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    Robert Clary, ator de “Guerra, Sombra e Água Fresca”, morre aos 96 anos

    17 de novembro de 2022 /

    O ator, cantor e sobrevivente do holocausto Robert Clary, conhecido pelo seu papel como soldado LeBeau na série clássica “Guerra, Sombra e Água Fresca”, morreu nessa quarta (16/11), na sua casa em Los Angeles. Ele tinha 96 anos. Clary era o último membro vivo do elenco principal de “Guerra, Sombra e Água Fresca”, série que marcou época nos anos 1960 e foi reprisada por muitos anos na TV brasileira. Robert Max Widerman nasceu em 1 de março de 1926, em Paris. Era o mais novo de 14 filhos de uma família judeu-ortodoxa. Aos 12 anos de idade, começou a cantar e se apresentar. Porém, aos 16 anos, ele e sua família foram levados para morrer exterminados em Auschwitz. “Minha mãe me disse uma coisa memorável”, Clary contou à revista The Hollywood Reporter em 2015. “Ela disse: ‘se comporte’. Ela provavelmente me conhecia como um pirralho. Ela disse: ‘Comporte-se. Faça o que eles dizem para você fazer.’” Os pais de Clary foram assassinados na câmara de gás naquele dia. Ele sobreviveu porque cantava com um acordeonista todos os domingos para uma plateia de soldados nazistas. “Cantando, me divertindo e gozando de boa saúde na minha idade, é por isso que sobrevivi”, disse ele. Clary foi encarcerado por um total de 31 meses. Nesse tempo, trabalhou numa fábrica fazendo 4 mil saltos de sapato de madeira por dia e teve a identificação “A-5714” tatuada no seu antebraço esquerdo. Ele foi o único membro da sua família que conseguiu sobreviver ao Holocausto. Depois de ser libertado, Clary voltou para a França em maio de 1945 e passou a cantar em salões de dança. Ele se mudou para Los Angeles em 1949 para gravar discos com a Capitol Records. Um ano depois, apareceu em um esquete de comédia francesa em um programa de variedades da CBS apresentado por Ed Wynn. Clary também participou de filmes como “Homens do Deserto” (1951) e “A Princesa de Damasco” (1952), depois conheceu o famoso artista Eddie Cantor, que o levou a Nova York para se apresentar em clubes, onde chamou a atenção e foi convidado para estrear na Broadway, no musical “New Faces” de 1952. Ele cantou “Lucky Pierre” e “I’m In Love With Miss Logan” no musical, que também contou com Eartha Kitt, Paul Lynde, Ronny Graham, Alice Ghostley e Carol Lawrence e teve esquetes escritas pelo futuro cineasta Mel Brooks. “New Faces” foi filmado pela Fox e exibido nos cinemas em 1954. O ator apareceu novamente na Broadway em 1955 no musical “Seventh Heaven”, estrelado por Gloria DeHaven, Ricardo Montalban e Bea Arthur. Ele também fez aparições nos filmes “Amor Daquele Jeito” (1963) e no programa de TV “Bob Hope Presents the Chrysler Theatre” (1965). Porém, seu merecido reconhecimento veio quando foi escalado para “Guerra, Sombra e Água Fresca”. Exibida no canal americano CBS entre 1965 e 1971, a série durou seis temporadas e trazia o o ator como um prisioneiro francês chamado Louis LeBeau. A trama vagamente inspirada no filme “O Inferno Nº 17” (1953) acompanhava um grupo multinacional de prisioneiros de guerra, liderados pelo coronel americano Robert E. Hogan (Bob Crane), que aproveitava a incompetência nazista para trabalhar junto à resistência mesmo dentro da prisão, e eventualmente até ajudar seus captores atrapalhados para evitar sua substituição por oficiais linha-dura. Clary, que tinha 1,50m, se escondia em espaços pequenos, sonhava com garotas, se dava muito bem com os cães de guarda dos nazistas e usava suas habilidades culinárias para ajudar o confuso coronel alemão Wilhelm Klink (Werner Klemperer) a se livrar de problemas com seus superiores. Falando a respeito da sua escolha de estrelar uma série de comédia sobre prisioneiros de guerra, Clary disse: “Eu tive que explicar [para judeus] que a série era sobre prisioneiros de guerra em um stalag, não um campo de concentração, e embora eu não quisesse diminuir o que os soldados passaram com os nazistas, era uma diferença como noite e dia em relação ao que as pessoas enfrentaram nos campos de concentração de extermínio”, escreveu ele em seu livro de memórias “From the Holocaust to Hogan’s Heroes”, lançado em 2001. Seus outros créditos como ator incluem participações nas séries “Arnie” (em 1972), “Ilha da Fantasia” (1978), “Missão Secreta” (1984), “General Hospital” (1985), além do filme “O Dirigível Hindenburg” (1975). Clary também participou de mais de 500 episódios da novela “Days of Our Lives” e outros 43 episódios de “The Bold and the Beautiful”. Seu último crédito como ator foi dublando um personagem na produção televisiva “Matisse & Picasso: A Gentle Rivalry” (2001). Fora as telas, ele cantou em vários álbuns de jazz ao lado de compositores como Irving Berlin e Johnny Mercer. Além disso, também gravou o álbum “Hogan’s Heroes Sing the Best of WWII”, junto com seus colegas de elenco de “Guerra, Sombra e Água Fresca”, Richard Dawson, Larry Hovis e Ivan Dixon. Clary também trabalhou com a organização internacional de direitos humanos Simon Wiesenthal Center, em Los Angeles, e fez palestras em universidades de todo o país por mais de duas décadas. Ele foi casado por 32 anos com Natalie Cantor, a segunda filha de Eddie Cantor. Ela morreu em 1997. Por quase quatro décadas, Robert Clary citava o trauma para evitar falar sobre a sua experiência no Holocausto. Mas recentemente mudou de ideia, citando a crescente onda de negacionismo. “Por 36 anos guardei essas experiências durante a guerra trancadas dentro de mim”, disse ele uma vez. “Mas aqueles que estão tentando negar o Holocausto, meu sofrimento e o sofrimento de milhões de outros me forçaram a falar.”

