Vigarista real de “Inventando Anna” organiza desfile da Semana da Moda de Nova York
Em prisão domiciliar por seus golpes, enquanto aguarda possível deportação, a falsa herdeira Anna Delvey (nome verdadeiro: Anna Sorokin) foi anfitriã de um desfile de moda da marca Shao durante a Semana de Moda de Nova York. Impedida de sair de casa, Sorokin, que conquistou notoriedade por enganar a elite nova-iorquina e foi posteriormente interpretada por Julia Garner na minissérie “Inventando Anna”, da Netflix, recebeu o evento no telhado de seu prédio no East Village. O evento foi coordenado por Kelly Cutrone, conhecida pelo reality show “Kell on Earth”. Ela e Sorokin (que ainda prefere ser chamada de Delvey, o nome falso que a popularizou) são sócias numa “agência pop-up de relações públicas” denominada OutLaw (fora-da-lei, em inglês). “É muito difícil para os novos estilistas atrair atenção, e eu sou capaz de conseguir publicidade — publicidade ruim, qualquer publicidade — só por sair de casa para levar o lixo”, declarou Sorokin ao jornal New York Times, destacando o cinismo implícito na colaboração. Agora é moda A marca Shao, que mescla moda de rua, de escritório e espartilhos em suas criações, é liderada por Shao Yang, e conseguiu realmente chamar atenção da imprensa com a escolha inusitada de locação para seu desfile. Shao também vestiu Sorokin com um smoking preto, com pernas longas o suficiente para esconder seu monitor de tornozelo, e ombros incrustados de strass. Além da imprensa tradicional, o evento atraiu nomes como Olivier Zahm, editor da revista Purple, e Nicola Formichetti, colaborador de Lady Gaga. “Sou fascinado por ela [Sorokin/Delvey] há muito tempo e, como todo mundo, estou esperando para ver o que ela vai fazer a seguir”, disse Formichetti, que definiu o nome da agência pop-up como “genial”. Desfile fora-da-lei Realizado no telhado do prédio de Sorokin devido à falta de espaço em seu apartamento, o evento trouxe consigo desafios logísticos. As modelos chegaram em um ônibus de festa e se amontoaram nos corredores estreitos do prédio antes de acessar o espaço do desfile. Kelly Cutrone estimou a presença de cerca de 100 convidados. Além disso, tudo aconteceu à margem da legalidade. O evento não contou com as devidas autorizações das autoridades locais, tornando-se, assim, um ato fora-da-lei. Fontes próximas à organização indicam que não foram adquiridas as licenças necessárias para a realização do desfile em via pública, o que poderia resultar em multas ou ações legais contra os organizadores. Esse fato acrescenta uma camada de controvérsia ao evento, que deixou alguns vizinhos de Sorokin perplexos e descontentes, alimentando ainda mais o debate sobre as estratégias inusitadas empregadas por novos estilistas para captar a atenção em um mercado saturado. “Já não existem regras”, disse Cutrone. “Qualquer coisa pode acontecer.” Veja um vídeo do evento. Only Kelly Cutrone would produce a whole NYFW Show from Anna Delvey’s house while she’s on House Arrest 😂 pic.twitter.com/OJoEfIpEcZ — Katia (@katia) September 13, 2023
“Inventando Anna” rende processo de difamação contra Netflix
A Netflix está envolvida em um processo de difamação por causa da sua minissérie “Inventando Anna”. O processo foi movido por Rachel Williams, que aparece como uma personagem na série, retratada como uma aproveitadora que traiu a melhor amiga em benefício próprio. Segundo Williams, a Netflix deturpou a sua representação. “Inventando Anna” foi criada por Shonda Rhimes (criadora de “Grey’s Anatomy”) e narra a história real da vigarista Anna Delvey (também conhecida como Anna Sorokin). Na série, a protagonista consegue se infiltrar na alta sociedade de Nova York afirmando ser uma herdeira alemã e comete fraudes milionárias como forma de financiar o seu estilo de vida. A atração se define da seguinte maneira: “Esta história é completamente verdadeira. Exceto pelas partes que são totalmente inventadas”. E, aparentemente, a personagem de Williams entrou na lista dessas invenções. Williams trabalhou como editora de fotos na revista Vanity Fair e publicou um artigo sobre o tempo que passou com Sorokin. Mas ela alega que sua representação na minissérie se difere da realidade. Alexander Rufus-Isaacs, advogado de Williams, aponta uma entrevista de Shonda Rhimes, na qual ela supostamente admite aquilo que o processo