Três brasileiros disputam o “Oscar do cinema independente” neste sábado
O principal prêmio do cinema indie americano, o Independent Spirit Awards, que na noite deste sábado (25/2) em Santa Monica, na Califórnia, será transmitido ao vivo pelo canal pago A&E e pode render troféus a brasileiros. Além do diretor Kleber Mendonça Filho, que concorre a Melhor Filme Estrangeiro por “Aquarius”, o produtor Rodrigo Teixeira está representado por dois filmes na disputa: “A Bruxa”, que concorre na categoria de Melhor Filme de Estreia, e “Melhores Amigos”, que disputa o prêmio de Melhor Roteiro. Para completar, este roteiro foi escrito pelo americano Ira Sachs e o brasileiro Maurício Zacharias. Os três brasileiros disputam com filmes de peso, como “Moonlight”, “A Qualquer Custo” e “Manchester à Beira-Mar”, que também estão no Oscar. “A Bruxa”, dirigido por Robert Eggers e produzido por Teixeira, concorre com “A Infância de um Líder”, “The Fits”, “Other People” e “Um Cadáver para Sobreviver”. Zacharias e Ira Sachs disputam com os autores de “Moonlight”, “Manchester à Beira-Mar”, “A Qualquer Custo” e “Mulheres do Século 20”. E “Aquarius” enfrenta “Chevalier” (Grécia), “Três Lembranças da Minha Juventude” (França), “Toni Erdmann” (Alemanha) e “Sob as Sombras” (Irã e Reino Unido). Na categoria de Melhor Filme do ano, a disputa acontece entre “Moonlight”, “Jackie”, “Manchester à Beira-Mar”, “Chronic” e “Docinho da América”. Confira abaixo a lista completa dos indicados. Indicados ao Independent Film Awards 2017 Melhor Filme American Honey Chronic Jackie Manchester à Beira-Mar Moonlight Melhor Diretor Andrea Arnold (American Honey) Pablo Larraín (Jackie) Jeff Nichols (Loving) Kelly Reichardt (Certas Mulheres) Barry Jenkins (Moonlight) Melhor Atriz Annette Bening (20th Century Women) Isabelle Huppert (Elle) Sasha Lane (American Honey) Ruth Negga (Loving) Natalie Portman (Jackie) Melhor Ator Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar) David Harewood (Free In Deed) Viggo Mortensen (Capitão Fantástico) Jesse Plemons (Other People) Tim Roth (Chronic) Melhor Atriz Coadjuvante Edwina Findley (Free In Deed) Paulina Garcia (Melhores Amigos) Lily Gladstone (Certas Mulheres) Riley Keough (American Honey) Molly Shannon (Other People) Melhor Ator Coadjuvante Ralph Fiennes (A Bigger Splash) Ben Foster (A Qualquer Custo) Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar) Shia LaBeouf (American Honey) Craig Robinson (Morris from America) Melhor Roteiro Barry Jenkins (Moonlight) Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar) Mike Mills (20th Century Women) Ira Sachs & Mauricio Zacharias (Melhores Amigos) Taylor Sheridan (A Qualquer Custo) Melhor Filme de Estreia The Childhood of a Leader The Fits Other People Swiss Army Man A Bruxa Melhor Roteiro de Estreia Robert Eggers (A Bruxa) Chris Kelly (Other People) Adam Mansbach (Barry) Stella Meghie (Jean of the Joneses) Craig Shilowich (Christine) Melhor Edição Matthew Hannam (Swiss Army Man) Jennifer Lame (Manchester à Beira-Mar) Joi McMillon e Nat Sanders (Moonlight) Jake Roberts (A Qualquer Custo) Sebastián Sepúlveda (Jackie) Melhor Direção de Fotografia Ava Berkofsky (Free In Deed) Lol Crawley (The Childhood of a Leader) Zach Kuperstein (The Eyes of My Mother) James Laxton (Moonlight) Robbie Ryan (American Honey) Melhor Documentário A 13ª Emenda Cameraperson I Am Not Your Negro O.J.: Made in America Sonita, uma Rapper Afegã Sob o Sol Melhor Filme Estrangeiro Aquarius (Brasil) Chevalier (Grécia) Três Lembranças da Minha Juventude (França) Toni Erdmann (Alemanha e Romênia) Sob as Sombras (Irã e Reino Unido) Prêmio John Cassavetes (Melhor Filme Feito com Menos de US$ 500 mil) Free In Deed Hunter Gatherer Lovesong Nakom Spa Night Prêmio Robert Altman (Melhor Elenco) Moonlight
La La Land lidera indicações ao prêmio BAFTA, o “Oscar britânico”
