17/8) em meio a ataques do presidente Bolsonaro aos filmes feitos no país. A concentração da indústria cinematográfica na serra gaúcha, neste momento histórico, é garantia de repercussão. Os discursos de protestos são mais que esperados durante a abertura do evento às 18h, que apresentará “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, em sua primeira exibição no Brasil após vencer o prêmio do júri no Festival de Cannes. Kleber Mendonça Filho, como todos lembram, protestou contra o “golpe” sofrido por Dilma Rousseff com cartazes no tapete vermelho de Cannes em 2016, quando lançou “Aquarius”. E até hoje se fala disso. Bolsonaro fez tudo para acirrar os ânimos ao máximo com uma live na noite de quinta, afirmando que tinha barrado a liberação de incentivos para filmes de temática LGBTQIA+ e que já teria “degolado todo mundo” se as cabeças da Ancine “não tivessem mandato”, utilizando-se da linguagem violenta para ameaçar o órgão responsável pelo incentivo à produção do cinema brasileiro. Por conta do governo extremamente ideológico de Bolsonaro – um PT ao avesso – , a política deve roubar a cena dos próprios filmes no evento, que vai acontecer até o dia 24 de agosto. Ainda assim, há muitos filmes. Ao todo, 19 longas e 34 curtas. Entre os sete longa-metragens da mostra competitiva nacional incluem-se a cinebiografia “Hebe — A estrela do Brasil”, de Maurício Farias, com Andréa Beltrão na pele da famosa apresentadora da TV brasileira, a dramédia “Veneza”, de Miguel Falabella, que acompanha a viagem dos sonhos de uma cafetina à cidade italiana, e “O Homem Cordial”, de Iberê Carvalho, suspense no qual Paulo Miklos interpreta um cantor de rock envolvido na morte de um policial. Além disso, o festival também homenageará quatro personalidades: o ator Lázaro Ramos, a atriz e cineasta Carla Camurati, o ator argentino Leonardo Sbaraglia e o artista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica. As homenagens serão acompanhadas pelos devidos discursos, alguns mais contundentes que outros. Confira abaixo a lista dos longas selecionados para as mostras competitivas do evento gaúcho. Filmes Brasileiros “Hebe – A Estrela do Brasil” (São Paulo) Direção: Maurício Farias “O Homem Cordial” (Distrito Federal) Direção: Iberê Carvalho “Pacarrete” (Ceará) Direção: Allan Deberton “Raia 4” (Rio Grande do Sul) Direção: Emiliano Cunha “Veneza” (Rio de Janeiro) Direção: Miguel Falabella “Vou Nadar Até Você” (São Paulo) Direção: Klaus Mitteldorf e Luciano Patrick “30 Anos Blues” (São Paulo) Direção: Andradina Azevedo e Dida Andrade Filmes Latino-Americanos “A Son of Man – La Maldición del Tesoro de Atahualpa” (Equador) Diretor: Jamaicanoproblem “Dos Fridas” (México e Costa Rica) Direção: Ishtar Yasin “El Despertar de las Hormigas” (Costa Rica) Direção: Antonella Sudasassi Furnis “En el Pozo” (Uruguai) Direção: Bernardo e Rafael Antonaccio “La Forma de las Horas” (Argentina) Direção: Paula de Luque “Muralla” (Bolívia) Direção: Rodrigo Alfredo Alejandro Patiño Sanjines “Perro Bomba” (Chile) Direção: Juan Caceres
Festival de Gramado divulga seleção de 2019 com Hebe e filme de Miguel Falabella
O Festival de Gramado anunciou a lista de títulos de sua mostra competitiva de 2019, marcada por um detalhe triste. Dois dos curadores responsáveis pela seleção faleceram recentemente: a argentina Eva Piwowarski, que morreu em janeiro, e Rubens Ewald Filho, falecido em junho. Apesar da nota fúnebre, o jornalista Marcos Santuario, que também assina a curadoria desde 2013, celebrou um recorde de filmes inscritos (195, contra 111 no ano passado) e o fato de o orçamento se manter o mesmo da edição anterior, R$ 4 milhões, apesar do caos criado pelo governo, com o corte dos apoios estatais – “Há festivais com centenas de inscritos com situação de não acontecer”, afirmou ele durante entrevista coletiva. O evento gaúcho, que acontece entre 16 e 24 de agosto, exibirá ao todo 19 longas e 34 curtas em competição. Além disso, o festival também homenageará quatro personalidades: o ator Lázaro Ramos, a atriz e cineasta Carla Camurati, o ator argentino Leonardo Sbaraglia e o artista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica. Confira abaixo os longas selecionados. Filmes Brasileiros “Hebe – A Estrela do Brasil” (São Paulo) Direção: Maurício Farias “O Homem Cordial” (Distrito Federal) Direção: Iberê Carvalho “Pacarrete” (Ceará) Direção: Allan Deberton “Raia 4” (Rio Grande do Sul) Direção: