Druk – Mais uma Rodada vence prêmio de Melhor Filme Europeu do ano
A Academia Europeia de Cinema (EFA, na sigla em inglês) consagrou “Druk – Mais uma Rodada” (Another Round), novo longa do diretor Thomas Vinterberg, como Melhor Filme Europeu do ano. Grande vencedor da cerimônia de premiação, que aconteceu de forma virtual na tarde deste sábado (12/12), “Druk – Mais uma Rodada” conquistou todos os quatro troféus a que concorria, incluindo ainda Melhor Direção, Roteiro (também de Vinterberg) e Ator (Mads Mikkelsen). O cineasta dinamarquês é um velho frequentador da premiação. Ele já tinha sido consagrado com o Prêmio Descoberta (da Crítica) em 1998 por um de seus primeiros longas, “Festa de Família”, e vencido o troféu de Roteiro por “A Caça”, em 2012. Mas é a primeira vez que leva o troféu principal dos European Awards, bem como o reconhecimento por ter feito a Melhor Direção do ano. Já Mads Mikkelsen venceu seu prêmio após bater na trave três vezes anteriormente. Ele chegou a ser considerado favorito por “A Caça”, após ser premiado no Festival de Cannes pelo papel, mas precisou fazer nova parceria com Vinterberg para ter seu talento reconhecido pela Academia. Um dos filmes mais elogiados de 2020, “Druk – Mais uma Rodada” também já tinha sido premiado no Festival de Londres, San Sebastian e Ghent. A trama gira em torno de Martin, interpretado por Mikkelsen, um tutor, marido e pai que já foi brilhante, mas se tornou apenas uma sombra de si mesmo após embarcar numa jornada alcoólica para testar uma teoria. A 33ª edição da premiação europeia também destacou a alemã Paula Beer como Melhor Atriz por seu trabalho em “Undine”, três anos após sua primeira indicação (por “Frantz”). Comandado pelo apresentador de TV alemão Steven Gätjen, que apresentou os prêmios em Berlim, com participação remota dos indicados, o evento ainda definiu a produção francesa “Un Triomphe”, de Emmanuel Courcol, como Melhor Comédia do ano, “Collective”, de Alexander Nanau, como Melhor Documentário, e “Josep”, de Aurel, como a Melhor Animação. A maioria dos premiados pela EFA ainda é inédita no Brasil, mas os assinantes da Netflix conhecem bem pelo menos um dos títulos: o terror espanhol “O Poço”, vencedor da categoria de Efeitos Visuais e que deu muito o que falar quando foi lançado em streaming no começo do ano. Veja abaixo a lista completa dos vencedores. Melhor Filme Europeu “Druk – Mais uma Rodada” Melhor Diretor Europeu Thomas Vinterberg, “Druk – Mais uma Rodada” Melhor Ator Europeu Mads Mikkelsen, “Druk – Mais uma Rodada” Melhor Atriz Europeia Paula Beer, “Undine” Melhor Roteirista Europeu Thomas Vinterberg & Tobias Lindholm, “Druk – Mais uma Rodada” Melhor Comédia Europeia “Un Triomphe”, de Emmanuel Courcol Melhor Animação Europeia “Josep”, de Aurel Melhor Documentário Europeu “Collective”, de Alexander Nanau Melhor Curta Europeu “All Cats Are Grey In The Dark”, de Lasse Linder Melhor Fotografia Europeia Matteo Cocco, de “A Vida Solitária de Antonio Ligabue” Melhor Edição Europeia Maria Fantastica Valmori, “Il Varco – Once More Unto the Breach” Melhor Desenho de Produção Europeu Cristina Casali, “The Personal History Of David Copperfield” Melhor Figurino Europeu Ursula Patzak, “A Vida Solitária de Antonio Ligabue” Melhor Cabelo e Maquiagem Europeus Yolanda Pina, Felix Terrero, Nacho Diaz, “La Trinchera Infinita” Melhor Trilha Sonora Europeia Dascha Dauenhauer, “Berlin Alexanderplatz” Melhor Som Europeu Yolande Decarsin, “Pequena Garota” Melhores Efeitos Visuais Europeus Inaki Madariaga, “O Poço” Prêmio EFA para Narrativa Inovadora Mark Cousins, “Women Make Film: A New Road Movie Through Cinema” Descoberta Europeia – Prêmio da Crítica Carlo Sironi, “Sole” Prêmio de Coprodução Eurimages Luis Urbano
Festival Varilux de Cinema Francês exibe 18 filmes em 44 cidades
O Festival Varilux de Cinema Francês retoma seu projeto anual nesta quinta-feira (19/11) com a exibição de 18 longas em 44 cidades do Brasil. O evento, que começou em 2010 exibindo filmes franceses em 9 localidades, no ano passado chegou a 84 municípios do país, mas a verdade é que a edição atual quase não aconteceu, devido à pandemia de coronavírus. Originalmente prevista para junho, a programação foi suspensa e os organizadores utilizaram a data para lançar um evento digital com títulos das seleções passadas. Desta vez, porém, o festival é para valer, presencial e com filmes inéditos, produzidos entre 2019 e 2020. Os títulos incluem campeões de bilheteria e longas premiados, entre dramas, comédias, suspenses, uma