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Globo tira “Elas por Elas” do ar após recorde negativo de audiência
A Globo tirou do ar a novela “Elas por Elas” neste sábado (4/11), um dia após a produção atingir seu recorde negativo de audiência. A trama, que é remake da novela homônima de 1982 de Cassiano Gabus Mendes, não foi transmitida devido à final da Copa Libertadores da América entre Fluminense e Boca Juniors. O confronto começou às 17h no Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, e avançou pelo horário da transmissão da atração. Na última sexta-feira (3/11), a novela marcou apenas 12 pontos no Ibope. Mas a situação pode ter sido agravada pelo clima, pois uma parte significativa da cidade de São Paulo, principal mercado para os índices de audiência, estava sem energia elétrica devido a uma forte tempestade. Até o momento, a direção da Globo não realizou intervenções na novela, diferentemente do que ocorreu com a trama das 19h, “Fuzuê”, que também amarga índices negativos. A transmissão da final da Copa Libertadores marcou o retorno da Globo na cobertura da disputa, após o SBT ter adquirido os direitos do torneio em 2020. Sem ir ao ar neste sábado, “Elas por Elas” terá sua exibição retomada na próxima segunda-feira (6/11), quando os telespectadores poderão acompanhar mais um capítulo inédito.
Remake de “Elas por Elas” contará trama censurada em 1982
O remake da novela “Elas por Elas” não será igual ao de “Pantanal”, que seguiu muito de perto a trama original. Desta vez, a Globo vai diferenciar a novela com uma reviravolta narrativa a partir do 100º capítulo, que passará a apresentar uma história inédita para o público. Os autores Alessandro Marson e Thereza Falcão ( “Nos Tempos do Imperador”) decidiram desenvolver um enredo do autor original, Cassiano Gabus Mendes, que foi censurado pela ditadura em 1982, envolvendo os personagens Jonas (Mateus Solano) e Adriana (Thalita Carauta). O conservadorismo da ditadura era tanto que uma história de amor, hoje banal, foi considerada imprópria pelos censores. A grande ironia é que as cenas censuradas na novela original das 19h serão agora exibidas às 18h sem qualquer problema. Contexto histórico Na versão resgatada da trama censurada em 1982, Jonas, que é casado com Helena (Isabel Teixeira), irá morar com Adriana após deixar a esposa. Vale lembrar o contexto histórico da época. A começar pelo fato de o divórcio só ter virado lei no Brasil em 1977, mesmo assim sob forte pressão contrária dos defensores dos valores da família, e permitido apenas para desquitados (já separados) e somente uma vez – a situação legal do divórcio de hoje é da Constituição de 1988. Naqueles tempos, os defensores da moral e dos bons costumes achavam um escândalo um homem se separar de uma mulher e depois viver com outra. Para completar, havia ainda outro complicador na história. Jonas tinha um filho com Helena, Giovanni (Filipe Bragança), que acaba se apaixonando por Isis (Rayssa Bratillieri), filha de Adriana. As faíscas desse namoro juvenil são um dos destaques da produção. Elenco e direção “Elas por Elas” gira em torno de sete mulheres de mais de 40 anos com diferentes personalidades, num reencontro depois de mais de duas décadas afastadas. As sete protagonisas são interpretadas por Maria Clara Spinelli (“A Força do Querer”), Karine Teles (“Manhãs de Setembro”), Deborah Secco (“Salve-se Quem Puder”), Késia Estácio (“O Silêncio da Chuva”), Mariana Santos (“Cara e Coragem”) Isabel Teixeira (“Pantanal”) e Thalita Carauta (“Todas as Flores”). O elenco ainda vai contar com Lázaro Ramos (“Mister Brau”) como o detetive atrapalhado Mário Fofoca, Mateus Solano (“Amor à Vida”) como Jonas e o retorno de Cassio Gabus Mendes (“Vale Tudo”) no papel do vilão Otávio. Já a direção artística é de Amora Mautner (“Vamp”). “Elas por Elas” estreia nesta segunda (25/9) no horário das 18h na Globo.