Emiliano Cunha “Veneza” (Rio de Janeiro) Direção: Miguel Falabella “Vou Nadar Até Você” (São Paulo) Direção: Klaus Mitteldorf e Luciano Patrick “30 Anos Blues” (São Paulo) Direção: Andradina Azevedo e Dida Andrade Filmes Latino-Americanos “A Son of Man – La Maldición del Tesoro de Atahualpa” (Equador) Diretor: Jamaicanoproblem “Dos Fridas” (México e Costa Rica) Direção: Ishtar Yasin “El Despertar de las Hormigas” (Costa Rica) Direção: Antonella Sudasassi Furnis “En el Pozo” (Uruguai) Direção: Bernardo e Rafael Antonaccio “La Forma de las Horas” (Argentina) Direção: Paula de Luque “Muralla” (Bolívia) Direção: Rodrigo Alfredo Alejandro Patiño Sanjines “Perro Bomba” (Chile) Direção: Juan Caceres
Oscar 2019: Roma atinge recorde de indicações para filme estrangeiro na premiação
As indicações ao Oscar 2019 refletem uma internacionalização da premiação do cinema americana, marcada pela inclusão de diversos filmes de línguas estrangeiras em categorias importantes. Falado em espanhol, “Roma” foi o filme com mais destaque na lista divulgada nesta terça (22/1) pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. Disputando prêmios em 10 categorias, igualou o recorde de “O Tigre e o Dragão”, primeiro filme estrangeiro a obter uma dezena de indicações ao Oscar – venceu quatro em 2001. Além de “Roma”, o polonês “Guerra Fria”, de Pawel Pawlikowski, destacou-se em três categorias, incluindo Direção e Fotografia, em que enfrentará o filme de Cuarón. Os dois ainda disputarão com o alemão “Never Look Away’, de Florian Henckel von Donnersmarck, o Oscar de Melhor Fotografia. Os três filmes ainda fazem parte da acirrada categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira, que também inclui o drama libanês “Cafarnaum”, de Nadine Labaki, e o japonês “Assunto de Família”, de Hirokazu Kore-eda. Além destes, o filme japonês “Mirai” entrou na lista de Melhor Animação, a produção síria-alemã “Of Fathers and Sons” na disputa de Documentário, e o drama sueco “Border” na categoria de Melhor Maquiagem e Penteado. Para completar, a Academia indicou o grego Yorgos Lanthimos na disputa de Melhor Direção por “A Favorita”. Esta dramédia de época é, por sinal, uma produção britânica. E empatou com “Roma” em quantidade de nomeações ao Oscar 2019. Ambos são coproduções com os Estados Unidos, mas é relevante que um longa essencialmente mexicano e uma produção essencialmente britânica tenham dominando a premiação do cinema americana. E isto é sintomático da abertura cada vez maior da Academia para eleitores estrangeiros, privilegiando a visão de cineastas de vários cantos do mundo. Entretanto, com reflexos inesperados, já que os estrangeiros não valorizaram a produção independente americana. Vale reparar, por isso, que os filmes estrangeiros são os que possuem maior aprovação da crítica entre os títulos que disputam o Oscar 2019. E isto se dá pela ausência maciça de representantes do cinema de qualidade feito nos Estados Unidos. No lugar de filmes independentes premiados, o Oscar estendeu seu tapete vermelho para obras americanas mais convencionais, de sucesso comercial e apelo popular, como “Pantera Negra”, “Bohemian Rhapsody” e “Nasce uma Estrela”, conhecidas por todo mundo.
Guillermo Del Toro vai produzir remake do terror argentino Aterrorizados
O diretor Guillermo Del Toro, vencedor do Oscar 2018 por “A Forma da Água”, vai produzir um remake do elogiado terror argentino “Aterrorizados” (2017). A refilmagem em inglês está a cargo do diretor do longa original, Demián Rugna, e contará com roteiro de Sacha Gervasi (“Hitchcock”, “Meu Jantar com Hervé”). Para marcar o acordo, a equipe posou para a foto abaixo. “Aterrorizados” acompanha investigadores do paranormal que tentam desvendar fenômenos sobrenaturais que têm assombrado os moradores de uma região de Buenos Aires, capital da Argentina. O remake de “Aterrorizados” não tem previsão de estreia. O filme original é inédito em circuito comercial brasileiro, mas teve première nacional no festival Fantaspoa. A produção venceu os festivais fantásticos de Austin e de Montevidéu. A versão americana será a segunda parceria de Del Toro com um cineasta argentino. Ele lançou a carreira de Andy Muschetti, ao produzir o longa-metragem baseado no curta original do diretor, “Mama”. Após estrear com o “Mama” americano em 2013, Muschetti comandou “It: A Coisa” (2017) e bateu o recorde de bilheteria do gênero terror. Veja o trailer do filme original abaixo.