está afirmando. “Queríamos saber o que estávamos inventando”, disse Rhimes na entrevista. “Nós não queríamos inventar coisas só por inventar. Queríamos intencionalmente ficcionalizar momentos em vez de apenas acidentalmente ficcionalizá-los”. Em outra entrevista ao The Hollywood Reporter, Rhimes admitiu que “houve coisas que inventamos porque precisavam ser inventadas para fazer a história realmente engrenar e ser o que deveria ser.” A atriz Katie Lowes, que interpreta Williams na minissérie, também disse durante uma entrevista que sua personagem quer agradar as outras pessoas. “Ela é jovem, ingênua e teve uma vida privilegiada. Não acho que isso seja necessariamente verdade para a Rachel Williams da vida real; eu acho que isso é verdade para a personagem que Shonda escreveu e para o que Shonda precisava que a personagem fosse na série.” O advogado de Williams afirma que declarações como estas constituem uma admissão. Para ele, a Netflix sabia que as ações da personagem eram falsas, mas ainda assim optou por retratá-la como a vilã da história, inclusive usando o nome de Williams. Entretanto, o processo não cita nem Rhimes nem a produtora Shondaland. O alvo é a própria Netflix. “Esta ação vai mostrar que a Netflix tomou uma decisão deliberada para fins dramáticos ao mostrar Williams fazendo ou dizendo coisas na série que a retratam como uma pessoa gananciosa, esnobe, desleal, desonesta, covarde, manipuladora e oportunista”, afirma a queixa, apresentada no tribunal federal de Delaware. Na minissérie, Williams aceita os presentes e as viagens de Sorokin, mas trai a sua amiga, entregando-a às autoridades assim que descobre que ela mentiu sobre sua fortuna. Na ação, Williams cita momentos específicos da minissérie, como as cenas em que um advogado força a personagem baseada nela a admitir que Sorokin sempre pagava a conta quando as duas saíam juntas. A intenção dessa cena é mostrá-la como uma aproveitadora. Mas Williams afirma que, na verdade, ela pagou a conta várias vezes e em outras ocasiões as duas dividiram. Em outro momento, Williams é mostrada abandonando Sorokin no Marrocos depois que o cartão de crédito de Sorokin foi recusado em um resort de luxo. Segundo Williams, ela havia dito a Sorokin antes da viagem que ela teria que voltar numa data específica porque já tinha agendado uma viagem de trabalho para França. “Williams não deixou de ser amiga de Sorokin porque Sorokin estava tendo problemas no Marrocos, mas porque ela posteriormente descobriu em seu retorno a Nova York que Sorokin era uma mentirosa e uma vigarista cujas declarações e promessas falsas haviam induzido Williams a incorrer em passivos de cerca de US$ 62 mil em nome de Sorokin, e ela só a reembolsou em US$ 5 mil, apesar das inúmeras promessas de reembolsar seus US$ 70 mil para compensar a dívida total e quaisquer taxas atrasadas”, afirma o processo. Williams terá uma longa batalha pela frente, já que, para que um processo de difamação seja bem sucedido, é preciso comprovar que as declarações difamatórias foram feitas com real intenção de malícia. Ou seja, é preciso que haja o conhecimento prévio de que as alegações feitas são falsas e de que houve a intenção de prejudicar a pessoa retratada. “A Netflix usou propositalmente meu nome real e aspectos reais da minha vida para criar uma caracterização totalmente falsa e difamatória de mim”, disse Williams em entrevista ao site The Hollywood Reporter. “A verdade importa e retratar pessoas reais requer uma responsabilidade real. Estou entrando com este processo para responsabilizar a Netflix por sua imprudência deliberada.” O advogado de Williams vai ainda mais longe, afirmando que a motivação de Netflix deve-se, em parte, ao fato de Williams ter vendido os direitos da sua matéria escrita para a Vanity Fair e do seu livro ainda não publicado para a HBO. “A razão pela qual tivemos que entrar com esse processo é porque a Netflix usou o nome real de Rachel e detalhes biográficos, e a fez parecer uma pessoa horrível, o que ela não é. O dano devastador à reputação dela poderia ter sido evitado se a Netflix tivesse usado um nome fictício e detalhes diferentes. Por que eles não fizeram isso por ela, quando fizeram por tantos outros personagens da série? Talvez o motivo tenha sido que ela escolheu jogar no outro time, ou seja, HBO.” Assista abaixo ao trailer de “Inventando Anna”.
