Ângela Leal revela ter enfartado após seu teatro perder patrocínio da Petrobras
A atriz Ângela Leal revelou ter sofrido ataque cardíaco ao perder o patrocínio da Petrobras para manter aberto o teatro da família, o Rival, famoso palco da Cinelândia que pertenceu a seu pai, Américo Leal, e que ela administrava desde 1990. A política de desmonte cultural do governo Bolsonaro eliminou o patrocínio das estatais para a Cultura. Eventos de grande porte, como o Festival do Rio e o Anima Mundi, conseguiram alternativas de última hora na iniciativa privada. Mas o Rival, apoiado pela Petrobras desde 2001, encontrou maior dificuldade. A casa que marcou época no Rio de Janeiro, e que emprega 35 funcionários, precisou enfrentar a possibilidade do fim. Ela passou mal no último show da casa, do cantor Ivan Lins, e dias depois sofreu um enfarto. A veterana estrela de novelas da Globo e de filmes como “Zuzu Angel”, “Querô”, “A Febre do Rato” e “Bonitinha, mas Ordinária” entrou o Ano Novo na UTI. “Acabei passando o dia 31 na UTI, acho que foi acúmulo”, disse Ângela em entrevista ao jornal O Globo. “Eu já tinha tido um câncer, estava muito fragilizada e, quando veio o fim do patrocínio, vi que não ia dar mais”. Mas não foi o fim. “Começaram os telefonemas em solidariedade e um deles foi de uma pessoa que se dizia da Refinaria de Manguinhos, perguntando se a gente estava precisando de patrocínio. O mundo dá respostas. Se o pensamento desse governo que foi eleito legitimamente por um pedaço da sociedade é outro, o que resta agora é encarar e exigir que a cultura seja respeitada”, contou Ângela. Assim o Rival fechou um novo patrocínio com a Refit, a Refinaria de Manguinhos, que garantirá por mais dois anos a programação do teatro que Ângela sempre definiu como sendo “de resistência cultural”. Inaugurado em 1934, o Rival, que antes tinha sido convento, foi um dos principais palcos do Teatro de Revista e do chamado Teatro do Rebolado. Além de grandes nomes do humor brasileiro, como Grande Otelo, Oscarito e Dercy Gonçalves, a casa de espetáculos também foi pioneira ao abrir seu palco para shows de travestis, que acabaram popularizando a famosa Rogéria, entre outras. Grande referência da cultura carioca, a casa ainda lançou cantores como Mart’nália, Zeca Pagodinho e Zélia Duncan. Vale lembrar que há dois anos, a atriz Leandra Leal, filha de Ângela, estreou como diretora à frente de um documentário sobre a ligação histórica do Teatro Rival com travestis e drag queens. O filme “Divinas Divas” venceu o prêmio do público de Melhor Documentário do Festival do Rio e da Mostra Global do festival americano SXSW (South by Southwest), em Austin, no Texas.
Cláudia Celeste (1952 – 2018)
A atriz Cláudia Celeste, primeira travesti a atuar em novelas brasileiras, morreu na madrugada de domingo (13/5), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. Segundo informações das redes sociais, a atriz estava com pneumonia e o quadro se agravou. Carioca de Irajá, Cláudia começou a carreira como dançarina Go Go-Girl do Beco das Garrafas, após trabalhar como cabeleireira em Copacabana. Mas não demorou a teatralizar sua vida, após se destacar num concurso de danças como “A Lebre Misteriosa do Imperial”, nome que fazia referência a seu padrinho artístico, Carlos Imperial. Foi o produtor artístico quem também a batizou de Cláudia Celeste. Sua estreia nos palcos aconteceu na montagem histórica de “O Mundo É das Bonecas”, em 1973, no lendário Teatro Rival, na Cinelândia. Realizado por Américo Leal (avô da atriz Leadra Leal), foi o primeiro show de travestis a obter uma licença do governo, depois da ditadura militar proibir este tipo de produção. A projeção a levou a ser eleita Miss Brasil Trans e a chamar atenção de produtores de cinema e TV. Ela acabou estreando nas telas na comédia “Motel” (1974), três anos antes de o diretor Daniel Filho resolver incorporar um espetáculo do Rival – “Transetê no Fuetê” – na trama da novela “Espelho Mágico” (1977), da TV Globo. A atriz chegou a contracenar com a mocinha Sonia Braga. Mas sua participação na novela acabou cortada depois que a imprensa celebrou – ou denunciou – a primeira travesti na TV. “Antes, ninguém sabia que eu era travesti, nem Daniel Filho. Ninguém nunca me perguntou! E, como ficou muito ti-ti-ti, tiraram os capítulos que eu já tinha feito”, contou a atriz em entrevista à revista Geni, em 2013. Mas Cláudia foi recompensada e manteve seu pioneirismo, 14 anos depois. Em 1988, ela se tornou a primeira travesti a integrar o elenco de uma novela do início ao fim. Foi em “Olho por Olho”, na extinta TV Manchete, no qual interpretou a travesti Dinorá, apaixonada por Mário Gomes. Ela também participou de dois filmes nos anos 1980: o drama criminal “Beijo na Boca” (1982), também estrelado por Mário Gomes, e o inacreditável trash futurista “Punks – Os Filhos da Noite” (1982), com Lady Francisco. Na época desse filme, até chegou a ensaiar uma carreira como cantora de rock, formando a banda Coisa que Incomoda. Em 2016, a atriz foi a grande homenageada na primeira edição do Festival TransArte, evento que trata de identidade de gênero e sexualidade.
Leandra Leal assume teatro particular mais antigo do Rio
O mais antigo teatro particular do Rio de Janeiro, o Rival, na Cinelândia, é agora comandado por Leandra Leal (“O Lobo Atrás da Porta”). A atriz é a terceira integrante da família a comandar a casa de espetáculos, que passou pelas mãos de seu avô Américo e sua mãe Ângela Leal. “Desde criança eu ouço minha mãe falar que era o meu teatro. Ela sempre falava, ‘eu vou lá no seu teatro’, brincando. E hoje realmente ele é meu. Estou muito feliz em continuar o legado da minha família e a tradição do Rival. Ter de herança um teatro não é uma herança qualquer, é uma missão”, disse a atriz durante o evento que oficializou a transmissão da herança, visivelmente emocionada. Inaugurado em 1934, o Rival, que antes tinha sido convento, foi um dos principais palcos do Teatro de Revista e do chamado Teatro do Rebolado. Além de grandes nomes do humor brasileiro, como Grande Otelo, Oscarito e Dercy Gonçalves, a casa de espetáculos também foi pioneira ao abrir seu palco para shows de travestis, um escândalo na época do avô de Leandra, que acabaram popularizando a famosa Rogéria. Grande referência da cultura carioca, a casa ainda lançou cantores como Mart’nália, Zeca Pagodinho e Zélia Duncan.