Uma Noite de 12 Anos relembra a repressão das ditaduras militares na América Latina
Nos anos 1960 e 1970, pipocaram ditaduras militares por toda a América Latina. Contavam com apoio civil relevante, internamente, e apoio decisivo internacional, em especial dos governos dos Estados Unidos, que atuavam como financiadores e capacitadores das ações de repressão. O que se viu no Brasil por longos 21 anos aconteceu no mesmo período, ainda que por menos tempo, na Argentina, no Chile e no Uruguai. Os níveis de violência, tortura e morte dos opositores variam bastante, mas os métodos se assemelham. Vivia-se o mesmo período de trevas e supressão da democracia, em todos os lugares. Assim como havia o terrorismo de Estado, também se desenvolveu a luta armada de resistência. O padrão de resposta à opressão também variou muito, mas com elementos comuns. No caso uruguaio, foram de 12 para 13 anos de ditadura, de 1972 a 1985, e a resistência armada foi protagonizada por um forte e ousado grupo de guerrilheiros urbanos, do movimento de libertação nacional conhecido como Os Tupamaros. O filme “Uma Noite de 12 Anos” trata da prisão e sequestro de três membros dos Tupamaros, que estiveram nas mãos dos militares nesse período. A saber: José Mujica, o Pepe (Antonio de la Torre, de “Os Amantes Passageiros”), que acabaria sendo eleito presidente do Uruguai em 2010, Eleuterio Fernandez Huidoro (Alfonso Tort, de “O Silêncio do Céu”), que depois foi senador e ministro, e o jornalista e escritor Maurício Rosencof (Chino Darín, também de “O Silêncio do Céu”). A prisão que eles amargaram por esses 12 anos é algo absolutamente inominável, como mostra o filme do diretor uruguaio, que vive na Espanha, Álvaro Brechner (“Sr. Kaplan”). A opressão é absoluta, desmedida. As condições de encarceramento em isolamento, desumanas e degradantes, sem nenhum respeito aos direitos humanos. Numa situação tal que é um milagre conseguir sobreviver sem enlouquecer. O filme mostra claramente esse dia a dia abominável, em que a tortura psicológica atua e complementa a tortura física, nas condições mais humilhantes que o ser humano pode conceber. Também mostra os poucos respiros que surgem na convivência humana, mesmo nessas condições. Inclui imagens de memória, sonho ou imaginação, que aliviam a carga dramática. Mas faz um retrato da desumanidade que é assustador. Como foi possível que todo aquele sofrimento pudesse gerar uma figura tão cativante quanto o presidente Pepe Mujica? É absolutamente incrível! Assistir a “Uma Noite de 12 Anos” é politicamente recomendável para entendermos a que ponto pode chegar o autoritarismo de um regime de força. Ainda que o filme seja sofrido e pesado – e não tenha uma intenção de exploração histórica do período, com referências ao que estava acontecendo tão perto, como o regime de terror de Pinochet no Chile, por exemplo. A entrega dos atores às filmagens das condições do cárcere ilegal compõe um retrato realista, que acaba tornando tudo muito claro e didático. Por se tratar de uma situação extrema, a que nenhum ser humano pode ser submetido – mas que continua acontecendo pelo mundo, em meio às guerras e perseguições de toda ordem – , resta-nos lutar pela preservação da democracia, para que, ao menos, possamos usufruir de um convívio civilizado que respeite a vida, a integridade e a dignidade das pessoas.
As Herdeiras é surpresa paraguaia premiada em Berlim e Gramado
Chela (Ana Brun) e Chiquita (Margarita Irún) são “As Herdeiras”. Juntas há 30 anos e já em idade avançada, dependem da venda de seus bens, herdados das famílias abastadas de ambas, para sobreviverem com dignidade. Ainda que não consigam manter o padrão sofisticado da classe alta de Assunção, elas têm uma relação homoafetiva aparentemente tranquila e as coisas caminham razoavelmente bem, apesar dos contratempos atuais. Dívidas não quitadas, porém, produzirão uma separação que dará origem a novas possibilidades e, quem sabe, desejos que se renovem. No meio disso, um modelo de transporte particular, ao estilo Uber, tem um grande peso na trama. “As Herdeiras” é audacioso na abordagem, apesar da aparência convencional e do ambiente discreto que cria. Tem uma narrativa bem construída, atrizes competentes, que dão o tom preciso às personagens e às situações. Tudo se passa em tom baixo, sem grandes sobressaltos. Mas a vida muda. E não é fácil reconhecer e aceitar isso. É um desafio que pode aparecer em qualquer momento da existência. Mesmo após um longo tempo de convívio, cuidadosamente protegido. O modesto cinema paraguaio, de poucas produções anuais e dependente do apoio de coproduções, como é o caso dessa, com Alemanha, Brasil e Uruguai, mostra aqui uma realização cinematográfica de peso, premiada em Berlim e Gramado. E que também pode ser vista como uma metáfora da elite de seu país, segundo o diretor Marcelo Martinessi.
