Estreias: Fracasso épico do ano encontra o terror mais bem-sucedido nos cinemas brasileiros
Quatro novos cineastas brasileiros fazem suas estreias no cinema nesta quinta (18/5). Mas são os filmes americanos “Rei Arthur – A Lenda da Espada”, “Corra!” e “Antes que Eu Vá” que ganham lançamentos amplos no circuito. Destes, vale a pena ver “Corra!”. Dos outros, corra! O ator inglês Charlie Hunnam esteve no Brasil para promover seu “Rei Arthur” e deu um show de simpatia. Mas o filme é fraco, com muitos efeitos para compensar equívocos da premissa, que tenta fazer com Rei Arthur o que o diretor Guy Ritchie tinha feito anteriormente com “Sherlock Holmes” (2009). Assim, o futuro rei é apresentado como um rufião. Pior, um gângster medieval, que, após tirar a espada Excalibur da pedra, precisa provar a si mesmo o seu valor, antes de confrontar o rei usurpador para reivindicar seu trono. A avaliação do Rotten Tomatoes foi impiedosa: míseros 27% de aprovação. E o público norte-americano ecoou o desencanto nas bilheterias, ignorando a produção, orçada em US$ 175 milhões. É o maior fracasso de 2017. “Corra!” representa o oposto completo, um dos maiores sucessos do ano, com 99% de críticas positivas. Feito com orçamento de filme brasileiro, US$ 4,5 milhões, rendeu US$ 174 milhões e estabeleceu o recorde de maior arrecadação do gênero terror na América do Norte. O segredo foi misturar racismo numa história sinistra, que começa de forma romântica, num fim de semana em que a namorada de brancos ricos leva seu namorado negro para conhecer sua família numa casa de campo. Foi a estreia do comediante Jordan Peele como diretor e a repercussão já lhe rendeu inúmeros convites para novos trabalhos. “Antes que Eu Vá” é mais uma versão da trama de looping temporal de “Feitiço do Tempo” (1993), desta vez voltada para adolescentes. A ideia é exatamente a mesma, ainda que o roteiro, inspirado num best-seller infanto-juvenil, opte pela ausência de sutileza para explorar o moralismo inerente da situação: o dia se repete até a protagonista tomar decisões melhores, deixar de ser uma jovem cruel e progredir como pessoa antes de sua morte, que reinicia o looping. Com cara de filme de streaming, acabou passando em branco nos cinemas americanos, onde arrecadou míseros US$ 12 milhões – apesar de contar com 66% de aprovação da crítica. Outra história batida, moralista e melodramática, “Um Homem de Família” traz Gerard Butler (“Invasão a Londres”) como um capitalista que só percebe como negligencia sua família após o filho ser diagnosticado com uma doença fatal. Daí, óbvio, suas prioridades mudam da água para o vinho – uma descrição clichê para homenagear a produção, avaliada com inexoráveis 0% no Rotten Tomatoes. A programação inclui outro bom terror em circuito limitado. Trata-se de “O Rastro”, que também é a principal estreia nacional da semana. A produção investiu em acabamento caprichado e marketing, mas não conseguiu convencer os exibidores a abrir maior espaço nos cinemas lotados com blockbusters americanos. A trama combina assombração e o verdadeiro horror que é a saúde pública nacional. Envolve o fechamento de um hospital no Rio e acompanha o médico responsável por coordenar a transferência dos pacientes durante a noite. Quando uma paciente jovem desaparece, ele tenta localizá-la e acaba gradualmente engolido pelo prédio em condições precárias. Estreia de João Caetano Feyer (assistente de “Filme de Amor”) na direção de um longa-metragem, destaca em seu elenco Rafael Cardoso (novela “Sol Nascente”), Leandra Leal (“O Lobo Atrás da Porta”) e Alice Wegmann (“Tamo Junto”). “Entrelinhas” também marca a estreia de uma nova cineasta