Chloë Moretz vai estrelar filme baseado em disco clássico de Bob Dylan
A atriz Chloë Grace Moretz vai retomar sua parceria com Luca Guadagnino em “Blood on the Tracks”, filme baseado no lendário disco de mesmo nome de Bob Dylan. Moretz trabalhou com o diretor no remake do terror Suspiria, lançado em 2018. “Ela é uma ótima atriz, uma pessoa maravilhosa e tem uma família excepcional. Eu tive a oportunidade de trabalhar com ela em ‘Suspiria’, e agora ela já está confirmada no meu próximo filme. Ela terá um papel importante”, afirmou o diretor para o site italiano Bad Taste. O projeto é da produtora RT Features, do brasileiro Rodrigo Teixeira (que produziu “Me Chame pelo Seu Nome”), e tem roteiro de Richard LaGravenese (“Invencível“) escrevesse o roteiro. A trama deve acompanha diversos personagens ao longo da década de 1970, inspirando-se nos temas principais do álbum. Curiosamente, o disco já inspirou um filme antes. Em 2007, o filme “Não Estou Lá”, que faz um apanhado simbólico da vida de Bob Dylan, adaptou os temas de “Blood on the Tracks” durante a passagem com participação de Heath Ledger (“O Cavaleiro das Trevas“). Considerado um de seus melhores discos de Dylan – e, segundo a revista Rolling Stone, o 16º melhor álbum de todos os tempos – , “Blood on the Tracks” foi lançado em 1975. Relembre abaixo as duas músicas mais famosas do disco.
Diretor de Me Chame pelo seu Nome fará filme baseado em disco clássico de Bob Dylan
O diretor Luca Guadagnino (“Me Chame pelo Seu Nome”) está trabalhando num filme baseado no disco “Blood on the Tracks”, lançado por Bob Dylan em 1975. A produtora RT Features, do brasileiro Rodrigo Teixeira (que produziu “Me Chame pelo Seu Nome”) comprou os direitos de adaptação do álbum e convidou Guadagnino para dirigir. O cineasta concordou, sob a condição de que Richard LaGravenese (“Invencível“) escrevesse o roteiro. “Trazer esse projeto para a vida é um sonho para mim”, disse Teixeira à revista Variety. “Nós trabalhamos por um longo tempo para encontrar o caminho certo para o trabalho de Bob Dylan e ter colaboradores como Luca e Richard são um privilégio absoluto.” A trama vai acompanha diversos personagens ao longo da década de 1970, inspirando-se nos temas principais do álbum. Em entrevista a New Yorker, LaGravenese falou sobre a abordagem: “Quando os personagens se reprimem, dramatizamos essa repressão e o que isso faz com eles. E nós dramatizamos o que acontece quando você deixa suas paixões assumirem o controle”. Curiosamente, o disco já inspirou um filme antes. Em 2007, o filme “Não Estou Lá”, que faz um apanhado simbólico da vida de Bob Dylan, adaptou os temas de “Blood on the Tracks” durante a passagem com participação de Heath Ledger (“O Cavaleiro das Trevas“). Considerado um de seus melhores discos de Dylan – e, segundo a revista Rolling Stone, o 16º melhor álbum de todos os tempos – , “Blood on the Tracks” está prestes a ganhar uma nova versão. Um box especial, chamado de “More Blood, More Tracks”, com faixas inéditas do período, será lançado em 2 de novembro. Por coincidência, é o mesmo dia em que estreia o novo filme de Guadagnino, o remake de “Suspiria”, nos Estados Unidos – e que, infelizmente, ainda não tem previsão de lançamento no Brasil. Relembre abaixo duas músicas famosas de “Blood on the Tracks”.