Festival de Locarno exibirá quatro produções brasileiras
O Festival de Locarno 2018 anunciou sua seleção oficial, que conta com a participação de quatro produções brasileiras – duas delas em coprodução com outros países. O Brasil estará representado em três das cinco mostras competitivas do festival suíço. Na mostra principal, “Competição Internacional”, desponta “Tarde para Morir Joven”, coprodução com Chile, Argentina, Holanda e Catar dirigida pela chilena Dominga Sotomayor. Na mostra “Cineastas do Presente”, que reúne realizações de novos diretores com até dois filmes no currículo, estreia o inédito “Temporada”, de André Novais Oliveira, e a coprodução “Familia Sumergida”, da argentina María Alché. Na seção “Sinais de Vida”, dedicada à experimentação de linguagem, o destaque é “Sedução da Carne”, do veterano Júlio Bressane, com Mariana Lima. Vale lembrar que, no ano passado, o festival premiou o terror brasileiro “As Boas Maneiras”, de Juliana Rojas e Marco Dutra. A 71ª edição do Festival de Locarno vai acontecer de 1º a 11 de agosto, com uma homenagem especial ao astro americano Ethan Hawke, que receberá o Prêmio de Excelência pela carreira e exibirá seu mais recente filme como diretor, “Blaze”.
Rei transforma narrativa de épico histórico em cinema experimental
Quem tem o hábito de ver muitos filmes, tem hora que se cansa da repetição de temas, de personagens e, principalmente, da forma de tratá-los. Além de encontrar com frequência os mesmos atores e atrizes em papéis principais, sobretudo na produção de países dominantes no cinema, como Estados Unidos e França. As narrativas clássicas, que contam uma história com começo, meio e fim, nessa ordem, com finais felizes, estão em baixa. No entanto, recursos como ir e voltar no tempo ou misturar o real com o imaginado, sonhado ou desejado, não chegam a alterar muita coisa. A forma como os conflitos são resolvidos, correndo contra o tempo até o último minuto, já se tornou algo insuportável. Finais muito abertos e indefinidos nem sempre acrescentam algo ao espectador, além de confundi-lo. E por aí vai. Há grandes cineastas de talento que, usando a narrativa clássica, aliada à criatividade no uso das câmeras, no modo de filmar, produzem grandes obras. Em todo caso, é bom buscar novidades e estar aberto a provocações. Nem tudo o que é novo é bom, é claro, mas não custa conferir. Tudo isso a propósito de um filme experimental que chegou aos cinemas e que merece atenção. “Rei”, do chileno Niles Atallah, tem uma narrativa fragmentada, como a história que ele conta. Aborda um personagem francês, um aventureiro, que em 1860 partiu para a região de Araucanía, no sul do Chile, com a intenção de formar um reino e dele se tornar rei. Supostamente, com o aval do chefe indígena da região. Ao chegar lá, com a ajuda de um guia, descobre que esse chefe está morto e fica difícil justificar sua viagem diante do governo chileno, que o prende e o acusa de usurpação indevida de território e traição ao país, ainda que a região pretendida pelo aventureiro fosse inóspita e estivesse nas mãos dos indígenas. Teriam eles o direito de sagrá-lo rei de Araucanía e Patagônia? É uma história estranha, misto de realidade, fantasia, delírio. Uma coisa de sonhos, memórias perdidas, fantasmagorias. Registros precários e lendas sobre um estranho rei: Orélier-Antoine de Tounens. Para penetrar nessa curiosa e inusitada trama, em que faltariam muitos pedaços, o diretor de “Rei” se utiliza de sofisticadas filmagens, produzidas como filmes antigos, cheios de bolas, borrões, riscos, imperfeições na tela. Inclui fragmentos de filmes realmente existentes? Talvez. Mas não importa. Cria-se um mundo ilusório de pesquisa imagética, com referências a um passado remoto, anterior à criação do cinema. E filma-se, também, o que seria a reconstrução da saga do viajante francês em encenações atuais, com boa qualidade de imagens. O suposto julgamento pelo governo chileno é encenado com os personagens cobertos por máscaras grossas, o que impede qualquer representação realista dos supostos fatos. Descaracteriza a representação cênica dos atores, que fica resumida a bonecos falantes. O filme alterna esses fragmentos narrativos e as diferentes formas filmadas, sem pretender chegar a contar uma saga coerente ou completa. Mas reconstrói, ao menos parcialmente, a lenda e vai além da simples loucura ou delírio extravagante, para se perguntar: o que há de relevante e coerente em tudo isso? O que significa uma figura como essa, que ocupa a cena, quando já estaria desaparecendo de qualquer registro ou memória, se não fosse resgatada em um filme? Esse resgate é importante? Por quê? Enfim, não se trata de uma busca de respostas. Mas, sim, de um exercício de investigação e recuperação da memória e dos sonhos, matéria prima do humano e do coletivo. “Rei” foi vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Cinema Latino-Americano de Toulouse, na França, em 2017.