Depois de conquistar premiação recorde no Globo de Ouro, o musical “La La Land: Cantando Estações” voltou a sair na frente como favorito do prêmio Bafta, da Academia Britânica de Artes do Cinema e da Televisão. O longa de Damien Chazelle teve o maior número de indicações ao chamado “Oscar britânico”: 11, entre elas de Melhor Filme, Diretor, Ator (Ryan Gosling) e Atriz (Emma Stone). A categoria de Melhor Filme também inclui “Eu, Daniel Blake”, única produção britânica da lista e que não tem aparecido em outras premiações, apesar de ter vencido o Festival de Cannes. A lista se completa com “A Chegada”, “Manchester À Beira-Mar” e “Moonlight: Sob a Luz do Luar”. Por sinal, “Eu, Daniel Blake” também disputa a categoria de Melhor Filme Britânico, com “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, “Notes on Blindness”, “Docinho Americano” (American Honey), “Negação” e “Sob a Sombra”. Os prêmios Bafta serão entregues no dia 12 de fevereiro, em cerimônia realizada na tradicional casa de espetáculos Royal Albert Hall, em Londres, com apresentação do ator Stephen Fry. Confira abaixo a lista completa dos indicados. Indicados ao BAFTA Awards 2017 MELHOR FILME “La La Land” “A Chegada” “Eu, Daniel Blake” “Manchester à Beira-Mar” “Moonlight” MELHOR FILME BRITÂNICO “Docinho da América” “Animais Fantásticos e Onde Habitam” “Negação” “Eu, Daniel Blake” “Notes on Blindness” “Sob as Sombras” MELHOR ESTREIA DE ROTEIRISTA, DIRETOR OU PRODUTOR BRITÂNICO “The Girl With All the Gifts” – Mike Carey (roteirista), Camille Gatin (produtor) “The Hard Stop” – George Amponsah (roteirista, produtor, diretor), Dionne Walker (roteirista, produtor) “Notes on Blindness” – Peter Middleton (roteirista, produtor, diretor), James Spinney (produtor, diretor), Jo-Jo Ellison (produtor) “The Pass” – John Donnelly (roteirista), Ben A Williams (diretor) “Under the Shadow” – Babak Anvari (roteirista/diretor), Emily Leo, Oliver Roskill, Lucan Toh (produtores) MELHOR FILME ESTRANGEIRO “Dheepan” “Julieta” “Cinco Graças” “O Filho de Saul” “Toni Erdmann” MELHOR DOCUMENTÁRIO “A 13a Emenda” “The Beatles: Eight Days a Week – The Touring Years” “The Eagle Huntress” “Weiner” “Notes on Blindness” MELHOR ANIMAÇÃO “Procurando Dory” “Kubo e as Cordas Mágicas” “Zootopia” “Moana” MELHOR DIRETOR Denis Villeneuve, por “A Chegada” Ken Loach, por “Eu, Daniel Blake” Damien Chazelle, por “La La Land” Kenneth Lonergan, por “Manchester à Beira-Mar” Tom Ford, por “Animais Noturnos” MELHOR ROTEIRO ORIGINAL “Eu, Daniel Blake” “Manchester à Beira-Mar” “Moonlight” “La La Land” “A Qualquer Custo” MELHOR ROTEIRO ADAPTADO “A Chegada” “Até o Último Homem” “Estrelas Além do Tempo” “Lion” “Animais Noturnos” MELHOR ATOR Andrew Garfield, por “Até o Último Homem” Casey Affleck, por “Manchester à Beira-Mar” Jake Gyllenhaal, por “Animais Noturnos” Ryan Gosling, por “La La Land” Viggo Mortensen, por “Capitão Fantástico” MELHOR ATRIZ Amy Adams, por “A Chegada” Emily Blunt, por “A Garota no Trem” Emma Stone, por “La La Land” Meryl Streep, por “Florence – Quem é Essa Mulher?” Natalie Portman, por “Jackie” MELHOR ATOR COADJUVANTE Aaron Taylor-Johnson, por “Animais Noturnos” Dev Patel, por “Lion” Hugh Grant, por “Florence – Quem é Essa Mulher?” Jeff Bridges, por “A Qualquer Custo” Mahershala Ali, por “Moonlight” MELHOR ATRIZ COADJUVANTE Hayley Squires, por “Eu, Daniel Blake” Michelle Williams, por “Manchester à Beira-Mar” Naomie Harris, por “Moonlight” Nicole Kidman, por “Lion” Viola Davis, por “Fences” MELHOR TRILHA SONORA “A Chegada” “Jackie” “La La Land” “Lion” “Animais Noturnos” MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA “A Chegada” “La La Land” “Lion” “Animais Noturnos” “A Qualquer Custo” MELHOR EDIÇÃO “A Chegada” “La La Land” “Animais Noturnos” “Manchester à Beira-Mar” “Até o Último Homem” MELHOR DIREÇÃO DE ARTE “Doutor Estranho” “La La Land” “Animais Noturnos” “Animais Fantásticos e Onde Habitam” “Ave, César” MELHOR FIGURINO “Aliados” “Animais Fantásticos e Onde Habitam” “La La Land” “Jackie” “Florence – Quem é Essa Mulher?” MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO “Florence – Quem é Essa Mulher?” “Até o Último Homem” “Doutor Estranho” “Animais Noturnos” “Rogue One – Uma História Star Wars” MELHOR SOM “A Chegada” “Horizonte Profundo” “Até o Último Homem” “La La Land” “Animais Fantásticos e Onde Habitam” MELHORES EFEITOS VISUAIS “A Chegada” “Doutor Estranho” “Animais Fantásticos e Onde Habitam” “Mogli – O Menino Lobo” “Rogue One – Uma História Star Wars” MELHOR CURTA BRITÂNICO DE ANIMAÇÃO “The Alan Dimension” “A Love Story” “Tough” MELHOR CURTA-METRAGEM BRITÂNICO “Consumed” “Home” “Mouth of Hell” “The Party” “Standby” REVELAÇÃO DO ANO Anya Taylor-Joy Laia Costa Lucas Hedges Ruth Negga Tom Holland