animação e um documentário. Além disso, a programação destaca a exibição de um grande clássico da nouvelle vague, “Acossado” (1960), obra-prima de Jean-Luc Godard com roteiro de François Truffaut, estrelada por Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg, que foi restaurada em comemoração aos 60 anos de seu lançamento. Entre os inéditos, os destaques são “Belle Époque”, de Nicolas Bedos, vencedor do César (o Oscar francês) de Roteiro Original e Atriz Coadjuvante (a veterana Fanny Ardant), e “Verão de 85”, de François Ozon, também presente na programação do Festival Mix Brasil. A lista inclui ainda filmes estrelados por Juliette Binoche (“A Boa Esposa”), Chiara Mastroianni (“A Garota da Pulseira”), Louis Garrel (“DNA”) e Vincent Cassel (“Mais que Especiais”). Além disso, os organizadores farão nesta sexta (20/11) uma exibição digital de “Sou Francês e Preto”, de Jean-Pascal Zadi e John Wax, seguida de debate online, em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra – com transmissão no Facebook (http://pt-br.facebook.com/variluxcinefrances) e no YouTube do Varilux: https://www.youtube.com/user/variluxcinefrances”>https://pt-br.facebook.com/variluxcinefrances) e no YouTube (https://www.youtube.com/user/variluxcinefrances) do Festival Varilux. Confira a programação completa, com horários e locais, no site oficial: http://variluxcinefrances.com/2020/.
Filmes de streaming são os principais lançamentos de cinema no Brasil
As principais estreias de cinema desta quinta (19/11) no Brasil são filmes que tiveram apenas lançamentos digitais nos EUA. Já é o segundo fim de semana que o circuito apela para produções que o mercado americano reservou para o streaming. Isto ocorre porque, à exceção dos títulos da Universal (peculiaridade de um acordo com as redes exibidoras americanas), os grandes estúdios tiraram todos os seus filmes do calendário ou forçaram lançamentos simultâneos com plataformas online nos EUA, como reação à pandemia de covid-19. Vislumbrando o momento frágil do parque exibidor, os títulos mais atraentes foram para a internet. Mas como muitas das plataformas americanas ainda não foram inauguradas no Brasil, estes lançamentos ainda encontram espaço nas telas grandes daqui. Lançado na plataforma HBO Max, por enquanto inoperante no país, “A Convenção das Bruxas” é uma adaptação do clássico infantil “As Bruxas”, de Roald Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”), sobre um garoto que descobre que bruxas são reais e planejam transformar as crianças em ratos, começando por ele próprio. Esta história já rendeu um filme bem-sucedido, dirigido por Nicolas Roeg e protagonizado por Anjelica Houston em 1990. A nova versão tem direção de Robert Zemeckis (“De Volta ao Futuro”) e traz Anne Hathaway (“Interestelar”) no papel de bruxa principal – que ao ser retratada como deficiente acabou rendendo polêmica paraolímpica. Por sua vez, “Destruição Final – O Último Refúgio” entra em cartaz um mês antes de sua estreia para locação digital nos EUA. O filme de catástrofe apocalíptica estrelado por Gerard Butler (“Invasão a Casa Branca”) e Morena Baccarin (“Deadpool”) acompanha a correria de uma família para chegar a um abrigo militar supostamente seguro quando um cometa adentra a atmosfera, ameaçando extinguir toda a vida no planeta. Escrito por Chris Sparling, especialista em terrores baratos (“Enterrado Vivo”, “Armadilha”, “Por um Corredor Escuro”), o filme marca um reencontro de Butler com o ex-dublê Ric Roman Waugh, que recentemente o dirigiu em “Invasão ao Serviço Secreto”. O terceiro título de streaming dos cinemas é uma produção brasileira, “Cidade Pássaro”, de Matias Mariani, que ganhou lançamento internacional na Netflix em julho passado. Exibido na mostra Panorama do Festival de Berlim deste ano, trata-se de uma das produções nacionais mais elogiadas de 2020, que desembarca nas telas brasileiras após atingir 100% de aprovação no Rotten Tomatoes – embora com apenas 10 críticas somadas. O drama conta a história um imigrante nigeriano que viaja à São Paulo em busca de seu irmão, o primogênito de uma família da etnia Igbo, e descobre que ele mentiu sobre sua vida no Brasil. O protagonista OC Ukeje é um ator de destaque em Nollywood, a indústria cinematográfica da Nigéria, com papéis em mais de 30 filmes, enquanto Chukwudi Iwuji já se projetou em produções americanas, aparecendo em “Designated Survivor” e na premiada minissérie “Olhos que Condenam” (When They See Us). De última hora, a Netflix ainda anunciou “Mank” como um dos