Uma Mulher Fantástica é o grande vencedor do Prêmio Platino 2018
O drama “Uma Mulher Fantástica” foi o grande vencedor do Prêmio Platino do Cinema Ibero-Americano, evento que almeja ser o Oscar das produções faladas em português e espanhol. A produção chilena venceu, ao todo, cinco prêmios, entre eles alguns dos principais da cerimônia: Melhor Filme, Direção e Roteiro para Sebastían Lelio, além de Melhor Edição e o esperado troféu de Melhor Atriz para Daniela Vega, com direito a tombo no palco. “Caí muitas vezes na vida, e tive oportunidade de sentir a humanidade daqueles que me ajudaram a levantar”, ela disse, aproveitando para criar uma metáfora. “Uma Mulher Fantástica” já tinha vencido o Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro, ocasião em que os telespectadores brasileiros da transmissão passaram a conhecer Daniela Vega como “aquela moça (que) na verdade é um rapaz”, na explicação do comentarista Rubens Ewald Filho. Realizada na noite de domingo (29/4) em um resort de Cancún, a premiação também rendeu um troféu para uma profissional brasileira. Renata Pinheiro venceu a categoria de Direção de Arte por “Zama”, coprodução entre Argentina e Brasil com direção da cineasta argentina Lucrecia Martel. E fez questão de demonstrar suas raízes tupiniquins com um “Lula livre”. Confira abaixo a lista completa dos premiados. Melhor Filme: “Uma Mulher Fantástica”, de Sebastían Lelio (Chile) Melhor Direção: Sebastián Lelio, por “Uma Mulher Fantástica” (Chile) Melhor Atriz: Daniela Veiga, por “Uma Mulher Fantástica” (Chile) Melhor Ator: Alfredo Castro, por “Los Perros” (Chile) Melhor Documentário: “Muchos Hijos, un Mono y un Castillo”, de Gustavo Salmerón (Espanha) Melhor Fotografia: Rui Poças, por “Zama” (Argentina/Brasil) Melhor Direção de Arte: Renata Pinheiro, por “Zama” (Argentina/Brasil) Melhor Edição: Soledad Salfate, por “Uma Mulher Fantástica” (Chile) Melhor Som: Guido Berenblum e Manuel de Andres, por “Zama” (Argentina/Brasil) Melhor Música Original: Alberto Iglesias, por “Cordilheira” (Argentina) Melhor Animação: “As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas”, de Enrique Gato e David Alonso (Espanha) Melhor Roteiro: Sebastián Lelio e Gonzalo Maza, por “Uma Mulher Fantástica” (Chile) Melhor Filme de Estreia: “Verano 1993”, de Carla Simón (Espanha) Prêmio ao Cinema de Educação de Valores: “Handia”, de Aitor Arregi e Jon Garaño (Espanha) Prêmio Honorário pela Carreira: Adriana Barraza (México) Melhor Minissérie ou Telessérie: “El Misterio del Tiempo” (Espanha) Melhor Atriz em Minissérie ou Telessérie: Blanca Suárez, por “Las Chicas Del Cable” (Espanha) Melhor Ator em Minissérie ou Telessérie: Julio Chávez, por “El Maestro” (Argentina)
Severina é uma das melhores surpresas do cinema brasileiro recente
Impressionante como as histórias de amor não se esgotam e se reinventam, passados tantos séculos. No caso de “Severina”, retorno de Felipe Hirsch (“Insolação”) à direção de cinema depois de um relativamente longo hiato, temos a história de amor de uma livreiro e uma ladra de livros em uma cidade do Uruguai. Ele (Javier Drolas, de “Medianeras”), cujo nome nunca é citado ao longo da narrativa, talvez tenha deixado aquela moça bonita roubar os livros por ela ser bonita. Na terceira vez, no entanto, ele não deixa passar. Até porque ele também tem interesse em conversar e saber quem é aquela jovem mulher, vivida por Clara Quevedo (da série “O Hipnotizador”). Ela afirma se chamar Ana, mas nunca sabemos se é esse mesmo seu verdadeiro nome. Um dos fortes atrativos da moça está no seu mistério. É pelo mistério que o livreiro se vê cada vez mais enredado em seus quereres, até virar uma obsessão capaz de levá-lo a fazer algo inimaginável. O amor está associado fortemente ao perdão nesta espécie de fábula que tem o sabor de um ótimo livro, desses que a gente faz questão de fazer anotações, marcar os trechos mais interessantes. Há diversos momentos no filme que inspiram vontade de dar uma pausa para fazer anotações, guardar certos diálogos ou mesmo citações. “Severina”, inclusive, já começa com uma inquietante epígrafe de Williams Carlos Williams. O prazer da palavra também está presente no uso do recurso da voice-over, acentuando o sentimento de melancolia do narrador. A narração é bem-vinda, até por trazer ideias muito boas reforçar o delírio amoroso – como quando o narrador diz que a vida é formada por coisas reais, coisas simples e coisas fantasmas. As coisas reais seriam aquelas de grande valor e pouco frequentes na vida da pessoa, as coisas simples são as situações rotineiras e as coisas fantasmas seriam aquelas terríveis, como a febre, dores e decepções terríveis. A divisão da narrativa por capítulos também se constitui em mais um namoro do cinema com a literatura, que pela própria história já seria óbvio. Os nomes dos capítulos ainda fornecem um misto de suspense e humor que traz não só um ar de espirituosidade à obra, mas também um sentimento de surrealidade, à medida que os gestos de amor do livreiro por Ana vão se intensificando. E intensificam também o nosso interesse e respeito por “Severina”, uma das melhores surpresas do cinema brasileiro recente.