Retrospectiva: Os 10 melhores filmes lançados por streaming ou vídeo de 2016
Os serviços de streaming, em especial a Netflix, vem ocupando espaço precioso na distribuição de filmes. Com uma postura agressiva, a plataforma tem intensificado sua disputa com os estúdios tradicionais pelos direitos de produções de festivais. Não por acaso, diversos filmes indies americanos só chegaram ao Brasil por streaming em 2016. Mas o apetite da Netflix parece não ter fronteiras, como demonstra “Divinas”, drama francês que venceu a Câmera de Ouro de Melhor Filme de cineasta estreante do último de Festival de Cannes e que está na disputa do Globo de Ouro 2017 de Melhor Filme Estrangeiro. Para os cinéfilos, o streaming se tornou a única alternativa para apreciar os mais recentes trabalhos do mestre Zhang Yimou, “Voltando para Casa”, e da inglesa Andrea Arnold, “American Honey” – lançado como “Docinho da América” em 30 de dezembro. Mas até o velho DVD ainda serve para trazer ao país títulos cultuados, como a comédia neozelandesa de vampiros “O que Fazemos nas Sombras”, dirigida por Taika Waititi (do vindouro “Thor: Ragnarok”), e o western visceral “Rastro de Maldade”, estrelado por um dos “oito odiados” de Tarantino, Kurt Russell.
Aquarius é indicado ao Spirit Awards, o “Oscar do cinema independente”
O filme “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, foi indicado ao Independent Spirit Awards 2017, o “Oscar indie”, que premia as melhores produções independentes nos Estados Unidos. O drama brasileiro foi selecionado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Além de “Aquarius”, há outros dois brasileiros na lista. Mauricio Zacharias disputa o prêmio de Melhor Roteiro por seu trabalho no longa americano “Melhores Amigos”, sobre a amizade de dois meninos cujas famílias brigam por causa de dinheiro. E Rodrigo Teixeira está duplamente representado, como produtor de “Melhores Amigos” e do terror “A Bruxa”, que concorre como Melhor Filme de Estreia. Na disputa principal, dois filmes empataram com o maior número de indicações: seis cada. São eles “Moonlight”, de Barry Jenkins, sobre um jovem negro que procura se afirmar num bairro pobre e violento, ao mesmo tempo em que descobre sua sexualidade, e “American Honey”, de Andrea Arnold, também sobre jovens, que exploram suas sexualidades em viagens para vender assinaturas de revistas. “Moonlight” e “American Honey” vão disputar o troféu de melhor filme indie do ano com outros filmes incensados pela crítica: “Manchester à Beira-Mar”, “Chronic” e “Jackie”. Por sinal, a interpretação de Natalie Portman como a ex-Primeira Dama Jacqueline Kennedy é considerada favorita para levar o troféu de Melhor Atriz. O mesmo tem sido dito sobre Casey Affleck, como o tio que reluta em criar o sobrinho órfão em “Manchester à Beira-Mar” (filme indicado a cinco prêmios). Interessante reparar que, neste ano, o vencedor do Festival de Sundance não emplacou na disputa. O escândalo sexual envolvendo o diretor e ator Nate Parker implodiu as chances de “O Nascimento de uma Nação” ambicionar qualquer prêmio novo. Entre as ausências, o franco favorito ao Oscar “La La Land” foi considerado inelegível pelas regras da premiação. “Aquarius”, por sua vez, concorre com o grego “Chevalier”, de Athina Rachel Tsangari, o francês “Três Lembranças da Minha Juventude”, de Arnaud Desplechin, o já premiadíssimo longa alemão “Toni Erdmann”, de Maren Ade, e o inesperado terror “Sob a Sombra”, estreia do iraquiano Babak Anvari. Um dos eventos mais importantes que antecedem o Oscar, a cerimônia do Spirit acontece um dia antes da premiação da Academia, em 25 de fevereiro, na praia de Santa Mônica, na Califórnia. Confira abaixo a lista completa dos indicados. Indicados ao Independent Film Awards 2017 Melhor Filme American Honey Chronic Jackie Manchester