lançamentos da semana, em circuito limitado. Dirigido por David Fincher (“Garota Exemplar”) e estrelado por Gary Oldman (vencedor do Oscar por “O Destino de uma Nação”), o filme conta a história de Herman J. Mankiewicz, roteirista do clássico “Cidadão Kane”, com várias histórias dos bastidores lendários da produção do longa de Orson Welles. Cotado para o Oscar, o filme chega à Netflix em 4 de dezembro. A programação também destaca um filme que, parece mentira, sempre foi pensado para o cinema, “O Caso Collini”, drama jurídico alemão que acompanha o primeiro caso de um advogado iniciante, que, ao defender um acusado de homicídio, acaba desvendando um dos maiores escândalos judiciais do país. Prato cheio para quem gosta de dramas de tribunais, o filme tem 83% de aprovação no Rotten Tomatoes. A lista tem ainda um filme gospel com o astro de “Riverdale” KJ Apa e um documentário sobre a primeira militar transexual brasileira. Além disso, o drama brasileiro “Casa de Antiguidades”, exibido no Festival de Cannes, terá uma sessão especial exclusiva de uma semana no Petra Belas Artes, em São Paulo. A estreia comercial do longa só vai acontecer em 2022. E o Festival Varilux de Cinema Francês retorna com sessões presenciais. Confira abaixo os trailers das estreias deste fim de semana. Convenção das Bruxas | EUA | 2020 Destruição Final – O Último Refúgio | EUA | 2020 Cidade Pássaro | Brasil | 2019 Mank | EUA | 2020 O Caso Collini | Alemanha | 2019 Enquanto Estivermos Juntos | EUA | 2020 Maria Luiza | Brasil | 2019 Casa de Antiguidades | Brasil | 2020 Festival Varilux | França | 2020
Nelly Kaplan (1931 – 2020)
A cineasta e escritora franco-argentina Nelly Kaplan, que levou surrealismo e sexualidade à nouvelle vague, faleceu nesta quinta (12/11) aos 89 anos, vítima da covid-19, em um hospital de Genebra. Kaplan tinha viajado à Suíça para acompanhar seu companheiro, o ator e produtor Claude Makowski, que faleceu em agosto em consequência do mal de Parkinson. Desde então, permanecia em uma casa de repouso no país, onde contraiu o coronavírus. Nascida em Buenos Aires em 1931, numa família de judeus russos, ela se mudou para a França aos 22 anos, onde começou a colaborar com o famoso e veterano diretor Abel Gance (“Napoleon”). Ela foi assistente de Gance em vários projetos, incluindo “Austerlitz” (1960), e também o transformou em tema de um de seus primeiros filmes, um curta documental de 1963, além de um programa de TV em 1984. Ela fez uma série de curtas documentais sobre artistas renomados nos anos 1960, chegando a ganhar um prêmio no Festival de Veneza por “Le Regard Picasso” (1967), sobre Pablo Picasso. Paralelamente, começou a escrever ficções eróticas “anarco-feministas”, inicialmente sob pseudônimo, e que causaram tanto alvoroço que acabaram censuradas. Também desenvolveu trabalhos de jornalismo, crítica e teoria do cinema, enquanto a nouvelle vague começava a sacudir o cinema francês. Mas embora seus filmes se encaixassem confortavelmente nos parâmetros do movimento – são engraçados, sexy e politizados – , ela sempre adicionou um toque de surrealismo que os diferenciava. Kaplan ficou famosa com “A Noiva do Pirata”, exibido no Festival de Veneza de 1969. Cult idolatrado pelos cinéfilos de todo mundo, seu primeiro longa estabeleceu sua ambição como diretora e continua, ainda hoje, a ser o filme pelo qual é mais lembrada. A “história de uma bruxa dos tempos modernos”, nas palavras da realizadora, trazia Bernadette Lafont no papel de uma órfã que se vinga da aldeia mesquinha onde sua mãe foi explorada. O filme foi quase banido dos cinemas porque a personagem principal – uma prostituta empoderada – não era punida por suas escolhas. A própria Kaplan lutou contra os censores e acabou aceitando uma classificação para maiores de 18 anos que permitiu que a produção fosse lançada. Sua filmografia cresceu com “Papa les P’tits Bateaux” (1971), “Néa” (1976), “Charles e Lucie” (1979), “Plaisir d’amour” (1991), e o telefilme “Pattes de Velours” (1987). À exceção da comédia de 1979, eram celebrações da sensualidade feminina. Ela também escreveu roteiros para vários projetos do cineasta Jean Chapot (1930–1998), encerrando a carreira com uma minissérie póstuma do diretor, em 1999. Amante de escritores, como o surrealista André Breton, a cineasta teve em Claude Makowski um companheiro para toda a vida. Cinéfilo militante, ele ajudou a escrever, produziu e atuou na maioria de seus filmes, desde o célebre “A Noiva do Pirata”. Nelly Kaplan morreu três meses depois de seu funeral.