Rampage opta pelo gigantismo para se destacar entre as estreias de cinema da semana
Maior estreia da semana, “Rampage – Destruição Total” chega em quase mil salas, apostando que a ocupação do espaço cinematográfico, overdose de marketing, monstros gigantes e a popularidade do astro Dwayne Johnson sejam capazes de transformar um lançamento genérico num blockbuster. Mas este não é um novo “Jumanji”. Apesar de baseado num jogo antigo de arcade, esta adaptação se leva a sério demais, com muitas explosões e expressões compenetradas, embora não passe, basicamente, de um amontoado de absurdos dignos da série “Zoo”, já cancelada. O filme é uma adaptação do velho game homônimo lançado em 1986, em que três criaturas gigantes (o macaco George, o lagarto Lizzy e o lobisomem Ralph) destruíam cidades e lutavam contra militares. E a trama não passa disso, com alguns vilões humanos para justificar “cientificamente” a transformação dos bichos em pseudo-Godzillas. A versão de cinema foi escrita pelos roteiristas Carlton Cuse e Ryan Condal (criadores da série “Colony”), marcando um reencontro entre Condal e Johnson após o fraco “Hércules” (2014). “Rampage”, por sinal, também é o terceiro filme do ator dirigido por Brad Peyton, que o comandou em “Terremoto: A Falha de San Andreas” (2015) e “Viagem 2: A Ilha Misteriosa” (2012). Todos muito bem-sucedidos nas bilheterias. E todos considerados medíocres pela crítica. Desta vez não é diferente, com apenas 49% de aprovação no Rotten Tomatoes. Os demais lançamentos chegam em circuito bem menor, após passarem por festivais internacionais. Clique nos títulos de cada filme para ver os trailers de todas as estreias. Novo filme de Roman Polanski A estreia mais convencional é “Baseado em Fatos Reais”, um thriller do veterano Roman Polanski. Trata-se da adaptação do livro homônimo de Delphine de Vigan, que venceu diversos prêmios literários em 2015, com roteiro de outro cineasta famoso, Olivier Assayas (“Personal Shopper”). Mas se essa combinação gera expectativa, ela logo se frustra ao entregar um amontoado de clichês do gênero, de “Mulher Solteira Procura” (1992) a “Louca Obsessão” (1990). Na trama, a esposa do diretor, Emmanuelle Seigner (“A Pele de Vênus”), vive o alter-ego de Delphine de Vigan, uma escritora que passa por um bloqueio criativo após o lançamento de seu último e bem-sucedido livro. O momento difícil é superado com a ajuda de uma nova e maravilhosa amiga, Elle, papel de Eva Green (“O Lar das Crianças Peculiares”). O problema é que a amiga, que trabalha como ghost writer, revela-se uma admiradora obsessiva que, em pouco tempo, tenta se intrometer no texto e até na vida íntima da escritora. Para não ficar no já visto, há uma pouco inesperada reviravolta. Cinema brasileiro premiado Em contraste, a frustração causada por “Aos Teus Olhos” é muito bem-vinda. A trama parece feita sob medida para estes tempos de acusações de abuso que geram movimentos e condenações nas redes sociais, combinando suspeita e drama sem conclusão fácil. A premissa é inspirada na peça espanhola “O Princípio de Arquimedes”, de Josep Maria Miró, mas o filme é brasileiro, escrito por Lucas Paraizo (de “Gabriel e a Montanha” e série “Sob Pressão”) e dirigido por Carolina Jabor (“Boa Sorte”). A trama gira em torno do personagem de Daniel de Oliveira (“Sangue Azul”), um professor de natação infantil acusado de abuso sexual pelos pais de um aluno. A acusação vem, como é praxe hoje em dia, pelas redes sociais. O post de uma mãe se torna viral e provoca um linchamento virtual imediato. A denúncia se espalha rapidamente na internet e até as pessoas mais próximas do protagonista, como a diretora da escola e um colega de