à Beira-Mar Moonlight Melhor Diretor Andrea Arnold (American Honey) Pablo Larraín (Jackie) Jeff Nichols (Loving) Kelly Reichardt (Certas Mulheres) Barry Jenkins (Moonlight) Melhor Atriz Annette Bening (20th Century Women) Isabelle Huppert (Elle) Sasha Lane (American Honey) Ruth Negga (Loving) Natalie Portman (Jackie) Melhor Ator Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar) David Harewood (Free In Deed) Viggo Mortensen (Capitão Fantástico) Jesse Plemons (Other People) Tim Roth (Chronic) Melhor Atriz Coadjuvante Edwina Findley (Free In Deed) Paulina Garcia (Melhores Amigos) Lily Gladstone (Certas Mulheres) Riley Keough (American Honey) Molly Shannon (Other People) Melhor Ator Coadjuvante Ralph Fiennes (A Bigger Splash) Ben Foster (A Qualquer Custo) Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar) Shia LaBeouf (American Honey) Craig Robinson (Morris from America) Melhor Roteiro Barry Jenkins (Moonlight) Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar) Mike Mills (20th Century Women) Ira Sachs & Mauricio Zacharias (Melhores Amigos) Taylor Sheridan (A Qualquer Custo) Melhor Filme de Estreia The Childhood of a Leader The Fits Other People Swiss Army Man A Bruxa Melhor Roteiro de Estreia Robert Eggers (A Bruxa) Chris Kelly (Other People) Adam Mansbach (Barry) Stella Meghie (Jean of the Joneses) Craig Shilowich (Christine) Melhor Edição Matthew Hannam (Swiss Army Man) Jennifer Lame (Manchester à Beira-Mar) Joi McMillon e Nat Sanders (Moonlight) Jake Roberts (A Qualquer Custo) Sebastián Sepúlveda (Jackie) Melhor Direção de Fotografia Ava Berkofsky (Free In Deed) Lol Crawley (The Childhood of a Leader) Zach Kuperstein (The Eyes of My Mother) James Laxton (Moonlight) Robbie Ryan (American Honey) Melhor Documentário A 13ª Emenda Cameraperson I Am Not Your Negro O.J.: Made in America Sonita, uma Rapper Afegã Sob o Sol Melhor Filme Estrangeiro Aquarius (Brasil) Chevalier (Grécia) Três Lembranças da Minha Juventude (França) Toni Erdmann (Alemanha e Romênia) Sob as Sombras (Irã e Reino Unido) Prêmio John Cassavetes (Melhor Filme Feito com Menos de US$ 500 mil) Free In Deed Hunter Gatherer Lovesong Nakom Spa Night Prêmio Robert Altman (Melhor Elenco) Moonlight
American Honey: Shia LaBeouf desvirtua uma nova geração em trailer e cenas do premiado drama indie
A A24 divulgou o pôster, o novo trailer, comercial e duas cenas de “American Honey”, da diretora britânica Andrea Arnold (“Aquário”). O filme foi vaiado pela crítica internacional e premiado pelo juri no Festival de Cannes deste ano. Já a crítica americana é só elogios, como os citados no material de divulgação e os 86% somados no site Rotten Tomatoes. Vale observar que foi a geração mais nova, de blogueiros, que mais reclamou da longa duração e do fato de que “nada acontece”, além de cenas de sexo, enquanto as publicações impressas (a velha geração) rasgaram elogios ao filme, o primeiro que Arnold rodou nos EUA. As duas cenas destacadas abaixo ilustram bem a sensação de vazio que o longa transmite. E é justamente o ponto. A produção é um road movie que acompanha uma trupe de adolescentes chapadões pela “América profunda”, cruzando o Oeste a reboque do carisma do personagem de Shia LaBeouf (“Transformers”), que recruta jovens pobres para vender assinaturas de revistas para sua chefe sexy, vivida por Riley Keough (“Mad Max: Estrada da Fúria”). Entre os moleques, destaca-se Star, personagem da estreante Sasha Lane, considerada a grande revelação do Festival de Cannes 2016. Ela não é boa de vendas, mas compensa sendo muito boa de sexo. O roteiro foi inspirado em um artigo publicado em 2007 no jornal The New York Times, sobre grupos de jovens desajustados contratados por empresas para vender produtos pelo país. O filme explora o contraste entre os protagonistas sem perspectivas e as ricas comunidades do interior americano. E, conforme a diretora explicou em Cannes, também foi baseado em sua própria experiência de pegar a estrada para conhecer os EUA. “American Honey” já está em cartaz nos EUA e estreia na sexta (14/10) no Reino Unido, mas ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.