Três filmes lideram indicações ao prêmio da Academia Europeia de Cinema
A Academia Europeia de Cinema (EFA, na sigla em inglês) divulgou as indicações para seus prêmios de 2020, que serão entregues virtualmente em uma série de eventos online de 8 a 12 de dezembro. A lista é liderada pelo filme dinamarquês “Druk – Mais uma Rodada” (Another Round), o polonês “Corpus Christi” e o italiano “Martin Eden”, que receberam quatro indicações cada. Os três também disputam o troféu de Melhor Filme Europeu do ano com o tcheco “The Painted Bird” e os alemães “Berlin Alexanderplatz” e “Undine”. Além disso, os cineastas dos três filmes mais cotados, Thomas Vinterberg (“Another Round”), Jan Komasa (“Corpus Christi”) e Pietro Marcello (“Martin Eden”), concorrem ao prêmio de Melhor Direção, que ainda inclui na seleção os veteranos Agnieszka Holland (“Charlatan”), François Ozon (“Summer of 85”) e Maria Sødahl (“Hope”). Algumas categorias tiveram seis indicações, em vez das cinco tradicionais, e a Academia justificou a mudança como forma de chamar atenção para mais produções europeias durante o atual período de crise do cinema, causada pela pandemia de coronavírus. Os vencedores serão escolhidos pelos 3,8 mil membros da EFA em votação digital. Confira abaixo a lista dos indicados aos principais prêmios, divulgada pela EFA em suas redes sociais. Ver essa foto no Instagram Congratulations to the nominees of the 33rd European Film Awards that were just announced at @festivalsevilla! The 33rd European Film Awards will be celebrated over 5 nights, with online events that celebrate the nominees and winners of the various categories, from the 8th to the 12th of December. The entire programme will be streamed live on our website and through an international network of streaming and broadcasting partners. #efa2020 Uma publicação compartilhada por European Film Awards (@eurofilmawards) em 10 de Nov, 2020 às 3:24 PST The nominees for European Documentary 2020 are:ACASĂ, MY HOME by Radu CiorniciucCOLLECTIVE by Alexander NanauGUNDA by Victor KossakovskyLITTLE GIRL by Sébastien LifshitzSAUDI RUNAWAY by Susanne Regina MeuresTHE CAVE by Feras Fayyad#efa2020 pic.twitter.com/zpMMYRgxAE — European Film Awards (@EuroFilmAwards) November 10, 2020 The nominees for European Short Film 2020 are:ALL CATS ARE GREY IN THE DARK by Lasse LinderGENIUS LOCI by Adrien MérigeauPAST PERFECT by Jorge JácomeSUN DOG by Dorian JespersUNCLE THOMAS, ACCOUNTING FOR THE DAYS by Regina Pessoa#efa2020 pic.twitter.com/o346xsfpl4 — European Film Awards (@EuroFilmAwards) November 10, 2020
Anne Hathaway e Jessica Chastain serão vizinhas rivais em remake de thriller belga
As atrizes Anne Hathaway (“Convenção das Bruxas”) e Jessica Chastain (“X-Men: Fênix Negra”) vão viver vizinhas rivais no suspense “Mother’s Instinct”, remake americano do thriller belga “Instinto Materno” (2018). O filme tem direção do belga Olivier Masset-Depasse, que filmou a história original e fará sua estreia em Hollywood, após seu longa vencer nove prêmios Magritte na Academia Belga, inclusive Melhor Filme e Direção. A trama começa com as Alice (Chastain) e Celine (Hathaway) como melhores amigas nos anos 1960. Ambas vivem um vida de cartão postal suburbando, com gramados bem cuidados, maridos bem-sucedidos e filhos da mesma idade. Porém, a harmonia desta vida aparentemente perfeita é repentinamente destruída após um trágico acidente. Culpa, suspeita e paranoia entram em jogo para desfazer o vínculo de Alice e Celine, que viram rivais e iniciam uma batalha psicológica, em que o instinto maternal de cada uma delas revela seu lado mais sombrio. O roteiro americano está a cargo de Sarah Conradt-Kroehler (da série “50 States of Fright”), que vai adaptar a fonte original da história, o romance “Derrière La Haine”, da escritora Barbara Abel. A produção ainda não possui previsão de estreia. Veja abaixo o trailer do longa de 2018, disponível em várias plataformas de locação digital no Brasil.
James McAvoy fará remake de thriller francês na base de improvisação
O estúdio STX vai produzir o remake do thriller francês “Mon Garçon” (2017), que juntará James McAvoy (“X-Men: Apocalipse”) e Claire Foy (“Millennium: A Garota na Teia de Aranha”) em seu elenco. A versão em inglês será dirigida por Christian Carion (“Feliz Natal”), que também dirigiu o longa original. McAvoy tem o papel principal. Quando seu único filho desaparece, ele viaja para a cidade onde mora sua ex-mulher (Foy) em busca de respostas. O detalhe é que, para interpretar um homem cuja vida está envolta em mistério, McAvoy não receberá roteiro com diálogos. Ele terá consciência apenas de aspectos básicos da história, e terá que improvisar e reagir a cada momento em que a filmagem se desenrola. Já o resto do elenco e da equipe estarão cientes das cenas. Carion dirigiu o filme original da mesma forma, com seu protagonista francês (Guillaume Canet) improvisando o papel. “Estamos entusiasmados por trabalhar com Christian para criar ‘My Son’ para o público mundial”, disse Adam Fogelson, presidente do STXfilms Motion Picture Group, no comunicado do projeto. “James fará o trabalho de detetive do filme em tempo real, diante das câmeras, para criar uma tensão real neste thriller. Gostamos de apoiar histórias ousadas e inovadoras como ‘My Son’, e Claire não poderia ser uma escolha mais espetacular para este filme que certamente emocionará o público”, completou. As filmagens está previstas para começar em novembro na Escócia. Veja abaixo o trailer do filme original.