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  • Filme

    O Filho de Saul desnuda cotidiano da fábrica da morte do Holocausto

    20 de fevereiro de 2016 /

    O Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2016 já tem dono. Em qualquer círculo de aposta, o representante húngaro “O Filho de Saul” reina como favorito absoluto. Não é para menos. Se você acha que, em termos de cinema, já viu tudo que tinha para ser visto sobre o Holocausto e sobre o campo de concentração de Auschwitz, engana-se. Engana-se muito. Longa metragem de estreia do diretor László Nemes, o filme surpreende pela originalidade da estrutura que monta para revelar não apenas o horror, mas, principalmente, o mecanismo prático por trás dele: um aparato humano de extermínio em escala industrial. É como se até então tivéssemos visto o campo de concentração polonês como quem vê o mostrador de um relógio. Agora, Nemes nos leva a penetrar e conhecer sua engrenagem e sentir o peso terrível de cada tic tac. Em Auschwitz, alguns prisioneiros selecionados para os trabalhos forçados eram destacados para compor equipes que realizavam funções consideradas secretas. Eles desempenhavam a função por poucos meses, antes de serem executados. Saul (Géza Röhring) faz parte de uma dessas equipes. Parte de seu trabalho é ajudar a recolher os corpos da câmara de gás para que sejam encaminhados aos fornos de cremação. A certa altura, se depara com o corpo de um menino e inicia um obsessivo esforço para dar a ele um sepultamento judaico em vez da cremação comum. Em sua primeira imagem, o filme já provoca incômodo. Totalmente desfocada, não se pode entender o que está acontecendo no quadro. Até que Saul se aproxima e seu rosto entra no foco da lente. A partir daí, a câmera passa a segui-lo de perto em sua rotina, num procedimento estético que o cinema já explorou demasiadamente e não poucas vezes com exagerada afetação. Porém, há um detalhe que neste caso muda tudo: a curtíssima profundidade de campo, que deixa todo o restante do quadro fora de foco na maior parte do tempo. Ao adotar essa estética, que restringe o que vemos sem ocultar o que se passa, Nemes impõe um falso véu sobre o horror do que se passa nos bastidores da indústria da morte. O contraste entre o que no quadro é nítido e o que não é, somado ao excepcional trabalho de som, que ressalta de forma cristalina cada ruído extracampo ou extrafoco, cria uma imagem de imenso poder dramático, muito mais contundente do que talvez fosse a simples demonstração objetiva do que se passa ao redor de Saul. Um hábil dispositivo que nos introduz dolorosamente ao centro do inferno com uma agudeza surpreendente. Da mesma forma que evita a exposição fácil e elementar, “O Filho de Saul” também não segue o caminho da manipulação sentimental. Seus momentos mais dramáticos não são antecipados por um crescente artificial, nem a música é utilizada para comover e provocar lágrimas. Em vez disso, há um tipo de frieza, fruto da urgência que permeia o andamento do filme e o propósito do protagonista. É uma ação incessante, quase indiferente em relação ao que ocorre em sua volta. Não porque não haja sentimento ou pesar, mas porque não há tempo para isso dentro de uma engrenagem de execução que nunca para de produzir corpos e cinzas. Dentro desse dispositivo aterrorizante, a trama encontra caminhos para nos conduzir pelo drama caótico de Saul e também por uma subtrama de preparação para um motim seguido de fuga. Cria, assim, cenas de carga dramática intensa, entrelaçadas por planos sequência capazes de gerar suspense e tensão permanentes. A dureza dessa história e a forma escolhida por László Nemes para contá-la resulta em uma angústia seca, sem lágrimas, dura, que permanece após o filme. Na sua descida ao inferno, o diretor estreante mostrar a força do cinema que não se acomoda, que busca se reinventar, ser original. Despido de sentimentalismo, mas carregado de sentimento, “O Filho de Saul” acrescenta uma nova página na história dos filmes sobre o Holocausto.

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