Locomotivas: Primeira novela das sete colorida ressurge em streaming
A plataforma de Globoplay resgatou nesta semana um grande clássico da teledramaturgia brasileira: “Locomotivas”, a primeira novela realizada à cores para a faixa das 19h na Globo. Após quase cinco décadas desde sua exibição original, todos os episódios foram disponibilizados em streaming. Escrita por Cassiano Gabus Mendes em 1977, a novela traz no elenco grandes nomes da época, como Aracy Balabanian, Lucélia Santos, Walmor Chagas, Eva Todor, Dennis Carvalho, Miriam Pires, Ilka Soares, Elizângela, Tony Correia e João Carlos Barroso. A trama central abordava a relação de Milena (Aracy Balabanian) e Fernanda (Lucélia Santos), mãe e filha criadas como irmãs que se apaixonam pelo mesmo homem, Fábio, interpretado por Walmor Chagas. Personagens marcantes Uma das curiosidades mais interessantes sobre a novela foi a estreia de Eva Todor na Globo. A atriz, que veio a falecer em 2017, estreou como a protagonista Kiki Blanche, uma ex-vedete e dona de um salão de beleza, que era mãe de Milena e também cuidava de Fernanda como se fosse sua filha. A personagem foi tão bem recebido que vários salões de beleza começaram a adotar o seu nome. Mais de 30 anos depois, Eva reviveu Kiki em uma participação na segunda versão de “Ti-Ti-Ti”, em 2010. Outra atriz que se destacou foi Lucélia Santos no papel da rebelde Fernanda. A expectativa em torno de Lucélia era grande, já que ela havia acabado de deslanchar em “Escrava Isaura”. Ela foi aclamada pelo público e seus penteados e looks adotados por Fernanda se tornaram tendência da moda.
Ilka Soares (1932–2022)
A atriz Ilka Soares morreu na manhã deste sábado (18/6) no Rio de Janeiro. Ela estava internada na Clínica São Vicente, na capital fluminense, onde fazia um tratamento contra o câncer. Nascida em 21 de junho de 1932, completaria 90 anos na terça-feira. Com uma carreira de mais de sete décadas, Ilka virou estrela ainda na adolescência. Aos 15 anos, disputou um concurso de beleza promovido pelo jornal O Globo, onde chamou atenção do diretor de fotografia Ugo Lombardi, pai de Bruna Lombardi, e foi convidada a fazer teste para o filme “Iracema”, adaptação da obra clássica de José de Alencar. O filme foi lançado dois anos depois, em 1949, com Ilka Soares no papel-título, “a virgem dos lábios de mel”. O sucesso da produção a fez ser disputada pelos principais estúdios de cinema do Brasil. Destacou-se principalmente em produções da Atlântida, como as chanchadas “Três Vagabundos” (1952) e “Pintando o Sete” (1960), ao lado do rei do humor Oscarito, além do drama “Maior Que o Ódio” (1951), em que contracenou com o grande galã da época, Anselmo Duarte. O romance entre Ilka e Anselmo acabou virando história de amor real. Os dois se casaram. Mas, unidos pelo cinema, também se separaram após a convivência seguida nas telas. Eles mantiveram a parceria em mais duas comédias musicais – “Carnaval em Marte” (1955) e “Depois Eu Conto” (1956) – e, por volta do lançamento da segunda, se separaram. Ilka também brilhou em produções do estúdio Vera Cruz, especialista em melodramas populares, atuando em “Esquina da Ilusão” (1953) e no blockbuster nacional “Floradas na Serra” (1954), junto à primeira dama do teatro brasileiro, Cacilda Becker. Famosa e considerada uma das mulheres mais bonitas do país, ela passou a ser requisitada para capas de revistas e campanhas publicitárias das melhores marcas, o que a transformou numa das primeiras (senão a primeira) supermodelo do Brasil. Recém-inaugurado