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Trailer e vídeo de Um Tio Quase Perfeito tupiniquizam clássico da Sessão da Tarde
A H2O divulgou o pôster, o trailer e um vídeo de bastidores de “Um Tio Quase Perfeito”, mais um besteirol brasileiro que “lembra” um clássico da Sessão da Tarde. A premissa é a de “Quem Vê Cara Não Vê Coração” (1989), de John Hughes: um tio sem noção acaba tendo que cuidar dos sobrinhos – uma adolescente e duas crianças pequenas. O roteiro tem o cuidado de tupiniquizar a trama, incluindo citação de “Tropa de Elite” (2007) como história de ninar. Mas o esforço é sabotado pela trilha das prévias, com músicas em inglês. O humorista Marcus Majella (“Tô Ryca!”) interpreta o protagonista tio Tony, que leva a vida aos trancos e barrancos, ao lado da mãe Cecilia (Ana Lucia Torre, de “Os Homens São de Marte… E é pra Lá que Eu Vou!”), que participa e acoberta todas as suas falcatruas. Quando são despejados, a dupla recorre a Ângela (Leticia Isnard, de “Mato sem Cachorro”), a outra filha de Cecilia e irmã de Tony, que vive com os três filhos – a adolescente Patricia (Jullia Svacinna), de 14 anos, a pequena Valentina (Sofia Barros), de 5, e João (João Barreto), de 10 anos. Tendo que cuidar dos sobrinhos, Tony apronta todas, foge das obrigações e tenta se envolver minimamente com os pequenos, até ser arrebatado pelo papel de tio. O diretor Pedro Antonio está se tornando especialista nos covers nacionais da Sessão da Tarde, tendo anteriormente dirigido “Tô Ryca!” (2016), de história idêntica a de “Chuva de Milhões” (1985). O filme chega aos cinemas no dia 15 de junho.
Através da Sombra faz adaptação ousada de terror gótico tradicional
Na cena que abre “Através da Sombra”, acompanhamos por alguns segundos todo o ritual de Laura (Virginia Cavendish) em abotoar o seu suéter preto. Logo em seguida, ela comparece a um encontro com Afonso (Domingos Montagner, em trabalho póstumo), homem rico que a entrevista para cuidar de seus dois sobrinhos, Elisa (Mel Maia) e Antonio (Xande Valois), na fazenda de café que tem no interior. Na ocasião, ela parece seduzida por um corpo masculino que se movimenta enquanto luta, tentando desviar o olhar daquela anatomia bem trabalhada. E é neste prólogo que o veterano Walter Lima Jr. (“A Ostra e o Vento”) explicita o que pretende com a sua adaptação livre de “A Outra Volta do Parafuso”, clássico gótico do escritor americano Henry James (1843-1916) . Os elementos sobrenaturais são mantidos em um contexto brasileiro, mas é a tensão sexual que pauta o perigo em seu roteiro. A neblina da era vitoriana é substituída aqui pela fumaça do café queimado e se alastra por um ambiente que, aos poucos, parece assombrado pela ausência de uma professora, que Laura vem substituir. Governanta, Dona Geraldina (Ana Lúcia Torre) faz mistério quanto ao destino da antiga funcionária, ampliando as dúvidas de Laura quanto ao que ela acredita ver e que é invisível para os demais. A versão de Walter Lima Jr. para a história de terror tradicional é ousada, não poupando sequer a inocência das crianças, que se alternam entre insultos contra a protagonista e como agentes para provocar o seu recato, a exemplo do beijo que recebe de Antonio. Mesmo com forças ocultas se comunicando através de um copo (no jogo ancestral do tabuleiro de ouija) e aparições aleatórias, a ameaça de “Através da Sombra” é mais material, dando sentido a uma conclusão que, para muitos, pode soar abrupta.