Playlist: 15 clipes para lembrar a carreira de Tom Petty
A morte do cantor Tom Petty, de ataque cardíaco na segunda (2/10), é uma grande perda para o rock. Com uma carreira de quatro décadas, o adolescente que amava os Beatles nos anos 1960 chegou a tocar com dois deles, George Harrison e Ringo Starr, além, claro, de Bob Dylan, Jeff Lynne e Roy Orbison na superbanda Traveling Wilburys, sem esquecer de Stevie Nicks e até Dave Stewart, dos Eurythmics, com quem gravou grandes sucessos. Com sua banda The Heartbreakers, Petty foi pioneiro da revitalização do country rock psicodélico sessentista, atualizando as melodias do grupo The Byrds para a geração new wave – meia década antes do R.E.M. seguir a mesma trilha. Por ter começado sua carreira antes da MTV, os primeiros – e maiores – sucessos nunca ganharam clipes oficiais. Mas apresentações bem preservadas da época podem ser vistas na seleção abaixo, que abre com uma participação do cantor no filme “FM” (1978) e segue com 15 vídeos musicais. A lista permite demonstrar como os clipes de Petty eram criativos. É famosíssima sua transformação em Chapeleiro Louco para o vídeo de “Don’t Come Around Here no More” (1985) – aquele em que Dave Stewart toca cítara em cima de um cogumelo gigante. Mas não é o único exemplo de criatividade de sua videografia, repleta de clipes que parecem curtas metragens, como “Runnin’ Down A Dream” (1989), uma animação inspirada nos quadrinhos clássicos do Pequeno Nemo. Até Johnny Depp estrela um deles, “Into The Great Wide Open” (1991), dirigido pelo cineasta Julien Temple (“Absolute Beginners”). Veja e ouça abaixo o legado de Tom Petty.
Tom Petty (1950 – 2017)
O cantor e músico Tom Petty foi declarado morto na segunda (2/10), aos 66 anos, após ser encontrado inconsciente em sua casa no domingo, em Los Angeles. O site TMZ revelou que ele não tinha mais atividade cerebral e que a família tomou a decisão de desligar os aparelhos e de não tentar ressuscitá-lo. A causa da morte está sendo tratada como um ataque cardíaco fulminante. Tom Petty decidiu virar músico quando tinha 15 anos e viu os Beatles tocando na TV, no “The Ed Sullivan Show”. “Esse foi um grande momento, de verdade, que mudou tudo. Eu era um fã até aquele ponto, mas essa foi a coisa que me fez querer tocar música. Eu ainda acho que os Beatles fazem a melhor música e tenho certeza que vou para o túmulo com essa ideia”, ele disse, em entrevista à Rolling Stone. Sua banda começou a chamar atenção em 1976, quando o primeiro disco, “Tom Petty and the Hearbreakers”, estourou nas paradas de sucesso, combinando country rock e new wave. Recentemente, ele tinha reunido os integrantes da banda original para uma turnê em comemoração aos 40 anos do álbum clássico, ainda hoje um dos mais lembrados por seus fãs. Ele também teve uma bem-sucedida carreira solo (sem os Heartbreakers) nas décadas seguintes. Ao longo de sua trajetória, vendeu mais de 80 milhões de discos, protagonizou clipes muito criativos e compôs dezenas de clássicos, entre eles “Free Fallin'”, “American Girl,” “The Waiting”, “Breakdown” e “Listen to Her Heart”. Como guitarrista, ainda participou do supergrupo Traveling Wilburys, que juntava Bob Dylan, George Harrison, Jeff Lynne e Roy Orbison. Mas sua carreira não se restringiu à música. Ele também marcou o cinema e a televisão com aparições em diversos projetos. Sua estreia nas telas foi em “FM”, como ele mesmo em 1978, e apenas na década seguinte, em 1987, interpretou seu primeiro personagem, na comédia romântica “Paixão Eterna”, de Alan Rudolph. Seu último papel cinematográfico foi na sci-fi pós-apocalíptica “O Mensageiro” (1997), em que contracenou e foi dirigido por Kevin Costner. Em 2002, ele participou de um dos episódios mais famosos da série animada “Os Simpsons”, em que os personagens entram num acampamento musical com roqueiros famosos. Além de Petty, participaram Mick Jagger, Keith Richards, Lenny Kravitz e Elvis Costello. A experiência acabou lhe rendendo um papel recorrente em outra série animada, “O Rei do Pedaço” (King of the Hill), na qual dublou Lucky Kleinschmidt – personagem que se casou com Luanne, dublada pela também falecida Brittany Murphy – por cinco temporadas, entre 2004 e 2009. Petty também participou do projeto musical Lonely Island, encabeçado pelo comediante Andy Samberg, fazendo uma aparição no disco “Turtleneck & Chain” em 2010. Nos últimos anos, vinha filmando diversos documentários sobre rock, tanto sobre sua carreira quanto de colaboradores ilustres, como George Harrison, Jeff Lynne, Bob Dylan e Roy Orbison. Bob Dylan, que era amigo de Tom Petty desde os anos 1980, quando The Heartbreakers foi sua banda de apoio na turnê True Confessions, divulgou um comunicado sobre a perda do parceiro dos Traveling Wilburys. “É uma notícia chocante e devastadora. Foi um grande artista, cheio de luz, um amigo, e nunca o esquecerei.”