Remake de Sete Homens e um Destino vai abrir o Festival de Toronto
O remake do clássico western “Sete Homens e um Destino” será o filme de abertura do Festival de Toronto. A produção estrelada por Denzel Washington e Chris Pratt será exibida no dia 18 de setembro, abrindo mais cedo a temporada de premiações deste ano, que culmina no Oscar 2017. Além do western dirigido por Antoine Fuqua, a organização divulgou os principais longas da programação do festival. Entre eles, destacam-se alguns títulos já vistos em festivais e cotados para o Oscar, como “The Birth of a Nation”, o drama escravagista de Nate Parker que venceu o Festival de Sundance, e “Loving”, de Jeff Nichols, também sobre racismo e elogiado no Festival de Cannes. As premiéres incluem ainda novos longas de cineastas norte-americanos já consagrados, como “Arrival”, de Denis Villeneuve, “JT + The Tennessee Kids”, de Jonathan Demme, “Snowden”, de Oliver Stone, “LBJ”, de Rob Reiner, “Nocturnal Animals”, de Tom Ford, e “La La Land”, de Damien Chazelle, que abrirá o Festival de Veneza. A lista de títulos internacionais em primeira exibição na América do Norte também é impressionante, com “Queen of Katwe”, da indiana Mira Nair, “A Comunidade”, do dinamarquês Thomas Vinterberg, “Their Finest”, da dinamarquesa Lone Scherfig, “Salt and Fire”, do alemão Werner Herzog, “The Salesman”, do iraniano Asghar Farhadi, “The Handmaiden”, do sul-coreano Park Chan-wook, “Daguerrotype”, do japonês Kiyoshi Kurosawa, “Elle”, do holandês Paul Verhoeven”, “Frantz”, do francês François Ozon, “Things to Come”, da francesa Mia Hansen-Løve”, “The Oath”, dos islandês Baltasar Kormákur, “Sete Minutos Depois da Meia-Noite”, do espanhol J.A. Bayona, “The Secret Scripture”, do irlandês Jim Sheridan, “American Honey”, da inglesa Andrea Arnold, e “American Pastoral”, estreia do ator escocês Ewan McGregor na direção, entre muitos outros longas notáveis. Confira abaixo a lista completa da primeira leva de filmes divulgados do evento. Programação do Festival de Toronto 2016 Estreias “Arrival” (Denis Villeneuve) “Deepwater Horizon” (Peter Berg) “The Headhunter’s Calling” (Mark Williams) “The Journey is the Destination” (Bronwen Hughes) “JT + The Tennessee Kids” (Jonathan Demme) “LBJ” (Rob Reiner) “Lion” (Garth Davis) “Loving” (Jeff Nichols) “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” (J.A. Bayona) “Planetarium” (Rebecca Zlotowski) “Queen of Katwe” (Mira Nair) “The Rolling Stones Olé Olé Olé! : A Trip Across Latin America” (Paul Dugdale) “The Secret Scripture” (Jim Sheridan) “Snowden” (Oliver Stone) “Strange Weather” (Katherine Dieckmann) “Their Finest” (Lone Scherfig) “A United Kingdom”(Amma Asante) Apresentações Especiais “The Age of Shadows (Miljeong)” (Kim Jee woon) “All I See Is You” (Marc Forster) “American Honey” (Andrea Arnold) “American Pastoral” (Ewan McGregor) “Asura: The City of Madness” (Kim Sung-soo) “Barakah Meets Barakah (Barakah yoqabil Barakah)” (Mahmoud Sabbagh) “Barry” (Vikram Gandhi) “Birth of the Dragon” (George Nolfi) “The Birth of a Nation” (Nate Parker) “Bleed for This” (Ben Younger) “Blue Jay” (Alex Lehmann) “Brimstone” (Martin Koolhoven) “BrOTHERHOOD” (Noel Clarke) “Carrie Pilby”(Susan Johnson) “Catfight” (Onur Tukel) “City of Tiny Lights” (Pete Travis) “The Commune (Kollektivet)” (Thomas Vinterberg) “Daguerrotype (Le Secret de la chambre noire)” (Kiyoshi Kurosawa) “A Death in the Gunj” (Konkona Sensharma) “Denial” (Mick Jackson) “Elle” (Paul Verhoeven) “Foreign Body (Jassad Gharib, Corps Etranger) Raja Amari, Tunisia/France “Frantz” (François Ozon) “The Handmaiden (Agassi)” (Park Chan-wook) “Harmonium (Fuchi ni tatsu)” (Kôji Fukada) “I Am Not Madame Bovary” (Feng Xiaogang) “The Journey” (Nick Hamm) “King of the Dancehall” (Nick Cannon) “La La Land” (Damien Chazelle) “The Limehouse Golem” (Juan Carlos Medina) “Manchester by the Sea” (Kenneth Lonergan) “Maudie” (Aisling Walsh) “Neruda” (Pablo Larraín) “Nocturnal Animals” (Tom Ford) “The Oath” (Baltasar Kormákur) “Orphan (Orpheline)” (Arnaud des Pallières) “Paris Can Wait” (Eleanor Coppola) “Paterson” (Jim Jarmusch) “The Salesman” (Asghar Farhadi) “Salt and Fire” (Werner Herzog) “Sing” (Garth Jennings) “Souvenir” (Bavo Defurne) “Things to Come (L’Avenir)” (Mia Hansen-Løve) “Toni Erdmann” (Maren Ade) “Trespass Against Us” (Adam Smith) “Una” (Benedict Andrews) “Unless” (Alan Gilsenan) “The Wasted Times (Luo Man Di Ke Xiao Wang Shi)” (Cheng Er)
Cannes: Novo filme de Ken Loach vence a Palma de Ouro