brasileira, Emilia Ferreira. O detalhe é que a mineira mora em Nova York, filmou em inglês a adaptação de um livro americano, com produtores americanos e atores americanos. Típico drama “cabeça”, acompanha o processo criativo de uma escritora que tenta materializar sua primeira peça de teatro, dividindo sua atenção entre o palco, a ficção e os relacionamentos de seu cotidiano. Ganha uma reduzidíssima estreia nacional, enquanto permanece inédito e sem previsão de lançamento nos Estados Unidos. A terceira cineasta estreante, Mônica Simões, chega às telas com o documentário “Um Casamento”, em que projeta uma história íntima: o casamento de seus pais, evocado com ajuda de um filme caseiro da ocasião, fotos e o depoimento de sua mãe. É bem melhor do que soa – e vale considerar que Naomi Kawase também começou registrando seu cotidiano familiar. Menor lançamento de todos, “Estamos Vivos”, de Filipe Codeço, assume o amadorismo em sua concepção, paradoxalmente ousada do ponto de vista formal. A trama gira em torno de um reencontro entre irmãos separados há muitos anos, registrado pela câmera de uma criança autista de oito anos, que gosta de ser o centro das atenções. O recurso da “câmera subjetiva”, geralmente usada em filmes de terror, acaba servindo perfeitamente ao drama, feito com baixíssimo orçamento e num único plano sequência. Claro que é preciso comprar a ideia de que um menino é capaz de manter enquadramento, conhecer profundidade de campo, fazer travelings, panorâmicas e perder pouco foco por 80 minutos de filmagem ininterrupta. Mas o verdadeiro cineasta atrás da câmera convence, apesar do roteiro culminar nas inevitáveis discussões histéricas que contrastam a opção estética com uma espécie de teatro filmado. Completa a programação o inevitável filme francês da semana, “Más Notícias para o Sr. Mars”, uma comédia absurda, em que uma espiral de eventos conspira para enlouquecer seu protagonista. A direção é de Dominik Moll (“O Monge”) e o Sr. Mars é vivido por François Damiens (“Os Cowboys”). Clique nos títulos destacados para assistir a todos os trailers das estreias da semana.
King Kong se agiganta e assume a liderança das bilheterias nos EUA
“Kong – A Ilha da Caveira” teve uma estreia colossal nos EUA. Não tão grande quanto a de “Logan” na semana passada, é verdade, mas muito acima do esperado, a ponto de deixar o filme do super-herói baixinho sob sua sombra neste fim de semana. A expectativa era de uma arrecadação de no máximo US$ 50 milhões, com muitos analistas prevendo uma briga mais acirrada com “Logan” pelo topo do ranking. Mas o faturamento chegou a US$ 61 milhões, o que deve representar, mais que comemoração, um grande alívio para a Warner Bros e o estúdio Legendary. Afinal, a superprodução custou o dobro de “Logan”: US$ 185 milhões, sem os custos de marketing. No mundo inteiro, o lançamento alcançou US$ 142,6 milhões. Mas a China ainda não entrou na conta. O lançamento chinês está marcado apenas para 24 de março. Além disso, um dos países em que havia grande expectativa por seu desempenho, o Vietnã, onde foi filmado, teve sua estreia marcada por uma tragédia, com um grande incêndio no cinema em que haveria a première – chamas engoliram uma réplica gigantesca de King Kong em sua fachada. Entusiasmada com a boa largada, a Warner já trabalha na continuação, “Kong vs. Godzilla”, que vai juntar suas duas franquias de monstros gigantes. “Logan” caiu para o 2º lugar, com US$ 37,8 milhões, o que representa uma queda de 57% em relação ao fim de semana passado. Trata-se de uma ótima retenção para um filme que, supostamente, apenas fanboys apreciariam, além de mais um sinal de que o público está disposto a