Harry Dean Stanton (1926 – 2017)
Morreu o ator Harry Dean Stanton, estrela de “Alien” (1979), “Paris, Texas” (1984), “Twin Peaks” e inúmeros outras produções clássicas e cultuadas. Ele tinha 91 anos e faleceu de casas naturais em um hospital em Los Angeles. Harry Dean Stanton nasceu em 14 de julho de 1926, em West Irvine, uma pequena comunidade do Kentucky. Seu pai era fazendeiro e barbeiro, sua mãe era uma cabeleireira, e o jovem Harry virou cozinheiro, quando serviu na Marinha durante a 2ª Guerra Mundial. Após a Guerra, ele chegou a se matricular na Universidade de Kentucky para estudar jornalismo, mas acabou tomando outro rumo. Mais especificamente, um ônibus Greyhound para Los Angeles, onde desembarcou em 1949 disposto a fazer sucesso. Chegou a se apresentar como cantor e até como pregador batista, antes de tentar o que a maioria dos recém-chegados tentava naquela cidade: virar ator. Sua estreia aconteceu na série “Inner Sanctum”, em 1954, seguida por uma figuração num clássico de Alfred Hitchcock, “O Homem Errado” (1956). Em pouco tempo, estabeleceu-se como vilão do episódio da semana das séries de western, vestindo chapéu preto em produções como “As Aventuras de Rin Tin Tin”, “Bat Masterson”, “O Homem do Rifle”, “Johnny Ringo”, “Paladino do Oeste”, “Gunsmoke” e “Couro Cru”, entre outras. Isto lhe abriu as portas para seu primeiro papel coadjuvante, como filho do vilão fazendeiro do western “O Rebelde Orgulhoso” (1958), de Michael Curtis. Ele também apareceu no clássico “A Conquista do Oeste” (1962), de John Ford, mas sua carreira só foi deslanchar na década de 1970, quando trabalhou com alguns dos maiores diretores da chamada Nova Hollywood. Tudo por conta de dois pequenos papéis, chamando atenção de forma memorável em “Rebeldia Indomável” (1967), de Stuart Rosenberg, e “Corrida Sem Fim” (1971), de Monte Hellman. A explicação de Stanton para roubar as cenas foi seguir um conselho de Jack Nicholson nas filmagens de “A Vingança de um Pistoleiro” (1966): não fazer nada e deixar o figurino trabalhar. Este seria o segredo de seu método de “interpretação natural”. E, de fato, deu tão certo que ele e Nicholson se tornaram melhores amigos – e vizinhos. Ao todo, a dupla rodou seis filmes juntos – os demais foram “Rebeldia Violenta” (1970), “Duelo de Gigantes” (1976), “O Cão de Guarda” (1992), “A Promessa” (2001) e “Tratamento de Choque” (2003). Sua fama de “não fazer nada” tornou-se ainda mais lendária quando Stanton passou a trabalhar com alguns dos maiores mestres do cinema americano. A lista invejável inclui Sam Peckimpah (em “Pat Garrett e Billy the Kid”, 1973), Francis Ford Coppola (“O Poderoso Chefão 2”, 1974), Arthur Penn (“Duelo de Gigantes”, 1976), John Huston (“Sangue Selvagem”, 1979), John Carpenter (“Fuga de Nova York”, 1981), Garry Marshall (“Médicos Loucos e Apaixonados”, 1982), Robert Altman (“Louco de Amor”, 1985), Martin Scorsese (“A Última Tentação de Cristo”, 1988), David Lynch (“Coração Selvagem”, 1990), John Frankenheimer (“A Quarta Guerra”, 1990) e Frank Darabont (“À Espera de um Milagre”, 1999). Por menor que fosse o papel, ele sempre dava um jeito de chamar atenção, o que, muitas vezes, fazia com que seus diretores famosos lhe convidassem para um bis, repetindo as parcerias, como Coppola em “O Fundo do Coração” (1981) e Lynch com “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer” (1994) e “Império dos Sonhos” (2006). Houve, inclusive, um período de oito anos, entre 1978 e 1986, em que ele parecia estar em todos os filmes que importavam. Nesta fase, era praticamente impossível ir na videolocadora e não alugar um VHS com Staton no elenco, fosse sci-fi, comédia, drama, terror, suspense, filme de adolescente e até musical. Seu