Peter Jackson vai dirigir documentário 3D sobre a 1ª Guerra Mundial
O diretor Peter Jackson, responsável pelas fantasias de “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”, anunciou seu próximo filme: um documentário em 3D sobre a 1ª Guerra Mundial. O cineasta neozelandês se associou à BBC para ter acesso aos arquivos da rede pública britânica de TV e rádio, e o filme contará com cenas raras do conflito, além de material inédito cedido pelo Museu Imperial de Guerra de Londres. Todas as imagens serão colorizadas e tratadas com tecnologia atual para exibição em 3D. O documentário irá marcar os 100 anos do final da guerra, que durou de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918. Ainda sem título, a produção será lançada no Festival de Londres, em outubro de 2018, seguida por exibição na TV britânica pela BBC. Não há previsão para um lançamento mundial.
Cold Skin: Sereias assassinas atacam ilha isolada em trailer e fotos de terror europeu
O terror europeu “Cold Skin” ganhou pôster, 22 fotos e trailer. Passada num farol numa ilha isolada, durante o ano de 1914, a trama acompanha a luta de dois homens para sobreviver aos ataques cotidianos de hordas de criaturas anfíbias – sereias e tritões, que podem ser tanto encantadores quanto sanguinários. A história é baseada no best-seller do autor catalão Albert Sanchez Pinol, com roteiro de Jesús Olmo (“Extermínio 2”) e Eron Sheean (“O Abrigo”). A direção é do francês Xavier Gens (“(A) Fronteira”, “Hitman”) e o elenco destaca o inglês David Oakes (série “The White Queen”), o irlandês Ray Stevenson (série “Black Sails”) e a espanhola Aura Garrido (“Viral”) sob maquiagem de sereia. Coprodução entre a França e a Espanha, o filme já entrou em cartaz nos cinemas espanhóis, mas ainda está sendo exibido no circuito dos festivais internacionais, por isso não possui data de estreia em outros países.
Asa Butterfield e Sam Claflin vão à guerra em trailer de drama britânico
O filme britânico de guerra “Journey’s End” ganhou pôsteres, fotos e trailer, com cenas dramáticas nas trincheiras do começo do século 20. Passado durante a 1ª Guerra Mundial, o filme marca o reencontro de dois amigos no campo de batalha, um recém-chegado e idealista e outro desiludido e sem esperanças com os rumos do conflito, que se unem enquanto esperam o ataque do inimigo. A trama é baseada na peça homônima de R.C. Sherriff (1896–1975), encenada pela primeira vez em 1928, quando a memória da guerra ainda era recente e Laurence Olivier era um jovem iniciante. Fez tanto sucesso que virou filme em 1930 e rendeu uma carreira de roteirista a Sherriff em Hollywood, assinando clássicos como “O Homem Invisível” (1933), “As Quatro Penas Brancas” (1939) e “Adeus, Mr. Chips” (1939). A direção da nova versão é de Saul Dibb (“Suite Francesa”) e o elenco destaca Asa Butterfield (“Ender’s Game”) como o recém-chegado e Sam Claflin (“Jogos Vorazes: Em Chamas”) como o amigo veterano, além de Paul Bettany (“Vingadores: Era de Ultron”), Toby Jones (“Boneco de Neve”), Stephen Graham (“Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar”), Tom Sturridge (“LOnge Deste Insensato Mundo”) e Robert Glenister (“A Lei da Noite”). A estreia está marcada para 2 de fevereiro no Reino Unido e não há previsão de lançamento no Brasil.
Nicholas Hoult negocia viver o autor de O Hobbit no cinema
Nicholas Hoult negocia interpretar J.R.R. Tolkien, o autor de “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”, em uma cinebiografia produzida pela Fox Searchlight. Segundo o site Deadline, as negociações estão em estágios iniciais, mas o ator é a primeira opção do estúdio. A direção será realizada por Dome Karukoski (“Tom of Finland”), um dos diretores mais premiados do cinema finlandês. O roteiro é de David Gleeson (“Caubóis e Anjos”) e Stephen Beresford (“Orgulho e Esperança”) e deverá se concentrar nos anos de formação de Tolkien, quando o jovem órfão forma um grupo de amigos com outros rejeitados, mas a eclosão da 1ª Guerra Mundial (1914-1918) surge como ameaça para esta irmandade. Caso esta seja mesmo a linha adotada, é possível antever paralelos entre a trama e a “Sociedade do Anel”, primeiro livro da trilogia “O Senhor dos Anéis”. O filme ainda não tem previsão de estreia.