no país, o primeiro canal da TV brasileira, Tupi, fez questão de escalá-la em seu programa mais prestigioso, o “Teleteatro Tupi”, encabeçado por Fernanda Montenegro. A atração que encenava peças teatrais foi um dos maiores sucessos da década de 1950 na televisão – num período em que toda a programação era ao vivo. Em 1963, ela se casou com Walter Clark, executivo da TV Rio, que em dezembro de 1965 assumiu a direção geral de um novo canal: a TV Globo. No ano seguinte, Ilka estreou na Globo, substituindo a atriz Norma Bengell na apresentação do programa “Noite de Gala”. Fez sucesso como apresentadora e passou por outras produções, com destaque para o “Festival Internacional da Canção”, exibido no final da década. Mas mesmo com a vasta experiência como atriz, só foi fazer novelas com mais de duas décadas de carreira e após sua separação de Walter Clark. Ela estreou no gênero em 1971, na novela “O Cafona”, de Braúlio Pedroso, em que interpretou uma mulher sofisticada, tipo de personagem que a acompanharia pelo resto da carreira. A partir daí, Ilka não parou mais, emplacando novela atrás de novela. Ensaiou virar rainha das 22h, estrelando quatro atrações quase consecutivas no horário: “O Cafona”, “Bandeira 2” (1971), “O Bofe” (1972) e “O Espigão” (1974). Mas a partir de “Anjo Mau” (1976) encontrou novo nicho nas “novelas das sete”, vindo a estourar com “Locomotivas” (1977), primeira produção colorida da faixa, como Celeste, uma quarentona sexy (na época em que isso era raro na TV) que formou par com um ator 15 anos mais novo, o galã Dennis Carvalho. Cassiano Gabus Mendes foi o primeiro dramaturgo da Globo a explorar a capacidade cômica da atriz, que ela tinha aprimorado nas chanchadas. Depois de “Locomotiva”, Ilka se tornou seu talismã, aparecendo em várias de suas novelas, como “Te Contei?” (1978), “Elas por Elas” (1982), “Champagne” (1983) e “Que Rei Sou Eu?” (1989). Fez tanto sucesso em papéis cômicos que, no final da década de 1970, foi integrar um dos principais humorísticos da história da Globo, o “Planeta dos Homens”, ao lado de comediantes consagrados como Jô Soares, Agildo Ribeiro e Paulo Silvino. Ilka, porém, não virou comediante e continuou atuando em novelas, chegando a aparecer em duas atrações simultâneas entre 1990 e 1991, “Rainha da Sucata” às oito e “Barriga de Aluguel” às seis. Apesar disso, fez só mais duas novelas em seguida: “Deus Nos Acuda” (1993) e “Pecado Capital” (1998). O fim do ciclo na Globo lhe permitiu participar da série “Mandrake”, da HBO, e voltar ao cinema. Desde sua estreia no canal, Ilka só tinha feito um filme: “Brasa Adormecida”, em 1987. Ela retomou a trajetória cinematográfica interrompida com três novos lançamentos: “Copacabana” (2001), “Gatão de Meia Idade” (2006) e “Vendo ou Alugo” (2013). A comédia de Betse de Paula lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival Cine-PE, aos 80 anos de idade, e também foi a sua despedida das telas. Em 2018, Ilka fez uma nova retomada em sua carreira, voltando a modelar aos 86 anos, em fotos de lançamento de uma coleção da grife The Paradise, desenvolvida por seu neto e estilista Thomaz Azulay. Uma delas pode ser vista abaixo, ao lado de uma imagem da era de ouro da atriz no cinema.
Mila Moreira (1949–2021)