pagar para ver super-heróis com classificação etária para maiores. Por sinal, “Logan” não ficou muito atrás da arrecadação internacional de “Kong – A Ilha da Caveira”, somando mais US$ 70 milhões no estrangeiro. Em apenas dez dias, o filme já atingiu US$ 152,6 milhões nos EUA e US$ 438,2 milhões em todo o mundo, consolidando-se como a maior bilheteria de 2017. Fechando o Top 3, o terror racial “Corra!” (Get Out) também segue impressionante, adicionando US$ 21 milhões em seu total de US$ 111 milhões apenas nos EUA. Ainda inédito no exterior, a previsão é de uma estreia somente em junho no Brasil, um mês após o lançamento em home video americano – ou seja, quando estará legalmente disponível para os consumidores de qualquer país do mundo. Fora do Top 10, a estreia limitada de “Personal Shopper”, novo longa francês estrelado por Kristen Stewart, chamou atenção por registrar a maior média de público da semana. O filme foi lançado em quatro salas apenas, e rendeu mais de US$ 23 mil por tela. Como parâmetro, “Kong” teve a segunda maior média da semana, com US$ 15 mil. BILHETERIAS: TOP 10 América do Norte 1. Kong – A Ilha da Caveira Fim de semana: US$ 61 milhões Total EUA: US$ 61 milhões Total Mundo: US$ 142,6 milhões 2. Logan Fim de semana: US$ 37,8 milhões Total EUA: US$ US$ 152,6 milhões Total Mundo: US$ 438,2 milhões 3. Corra! Fim de semana: US$ 21 milhões Total EUA: US$ 111 milhões Total Mundo: US$ 111 milhões 4. A Cabana Fim de semana: US$ 10 milhões Total EUA: US$ 32,2 milhões Total Mundo: US$ 32,4 milhões 5. Batman Lego – O Filme Fim de semana: US$ 7,8 milhões Total EUA: US$ 159 milhões Total Mundo: US$ 275,5 milhões 6. Antes que Eu Vá Fim de semana: US$ 3,1 milhões Total EUA: US$ 9 milhões Total Mundo: US$ 9 milhões 7. Estrelas Além do Tempo Fim de semana: US$ 2,7 milhões Total EUA: US$ 162,8 milhões Total Mundo: US$ 206 milhões 8. John Wick – Um Novo Dia para Matar Fim de semana: US$ 2,7 milhões Total EUA: US$ 87,4 milhões Total Mundo: US$ 153 milhões 9. La La Land – Cantando Estações Fim de semana: US$ 1,7 milhão Total EUA: US$ 148,4 milhões Total Mundo: US$ 416,8 milhões 10. Cinquenta Tons Mais Escuros Fim de semana: US$ 1,6 milhão Total EUA: US$ 112,9 milhões Total Mundo: US$ 368,8 milhões
Logan supera previsões e tem a melhor estreia do ano nos EUA
A estreia de “Logan” estraçalhou as previsões mais otimistas. Enquanto os analistas de mercado projetavam uma abertura em torno de US$ 70 milhões, com base nos rendimentos de seu primeiro dia em cartaz, o filme surpreendeu por aumentar ainda mais a arrecadação no sábado e no domingo, chegando a US$ 85,3 milhões em seus primeiros três dias na América do Norte. Trata-se da maior abertura do ano até o momento. Mas também foram registrados outros recordes, como a melhor estreia de um filme solo do Wolverine e o maior faturamento de estreia de um filme com classificação etária “R” (proibido para menores de 17 anos) no mês de março nos EUA. No geral, “Logan” atingiu a quinta maior arrecadação de abertura de um filme “R” em todos os tempos no mercado doméstico. Mas não ficou nisso. A produção rendeu quase o dobro no exterior, chegando a impressionantes US$ 237,8 milhões mundiais em sua arrancada inicial. O sucesso de “Logan” demonstra que “Deadpool” não foi um fenômeno isolado. A ousadia da Fox, ao produzir dois filmes de super-heróis para maiores, compensou. Afinal, o êxito também se estendeu às críticas. “Logan” teve 93% de aprovação na média do site Rotten Tomatoes. E o boca-a-boca do público é totalmente favorável, com -A na classificação do CinemaScore, que pesquisa a opinião dos espectadores de cinema. Claro que, para chegar nisso, a Fox precisou se