Christian Bale se divide entre o romance e a denúncia genocídio armênio em trailer de drama histórico
O drama histórico “A Promessa”, com Christian Bale (“A Grande Aposta”) e Oscar Issac (“Star Wars: O Despertar da Força”), ganhou trailer legendado. A prévia começa com uma cena de dimensão grandiosa e dramática, mas logo emplaca um flashback para enaltecer um triângulo romântico entre os personagens dos dois atores e a jovem armênia vivida por Charlotte Le Bon (“A Travessia”). O detalhe é que o pano de fundo é nada menos que um genocídio. A trama se passa durante os últimos dias do Império Otomano e da 1ª Guerra Mundial, quando o governo decidiu exterminar a raça armênia, originando um verdadeiro holocausto. Bale interpreta um repórter da Associated Press que tenta registrar o massacre, que os turcos negam existir. O filme tem roteiro e direção de Terry George, que concorreu ao Oscar por outro filme sobre um genocídio histórico, “Hotel Ruanda” (2004). O elenco também inclui Jean Reno (“Assalto ao Carro Blindado”), Tom Hollander (“Missão Impossível: Nação Secreta”), Shohreh Aghdashloo (série “The Expanse”), Angela Sarafyan (série “The Westworld”), James Cromwell (“O Artista”) e Rade Serbedzija (“Busca Implacável 2”). Apesar do tema de denúncia social, a première mundial, no Festival de Toronto, não empolgou. A estreia está marcada para 21 de abril nos EUA e 11 de maio no Brasil.
Anne Hathaway vai estrelar drama de sobrevivência no mar da diretora de As Cinco Graças
A cineasta turca Deniz Gamze Ergüven, que venceu inúmeros prêmios com sua estreia “As Cinco Graças” (Mustang, 2015), vai fazer sua estreia em Hollywood, dirigindo a atriz Anne Hathaway (“Interestelar”) no drama de sobrevivência “The Lifeboat”. O projeto deveria ser originalmente dirigido pelo inglês Joe Wright (“Anna Karenina”), mas houve conflito de agendas. “The Lifeboat” é uma adaptação do best-seller de Charlotte Rogan, lançado no Brasil com o título “No Coração do Mar”. A trama se passa no verão de 1914, durante o naufrágio do luxuoso transatlântico Empress Alexandra, durante uma viagem entre Londres e Nova York. Os barcos salva-vidas não têm lugares para todos e a sobrevivência de alguns implica a morte de outros. A jovem Grace (papel de Hathaway) consegue um lugar num salva-vidas superlotado, apenas para enfrentar uma luta desesperadora contra a natureza dos elementos e a natureza humana, numa volátil disputa de poder. Ao longo de três dramáticas semanas, os passageiros do salva-vidas conspiram, confrontam-se e consolam-se uns aos outros num espaço diminuto. A suas crenças sobre humanidade e Deus e o que pensavam saber sobre si próprios serão testadas ao limite, à medida que descobrem do que são capazes para sobreviver. Ainda não existe cronograma para o início das filmagens ou previsão para a estreia da produção.