Mila Moreira, uma das primeiras modelos a virar atriz no Brasil, morreu na madrugada desta segunda (6/12), na emergência do hospital CopaStar, no Rio, após sofrer uma gastroenterite em Paraty. Ela começou a carreira de modelo aos 14 anos, quando venceu o concurso Miss Luzes da Cidade, organizado pelo jornal Última Hora. Logo depois, foi contratada pela Rhodia e se tornou uma estrela dos eventos de moda feitos para promover os fios sintéticos da empresa. A carreira não a impediu de continuar os estudos e ela se formou Psicologia. Ser modelo também a colocou na TV, como jurada no programa do apresentador Chacrinha nos anos 1970. Sua desenvoltura chamou atenção e Mila acabou convidada para fazer novelas. Foram dezenas, a partir de “Marron Glacê”, em 1979, em que viveu a responsável pelo bufê que dava nome à produção. “Quando virei atriz, todo mundo criticava. Houve muito preconceito dos colegas. Achavam que eu era caso do Cassiano [Gabus Mendes, autor da novela]”, ela contou em entrevista à Folha de S. Paulo há cinco anos. Na verdade, ela tinha uma relação com Cassiano Gabus Mendes, mas de grande amizade, já que foi casada nos anos 1970 com o ator Luis Gustavo, cunhado do autor. Ela se separou de Luis Gustavo antes de virar atriz, mas nunca perdeu a amizade, chegando a contracenar com o ex em vários trabalhos de Gabus Mendes. Assim, acabou se tornando parte da família de atores favoritos do escritor, que a incluiu em praticamente todas suas novelas, geralmente em papéis de mulheres ricas, de grande classe. Mila saiu de “Marron Glacê” direto para “Plumas e Paetês” (1981), “Elas por Elas” (1982) e a série derivada “As Aventuras de Mário Fofoca” (1982), chegando até a fazer uma participação como ela mesma na novela “Ti Ti Ti” (1985), sobre o mundo da moda. A parceria seguiu por uma década, com “Champagne” (1983), “Que Rei Sou Eu?” (1989), “Meu Bem, Meu Mal” (1990) e “O Mapa da Mina” (1993), até a morte de Cassiano naquele ano. A atriz ainda participou de dois remakes póstumos do velho amigo: “Anjo Mau” em 1997 e “Ti Ti Ti” em 2010. Os trabalhos com Cassiano a fizeram ser reconhecida como atriz e ela não teve problemas em continuar a carreira, trabalhando com vários autores consagrados, como Gilberto Braga, com quem fez “Corpo a Corpo” (1984), “Paraíso Tropical” (2007) e a minissérie “Anos Rebeldes” (1992), Daniel Más em “Bambolê” (1987), Sílvio de Abreu, no fenômeno de audiência “A Próxima Vítima” (1995), Aguinaldo Silva em “A Indomada” (1997), Carlos Lombardi em “O Quinto dos Infernos” (2002), Ana Maria Moretzsohn em “Sabor da Paixão” (2003), Walther Negrão em “Como uma Onda” (2005), Manoel Carlos em “Viver a Vida” (2009), Alcides Nogueira em “Ciranda de Pedra” (2008) e o remake de “O Astro” (2011). Ela demorou, porém, a firmar uma segunda parceria tão forte como tinha com Cassiano. Isto só foi acontecer no final de sua carreira, com Maria Adelaide Amaral, de quem gravou as minisséries “Os Maias” (2001) e “JK” (2006), além das novelas “Um Só Coração” (2004), “Queridos Amigos” (2008), “Sangue Bom” (2013) e “A Lei do Amor” (2016), seu último trabalho na Globo. Na época, deu uma entrevista ao jornal O Globo, em que lamentou ainda ser chamada de ex-modelo. “Sabe há quanto tempo não piso numa passarela? 37 anos! Fui modelo durante 11, 12 anos e tenho que carregar isso para o resto da vida”, reclamou. Os 37 anos citados correspondem a sua carreira de atriz, em que fez praticamente uma novela atrás da outra. Tanto trabalho lhe deixou pouco tempo livro para se aventurar por outros meios de expressão. Ainda assim, encaixou três filmes, todos sucessos de bilheteria da década de 1980: “Os Saltimbancos Trapalhões” (1981), de J.B. Tanko, “Aguenta Coração” (1984), de Reginaldo Faria, e “Dias Melhores Virão” (1989), de Cacá Diegues.