nome estava simplesmente em “Alien” (1978), “A Rosa” (1979), “A Recruta Benjamin” (1980), “Fuga de Nova York” (1981), “Christine, O Carro Assassino” (1983), “Amanhecer Violento” (1984), “Repo Man – A Onda Punk” (1984) e “A Garota de Rosa-Shocking” (1986) – como o pai desempregado de Molly Ringwald – , entre outros sucessos da época. Tornou-se tão ubíquo que até Deborah Harry, a cantora da banda Blondie, lhe dedicou uma música, “I Want That Man” (1989). A letra começava assim: “I want to dance with Harry Dean/ Drive through Texas in a black limousine”… Os dois namoraram. Apesar disso, Stanton raramente viveu um protagonista. Mas na primeira oportunidade, o filme que ele estrelou venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. “Paris, Texas” tornou-se um dos maiores lançamentos dos anos 1980, colocando seu diretor, o alemão Wim Wenders, no patamar dos grandes mestres. Na trama, Staton vivia Travis, um homem e um pai quebrado pelo amor não correspondido, que vagou por quatro anos sem destino pelas estradas empoeiradas do sul americano, e ao ser encontrado no deserto tenta juntar os cacos de sua vida para entender o que aconteceu. Seu rosto triste marcou gerações. Stanton chegou a dizer, na ocasião: “Depois de todos esses anos, finalmente consegui o papel que queria interpretar. Se nunca mais fizesse outro filme depois de ‘Paris, Texas’, ficaria feliz”. Além de estrelar “Paris, Texas”, ele ainda cantou na trilha sonora, composta por Ry Cooder. E esta era outra faceta de seus múltiplos talentos. O ator tinha uma voz angelical, que foi explorada em outros filmes, como “Rebeldia Indomável”, no qual viveu um presidiário que trabalhava duro em rodovias, e em “Cisco Pike” (1972), em que foi uma estrela de rock decadente, melhor amigo do roqueiro traficante vivido por Kris Kristofferson. Por curiosidade, ele também fez dois filmes com Bob Dylan – “Pat Garrett e Billy the Kid” e o mítico “Renaldo and Clara” (1978), dirigido pelo próprio Dylan. E, fora das telas, tinha sua própria banda, Harry Dean Stanton and the Repo Men, que dava shows nas casas noturnas de Los Angeles. Os cineastas mais jovens também o veneravam, como demonstram suas aparições em “Alpha Dog” (2006), de Nick Cassavetes, “Aqui é o Meu Lugar” (2011), do italiano Paolo Sorrentino, “Rango” (2011), de Gore Verbinski, “Os Vingadores” (2012), de Joss Whedon, e “Sete Psicopatas e um Shih Tzu” (2012), do inglês Martin McDonagh. Mas, nos últimos anos, o ator vinha se destacando mais na TV, graças ao papel assustador do vilão polígamo e autoproclamado profeta Roman Grant, na série “Big Love” (Amor Imenso, 2006–2011) da HBO. Além disso, sua pequena aparição no filme “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer” lhe rendeu uma longa participação recorrente no revival da série “Twin Peaks” deste ano, em que reprisou o papel de Carl Rodd, o dono de um parque de trailers – e também cantou. Seu último lançamento previsto é o drama indie “Lucky”, de John Carroll Lynch, que teve première no Festival SXSW e chega aos cinemas norte-americanos em 29 de setembro. O filme é um despedida magistral, em que Stanton, no papel-título, canta, anda pelo deserto texano, contracena com velhos amigos (David Lynch e Tom Skerritt, seu comandante em “Alien”) e pondera o que existe depois da morte. Com exceção de um breve casamento, Stanton viveu a maior parte da vida sozinho. Assim como Travis, de “Paris, Texas”, isto se devia a um coração partido. No documentário sobre sua carreira, “Harry Dean Stanton: Partly Fiction” (2012), ele confessa ter ficado amargurado após perder seu grande amor, a atriz Rebecca De Mornay (atualmente na série “Jessica Jones”). “Ela me deixou por Tom Cruise”, diz ele no filme.