O veterano cineasta britânico Ken Loach foi o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes com seu novo filme, o drama “I, Daniel Blake”, sobre um marceneiro em guerra contra a burocracia da previdência social. Em seu discurso, ele mencionou a crise econômica europeia. “A política neoliberal trouxe a miséria, da Grécia a Portugal, com um pequeno número de pessoas que enriquecem com isso”, afirmou. “Defendo um cinema de protesto, que coloca os fracos contra os poderosos. Um outro mundo não é só possível, mas necessário”. Foi a segunda vez que Loach venceu a distinção. A anterior foi há exatos dez anos, com o drama histórico “Ventos da Liberdade”. Como naquela oportunidade, seu filme não aparecia na lista dos favoritos da crítica, que neste ano destacou “Elle”, do holandês Paul Verhoeven, “Paterson”, do americano Jim Jarmusch, “Graduation”, do romeno Cristian Mungiu, “The Salesman”, do iraniano Asghar Farhadi, e o vencedor do prêmio da crítica, “Toni Erdmann”, da cineasta alemã Maren Ade. As decisões do juri da Palma de Ouro, presidido por George Miller (“Mad Max: Estrada da Fúria”), foram consideradas polêmicas e renderam até vaias. A maior saia justa aconteceu durante a entrega do troféu de Melhor Direção para o francês Oliver Assayas, cujo filme, “Personal Shopper”, em que Kristen Stewart tenta contatar o fantasma de seu irmão gêmeo, tinha sido vaiado durante a projeção para a crítica. A exibição para o público, porém, foi aplaudida longamente. Assayas dividiu o troféu de direção com um favorito da crítica, Cristian Mungiu, cujo filme “Graduation” foca o dilema de um pai disposto a apelar à corrupção para que a filha tenha um futuro melhor. Também foi surpreendente a escolha do novo filme do canadense Xavier Dolan, “Juste la Fin du Monde”, como vencedor do Grande Prêmio do Juri, conferido ao segundo melhor longa da competição. Afinal, o trabalho foi considerado desapontador e um dos mais fracos da carreira do menino-prodígio, que já tinha sido premiado com um Prêmio do Júri, equivalente ao terceiro lugar, por “Mommy” (2014). O vencedor do Prêmio do Júri deste ano foi “American Honey”, da britânica Andrea Arnold, sobre jovens americanos que se sustentam vendendo revistas, enquanto transam, se drogam e viajam pelos EUA numa van. Um dos filmes mais elogiados, “The Salesman”, de Asghar Farhadi, acabou se tornando o trabalho mais premiado do festival ao levar dois troféus: Melhor Roteiro, para o próprio Farhadi, e Melhor Ator para Shahab Hosseini. Na trama, ele vive um professor que precisa lidar com uma tentativa de estupro da mulher. O troféu de Melhor Atriz foi para a filipina Jaclyn Jose, que vive a personagem-título de “Ma’Rosa”, de Brillante Mendoza, uma mulher que vende drogas para sustentar os filhos. Nenhum americano levou um souvenir de Cannes para casa. O mesmo também aconteceu com “Aquarius”, do brasileiro Kleber Mendonça Filho. Mas o Brasil foi lembrado entre os curtas. “A Moça que Dançou com o Diabo”, de João Paulo Miranda Maria, levou uma menção especial do júri de curta-metragens, presidido pela cineasta japonesa Naomi Kawase (“Sabor da Vida”). O filme é uma releitura contemporânea de um lenda do interior paulista, contada há mais de cem anos, e trata de uma menina que vive o conflito entre a religião e suas descobertas da adolescência. Vencedores do Festival de Cannes 2016 Palma de Ouro “I, Daniel Blake”, de Ken Loach (Reino Unido) Grande Prêmio do Júri “Juste la Fin du Monde”, de Xavier Dolan (Canadá/França) Melhor diretor Olivier Assayas, por “Personal Shopper” (França), e Cristian Mungiu, por “Graduation” (Romênia) Melhor atriz Jaclyn Jose, por “Ma’ Rosa”, de Brillante Mendoza (Filipinas) Melhor ator Shahab Hosseini, por “The Salesman”, de Ashgar Farhadi (Irã) Melhor roteiro Asghar Farhadi, por “The Salesman” (Irã) Prêmio do Júri “American Honey”, de Andrea Arnold (Reino Unido/EUA) Prêmio Caméra d’Or (melhor primeiro filme) “Divines”, de Houda Benyamina (Afeganistão) Melhor curta-metragem “Time Code”, de Juanjo Gimenez (Espanha) Menção especial – curta-metragem “A Moça que Dançou com o Diabo”, de João Paulo Miranda Maria (Brasil) Palma de Ouro Honorária Jean-Pierre Léaud, ator de filmes clássicos de François Truffaut
Cannes: Shia LaBeouf lidera uma nova geração em American Honey