Luis Gustavo (1934-2021)
O ator Luis Gustavo, que eternizou personagens memoráveis na TV brasileira, morreu neste domingo (19/9) em sua casa em Itatiba, no interior de São Paulo, aos 87 anos. Ele lutava contra um câncer desde 2018 e chegou a contrariar ordens médicas para fazer seu último trabalho, retomando um de seus papéis mais famosos, o Vavá no filme da série “Sai de Baixo”. Filho de um diplomata espanhol, Luis Gustavo Sánchez Blanco nasceu em Gotemburgo, na Suécia, e veio para o Brasil ainda criança. Sua entrada na indústria televisiva foi pelos bastidores. Quando a TV Tupi estreou em 1950, seu cunhado Cassiano Gabus Mendes, diretor artístico da emissora, convidou o então adolescente para ocupar uma vaga de caboman. Rapidamente, o jovem tornou-se assistente de direção e, aproveitando a doença de um ator nos tempos dos teleteatros feitos ao vivo, estreou diante das câmeras num episódio do programa “TV de Vanguarda”, em 1953. Três anos depois, foi a vez do cinema, com uma participação em “O Sobrado”, escrito pelo mesmo cunhado bacana. Passando a se dedicar exclusivamente à atuação, ele começou a acumular papéis em filmes, como o sucesso de Mazzaropi “Casinha Pequenina” (1963), em novelas da Tupi, como a popular “O Direito de Nascer” (1964), e até no teatro, vencendo um prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por sua atuação em “Quando as Máquinas Param”, de Plínio Marcos, em 1967. A grande virada de sua carreira aconteceu em 1968, quando virou protagonista da novela mais importante da história da TV brasileira. Luis Gustavo revolucionou a linguagem televisiva ao estrelar “Beto Rockfeller”, na TV Tupi, vivendo um sedutor sem-vergonha que tirava vantagem em tudo. “Beto Rockfeller” foi a primeira novela passada no Brasil contemporâneo, urbano, com locações externas e temática de humor. E isso a tornou diferente de todas as outras produções do gênero feitas até então. O texto de Bráulio Pedroso, um roteirista vindo do cinema, com colaboração do dramaturgo Plínio Marcos, tirou do ar as donzelas românticas e os mocinhos sem defeitos dos folhetins que dominavam a TV – o termo literário francês já indicada que eram todas adaptações de aventuras e melodramas de época europeus – para dar lugar a um cafajeste engraçado e 100% nacional. Isso inaugurou a era moderna das novelas brasileiras. Foram muitas inovações, desde o uso de trilha sonora internacional e as primeiras ações de merchandising numa novela, mas principalmente um protagonista que passava longe da imagem do galã dos folhetins. Luis Gustavo fez tanto sucesso no papel que o reprisou o cinema, num filme de Olivier Perroy lançado em 1970, e ainda estrelou uma continuação televisiva, “A Volta de Beto Rockfeller”, lançada na Tupi em 1973. Seu personagem acabou virando referência pop, sendo até parodiado por Mazzaropi no filme “Betão Roncaferro” (1970). Ele tentou repetir o fenômeno em “O Sheik de Ipanema” (1974), mas a esta altura a Tupi tinha mergulhado numa crise que culminaria em seu fechamento. No ano seguinte, foi convencido por Cassiano Gabus Mendes a mudar para a Globo, vivendo um dos papéis principais de “Anjo Mau” (1976), escrita pelo cunhado. A pareceria continuou com outras produções populares, como “Te Contei?” (1978), antes de estourar em “Elas por Elas” (1982), em que Luis Gustavo deu vida a outro papel antológico, o detetive atrapalhado Mario Fofoca. A princípio um simples coadjuvante, Mario Fofoca acabou se tornando o principal destaque da produção graças à performance engraçadíssima do ator Assim como aconteceu com Beto Rockefeller, o personagem também virou filme, “As Aventuras de Mário Fofoca”, com direção de Adriano Stuart em 1982, ganhou até uma série na Globo em 1983 e ressurgiu anos depois em outra novela. Desta vez, porém, o ator não demorou a encontrar outro papel hilário sob medida, novamente criado por Cassiano Gabus Mendes: Ariclenes, ou melhor o falso estilista espanhol Victor Valentín, em “Tititi” (1985). Sua identificação com o papel foi tão forte que a Globo resolveu lhe prestar homenagem no remake da trama produzido no ano 2010, convidando-o a aparecer, mas como outro personagem clássico: ninguém menos que o velho Mario Fofoca. Ao final dos anos 1980, sua popularidade era tanta que ele era capaz de criar bordões inesquecíveis até quando entrava numa novela para morrer nos primeiros episódios, como aconteceu em “O Salvador da Pátria” (1989), como o radialista sensacionalista Juca Pirama, que marcava sua locução com a frase “Meninos, eu vi!”