Golpista de “Inventando Anna” elogia interpretação de Julia Garner
A golpista Anna Sorokin, ou Anna Delvey, que inspirou a minissérie “Inventando Anna” da Netflix, elogiou o trabalho realizado pela atriz Julia Garner ao interpretá-la na trama. Em entrevista ao podcast “Forbidden Fruit”, ela contou que Garner foi visitá-la pessoalmente na cadeia e classificou a atriz como uma pessoa “muito doce”, além de elogiar o seu sotaque. “Ela foi muito legal. Ela veio me visitar e foi uma garota muito doce”, contou, ressaltando que Julia a retratou no período que compreende os anos de 2015, 2016 e 2017, por esse motivo o sotaque da atriz na série, considerado exagerado por alguns, era mesmo como ela falava. “Agora estou há mais de quatro anos nos Estados Unidos, porém, naquela época eu estava falando francês, alemão e inglês diariamente”, ressaltou. Sorokin nasceu em Domodedovo, na Rússia. Seu pai era um caminhoneiro e sua mãe dona de uma loja de conveniência. Eles se mudaram para a Alemanha em 2007, quando ela tinha 16 anos. Em 2014, ela se mudou para os Estados Unidos e passou a aplicar golpes em hotéis de luxo com a identidade falsa de Anna Delvey, que usava para circular na alta sociedade de Nova York e fingir que era milionária, aparentando um estilo de vida de opulência. A farsa durou até 2017, quando não conseguiu pagar um almoço de US$ 200 e precisou se explicar com a polícia. A golpista foi presa em 2017 e julgada em 2019, sendo considerada culpada de oito acusações e condenada a 12 anos de prisão. Entretanto, sua sentença foi encurtada por bom comportamento e, em fevereiro do ano passado, depois de passar quase quatro anos presa, ela foi colocada em liberdade condicional. A liberdade, porém, foi curta. Um mês depois foi detida novamente pela imigração, por estar com visto vencido. A Netflix pagou US$ 320 mil para a criminosa real pelos direitos de sua história. Mas ela não pôde usufruir de todo o dinheiro, devido a uma lei de Nova York que impede que criminosos lucrem com seus crimes. Desta forma, o pagamento foi usado para ressarcir prejuízos causados por seus atos. Foram US$ 199 mil de restituição às instituições financeiras lesadas e US$ 24 mil para liquidar multas, além de US$ 75 mil para quitar honorários advocatícios, entre outras despesas. Mesmo assim, ela tem feito postagens no Instagram com seu nome fictício, Anna Delvey, e vem explorando a popularidade da série para arrecadar mais seguidores. No mês passado, a Netflix revelou que “Inventando Anna” quebrou seu recorde de audiência de estreia. A minissérie criada por Shonda Rhimes (criadora de “Grey’s Anatomy”) sobre a vigarista Anna Delvey teve a maior abertura de uma série em inglês desde que a plataforma mudou a maneira de apresentar seus dados, baseando-se em horas de consumo. A atração estrelada por Julia Garner foi assistida durante 196 milhões de horas entre 14 e 20 de fevereiro. Com isso, superou a estreia das temporadas mais recentes de “Você” (vista durante 179 milhões de horas), “The Witcher” (168 milhões), “Sex Education” (160 milhões) e “Cobra Kai” (120 milhões).