Sam Shepard (1943 – 2017)
O ator, roteirista e dramaturgo Sam Shepard morreu na última quinta-feira (26/7), aos 73 anos, em sua casa no estado americano de Kentucky. Ele foi vítima de complicações da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), e estava cercado pela família no momento da morte, segundo anunciou um porta-voz na segunda-feira (31/7). Vencedor do Pulitzer por seu trabalho teatral – pela peça “Buried Child” (1979) – e indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Os Eleitos” (1983), Samuel Shepard Rogers III nasceu em 1943, no estado de Illinois, filho de pai militar. Antes de ficar conhecido em Hollywood, ele tocou bateria na banda The Holy Modal Rounders (que está na trilha de “Sem Destino/Easy Rider”), e decidiu escrever peças num momento em que buscava trabalhos como ator em Nova York. Em 1971, escreveu a peça “Cowboy Mouth” com a então namorada Patti Smith, que marcou sua traumática estreia nos palcos. Já no início das apresentações, Shepard ficou tão perturbado por se apresentar diante do público que abandonou o palco e, sem dar nenhuma explicação, foi embora da cidade. Ele decidiu se concentrar em escrever. Acabou assinando até roteiros de cinema, como o clássico hippie “Zabriskie Point” (1970), de Michelangelo Antonioni, e a adaptação da controvertida peça “Oh! Calcutta!” (1972). Também escreveu, em parceria com Bob Dylan, “Renaldo and Clara” (1978), único longa de ficção dirigido por Dylan. O filme marcou a estreia de Shepard diante das câmeras, numa pequena figuração. Sentindo menos pânico para atuar em estúdio, enveredou de vez pela carreira de ator, trabalhando a seguir no clássico “Cinzas do Paraíso” (1978), de Terrence Malick, como o fazendeiro que emprega Richard Gere e Brooke Adams. Fez outros filmes até cruzar com Jessica Lange em “Frances” (1982). A cinebiografia trágica da atriz Frances Farmer iniciou uma longa história de amor nos bastidores entre os dois atores, que só foi encerrada em 2009. Na época, ele já era casado e o divórcio só aconteceu depois do affair. Shepard finalmente se destacou em “Os Eleitos”, o grandioso drama de Philip Kaufman sobre os primeiros astronautas americanos, no qual viveu Chuck Yeager, que quebrou a barreira do som e sucessivos recordes como o piloto mais veloz do mundo. Sua história corria em paralelo à conquista do espaço, mas chegava a ofuscar a trama central, a ponto de lhe render indicação ao Oscar – perdeu a disputa para Jack Nicholson, por “Laços de Ternura” (1983). Fez seu segundo filme com Lange, “Minha Terra, Minha Vida” (1984), enquanto escrevia o fabuloso roteiro de “Paris, Texas” (1985), dirigido por Wim Wenders, que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Paralelamente, ainda alinhavou a adaptação de sua peça “Louco de Amor” (1986). Dirigido por Robert Altman, “Louco de Amor” foi o filme que consagrou Shepard como protagonista, na pele do personagem-título, apaixonado por Kim Basinger a ponto de largar tudo para encontrá-la num motel de beira de estrada e convencê-la a