. Depois de fazer muitas novelas, ele passou às séries. Entre 1994-1996, deu vida a Paulo, o pai de quatro meninas no popular seriado “Confissões de Adolescente”, exibido na TV Cultura e, posteriormente, na Rede Bandeirantes, que lançou a carreira da moleca Deborah Secco. Também protagonizou o primeiro sitcom bem-sucedido da Globo, “Sai de Baixo”, vivendo Vavá, patriarca de uma família tradicional paulistana, às voltas com falcatruas e dificuldades financeiras. Exibida entre 1996 e 2002, a atração fez tanto sucesso que ganhou revival em 2013 no canal pago Viva. O detalhe é que, além de estrelar, Luis Gustavo foi um dos criadores da série, ao lado do diretor Daniel Filho (“Se Eu Fosse Você”). Nos últimos anos, ele vinha alimentando a carreira cinematográfica com “O Casamento de Romeu e Julieta” (2005), de Bruno Barreto, em que interpretou um palmeirense, apesar de ser são-paulino doente, do tipo que chegava para gravar “Sai de Baixo” ao som do hino do time. Fez ainda “Os Penetras” (2013), em que retomou o universo de “Beto Rockfeller”, antes de se despedir dos fãs com “Sai de Baixo – O Filme”, em 2019. Ele era casado com Cris Botelho e tinha dois filhos: Luis Gustavo, de seu relacionamento com Heloísa Vidal, e Jéssica, fruto do casamento com a atriz Desireé Vignolli. E também tinha um bom relacionamento com os dois sobrinhos, os atores Tato Gabus Mendes e Cássio Gabus Mendes. Foi Cássio quem deu a notícia da morte de Tatá, apelido que acompanhou Luis Gustavo por toda a vida. “Obrigado por tudo, meu amado tio”, ele escreveu nas redes sociais, precipitando diversas homenagens de vários atores famosos.
Oswaldo Loureiro (1932 – 2018)
O ator e diretor Oswaldo Loureiro morreu neste sábado (3/2), em São Paulo, aos 85 anos. Ele participou de quase 150 peças, estrelou um punhado de clássicos do cinema e atuou em dezenas de novelas da Globo. O ator sofria de Alzheimer e estava afastado da carreira artística desde 2011. Oswaldo Loureiro Filho nasceu no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 1932. Filho de artistas — a mãe era cantora lírica, o pai ator e as irmãs, bailarinas do Theatro Municipal —, ele iniciou a carreira artística ainda criança, aos 12 anos, quando atuou em filmes como “O Brasileiro João de Souza”, “É Proibido Sonhar” e “Romance Proibido”, todos realizados em 1944. Ele seguiu carreira teatral ao estrear na peça “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, em 1955. E em 1958 recebeu o prêmio da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT, de Ator Revelação por “A Fábula do Brooklin”, de Irwin Shaw. A partir dos anos 1960, atuou em montagens de grande repercussão, como “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come”, de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht, e “Édipo Rei”, de Sófocles, com direção bem-sucedida de Flávio Rangel. Além disso, deslanchou no cinema numa coleção de clássicos, como o thriller conspiratório “O 5º Poder” (1962), de Alberto Pieralisi, a comédia “Sonhando com Milhões” (1963), com Dercy Golçalves, “Engraçadinha Depois dos Trinta” (1966), adaptação de Nelson Rodrigues dirigida por J.B. Tanko, o thriller criminal “Mineirinho Vivo ou Morto” (1967), com Jesse Valadão e Leila Dinis, “O Homem Nu” (1968), adaptação do famoso conto de Fernando Sabino com direção de Roberto Santos, e até a comédia italiana “Uma Rosa para Todos” (1967), estrelada por Claudia Cardinale. Na mesma época, estreou na TV. Após atuar no fenômeno de audiência “O Direito de Nascer” (1964), da TV Tupi, Loureiro foi integrar uma das primeiras turmas de atores da TV Globo, no elenco das novelas “Sangue e Areia” (1968), “Véu de Noiva” (1969) e “Acorrentados” (1969), sucessos