Christian Bale registra genocídio armênio em trailer de drama do diretor de Hotel Ruanda
A Open Road Films divulgou as fotos e o trailer do drama épico “The Promise”, que traz Christian Bale (“A Grande Aposta”) no papel principal. A prévia começa com uma cena de dimensão grandiosa e dramática, mas logo emplaca um flashback para enaltecer um triângulo romântico entre os personagens dos dois atores e a jovem armênia vivida por Charlotte Le Bon (“A Travessia”). O detalhe é que o pano de fundo é nada menos que um genocídio. A trama se passa durante os últimos dias do Império Otomano e da 1ª Guerra Mundial, quando o governo decidiu exterminar a raça armênia, originando um verdadeiro holocausto. Bale interpreta um repórter da Associated Press que tenta registrar o genocídio, que os turcos negam existir. O elenco também destaca Oscar Isaac (“Star Wars: O Despertar da Força”), na pele de um estudante de Medicina armênio, e Charlotte Le Bon (“A Travessia”) como a jovem armênia que ambos amam. O filme tem roteiro e direção de Terry George, que concorreu ao Oscar por outro filme sobre um genocídio histórico, “Hotel Ruanda” (2004). O elenco também inclui Jean Reno (“Assalto ao Carro Blindado”), Tom Hollander (“Missão Impossível: Nação Secreta”), Shohreh Aghdashloo (série “The Expanse”), Angela Sarafyan (série “The Westworld”), James Cromwell (“O Artista”) e Rade Serbedzija (“Busca Implacável 2”). Apesar do tema de denúncia social, a première mundial, no Festival de Toronto, não empolgou. A estreia está marcada para 21 de abril nos EUA e não há previsão de lançamento no Brasil.
Mistério na Costa Chanel cria humor surreal com personagens bizarros
Uma comédia surrealista é o que o diretor Bruno Dumont oferece com seu novo filme “Mistério na Costa Chanel”. Um elenco estelar, de grandes atores e atrizes, constrói personagens insanos, estranhos, exagerados, ambíguos ou que se inspiram em clichês e tipos familiares à história do cinema. Ma Loute (Brandon Lavieville), que dá o nome original ao filme, é uma figura bizarra. Ele transporta pessoas de um lado ao outro da água, carregando-as nos braços, mas também levando-as, junto com o pai, por meio de um barco, para mais longe. As pessoas que vão podem não voltar mais e esse é o mistério que se passa, no começo do século 20, numa pequena cidade costeira do litoral norte da França. Há muitos desaparecidos por lá, mas uma dupla de detetives desastrada, inspirada em o Gordo e o Magro do cinema, não percebe nada. Nem mesmo a existência de uma família de canibais da qual Ma Loute faz parte. O Gordo (Didier Despres) rola morro abaixo, enquanto a família Van Peteghem: André (Fabrice Luchini), Isabelle (Valeria Bruni Tedeschi) e dois filhos utilizam uma enorme e confortável casa com uma vista privilegiada do local. Receberão a visita de Aude (Juliette Binoche) e sua filha/filho Billie (Ralph). A ambiguidade de gênero do personagem Billie percorre todo o filme: será uma menina que gosta de se vestir de menino ou um menino feminino? Androginia, transexualidade, travestismo ou caso de intersexo? Também não importa muito. Quem disse que os mistérios existem para serem solucionados? Ali ninguém se entende ou se comunica para alcançar algo, muito menos qualquer tipo de racionalidade. Reações histéricas para fatos corriqueiros convivem com uma placidez diante de coisas muito graves que acontecem. As reações não combinam com os fatos. E, naturalmente, o amor que se estabelece entre Ma Loute e Billie pode ser um problema. Há um contexto de luta de classes implícito na trama que contrapõe a alta burguesia esnobe da família Van Peteghem aos pescadores pobres que com eles convivem. Mas ninguém se salva no exagero da caricatura e da farsa. Não há bem e mal, embora estejam caracterizadas diferenças sociais extremas. A maldade e a loucura dominam a cena e detonam tudo. É preciso, evidentemente, entrar na onda do filme, surfar no non sense e rir do besteirol criado por Dumont, que também assina o roteiro e a montagem. Mas não é uma bobagem qualquer. Trata-se de um diretor talentoso, responsável por filmes como “Camille Claudel 1915” (2013), “Fora de Satã” (2011) e “O Pecado de Hadewijch” (2009), capaz de criar sequências muito bem feitas, com um elenco magnífico que atrai todo o interesse. As locações são muito bonitas, mas não é só na Costa Chanel, na França, em 1910, que reside a insanidade. O mundo é uma loucura só. E sempre foi, parece nos dizer Bruno Dumont.