dar mais uma chance ao amor. O ator e roteirista resolveu também virar diretor, e foi para trás das câmeras em “A Casa de Kate é um Caso” (1988), comandando sua mulher, Jessica Lange, num enredo sobre uma família que passou anos separada até finalmente decidir acertar as contas. O filme não teve a menor repercussão e Shepard só dirigiu mais um longa, o western “O Espírito do Silêncio” (1993), que nem sequer conseguiu lançamento comercial. Por outro lado, entre estes trabalhos ele se tornou um ator requisitado para produções de temática feminina, como “Crimes do Coração” (1986) e “Flores de Aço” (1989), que giravam em torno de vários mulheres e seus problemas, e de histórias de amor, como “O Viajante” (1991), “Unidos pelo Destino” (1994) e “Amores e Desencontros” (1997). Como contraponto a essa sensibilidade, também fez thrillers de ação em que precisou mostrar-se frio e calculista, como “Sem Defesa” (1991), de Martin Campbell, “Coração de Trovão” (1992), de Michael Apted, e “O Dossiê Pelicano” (1993), de Alan J. Pakula. Ele conseguiu o equilíbrio e se manteve requisitado, aparecendo em alguns dos filmes mais famosos do começo do século, como o thriller de guerra “Falcão Negro em Perigo” (2001), de Ridley Scott, e “Diário de uma Paixão” (2004), de Nick Cassavetes. Em 2005, estrelou seu último filme com Lange, “Estrela Solitária”, dirigido por Wim Wenders, como um astro de filmes de cowboy que abandona uma filmagem e tenta se reconectar com a família, apenas para descobrir que tem um filho que não conhece. Dois anos depois, fez um de seus melhores trabalhos como ator, “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (2007), de Andrew Dominik, no papel de Frank James, o irmão mais velho de Jesse, interpretado por Brad Pitt. Ele voltou a trabalhar com o diretor e com Pitt em “O Homem da Máfia” (2012). Entre seus últimos trabalhos ainda se destacam o suspense político “Jogo de Poder” (2010), de Doug Liman, o thriller de ação “Protegendo o Inimigo” (2012), de Daniel Espinosa, e os dramas criminais “Amor Bandido” (2012), de Jeff Nichols, “Tudo por Justiça” (2013), de Scott Cooper, e “Julho Sangrento” (2014), de Jim Mickle. Em alta demanda, Shepard permaneceu requisitado e desempenhando bons papéis até o fim da vida. Só no ano passado estrelou três filmes (“Ithaca”, “Destino Especial” e “Batalha Incerta”). Mas depois de tanto viver namorado e amante, no fim da carreira especializou-se em encarnar o pai de família. Eles fez vários filmes recentes nesta função, como “Entre Irmãos” (2009), de Jim Sheridan, como o pai de Jake Gyllenhaal e Tobey Maguire, e “Álbum de Família” (2013), de John Wells, cuja morte volta a reunir a família disfuncional, formada por Julia Roberts, Meryl Streep e muitos astros famosos. A sua última e marcante aparição foi na série “Bloodline”, da Netflix, como o patriarca da família Rayburn, sobre a qual girava a trama de suspense. A atração completou sua trama na 3ª temporada, lançada em maio deste ano. Sam Shepard deixa três filhos — Jesse, Hannah e Walker.