trabalho, ficam em dúvida sobre suas ações e intenções. Esta história também aconteceu com o professor vivido por Mads Mikkelsen em “A Caça” (2012). A diferença é que o personagem brasileiro não é simpático e dá bandeira, embora isso apenas reforce o julgamento superficial das aparências. Exibido em diversos festivais nacionais e internacionais, “Aos Teus Olhos” venceu quatro troféus no Festival do Rio 2017: Melhor Ator (Daniel de Oliveira), Melhor Ator Coadjuvante (Marco Ricca, pai do menino supostamente abusado), Melhor Roteiro e Melhor Filme no Voto Popular. Também foi considerado o Melhor Filme brasileiro na Mostra de São Paulo. Logicamente, também é o melhor filme para ver neste fim de semana. Surpresas da América do Sul “Severina” também tem direção de brasileiro, Felipe Hirsch (de “Insolação”), mas é falado em espanhol e filmado no centro de Montevidéu, no Uruguai, onde o dono de uma livraria de poucos clientes se apaixona por uma musa fugidia, argentina como o escritor Jorge Luis Borges, que visita sua loja para roubar livros. Não há gênero mais convencional que a comédia romântica, portanto ver um filme anti-convencional partir das premissas desse gênero é digno de exaltação. Exibido no Festival de Locarno, é uma obra para amantes de literatura, cinema e também para os simplesmente amantes – de amar. Premiado em festivais latinos, “A Noiva do Deserto” marca a estreia de duas diretoras assistentes de sucessos argentinos, Cecilia Atán (assistente de “Táxi, um Encontro”) e Valeria Pivato (assistente de “Leonera”), no comando de um longa. A história, escrita pelas duas, gira em torno de uma mulher de 54 anos, que vê seu trabalho como doméstica em risco, conforme a crise econômica afeta a família que a emprega, deixando-a desnorteada e literalmente sem rumo. A história é bastante simples, mas se torna profunda com a interpretação formidável da chilena Paulina Garcia, que já tinha encantado no papel-título de “Gloria” (2013). Mestres orientais Completa a programação dois filmes de mestres orientais. “Antes que Tudo Desapareça” é uma sci-fi de Kiyoshi Kurosawa. O diretor japonês, que conquistou um séquito por seus terrores cultuados da virada do século – entre eles, “A Cura” (1997) e “Pulse” (2001) – , faz sua versão de “Invasores de Corpos” ao mostrar alienígenas que assumem identidades humanas para preparar uma invasão da Terra. Elementos de humor negro vem à tona em detalhes, como no que revela o segredo – uma mulher desconfia que seu marido se tornou gentil demais. Apesar da premissa conhecida, o resultado é esquisito o suficiente para ser puro Kurosawa. “O Dia Depois” também é puro Hong Sang-soo. É mais uma história de corações partidos do diretor sul-coreano, calcada na contemplação e na repetição, e marcada por algum detalhe estilístico – no caso, filmada em preto e branco, com edição fragmentada, para marcar passagens bruscas de tempo, e paralelos que visam destacar que o protagonista é um homem fadado a se repetir. No ano retrasado, Hong Sang-soo confessou em Cannes que só precisava de duas coisas para fazer um filme: atores e um restaurante/café/bar. Desta vez, é um confusão de identidades que dispara a indefectível discussão filosófica de bar-restaurante, típica do cinema de noodles e álcool de Sang-hoo. O evento acontece durante os primeiros dias de trabalho de uma funcionária recém-contratada numa pequena editora. O proprietário da empresa traía a mulher com outra funcionária. Por isso, sua esposa desconfiada aparece de surpresa e estapeia a nova funcionária, que não tem nada a ver com a história. É a deixa para o bar-restaurante, onde a conversa entre o patrão e a empregada se estende até o fim do filme.