Autor de O Hobbit vai ganhar cinebiografia com direito à batalhas da 1ª Guerra Mundial
Depois do sucesso das trilogias “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”, é a vez do autor das duas obras, o escritor britânico J.R.R. Tolkien (1892-1973), ganhar seu próprio filme. Segundo o site The Hollywood Reporter, o diretor James Strong, que dirigiu episódios das séries “Doctor Who”, “Broadchurch” e “Downton Abbey”, foi contratado para comandar o longa pelos produtores Robert Shaye e Michael Lynne, responsáveis pelos três “O Senhor dos Anéis”. Intitulado “Middle Earth” (Terra Média), o filme foi roteirizado por Angus Fletcher (“S.E.R.E.”), que pesquisou o material por seis anos. Segundo o site, a trama irá se concentrar no período em que Tolkin lutou na 1ª Guerra Mundial (1914-1918), abordando sua inspiração nas batalhas para escrever “O Hobbit”, seu clássico livro infantil de 1937, e posteriormente a trilogia dos anéis, em 1954. Foi nesta época que começou sua famosa amizade com C.S. Lewis (1898-1963), autor dos livros de “As Crônicas de Nárnia”. O subtenente Tolkien conheceu o soldado Lewis, de 18 anos, nas trincheiras da famosa Batalha de Somme, na região do Rio Somme, na França, que durou mais de quatro meses, de 1º de julho a 14 de novembro de 1916, e é considerada uma das batalhas mais sangrentas da história. Por curiosidade, do outro lado do conflito, servindo no exército do Kaiser, estava outro jovem que se tornaria famoso, Adolf Hitler. O projeto ainda está em fase de desenvolvimento e não está claro qual é o envolvimento dos herdeiros de Tolkien com a produção. Nos últimos anos, eles têm se mostrado bastante reservados e críticos em relação aos produtos derivados da obra do escritor.
O Homem que Viu o Infinito segue fórmula para diminuir a ciência diante do divino
De Madras (hoje, Chennai), no extremo sul da Índia, no início do século 20, surgiu um matemático brilhante, que contribuiu com fórmulas decisivas para o avanço da ciência e o alcance de soluções muito complexas. Com um detalhe: Srinivasa Ramanujan (1887-1920), esse indiano, notável matemático, não tinha estudo formal nenhum. Ainda assim, seu talento era tão evidente que ele acabou numa universidade inglesa, em Cambridge (onde também estava Bertrand Russell) e chegou a pertencer à Royal Society de Ciências, uma honraria por merecimento. “O Homem que Viu o Infinito”, segundo filme escrito e dirigido pelo britânico Matt Brown (“Ropewalk”), pretende contar a história real desse gênio da matemática, especialmente no seu período de estudos e publicações na Inglaterra, tendo como mentor e amigo, apesar da improbabilidade que sempre cercou essa amizade, do professor e também ilustre matemático G. H. Hardy. O período é o que começa em 1913, atravessa toda a 1ª Guerra Mundial e a ultrapassa um pouco. Oceanos de distância os separavam, mesmo estando próximos, se pensarmos nas crenças, modos de vida, hábitos alimentares, de vestuário, entre outras coisas, associados a um e a outro. Por outro lado, a guerra distanciou Ramanujan de sua amada e sua família de modo absoluto. No filme, a distância é ampliada também pela correspondência não entregue, um dos elementos de uma narrativa novelesca que põe a realidade a serviço de uma fórmula comercial para entreter e agradar o público. Outro elemento é a adoção da ideia de que todo o conhecimento absurdo daquele gênio da matemática derivava de uma intuição divina. Daí a dificuldade que o indiano teve para construir as provas acadêmicas daquilo que ele “sabia que era assim “. Quem quiser crer que a matemática deriva diretamente de Deus, ou de uma deusa hindu, que compre essa narrativa. A mim, não pode convencer, como não deveria convencer o grande professor Hardy, ateu convicto, mas, sabe como é, né? O que não dá é para vender a ideia de que a realidade é – ou foi – assim. Isso é uma interpretação religiosa dos fatos. Algo que está em evidência em certos estudos pseudocientíficos, associados à física quântica, na atualidade. Em todo caso, Deus ainda carece de provas, não basta a convicção. Tal como andou se falando muito por aqui. “O Homem que Viu o Infinito” é uma boa produção, a história é bem contada, de forma linear, filmada na Índia e na Inglaterra, em belíssimas locações e tem um elenco muito bom. Quem faz Ramanujan é Dev Patel, ator de “Quem Quer Ser um Milionário?” (2008), e o professor Hardy é vivido por Jeremy Irons (“Batman vs. Superman”). A amada distante, Janaki, por sua vez é vivida pela bela atriz Devika Bhise (“Marido por Acaso”), convincente no seu sofrimento. O que não me convence é a ideologia do filme.