arrebentar com “Quarteto Fantástico” (2015). Fracasso de público e crítica, o filme demonstrou como o estúdio, responsável por intervir em sua produção, não sabia o que estava fazendo. Provavelmente continue sem saber, como assumiu seu CEO em entrevista cândida, mas ao menos passou a confiar em seus cineastas, que conseguiram fazer os filmes que queriam, com muito sucesso. Pesquisa recente realizada pelo site de venda de ingressos Fandango confirmou que o público gosta e quer mais adaptações adultas de super-heróis. A Fox saiu na frente e ganhou credibilidade. Warner e Disney que se preocupem. Líder na semana passada, o terror “Corra!” (Get Out) caiu para 2º sob o peso de “Logan”, mas atingiu US$ 75,9 milhões em dez dias em cartaz. Seu desempenho é uma das grandes surpresas deste começo do ano, tanto entre o público como entre a crítica, obtendo 99% de aprovação (caiu um ponto), após a publicação de todas as críticas das principais publicações da América do Norte. Um fenômeno. O superpoder demonstrado pelo líder das bilheterias ofuscou as demais estreias da semana. As duas outras novidades foram produções de temática parecida, focadas em espiritualidade, religião e vida após a morte. “A Cabana” abriu em 3º lugar, com US$ 16,1 milhões, enquanto “Antes que Eu Vá” implodiu em 5º, com US$ 4,9 milhões. Ambos os filmes serão lançados no Brasil pela mesma distribuidora, com estreias marcadas, respectivamente, para 6 de abril e 25 de maio. BILHETERIAS: TOP 10 América do Norte 1. Logan Fim de semana: US$ 85,3 milhões Total EUA: US$ 85,3 milhões Total Mundo: US$ 237,8 milhões 2. Corra! Fim de semana: US$ 26,1 milhões Total EUA: US$ US$ 75,9 milhões Total Mundo: US$ 75,9 milhões 3. A Cabana Fim de semana: US$ 16,1 milhões Total EUA: US$ 16,1 milhões Total Mundo: US$ 16,1 milhões 4. Batman Lego – O Filme Fim de semana: US$ 11,6 milhões Total EUA: US$ 148,6 milhões Total Mundo: US$ 256,8 milhões 5. Antes que Eu Vá Fim de semana: US$ 4,9 milhões Total EUA: US$ 4,9 milhões Total Mundo: US$ 4,9 milhões 6. John Wick – Um Novo Dia para Matar Fim de semana: US$ 4,7 milhões Total EUA: US$ 82,8 milhões Total Mundo: US$ 144,3 milhões 7. Estrelas Além do Tempo Fim de semana: US$ 3,8 milhões Total EUA: US$ 158,7 milhões Total Mundo: US$ 194,9 milhões 8. A Grande Muralha Fim de semana: US$ 3,5 milhões Total EUA: US$ 41,2 milhões Total Mundo: US$ 320,1 milhões 9. Cinquenta Tons Mais Escuros Fim de semana: US$ 3,4 milhões Total EUA: US$ 109,9 milhões Total Mundo: US$ 356,1 milhões 10. La La Land – Cantando Estações Fim de semana: US$ 2,9 milhões Total EUA: US$ 145,6 milhões Total Mundo: US$ 396,3 milhões
Antes que Eu Vá: Zoey Deutch revive o mesmo dia em trailer legendado de fantasia teen
A Paris Filmes divulgou o trailer legendado de “Antes que Eu Vá” (Before I Fall), que é uma espécie de versão teen e mau-humorada de “Feitiço do Tempo” (1993). Na prévia, Zoey Deutch percebe estar condenada a viver sempre o mesmo dia, mas em vez disso virar uma comédia com Bill Murray ou até uma sci-fi com Tom Cruise, mostra apenas como melodramas adolescentes podem ser repetitivos. O elenco ainda inclui Elena Kampouris (“Casamento Grego 2”), Halston Sage (“Goosebumps”), Jennifer Beals (série “The L Word”), Alyssa Lynch (série “Projetc MC2”), Logan Miller (série “The Walking Dead”), Diego Boneta (série “Scream Queens”), Nicholas Lea (série “Arquivo X”) e Erica Tremblay (a irmã caçula de Jacob Tremblay). Com roteiro de Maria Maggenti (série “Finding Carter”) e direção de Ry Russo-Young (“Caminho para o Coração”), “Antes que eu Vá” está na seleção do Festival de Sundance e estreia em 9 de março no Brasil, uma semana após o lançamento nos EUA.