Vencedor do Oscar, Uma Mulher Fantástica lidera indicações ao prêmio Platino do Cinema Ibero-Americano
O prêmio Platino, dedicado ao cinema Ibero-Americano, divulgou os indicados para sua premiação de 2018 e o filme chileno “Uma Mulher Fantástica”, vencedor do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, lidera a lista com mais categorias. Ao todo, o longa de Sebastián Lelio concorre a nove troféus, incluindo Melhor Filme, Direção e Atriz (Daniela Vega). O Brasil disputa o prêmio principal como uma coprodução, “Zama”, da argentina Lucrecia Martel, que foi o segundo filme com o maior número de indicações – aparece em oito categorias. Representante da Argentina no Oscar, “Zama” conta com nomes brasileiros no elenco e na equipe. A brasileira Renata Pinheiro, por exemplo, emplacou indicação em Melhor Direção de Arte. Já o cinema 100% nacional aparece na lista com “O Filme da Minha Vida” (na categoria de Melhor Trilha Sonora), “História Antes de uma História” e “Lino: Uma Aventura de Sete Vidas” (ambos como Melhor Animação), “Como Nossos Pais” (prêmio dedicado ao Cinema e Educação) e “Um Contra Todos” (Melhor Ator em Minissérie, para Julio Andrade). Os vencedores serão conhecidos dia 29 de abril, em cerimônia realizada no México. Confira abaixo todos os indicados. Indicados ao Prêmio Platino 2018 Melhor Filme “La Cordillera” (Argentina, Espanha) “A Livraria” (Espanha) “Últimos Dias em Havana” (Cuba, Espanha) “Uma Mulher Fantástica” (Chile, Espanha) “Zama” (Argentina, Brasil, Espanha, México, Portugal) Melhor Direção Álex de la Iglesia (“Perfectos Desconocidos”) Fernando Pérez (“Últimos Dias em Havana”) Isabel Coixet (“A Livraria”) Lucrecia Martel (“Zama”) Sebastián Lelio (“Uma Mulher Fantástica”) Melhor Ator Alfredo Castro (“Los Perros”) Daniel Giménez Cacho (“Zama”) Javier Bardem (“Amando Pablo”) Javier Gutiérrez (“El Autor”) Jorge Martínez (“Últimos Dias em Havana”) Melhor Atriz Antonia Zegers (“Los Perros”) Daniela Vega (“Uma Mulher Fantástica”) Emma Suárez (“Las Hijas de Abril”) Maribel Verdú (“Abracadabra”) Sofia Gala (“Alanis”) Melhor Roteiro Carla Simón (“Verano 1993”) Fernando Pérez e Abel Rodríguez (“Últimos Dias em Havana”) Isabel Coixet (“A Livraria”) Lucrecia Martel (“Zama”) Sebastián Lelio e Gonzalo Maza (“Uma Mulher Fantástica”) Melhor Trilha Sonora Alberto Iglesias (“La Cordillera”) Alfonso de Vilallonga (“A Livraria”) Derlis A. González (“Los Buscadores”) Juan Antonio Leyva, Magda Rosa Galbán (“El Techo”) Plínio Profeta (“O Filme da Minha Vida”) Melhor Animação “Deep” (Espanha, Bélgica, China) “El Libro de Lila” (Colombia, Uruguai) “História Antes de uma História” (Brasil) “Lino” (Brasil) “As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas” (Espanha) Melhor Documentário “Dancing Beethoven” (Espanha) “Ejercicios de Memoria” (Paraguai, Argentina, Alemanha, França) “El Pacto de Adriana” (Chile) “Los Niños” (Chile, França, Holanda) “Muchos Hijos, un Mono y un Castillo” (Espanha) Melhor Filme de Estreia “El Techo” (Nicarágua, Cuba) “La Defensa del Dragón” (Colômbia) “La Llamada” (Espanha) “La Novia del Desierto” (Argentina, Chile) “Mala Junta” (Chile) “Verano 1993” (Espanha) Melhor Edição Ana Plaff e Didac Palao (“Verano 1993”) Etienne Boussac (“La mujer del Animal”) Miguel Schverdfinger e Karen Harley (“Zama”) Rodolfo Barros (“Últimos Dias em Havana”) Soledad Salfate (“Uma Mulher Fantástica”) Melhor Direção de Arte Estefanía Larraín (“Uma Mulher Fantástica”) Mikel Serrano (“Handia”) Mónica Bernuy (“Verano 1993”) Renata Pinheiro (“Zama”) Sebastián Orgambide e Micaela Saiegh (“La Cordillera”) Melhor Fotografia Benjamín Echazarreta (“Uma Mulher Fantástica”) Javier Juliá (“La Cordillera”) Raúl Pérez Ureta (“Últimos Dias em Havana”) Rui Poças (“Zama”) Santiago Racaj (“Verano 1993”) Melhor Som Aitor Berenguer, Gabriel Gutiérrez e Nicolás De Poulpiquet (“Verónica”) Guido Berenblum (“Zama”) Sergio Bürmann, David Rodríguez e Nicolás De Poulpiquet (“El Bar”) Sheyla Pool (“Últimos Dias em Havana”) Tina Laschke (“Uma Mulher Fantástica”) Prêmio Platino ao Cinema e Educação em Valores “Como Nossos Pais” (Brasil) “Handia” (Espanha) “La Mujer del Animal” (Colômbia) “Mala Junta” (Chile) “Uma Mulher Fantástica” (Chile, Espanha) Melhor Série ou Minissérie “El Maestro” (Argentina) “El Ministerio del Tiempo” (Espanha) “Las Chicas del Cable” (Espanha) “Un Gallo para Esculapio” (Argentina) “Velvet Colección” (Espanha) Melhor Ator em Série ou Minissérie Asier Etxeandia, por Velvet Colección”) Júlio Andrade (“Um Contra Todos”) Julio Chávez (“El Maestro”) Luis Brandoni (“Un Gallo para Esculapio”) Peter Lanzani (“Un Gallo para Esculapio”) Melhor Atriz em Série ou Minissérie Aura Garrido (“El Ministerio del Tiempo”) Blanca Suárez (“Las Chicas del Cable”) Giannina Fruttero (“Ramona”) Kate Del Castillo (“Ingobernable”) Marta Hazas (“Velvet Colección”)