A Lenda de Tarzan acerta mais que erra na renovação do personagem clássico
Criado em 1912 por Edgar Rice Burroughs, Tarzan é um personagem representante de uma mentalidade da virada do século 19 para o 20, que opunha selvageria e civilização a partir dos conceitos europeus em voga na época. Assim, o personagem atraía fascínio pela mistura destas oposições: o “selvagem” Tarzan e a “civilizada” Jane, seu grande amor e possibilidade de fazê-lo reencontrar a nobreza de sua família. Mais do que isso, Tarzan reinava sobre os animais e africanos enquanto nobre inglês branco. Mesmo criado por macacos e desconhecendo sua origem, o personagem parecia ter uma genética superior, algo que o faria naturalmente especial no ambiente da selva fabular que Burroughs imaginou sem nunca ter ido à África. Ao tentar atualizar o personagem, “A Lenda de Tarzan” toma certos cuidados para não cair nos estereótipos do início do século passado, mas não consegue fugir daquilo que é o cerne do personagem: é o homem branco que vai liderar e salvar os africanos de um destino cruel. Se por esse lado não há novidades, por outro o filme insere um personagem negro – e americano (Samuel L. Jackson, de “Os Vingadores”) – para ser o braço direito do protagonista e tenta fazer de Jane (Margot Robbie, de “Esquadrão Suicida”) uma mocinha que não esteja em perigo. São propostas importantes para deixar um personagem anacrônico em consonância com os novos tempos, mas o resultado é desequilibrado: o personagem de Jackson nunca está à altura dos feitos do protagonista e Jane, apesar de se mostrar forte e decidida, acaba sendo sempre o par romântico que precisa ser salvo pelo herói. Mas apesar das ressalvas o filme diverte e funciona bem em se propor como uma espécie de continuação para a história que todas já conhecem. Quando encontramos Tarzan pela primeira vez, ele não é o senhor das selvas, mas o lorde John Clayton, já “civilizado”, de volta ao castelo de sua família. Uma armadilha arquitetada pelo explorador de diamantes Leon Rom (Christoph Waltz, de “Django Livre”, fazendo o mesmo vilão divertido de sempre) leva o personagem-título de volta à África e ao seu reencontro com sua verdadeira natureza. David Yates usa paletas sombrias para contar a história, mas não se decide entre o realismo e o fantasioso. Parece haver dois filmes em “A Lenda de Tarzan”, um primeiro e mais interessante que se propõe a ser um épico sóbrio (dentro do possível, claro) sobre as dualidades de um homem criado em meio aos animais; e um segundo que mais lembra um filme de super-herói da Marvel. Algumas piadinhas e frases de efeito também não funcionam e parecem deslocadas neste filme, que pende para lados diferentes de acordo com o que roteiro precisa. Trazendo um clímax que abusa de efeitos digitais sem empolgar muito, “A Lenda de Tarzan” dá um novo sopro de vida ao personagem e consegue torná-lo interessante para as novas gerações, sem fazê-lo perder suas características essenciais. Mas enquanto fóssil perdido do tempo, representante de uma era passada e ultrapassada, Tarzan, o personagem, é mais interessante do que seu próprio filme. E a interpretação acima da média de Alexander Skarsgard (da série “True Blood”) ajuda muito neste sentido, trazendo imponência e complexidade para que acreditemos nesta figura deslocada no tempo e espaço. “A Lenda de Tarzan” está longe de ser perfeito, mas consegue em grande medida cumprir sua promessa de aventura como as matinês de antigamente.