Filme inspirado pela vida de Céline Dion ganha primeiro trailer
A Gaumont divulgou o pôster e o trailer de “Aline”, um drama musical francês inspirado pela vida da cantora Céline Dion. O filme tem roteiro, direção e é estrelado pela estrela francesa Valerie Lemercier (“50 São os Novos 30”). Ela interpreta a Aline do título, uma cantora fictícia que tem uma vida bastante parecida com a de Céline Dion. A trama acompanha a artista desde a infância no Canadá, na região do Quebec durante a década de 1960, passa por sua transformação em cantora nos anos 1980 e segue até seu estrelado, enfatizando seu romance e seu casamento com o empresário bem mais velho que a descobriu. Na vida real, Céline se casou com o homem que a descobriu e apostou tudo no seu sucesso, René Angélil, falecido em 2016. A estreia está marcada para 18 de novembro na França.
Juliette Gréco (1927 – 2020)
A cantora e atriz francesa Juliette Gréco, musa do existencialismo, morreu nesta quarta feira (23/9) aos 93 anos, em sua casa em Ramatuelle, na França. Ela foi símbolo de resistência, mas também ícone da moda, uma artista que simbolizou o “radical chique” da boemia parisiense. Foi grande amiga do casal formado pelo filósofo Jean-Paul Sartre e a escritora feminista Simone de Beauvoir, e também amante da lenda do jazz Miles Davis e do poderoso produtor de Hollywood Darryl F. Zanuck. Sua rebelião começou na adolescência e lhe rendeu prisão, com apenas 16 anos, pela Gestapo, a polícia nazista, durante a ocupação alemã da França. Ela tomou o lugar da mãe e da irmã mais velha na Resistência Francesa, após as duas serem enviadas a um campo de concentração, e lutou pela libertação de seu país. Presa, só foi poupada dos campos de concentração e da deportação para a Alemanha por causa de sua idade. Mas suas experiências de guerra selaram uma aliança vitalícia com as causas da esquerda política. Após a guerra, ela virou cantora e passou a se apresentar nos chamados cafés existencialistas da época. Seus shows e presença marcante na noite parisiense foram imortalizados por alguns dos fotógrafos mais famosos de todos os tempos, como Robert Doisneau e Henri Cartier-Bresson, que transformaram seu look entristecido, sempre de roupas pretas, em modelo para a juventude beatnik. Ela também foi uma das primeiras mulheres a usar camisetas no dia-a-dia, numa época em que o visual era identificado como masculino. Juntava-se a isso um voz sombria, que a tornava a intérprete perfeita das canções de “fossa” compostas por Jacques Prévert (“Je Suis Comme Je Suis”, “Les Feuiles Mortes”), Jacques Brel (“Ça va la Diable”), Leo Ferré (“La Rue”) e, nos anos 1960, Serge Gainsbourg (“La Javanaise”). Mas até Jean-Paul Sartre e o escritor Albert Camus escreveram letras para ela cantar. Em 1952, ela veio pela primeira vez ao Brasil, apresentando-se no Rio de Janeiro, numa turnê que deveria durar 15 dias. Mas ela se apaixonou pelo país e não queria mais ir embora. Ficou meses e chegou a considerar o casamento com um amante brasileiro. Sua carreira, porém, só decolou para valer dois depois, quando foi convidada a se apresentar na sala de concertos Olympia de Paris – então o templo da música popular francesa. Paralelamente, Gréco também se lançou como atriz, convidada pelos amigos cineastas e intelectuais para pequenos papéis, como em “Orfeu” (1950), de Jean Cocteau, e “Estranhas Coisas de Paris” (1956), de Jean Renoir, entre muitos outros filmes. Até que a indústria cinematográfica francesa passou a vê-la como protagonista, escalando-a como estrela de filmes como “Quando Leres Esta Carta” (1953) e “Rapto de Mulheres” (1956). Logo, ela começou a ser cortejada por Hollywood. Ou, mais especificamente, cortejada por Darryl F. Zanuck, o chefão da 20th Century Fox, que a importou para o filme “E Agora Brilha o Sol” (1957), de Henry King, superprodução com um dos elencos mais grandiosos da época – Tyrone Power, Ava Gardner, Errol Flynn, Mel Ferrer, etc. Juliette Gréco acabou promovida a protagonista de Hollywood em seu filme seguinte, “Raízes do Céu” (1958). Ela aparecia seminua no pôster, envolta numa toalha e com Errol Flynn, o grande machão do cinema americano, prostrado a seus pés. Zanuck apostava em consagrá-la, mas o filme enfrentou um grande problema