iniciais de Janete Clair. Também participou da divertida “Corrida do Ouro” (1974), e do histórico “O Casarão” (1976), primeira novela de estrutura não linear da Globo, ambas escritas por Lauro César Muniz. A guinada do cinema para a pornochanchada nos anos 1970 não interessou Loreiro, que só fez quatro filmes na década, entre eles “Os Herdeiros” (1970), de Cacá Diegues, e “As Confissões de Frei Abóbora” (1971), de Braz Chediak. Ele preferiu dedicar sua energia aos palcos, atingindo o ápice da carreira teatral com os clássicos “Gota D’água” (1975), de Chico Buarque e Paulo Pontes, “Papa Higuirte”, de Vianinha, e “Dois Perdidos numa Noite Suja” (1977), de Plínio Marcos. Loureiro voltou com tudo ao cinema em 1981, em adaptações de dois famosos textos teatrais de Nelson Rodrigues: “O Beijo no Asfalto” (1981), dirigido por Bruno Barreto, e “Bonitinha Mas Ordinária ou Otto Lara Rezende” (1981), de Braz Chediak. Seguiu com o sucesso “Bar Esperança” (1983), de Hugo Carvana, e diversificou, com um filme dos Trapalhões, “Atrapalhando a Suate” (1983), o drama “Parahyba Mulher Macho (1983), de Tizuka Yamasaki, um adaptação musical de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes, “Para Viver Um Grande Amor” (1984), a aventura juvenil “Rádio Pirata” (1987), de Lael Rodriguez, a cinebiografia de sua amiga “Leila Diniz” (1987) e a comédia “Sonho de Verão” (1990). A agenda cinematográfica cheia coincidiu com alguns de seus melhores papéis na TV, em novelas como “Guerra dos Sexos” (1983), “Vereda Tropical” (1984) e “Cambalacho” (1986), as três de Sílvio de Abreu, o fenômeno “Roque Santeiro” (1985) e “Mandala” (1987), ambas de Dias Gomes, além da divertidíssima “Que Rei Sou Eu?” (1989), de Cassiano Gabus Mendes, na qual viveu o inesquecível conselheiro pilantra Gaston Marny, do Reino de Avillan. Fez também muitas séries, entre elas “Tenda dos Milagres” (1986), “Incidente em Antares” (1994) e “A Grande Família” (em 2001), além de dirigir “O Bem-Amado” (1980-1985) e o humorístico “Os Trapalhões” (1982-1988). Nos anos 1990, estabeleceu-se como uma figura habitual das novelas das 19h. Ele apareceu em diversas produções consecutivas do horário na Globo até o final da carreira – “Quatro por Quatro” (1994), “Cara & Coroa” (1995), “Salsa e Merengue” (1996), sequência interrompida por um pulo na extinta TV Manchete e retomada com “Uga-Uga” (2000), “As Filhas da Mãe” (2001), “Kubanacan” (2003), “Começar de Novo” (2004) e “A Lua Me Disse” (2005), seu último trabalho. Além de atuar e dirigir peças, Oswaldo também dirigiu óperas, shows musicais e de humor, e foi presidente do Sindicato dos Artistas, num momento de luta pelo reconhecimento da profissão e pela liberdade de expressão, nos anos 1980.
Eva Todor (1922 – 2017)
A atriz Eva Todor morreu na manhã deste domingo (10/12) em sua casa de pneumonia, aos 98 anos. Ela sofria de Mal de Parkinson e chegou a ficar dez dias internada em março deste ano. A atriz estava longe da TV desde a novela “Salve Jorge”, exibida em 2012, e sua última aparição pública foi em novembro de 2014, quando recebeu uma homenagem feita por amigos artistas no Teatro Leblon. Com mais de 80 anos de carreira, ela começou a carreira no balé, ainda na infância. Húngara de nascimento, Eva Fódor Nolding chegou a dançar na Ópera Real de Budapeste. Filha de uma estilista e de um comerciante de tecidos, ela já mostrava talento para a vida artística, mas a realidade complicada do período entre guerras na Europa fez sua família vir para o Brasil, em 1929. Ao chegar no país, continuou a se dedicar ao balé, tendo aula com a renomada Maria Olenewa. Em entrevista ao site Memória Globo, Eva contou que seus pais, “como bons húngaros”, achavam que toda criança deveria ter uma educação ligada à arte. Seguiu no balé até ser convidada, ainda adolescente, para fazer teatro de revista no Teatro Recreio. Nessa época, adotou o nome Todor, uma versão aportuguesada de seu sobrenome. “Fiz um sucesso muito grande. Fiquei quatro ou cinco anos. E foi onde conheci meu primeiro marido, que era o diretor da companhia (Luis Iglesias). Eu me casei