Disney vai fazer novo filme sobre Peter Pan
A Disney anunciou a produção de um novo filme com atores sobre “Peter Pan”. O estúdio contratou David Lowery (“Amor Fora da Lei”) para dirigir e escrever o roteiro em parceria com Toby Halbrooks (que produziu os filmes indies de Lowery). A dupla, por sinal, já está desenvolvendo um projeto para a Disney: o remake de “Meu Amigo, o Dragão” (1977), que estreia em outubro e, pelo visto, agradou aos executivos do estúdio. O famoso personagem infantil de J. M. Barrie já ganhou inúmeras versões para o cinema desde sua criação em 1911, entre elas uma animação clássica da Disney, que chegou aos cinemas em 1953. A adaptação mais recente foi lançada pela Warner no ano passado, com atores reais e direção de Joe Wright (“Anna Karenina”), mas não conseguiu muito sucesso. A nova versão faz parte da estratégia da Disney de explorar suas propriedades mais famosas em filmes com atores reais, que começou com “Alice no País das Maravilhas” (2010) e manteve seu sucesso nas versões recentes de “Malévola” (2014) e “Cinderela” (2015). Entre as adaptações em desenvolvimento, incluem-se ainda filmes de Dumbo, Pinóquio, A Bela e a Fera, Gênio da Lâmpada, o Príncipe Encantado, a irmão de Branca de Neve, o jovem Rei Arthur de “A Espada Era a Lei” e “Cruella”, sobre a vilão de “101 Dálmatas”.
O Lobo do Deserto surpreende com drama e aventura em clima de western beduíno
“O Lobo do Deserto”, produção capitaneada pela Jordânia (com Emirados Árabes, Qatar e Reino Unido), indicada ao Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro, é um drama de diretor estreante, Naji Abu Nowar, que mostra inegável talento na filmagem de sua história centrada na figura de uma criança: o Theeb do título original. O contexto histórico não fica muito claro, mas a trama se passa no deserto da Arábia, em 1916, em meio à 1ª Guerra Mundial. Theeb (Jacir Eid), que significa lobo, vive numa tribo beduína em algum ponto distante do Império Otomano. O menino convive com seu irmão maior, que procura lhe ensinar o estilo de vida beduíno. O sheik, seu pai, morreu recentemente. E é da perspectiva iminente da morte, todo o tempo, que vive a narrativa centrada no menino. Vemos a chegada de um oficial britânico àquelas paragens, pedindo ajuda para localizar um poço romano, no caminho para Meca, antiga rota de peregrinos, agora tomada por bandidos, mercenários, revolucionários e corsários. E Theeb, mesmo a contragosto dos viajantes, acompanha o irmão, o oficial e seu companheiro, numa jornada repleta de perigos, tiroteios e mortes, que remete ao gênero western. As linhas de trem anunciam que os camelos vão cedendo a vez ao progresso. O filme, ao se focar na figura do menino, se exime de explicar melhor o contexto. Tanto quanto nós, espectadores, o menino não sabe o que está acontecendo. Porque as pessoas se matam nesse local do deserto, o que está em jogo, que papel tem o oficial inglês nessa história e o que ele carrega consigo que parece valioso. A Theeb cabe, prematuramente, se defender, se esconder, sair de um poço onde caiu, manejar armas, conviver com um homem que não conhece e não sabe direito a que veio, escalar montanhas de pedra e, enfim, tentar sobreviver. O clima de tensão é criado ao explorar em panorâmicas ao mesmo tempo um ambiente misterioso, belo e assustador, e ao focar bem de perto a figura de Theeb, seu irmão maior e outros personagens, colocando-nos dentro da ação. Uma ação, como disse, um tanto incompreensível. Estamos vivendo os fatos como se fôssemos uma criança, como é Theeb, com cerca de 10 anos de idade. É evidentemente assustadora a jornada vivida pelo menino. A trama não desvenda propriamente o mistério, mas constrói um conjunto de situações que não só envolve o espectador como o intriga. Tudo vai ficando um pouco mais claro à medida que os eventos se sucedem. A sequência final fecha bem a trama. Até surpreende, mas o mistério das relações envolvidas permanece. É uma bela produção, muito bem realizada. Uma boa surpresa em termos cinematográficos, que já rendeu a esse filme da Jordânia alguns prêmios importantes, como um BAFTA, além da distribuição garantida em muitos países graças à sua indicação ao Oscar.