de bastidores. Rodado na África equatorial, ficou mais conhecido pelas bebedeiras de Errol Flynn, pelo surto de malária que afligiu o elenco e pela ausências do diretor John Huston, que preferia caçar a seguir cronograma de filmagens. Foi um desastre e a produção teve que ser finalizada num estúdio em Paris, com a maioria dos atores febris. Para completar, Zanuck ainda decidiu realizar sua montagem em Londres, para ficar próximo de Gréco, enquanto ela fazia sua estreia no cinema britânico, no thriller “Redemoinho de Paixões” (1959). O próprio Zanuck escreveu o filme seguinte de sua musa, a adaptação de “Tragédia num Espelho” (1960), em que ela foi dirigida por Richard Fleischer e contracenou com Orson Welles. Fleischer também a comandou em “A Grande Cartada” (1961), mas sua carreira hollywoodiana não foi o sucesso esperado. Contratada como atriz, ninguém esperava que ela cantasse em seus filmes, e isso pode ter lhe frustrado. Não por acaso, o maior clássico de cinema de sua carreira foi uma produção em que interpretou a si mesma, cantando em inglês a música-título de “Bom Dia, Tristeza”, numa pequena cena do famoso filme estrelado por Jean Seberg em 1958. Ela acabou voltando para a França, onde estrelou mais alguns filmes. Mas foi uma minissérie francesa que lhe deu seu maior reconhecimento como atriz: “Belphegor – O Fantasma do Louvre”, um mistério sobrenatural de 1965 sobre um fantasma que assombrava o museu do Louvre. Gréco ainda atuou na superprodução “A Noite dos Generais” (1968), um suspense passado durante a 2ª Guerra Mundial e estrelado por Peter O’Toole e Omar Sharif, e na comédia “Le Far-West” (1973), escrita, dirigida e protagonizada por seu colega cantor Jacques Brel, antes de se afastar do cinema por um quarto de século. Sua carreira nas telas só foi retomada em 2001 por conta de uma homenagem, ao ser convidada a figurar rapidamente numa nova versão de sua célebre minissérie, lançada no cinema com o título de “O Fantasma do Louvre” e com Sophie Marceau em seu papel original. Depois disso, ela ainda estrelou um último filme, o alemão “Jedermanns Fest”, ao lado de Klaus Maria Brandauer no ano seguinte. No período em que se afastou das telas, a artista priorizou a música. Em 1981 foi praticamente expulsa do Chile, então sob a ditadura de Augusto Pinochet, por cantar canções censuradas pelo regime militar. Apesar de muitos amantes conhecidos, entre homens e até mulheres famosas, ela também foi uma esposa dedicada. Casou-se três vezes: brevemente em 1953 com o ator Philippe Lemaire, com quem teve uma filha (Laurence-Marie, falecida em 2016), depois, com o famoso ator Michel Piccoli entre 1966 e 1977 e, por fim, vivia desde 1988 com o pianista e compositor Gérard Jouannest, que co-escreveu algumas das melhores canções de Jacques Brel, incluindo “Ne Me Quitte Pas”. Ela seguiu cantando até os 89 anos, quando sua carreira foi encerrada por um derrame. A causa da morte não foi divulgada.
Michael Lonsdale (1931 – 2020)
O ator Michael Lonsdale, que ficou conhecido como o herói de “O Dia do Chacal” e o vilão de “007 Contra o Foguete da Morte”, morreu nesta segunda-feira (21/8) em sua casa em Paris aos 89 anos, após uma carreira de seis décadas. Filho de pai britânico e mãe francesa, Lonsdale cresceu em Londres e no Marrocos, onde descobriu o cinema de Hollywood em sessões com as tropas americanas durante a 2ª Guerra Mundial, mas só foi se dedicar às artes ao regressar a Paris em 1947, por influência de seu tio Marcel Arland, diretor da revista literária NRF. Ele estreou no teatro aos 24 anos e logo se mostrou interessado por experiências radicais, em adaptações de Eugène Ionesco e em parcerias com Marguerite Duras. A estreia no cinema aconteceu em 1956, sob o nome Michel Lonsdale. Ele participou de várias produções francesas até sofrer sua metamorfose, virando Michael ao ser escalado por Orson Welles em “O Processo” (1962), adaptação do célebre texto de Kafka rodada na França com Anthony Perkins e Jeanne Moreau. Dois anos depois, voltou a ser dirigido na França por outro mestre de Hollywood, Fred Zinnemann, no drama de guerra “A Voz do Sangue” (1964). Mas apesar da experiência com dois dos maiores cineastas hollywoodianos, decidiu retomar o nome Michel e mergulhar no