Curtis Hanson (1945 – 2016)
Morreu o diretor Curtis Hanson, um dos diretores mais interessantes do cinema americano dos últimos anos, embora só tenha sido reconhecido pela Academia com um Oscar, pelo roteiro do brilhante “Los Angeles: Cidade Proibida” (1997). Ele faleceu na noite de terça-feira (20/9) em sua casa, em Hollywood, aos 71 anos. Autoridades policiais informaram que paramédicos foram chamados até sua residência e ele já estava morto quando chegaram. Aparentemente, a causa da morte do diretor, que há anos sofria com Alzheimer, foi um ataque do coração. Hanson nasceu em Reno, Nevada, mas cresceu em Los Angeles. Apaixonado pela sétima arte desde muito jovem, abandonou o colegial para trabalhar como fotógrafo freelance e, posteriormente, editor de uma revista de cinema. A experiência lhe permitiu estrear como roteirista aos 25 anos, assinando a adaptação de um conto clássico de H.P. Lovecraft no terror barato “O Altar do Diabo” (1970), produzido pelo rei dos filmes B Roger Corman, que acabou cultuado por reunir a ex-surfista e boa moça Sandra Dee com o hippie Dean Stockwell. Corman estimulou Hanson a passar para trás das câmeras, e ele estreou como diretor dois anos depois com outro terror, desta vez uma obra original que ele próprio imaginou. “Sweet Kill” (1972) era a história de um desajustado que descobre ser, na verdade, um psicopata, ao matar acidentalmente uma jovem e gostar. O ex-ídolo juvenil Tab Hunter tinha o papel principal. Ele ainda rodou o trash assumido “Os Pequenos Dragões” (1979), sobre karatê kids que tentam salvar uma jovem sequestrada por uma mãe e seus dois filhos maníacos, antes de subir de degrau e trabalhar com um dos pioneiros do cinema indie americano, o cineasta Samuel Fuller. Hanson escreveu o clássico thriller “Cão Branco” (1982), dirigido por Fuller, sobre uma atriz que resgata um cachorro sem saber que ele foi treinado para ser violento e atacar negros. Comentadíssima, a obra lhe rendeu os primeiros elogios de sua carreira. A boa receptividade a “Cão Branco” abriu-lhe as portas dos grandes estúdios. A Disney lhe encomendou o roteiro de um filme na mesma linha, “Os Lobos Nunca Choram” (1983), em que um pesquisador, enviado pelo governo para verificar a ameaça dos lobos no norte do país, descobre que eles são benéficos para a região. E a MGM lhe entregou a direção de “Porky 3” (1983), que, apesar do título nacional, não tinha relação alguma com a famosa franquia canadense de comédias sexuais passadas nos anos 1950 – “Porky’s 3” (com o detalhe da grafia correta) foi lançado dois anos depois! Mas é fácil entender porque a distribuidora quis passar essa falsa impressão. A trama acontecia no começo dos anos 1960 em torno de quatro adolescentes americanos, entre eles um certo Tom Cruise, que viajam até Tijuana, no México, querendo cair na farra, num pacto para perder a virgindade. Hanson não escreveu “Porky 3”, mas histórias de apelo adolescente se tornaram frequentes em sua filmografia. Tanto que seu trabalho seguinte foi um telefilme teen, “The Children of Times Square” (1986), uma espécie de “Oliver Twist” contemporâneo, sobre jovens sem-teto nas ruas de Nova York. Ele completou sua transição para o cinema comercial especializando-se em suspenses, numa sequência de lançamentos do gênero que fez a crítica compará-lo a Alfred Hitchcock. “Uma Janela Suspeita” (1987), inclusive, devia sua premissa a “Janela Indiscreta” (1954), mostrando um crime testemunhado a distância, por um casal que não deveria estar junto naquele momento. A testemunha era interpretada por ninguém menos que a fabulosa atriz francesa Isabelle Huppert. “Sob a Sombra do Mal” (1990) também tinha premissa hitchockiana, evocando “Pacto Sinistro” (1951), mas ganhou notoriedade pelo timing, lançado logo após o vazamento de sex tapes de seu protagonista, o ator Rob Lowe. Ele aparecia no filme num raro papel de vilão, ironicamente chantageando o futuro astro de “The Blacklist”, James Spader, por conta de gravações sexuais. Foi o melhor papel da carreira de Lowe e o empurrão definitivo para Hanson se tornar conhecido. Seu filme seguinte estabeleceu sua fama como mestre do suspense, num crescendo assustador. “A Mão Que Balança o Berço” (1992) fez bastante sucesso ao explorar um tema que marcaria a década: a mulher simpática, que abusa da confiança de suas vítimas. Poucas psicopatas