Netflix pagou fortuna à golpista real de “Inventando Anna”
Para transformar a história da golpista Anna Sorokin/Delvey na minissérie “Inventando Anna”, a Netflix pagou US$ 320 mil para a criminosa real. Mas ela não pôde usufruir de todo o dinheiro, devido a uma lei de Nova York que impede que criminosos lucrem com seus crimes. Desta forma, o pagamento foi usado para ressarcir prejuízos causados pelos atos da criminosa. Foram US$ 199 mil de restituição às instituições financeiras lesadas e US$ 24 mil para liquidar multas, além de US$ 75 mil para quitar honorários advocatícios. Graças à liquidação das dívidas, ela ainda conseguiu que sua conta bancária fosse desbloqueada. Anna Delvey foi a identidade falsa usada por Anna Sorokin para circular na alta sociedade de Nova York e fingir que era milionária, aparentando um estilo de vida de opulência. Na série, ela foi vivida por Julia Garner (“Ozark”). A trama foi desenvolvida por Shonda Rhimes (criadora de “Grey’s Anatomy”) e baseada numa reportagem da jornalista Jessica Pressler sobre o caso. Outro artigo da jornalista já tinha inspirado o filme “As Golpistas” (2019) com Jennifer Lopez. Sorokin nasceu em Domodedovo, na Rússia. Seu pai era um caminhoneiro e sua mãe dona de uma loja de conveniência. Eles se mudaram para a Alemanha em 2007, quando ela tinha 16 anos. Em 2014, ela se mudou para os Estados Unidos e passou a aplicar golpes em hotéis de luxo com a identidade falsa de Anna Delvey, que usava para circular na alta sociedade de Nova York e fingir que era milionária, aparentando um estilo de vida de opulência. A farsa durou até 2017, quando não conseguiu pagar um almoço de US$ 200 e precisou se explicar com a polícia. A golpista foi presa em 2017 e julgada em 2019, sendo considerada culpada de oito acusações e condenada a 12 anos de prisão. Entretanto, sua sentença foi encurtada por bom comportamento e, em fevereiro do ano passado, depois de passar quase quatro anos presa, ela foi colocada em liberdade condicional. A liberdade, porém, foi curta. Um mês depois foi detida novamente pela imigração, por estar com visto vencido. Mas conseguia fazer postagens no Instagram com seu nome fictício, Anna Delvey, explorando a popularidade da série para arrecadar mais seguidores. Ainda assim, não chegou em nível “BBB”. Atualmente, 271 mil “fãs” seguem suas publicações, que tem destacado a divulgação da produção da Netflix, lançada na sexta passada (11/2). Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Anna Delvey2.0 (@theannadelvey) Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Anna Delvey2.0 (@theannadelvey)
Shonda Rhimes define tema de sua primeira série na Netflix
A produtora Shonda Rhimes escolheu seu primeiro projeto para a Netflix. A criadora de “Grey’s Anatomy” e “Scandal” adquiriu os direitos a uma reportagem do New York Magazine sobre a golpista nova-iorquina Anna Delvey, que enganava bancos e milionários se passando por uma rica herdeira alemã. Ela usava o dinheiro alheio para custear seu estilo de vida junto à alta sociedade, até ser desmascarada e presa. Rhimes deverá escrever o roteiro com base no artigo “How Anna Delvey Tricked New York’s Party People”, escrito pela jornalista Jessica Pressler. Vale observar que estúdios de cinema estavam disputando um artigo similar da revista Vanity Fair e cortejando as atrizes Jennifer Lawrence e Margot Robbie para viver Delvey numa cinebiografia. Curiosamente, a empresa de Rhimes, a Shondaland, já produziu uma história de golpista: “The Catch”, cancelada após 20 episódios na ABC. Em compensação, ela não criava uma série própria desde “Scandal”, em 2012, que, por sinal, também era baseada na vida de uma mulher real, a guru das relações públicas americanas Judy Smith. A produtora trabalhou na ABC por 15 anos, até assinar um contrato milionário com a Netflix em agosto do ano passado. Apesar de ter deixado a rede, Rhimes continuará supervisionando suas séries na emissora, que ainda incluem “How to Get Away with Murder” e as novatas “Section 19” e “For the People”, mas todos os seus próximos projetos serão lançados na Netflix.