cinema de arte francês, atuando em clássicos da nouvelle vague como “A Noiva Estava de Preto” (1968) e “Beijos Proibidos” (1968), ambos de François Truffaut, “Sopro no Coração” (1971), de Louis Malle, e “Não me Toque” (1971) e “Out 1: Spectre” (1972), os dois de Jacques Rivette. Entretanto, Fred Zinnemann não o esqueceu e se tornou responsável por introduzi-lo no cinema britânico, ao lhe dar um papel de destaque na adaptação do thriller “O Dia do Chacal” (1973), como o obstinado detetive Lebel, que enfrentou o vilão Carlos Chacal. Ele chegou a ser indicado ao BAFTA (o Oscar britânico), mas não foi desta vez que voltou a ser Michael, permanecendo no cinema francês com papéis em “Deslizamentos Progressivos do Prazer” (1974), de Alain Robbe-Grillet, e “O Fantasma da Liberdade” (1974), de Luis Buñuel, onde chegou a mostrar seu traseiro em cenas sadomasoquistas, pelo “amor à arte”. Paralelamente, aprofundou sua relação com a escritora Marguerite Duras, estrelando quatro filmes que ela dirigiu: “Destruir, Disse Ela” (1969), “Amarelo o Sol” (1971) e “India Song” (1975), onde se destacou como um vice-cônsul torturado, repetindo o papel em “Son Nom de Venise dans Calcutta Désert” (1976). No mesmo ano de “India Song”, que o projetou como protagonista, Lonsdale estrelou o clássico “Sessão Especial de Justiça” (1975), de Costa-Gravas, cuja denúncia do sistema penal à serviço de governos corruptos (no caso, da França ocupada por nazistas) rendeu discussões acaloradas – assim como censura – em vários países. A repercussão do filme de Costa-Gravas o projetou para além da França, levando-o a trabalhar com o inglês Joseph Losey (“Galileu”, “A Inglesa Romântica” e “Cidadão Klein”) e o austríaco Peter Handke (“A Mulher Canhota”), o que o colocou no radar dos produtores da franquia “007”. Em “007 Contra o Foguete da Morte” (1979), Lonsdale viveu o diabólico Drax, um industrial bilionário e pianista, que pretendia envenenar a população da Terra e, em seguida, repovoar o planeta com alguns escolhidos, que ele selecionou para viver em sua estação espacial. O ator comparou seu personagem a Hitler em uma entrevista de 2012. “Ele queria destruir todo mundo e fazer surgir uma nova ordem de jovens muito atléticos… ele estava completamente louco.” Para enfrentar o James Bond vivido por Roger Moore, Lonsdale decidiu voltar a ser Michael e assim foi “adotado” pelo cinema britânico, aparecendo em seguida num dos filmes ingleses mais bem-sucedidos de todos os tempos, “Carruagens de Fogo” (1981). Lonsdale também participou do blockbuster “O Nome da Rosa” (1986) e de vários filmes notáveis dos anos seguintes, firmando parceria com o mestre do drama de época britânico James Ivory nos clássicos “Vestígios do Dia” (1993) e “Jefferson em Paris” (1995), no qual interpretou o imperador Luis XVI. Apesar do sucesso em inglês, ele nunca filmou nos EUA, mas trabalhou em mais três thrillers de diretores americanos famosos. Dois desses filmes foram dirigidos na Inglaterra por John Frankenheimer: “O Documento Holcroft” (1985), estrelado por Michael Caine, e “Ronin” (1998), em que contracenou com Robert De Niro. O terceiro foi “Munique” (2005), de Steven Spielberg, em cenas rodadas na França. Mesmo com essas experiências, ele nunca se interessou por Hollywood, preferindo trabalhar com cineastas europeus como Milos Forman (“Sombras de Goya”), François Ozon (“O Amor em 5 Tempos”), Catherine Breillat (“A Última Amante”), Ermanno Olmi (“A Aldeia de Cartão”), Xavier Beauvois (“Homens e Deuses”) e até o centenário cineasta português Manoel de Oliveira (no último longa do diretor, “O Gebo e a Sombra”). Ativo até 2016, quando se aposentou, Lonsdale só foi receber seu primeiro grande prêmio na véspera de seus 80 anos, o César (equivalente francês do Oscar) por seu papel coadjuvante como sacerdote livre e heroico em “Homens e Deuses” (2010). A consagração como homem de fé foi importante não apenas para a carreira de Lonsdale. Ele professava fé cristã pela influência de uma madrinha cega e, em 1987, ingressou na Renovação Carismática Católica antes de fundar o “Magnificat”, um grupo de oração para artistas. Solteiro e sem filhos, Lonsdale também foi pintor e emprestou sua voz inconfundível a inúmeros documentários e audiolivros.