“American Honey”, da diretora britânica Andrea Arnold (“Aquário”), dividiu a critica presente no Festival de Cannes. Enquanto os blogueiros vaiaram, reclamando da longa duração e do fato de que “nada acontece”, além de cenas de sexo, as publicações impressas (a velha geração) rasgaram elogios ao filme, o primeiro que a cineasta rodou nos EUA. A produção é um road movie que acompanha uma trupe de adolescentes chapadões pela “América profunda”, cruzando o Oeste a reboque do carisma do personagem de Shia LaBeouf (“Transformers”), que recruta jovens pobres para vender assinaturas de revistas. Entre eles, destaca-se Star, vivida pela estreante Sasha Lane. Ela não é boa de vendas, mas compensa sendo muito boa de sexo. O roteiro foi inspirado em um artigo publicado em 2007 no jornal The New York Times, sobre grupos de jovens desajustados contratados por empresas para vender produtos pelo país. O filme explora o contraste entre os protagonistas sem perspectivas e as ricas comunidades do interior americano. E, conforme a diretora explicou, também foi baseado em sua própria experiência de pegar a estrada para conhecer os EUA. “Eu tive alguns momentos muito difíceis viajando por conta própria, me deparando com aquele deserto aberto”, disse Arnold, na entrevista coletiva do festival, revelando que chegou a ter aulas sobre como sobreviver a um tornado, ao chegar no Alabama. “Foi bastante interessante, mas também bastante solitário”. O resultado foi aproveitado na tela. “‘American Honey acabou sendo uma mistura da América que eu cresci vendo em Hollywood – a minha ideia romantizada dela – e a América contemporânea que eu vi durante minhas viagens”. Um país que, ela descobriu, é muito mais miserável que imaginava. “Fiquei impressionada pela miséria que vi. Quando as pessoas não tem dinheiro nos EUA, elas não tem direito à saúde pública nem podem ir ao dentista, como os pobres no Reino Unido. Esse tipo de coisa realmente me chocou.” Mas o que mais lhe chamou a atenção foi o tipo de comércio que viu prosperar nos lugares mais afastados, onde encontrou farmácias lotadas. “Perguntei-lhes o que vendia mais e eles disseram analgésicos para as pessoas mais velhas e antidepressivos para pessoas mais jovens. Todos tinham algum vício.” Shia LaBeouf acrescentou sua própria experiência pessoal ao relato. “Em Bakersville, onde meu pai viveu por um tempo, a única coisa que existe é uma prisão. Então, todo mundo trabalha na prisão. Eu sou parte dessa subclasse. É de onde eu venho, então eu sei sobre isso.” “Nessas cidades pequenas, em que não há presença industrial, a única opção de trabalho para quem está saindo da escola são lanchonetes de fast food. E, embora isso pareça muito triste, identifica quem são os personagens do filme”, explicou a cineasta. “A van dos garotos é um microcosmo do sonho americano, com pessoas tentando ganhar dinheiro para realizar seus sonhos”. Assim como o protagonista, Arnold também recrutou seu elenco ao redor da América, selecionando jovens sem muita experiência dramática para contracenar com LaBeouf e Riley Keough (“Mad Max: Estrada da Fúria”), entre eles um trabalhador da construção civil, um skatista e uma ex-dançarina exótica. A grande estrela, Sasha Lane, foi descoberta tomando sol numa praia, durante o spring break, um mês antes do início das filmagens. A princípio, Sasha desconfiou do projeto, já que incluía muitas cenas de sexo. “Mas embarquei na vibe de Andrea”, disse a atriz. “Eu não entedia nada do que ela falava, mas sempre me pareceu muito doce para ser maldosa. Logo vi que ela era alguém importante e que não se tratava de um truque para me fazer filmar uma pornografia barata”. Sasha não foi a única que precisou ser convencida para entrar na “viagem” da diretora. Ela também precisou seduzir Rihanna. A cena em Shia LaBeouf encontra Sasha Lane, dentro de um Walmart, foi feita ao som de “We Found Love”, da cantora. E para conseguir usar a música, ela precisou insistir muito. “Eu adoro começar uma carta com ‘querida Rihanna’”, ela brincou. “Eu tive que escrever várias delas, explicando de que forma usaríamos a música e qual era a proposta do filme e da cena”. Shia, que dança a canção, também precisou de algum convencimento. “Eu me lembro de Andrea chegando perto de mim no primeiro dia e dizendo ‘eu preciso que você dance Rihanna na frente de todo mundo’”, riu. “Foi bem constrangedor, não foi minha parte preferida das filmagens”. Por outro lado, o ator participou de outras situações mais, digamos, agradáveis. Assim como em “Ninfomaníaca” (2013), ele filmou várias cenas de sexo, algumas coletivas, outras raivosas, embaladas por música country e rap. O sexo entrou na trama pelo conceito básico da cineasta. “Ninguém compra revista hoje dia. O que aqueles jovens fazem não é vender papel, mas a si mesmos”, explicou Arnold. E como eles vendem bem. Vendem-se inclusive como futuros astros. Não por acaso, Sasha Lane é a grande revelação do Festival de Cannes 2016.
