Locomotivas: Primeira novela das sete colorida ressurge em streaming

A plataforma de Globoplay resgatou nesta semana um grande clássico da teledramaturgia brasileira: “Locomotivas”, a primeira novela realizada à cores para a faixa das 19h na Globo. Após quase cinco décadas desde […]

Divulgação/Globo

A plataforma de Globoplay resgatou nesta semana um grande clássico da teledramaturgia brasileira: “Locomotivas”, a primeira novela realizada à cores para a faixa das 19h na Globo. Após quase cinco décadas desde sua exibição original, todos os episódios foram disponibilizados em streaming.

Escrita por Cassiano Gabus Mendes em 1977, a novela traz no elenco grandes nomes da época, como Aracy Balabanian, Lucélia Santos, Walmor Chagas, Eva Todor, Dennis Carvalho, Miriam Pires, Ilka Soares, Elizângela, Tony Correia e João Carlos Barroso. A trama central abordava a relação de Milena (Aracy Balabanian) e Fernanda (Lucélia Santos), mãe e filha criadas como irmãs que se apaixonam pelo mesmo homem, Fábio, interpretado por Walmor Chagas.

 
Personagens marcantes

Uma das curiosidades mais interessantes sobre a novela foi a estreia de Eva Todor na Globo. A atriz, que veio a falecer em 2017, estreou como a protagonista Kiki Blanche, uma ex-vedete e dona de um salão de beleza, que era mãe de Milena e também cuidava de Fernanda como se fosse sua filha. A personagem foi tão bem recebido que vários salões de beleza começaram a adotar o seu nome. Mais de 30 anos depois, Eva reviveu Kiki em uma participação na segunda versão de “Ti-Ti-Ti”, em 2010.

Outra atriz que se destacou foi Lucélia Santos no papel da rebelde Fernanda. A expectativa em torno de Lucélia era grande, já que ela havia acabado de deslanchar em “Escrava Isaura”. Ela foi aclamada pelo público e seus penteados e looks adotados por Fernanda se tornaram tendência da moda.

 

“Locomotivas” teve um impacto significativo na teledramaturgia brasileira, sendo a primeira novela das 19h completamente gravada em cores. A novela antecessora, “Estúpido Cupido”, já havia experimentado a tecnologia, mas apenas nos dois últimos capítulos. Esta novidade exigiu maior cuidado na produção dos cenários, figurinos e locações.

A produção também trouxe uma abordagem “ensolarada” ao segundo horário de novelas da Globo, com muitas cenas externas e de praia, que mostravam um Rio de Janeiro jovem e colorido, algo que se tornou uma tendência para as novelas que se seguiram. O uso de cores vibrantes, cenários externos e a abordagem de temas sociais mais contemporâneos tornaram cada vez mais mais frequentes.

O sucesso de “Locomotivas” foi tão grande que a Rede Tupi teve que mudar o horário de exibição da novela “Éramos Seis”. “Assim você não perde as ‘Locomotivas'”, anunciava a emissora nos jornais.

A novela ainda chegou a ser reproduzida em mais de 20 países, ganhando reconhecimento internacional e contribuindo para estabelecer a teledramaturgia brasileira no cenário global.

 
Uma abertura diferenciada

Entre os elementos memoráveis de “Locomotivas”, encontra-se sua abertura, que inovou por usar técnicas de gravação acelerada para dar um dinamismo maior ao vídeo.

A modelo Maria Mônica Saboya, que faleceu em 2016, protagonizou a abertura icônica. Ela era maquiada e penteada em velocidade acelerada, ao som de “Maria-Fumaça”, música do grupo Black Rio, que imprimia um ritmo empolgante à cena.

O diferencial vinha no final: após todo o processo de produção, Maria se levantava da cadeira e, com uma luva de boxe vermelha, dava um soco na câmera. Esse momento, que quebrou a quarta parede e surpreendeu o público, solidificou a abertura de “Locomotivas” como uma das mais marcantes da teledramaturgia brasileira.

A sequência inovadora expressou a atmosfera vibrante e jovial da trama, com uma mistura de beleza, modernidade e ousadia, e foi um dos fatores que contribuíram para tornar “Locomotivas” um grande sucesso.

Veja abaixo a abertura original.