Cineastas e imprensa francesa criticam ataque estrangeiro contra Lindinhas
Os cineastas e parte da imprensa da França resolveram se pronunciar após políticos conservadores dos EUA e também do Brasil ameaçarem o filme “Lindinhas” (Mignonnes) com investigações criminais e censura, além de endossarem campanhas de boicote à Netflix. Por meio da ARP, sociedade que representa autores, diretores e produtores na França, a indústria cinematográfica francesa condenou o que chama de “sério atentado à liberdade de criação”. Em comunicado divulgado nesta terça (15/9), a ARP afirma: “Este filme produzido na França, e posteriormente comprado pela Netflix… é emblemático da indispensável liberdade de expressão que o cinema, em toda a sua diversidade, necessita para abordar questões incômodas e, portanto, necessárias para o exercício da democracia”. “Em uma altura em que os americanos mais conservadores apelam ao boicote contra o filme ‘Lindinhas’, queremos dar o nosso apoio a Maïmouna Doucouré, a sua realizadora, que ganhou o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cinema de Sundance”, acrescenta a sociedade. Já o jornal Libération publicou um editorial em que afirma que o filme está sendo “instrumentalizado pela direita conservadora”. Para a publicação, as acusações de pedofilia disparadas contra o filme são surpreendentes para quem realmente viu o filme, o que não parece ser o caso dos que fazem campanhas contra ele, “seduzidos pelos temas do movimento QAnon”. O único problema, levanta o texto, partiu do setor de marketing da Netflix, ao escolher um cartaz de divulgação apelativo, bem diferente da imagem apresentada no lançamento do filme na França, onde não houve polêmica. A revista L’Express demonstrou sua perplexidade ao ponderar: “Premiado na Berlinale, mas também no festival de cinema independente Sundance, dos Estados Unidos, muitos críticos do mundo do cinema parecem ter entendido a mensagem do filme. Até a intervenção da extrema direita americana…” “Feminismo, Black Lives Matter, a questão do consentimento… ‘Mignonnes’ está muito em sintonia com os tempos!”, chegou a escrever a revista Paris Match, ao publicar uma entrevista com a diretora, antes da polêmica nos EUA. Por sua vez, a revista de cinema Première brincou: “‘Lindinhas’ foi convidado para a eleição americana”. A conclusão da revista State: “Dominado por uma polêmica completamente estéril, o filme de Maïmouna Doucouré é uma maravilha, que observa com delicadeza as tensões da adolescência feminina”. A Netflix assumiu sua culpa por ter criado o problema, pedindo desculpas pelo equívoco que deu origem à polêmica: um pôster que apresentava as meninas em trajes colantes, tentando fazer poses sensuais. A imagem, por sinal, é exatamente aquilo que o filme critica. No momento em que ela aparece no contexto do filme, as meninas são vaiadas por mães que se horrorizam com a performance sexualizada delas num concurso de danças. Isto serve de despertar para a protagonista, uma pré-adolescente que até então confundia sexualização com rebelião diante da cultura de submissão feminina de sua família religiosa. Segundo a cineasta Maïmouna Doucouré, a história é baseada um pouco em sua própria infância, como uma mulher negra de família senegalesa que cresceu na França, mas também na constatação de que crianças estão dançando “como costumamos ver em videoclipes” e imitando o comportamento adulto. Um dos vídeos mais vistos atualmente na internet é “WAP”, de Cardi B e Megan Thee Stallion, com coreografias similares às reproduzidas pelas meninas no filme. “Nossas meninas notam que, quanto mais uma mulher é excessivamente sexualizada nas redes sociais, mais ela tem sucesso. As crianças apenas imitam o que veem, tentando alcançar o mesmo resultado sem entender o significado”, disse Doucouré em um vídeo disponibilizado pela Netlix. “É perigoso”, ela acrescentou, dizendo que o filme era sua tentativa de chamar atenção para o problema.
Netflix incentiva detratores a verem Lindinhas
A Netflix divulgou um vídeo com bastidores e depoimento da diretora de “Lindinhas” (Cuties/Mignonnes), filme que a própria Netflix polemizou por vacilo de seu marketing. No vídeo, Maïmouna Doucouré, que também escreveu o filme, explica sua intenção com a obra e como se inspirou em sua própria história, em meio ao fogo-cruzado que vem se abatendo sobre ela na internet. Maïmouna Doucouré foi uma das primeiras mulheres negras a vencer o prêmio de Melhor Direção no Festival de Sundance e recebeu elogios rasgados da crítica internacional por seu trabalho – 88% de aprovação no Rotten Tomatoes – , mas por um equívoco calamitoso da Netflix acabou virando alvo de uma guerra cultural. Um cartaz da plataforma sensualizou as personagens pré-adolescentes da produção e deu outro sentido à obra. A Netflix assumiu o erro e pediu desculpas. Mas isso não arrefeceu campanhas ativas contra a produção na internet, que incentivam quem não o viu a dar “dislikes” e notas baixas em sites como o Rotten Tomatoes, IMDb e Metacritic, além de difundir hashtags pedindo boicotes. A diretora contou que tem recebido até ameaças de morte. Além do vídeo com a diretora, a Netflix também emitiu um novo comunicado junto com o lançamento, que aconteceu nesta sexta (11/9), incentivando os detratores a perceberem que o filme se preocupa com as mesmas coisas que os escandalizam. “‘Cuties’ é uma crítica social à sexualização de crianças. É um filme premiado, com uma história poderosa sobre a pressão que jovens meninas sofrem das redes sociais e da sociedade em geral enquanto crescem – e encorajamos qualquer pessoa que se importa com este tema fundamental a assistir ao filme”, diz o texto oficial. Por curiosidade, o filme acabou sendo lançado no Brasil com o título original, “Mignonnes” em francês, após toda a confusão. Mas durante a divulgação inicial, ele ficou conhecido como “Lindinhas” no país. Mudar o título não muda o filme, só mostra que o marketing da Netflix não funciona mesmo como deveria.