foram tão temidos quanto a babá vivida por Rebecca De Mornay, que em pouco tempo se viu acompanhada por Jennifer Jason Lee em “Mulher Solteira Procura…” (1992) e Glenn Close em “Atração Fatal” (1987), na lista das mulheres que transformaram intimidade em ameaça. O quarto thriller consecutivo, “O Rio Selvagem” (1994), trouxe Meryl Streep como uma mãe que leva sua família para navegar nas corredeiras de um rio, apenas para ver todos sequestrados por Kevin Bacon, armado. Mas foi o quinto suspense que o transformou definitivamente num cineasta classe A. Obra-prima, “Los Angeles: Cidade Proibida” (1997) inspirava-se na estética do cinema noir para contar uma história de corrupção policial e brutalidade, repleta de reviravoltas, tensão e estilo, passada entre a prostituição de luxo, disputas mafiosas e os bastidores de Hollywood nos anos 1950. O filme resgatou a carreira de Kim Basinger, sex symbol da década anterior, como uma garota de programa que passou por plástica para ficar parecida com uma estrela de cinema, e ajudou a popularizar seu par de protagonistas, recém-chegados do cinema australiano, Russell Crowe e Guy Pearce, como policiais que precisam superar seu ódio mútuo para não acabar como Kevin Spacey, que mesmo saindo cedo da trama, também já demonstrava o talento que outros cineastas viriam a explorar. Hanson venceu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado pelo filme, baseado no livro homônimo de James Ellroy, e Basinger o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Mas “Los Angeles: Cidade Proibida” foi indicado a mais sete prêmios da Academia, inclusive Direção e Melhor Filme do ano, e só não venceu tudo porque havia um “Titanic” em seu caminho. A boa fase seguiu com o drama “Garotos Incríveis” (2000), reconhecido pela ótima atuação de Michael Douglas e por render um Oscar ao cantor Bob Dylan, de Melhor Música Original. E rendeu outro espetáculo cinematográfico contra todas as apostas, quando Hanson decidiu dirigir Eminem no filme “8 Mile – Rua das Ilusões” (2002). Baseada na vida real do rapper, a produção conquistou elogios rasgados e um Oscar (de Melhor Canção) para Eminem, que teve sua carreira impulsionada. Seus filmes finais não foram tão brilhantes. Ele tropeçou ao tentar fazer sua primeira comédia romântica, ainda por cima de temática feminina, “Em Seu Lugar” (2005), que mesmo assim teve bons momentos com Cameron Diaz e Toni Colette. Mas a insistência em emplacar um romance fez de “Bem-Vindo ao Jogo” (2007), em que Eric Bana se dividia entre o poker e Drew Barrymore, o pior desempenho de sua carreira. O telefilme “Grande Demais Para Quebrar” (2011), sobre a depressão financeira de 2008, rebateu a maré baixa com nada menos que 11 indicações ao Emmy. Infelizmente, as ondas foram altas demais em “Tudo por um Sonho” (2012), sua volta ao cinema. Ele não conseguiu completar o filme, que tinha Gerard Butler como surfista, após sofrer um colapso no set. Michael Apted foi chamado às pressas para finalizar o longa e Hanson nunca mais voltou a filmar. O Alzheimer tomou conta e, embora o estúdio não comentasse qual doença tinha levado o diretor ao hospital, aquele foi o fim da sua carreira.
Músicas de Bob Dylan vão inspirar série dramática
O serviço de streaming Amazon prepara uma série inspirada nos personagens das canções de Bob Dylan, informou o site da revista Variety. A série, que ainda está em fase inicial de desenvolvimento, deve levar o título de “Time Out of Mind”, o nome de um disco de Dylan, lançado em 1997. O projeto está sendo desenvolvido pelo cineasta australiano Josh Wakely, que obteve os direitos das canções de Dylan para poder usá-las na televisão, e terá produção da divisão televisiva do estúdio Lionsgate. Embora ainda não existam muitos detalhes concretos da possível série, a Variety afirmou que o plano é que dois personagens ou histórias surgidos do catálogos de composições de Dylan cruzem seus caminhos de alguma maneira. Josh Wakely, por sinal, já trabalha em outra série que tem o rock como premissa para sua produção. Ele também desenvolveu “Beat Bugs”, uma produção infantil baseada nas canções dos Beatles, que estreará em agosto na plataforma de conteúdos digitais Netflix. Já a Amazon tem outros projetos musicais no horizonte, como a criação de uma série inspirada na trajetória do grupo de rock psicodélico Grateful Dead.