aos 14 anos. Depois, ele achou que aquilo não tinha futuro e montou uma companhia de comédia para mim. Todo mundo disse que ele era louco, porque eu era uma menina que não tinha experiência nenhuma e, além do mais, falava português pessimamente. Mas, deu certo. E a companhia ficou sendo Eva e seus Artistas, durante muitos anos. Só de Teatro Serrador, fiquei 23 anos”, relatou ela ao Memória Globo. Ela ganhou muitos admiradores por sua beleza e talento. Entre eles, o então presidente Getúlio Vargas, o que facilitou o processo para se naturalizar brasileira nos anos 1940. Dos palcos, pulou para o cinema, em plena era da chanchada. Fez seu primeiro longa-metragem em 1960, “Os Dois Ladrões”, de Carlos Manga, demonstrando sua veia humorística ao lado de Oscarito. A versatilidade lhe rendeu convite para comandar um programa na TV Tupi, chamado “As Aventuras de Eva” (1961), em que explorava sua aptidão para o humor. Sua estreia em novelas aconteceu na década seguinte, em “E Nós, Aonde Vamos?”, última novela da célebre autora cubana Glória Magadan escrita no Brasil, exibida em 1970. Mas foi só na Globo que sua carreira deslanchou, a partir da aparição na novela “Locomotivas”, de Cassiano Gabus Mendes, um fenômeno de audiência em 1977, no papel de Kiki Blanche, personagem tão marcante que Eva voltou a vivê-lo em 2010 na novela “Ti Ti Ti”. Dali para frente, a televisão se tornou seu foco. Foram dezenas de novelas, como “Te Contei?” (1978), “Coração Alado” (1980), “Sétimo Sentido” (1982), “Partido alto” (1984), “Top Model” (1989), “De Corpo e Alma” (1992), “Suave Veneno” (1989), “O Cravo e a Rosa” (2000), “América” (2005), “Caminho das Índias” (2009) e “Salve Jorge” (2012). E, entre uma e outra, ainda emplacou diversas aparições em séries e minisséries. Dedicada à TV, acabou fazendo poucos filmes. Foram apenas cinco, entre eles “Xuxa Abracadabra” (2003) e “Meu Nome Não É Johnny” (2009). Lucélia Santos, que contracenou com a atriz em “Locomotivas”, lembrou com saudades da atriz em depoimento ao Globo News. “Dona Eva era um ser humano iluminado. Ela se autochamava de ‘estilo Eva’, ninguém podia fazer o que ela fazia, era um jeito engraçado. Ela era contagiante”, definiu.
Kéfera Buchmann engata terceiro filme consecutivo
Kéfera Buchmann já emplacou seu terceiro projeto cinematográfico. Em cartaz no sucesso “É Fada”, visto por mais de 1 milhão de pessoas, e prestes a estrear em seu primeiro papel dramático com “O Amor de Catarina”, que chega aos cinemas em novembro, a (ex?)youtuber adiantou que em poucas semanas começa a gravar “Resto”, em que fará par romântico com Cassiano Gabus Mendes. Ela contou a novidade durante o evento “Meus Prêmios Nick” na noite de quinta-feira (20/10), afirmando que as filmagens começam em novembro, mas não deu maiores detalhes. Agora atriz, Kéfera não pôde falar muito, pois também contratou assessoria de imprensa que manda jornalista parar de perguntar. O chega-pra-lá se deu em razão do questionamento sobre se ela tinha largado o Youtube de vez. “Ela não vai falar disso. Já soltamos um comunicado. Ela não vai parar com o canal, foi especulação”, disparou o assessor, que não permitiu a resposta. Especulação, não foi. Assessor pode “soltar” comunicado informando que a Terra é quadrada, mas isso não vira verdade porque ele “soltou”. Kéfera disse, com todas as letras, num vídeo do Snapchat, que não atualizaria seu canal por um tempo. “Já vou começar este Snap pedindo desculpas porque estou sumida de todas as redes sociais e falar que amanhã não vai ter vídeo novo. Semana passada não teve vídeo novo, essa semana também não vai ter. Preciso de um tempo para a minha cabeça, de verdade. Todos nós temos nossas fases e estou em uma em que preciso parar um pouco”, disse na ocasião. Não é fofoca. Não é especulação. Não é um tuíte do Rafinha Bastos. É da boca da própria Kéfera. Com este novo projeto anunciado, é capaz do tempo ser bem grande. E imagine se tiver outro filme já engatilhado… Vale lembrar que ela também não teve tempo (“conflito de agenda”) para participar de “Internet – O Filme” com outros youtubers.