Festival de Cannes tem edição mais competitiva dos últimos anos
A edição 2016 do Festival de Cannes, que começa nesta quarta (11/5) com a exibição de “Café Society”, novo filme de Woody Allen, será a mais competitiva dos últimos anos. A organização do evento fez uma seleção de cineastas prestigiadíssimos, verdadeiros mestres do cinema, para a disputa da Palma de Ouro, aumentando a responsabilidade do juri presidido por George Miller (foto acima), o diretor de “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015). Para dar uma ideia inicial do que representam os 20 cineastas selecionados, o menos experiente é o brasileiro Kleber Mendonça Filho, que mesmo assim conquistou prêmios internacionais com sua obra de estreia, “O Som ao Redor” (2014). A grande maioria dos selecionados já foi reconhecida por troféus no próprio Festival de Cannes. Quatro deles, por sinal, levaram a Palma de Ouro. Os maiores campeões são os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, duas vezes vencedores com “Rosetta” (1999) e “A Crianca” (2005). Eles retornam com o drama “La Fille Inconnue” (ou, no título internacional, “The Unknown Girl”), estrelado por Adèle Haenel, a jovem estrela francesa de “Lírios d’Água” (2007) e “Amor à Primeira Briga” (2014). Dois outros cineastas que já conquistaram a Palma de Ouro também estão de volta à competição. Vencedor pelo impactante “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” (2007), o romeno Cristian Mungiu apresenta “Bacalaureat”, enquanto o britânico Ken Loach, laureado por “Ventos da Liberdade” (2006), exibe “I, Daniel Blake”. A lista prestigiosa também tem diversas Palmas de Prata. O dinamarquês Nicolas Winding Refn, premiado no festival pela direção de “Drive” (2011), traz seu terror artístico “Neon Demon”, passado no mundo da moda e estrelado por Elle Fanning (“Malévola”), Bella Heathcote (“Orgulho e Preconceito e Zumbis”), Abbey Lee (“Mad Max: Estrada da Fúria”), Jena Malone (franquia “Jogos Vorazes”), Keanu Reeves (“De Volta ao Jogo”) e Christina Hendricks (série “Mad Men”). O espanhol Pedro Almodóvar, que recebeu de Cannes o troféu de Melhor Roteiro por “Volver” (2006), comparece com “Julieta”, drama sobre perda e abandono que acompanha uma mulher (interpretada em diferentes fases por Emma Suarez e Adriana Ugarte) ao longo de três décadas. O canadense Xavier Dolan, que venceu o Prêmio do Juri por “Mommy” (2014), revela “Juste la Fin du Monde” (título internacional: “It’s Only the End of the World”), seu primeiro longa estrelado por astros franceses. E que astros! O elenco inclui Léa Seydoux (“007 Contra Spectre”), Marion Cotillard (“Macbeth”), Vincent Cassel (“Em Transe”) e Gaspard Ulliel (“Saint Laurent”). O festival, claro, continua a destacar o cinema francês, e este ano selecionou quatro obras da “casa”. Olivier Assayas vai disputar a Palma de Ouro pela quinta vez com “Personal Shopper”, por coincidência outra história sobrenatural passada no mundo da moda (como “Neon Demon”), que volta a reunir o diretor com a atriz Kristen Stewart após o premiado “Acima das Nuvens” (2014). Nicole Garcia (“Um Belo Domingo”), por sua vez, concorre pela terceira vez com “Mal de Pierres” (“From the Land of the Moon”), que junta Marion Cotillard com Louis Garrel (“Dois Amigos”) num romance de época que atravessa gerações. Bruno Dumont, que já levou duas vezes o Grande Prêmio do Júri (por “A Humanidade”, em 1999, e “Flandres”, em 2006), compete com “Ma Loute” (“Slack Bay”), uma combinação de mistério gótico e romance gay juvenil passado no litoral francês em 1910, no qual Juliette Binoche (“Acima das Nuvens”) interpreta a matriarca de uma antiga família decadente. E Alain Guiraudie, vencedor da Mostra um Certo Olhar com “Um Estranho no Lago” (2013), traz “Rester Vertical” (“Staying Vertical”), cuja história está sendo mantida em sigilo. Além da já citada obra de Nicole Garcia, a competição terá mais dois filmes dirigidos por mulheres: o road movie “American Honey”, da inglesa Andrea Arnold, que venceu o Prêmio do Juri com “Aquário” (2009), e “Toni Erdmann”, um drama sobre relacionamento familiar da alemã Maren Ade, anteriormente premiada no Festival de Berlim por “Todos os Outros” (2009). O cinema americano, como sempre, também se destaca na seleção, comparecendo com três representantes. Sean Penn, que já foi premiado em Cannes como ator por “Loucos de Amor” (1997), dirige “The Last Face”, drama humanitário passado na África e estrelado por sua ex-mulher Charlize Theron (“Mad Max: Estrada da Fúria”). Jim Jarmusch, vencedor do Prêmio do Júri por “Flores Partidas” (2005), lança “Paterson”, em que Adam Driver (“Star Wars: O Despertar da Força”) é um motorista de ônibus poeta. E Jeff Nichols, que disputou a Palma de Ouro com “Amor Bandido” (2012), retorna com “Loving”, no qual Joel Edgerton (“Aliança do Crime”) e Ruth Negga (série “Agents of SHIELD”) vivem um casal inter-racial nos anos 1950. Outro cineasta bastante conhecido em Hollywood, o holandês Paul Verhoeven, que disputou a Palma de Ouro por “Instinto Selvagem” (1992), traz seu primeiro filme falado em francês, “Elle”, estrelado pela atriz Isabelle Huppert (“Amor”). Refletindo sua filmografia, o longa deve se tornar um dos mais comentados do festival pelo tema polêmico. Na trama, a personagem de Huppert é estuprada e fica fascinada pelo homem que a atacou, passando a persegui-lo. A seleção também inclui três cineastas asiáticos. O iraniano Asghar Farhadi, vencedor do Oscar por “A Separação” (2011) e premiado em Cannes por “O Passado” (2013), volta a lidar com seus temas favoritos, relacionamentos e separações, em “The Salesman”. O filipino Brillante Mendoza, também já premiado em Cannes pela direção de “Kinatay” (2009), traz o drama “Ma’ Rosa”, sobre uma família que possui uma loja de conveniência numa região pobre de Manilla. Por fim, o sul-coreano Park Chan-wook, que ganhou o Grande Prêmio do Juri por “Oldboy” (2003), conta, em “The Handmaiden”, um romance lésbico ambientado na Inglaterra vitoriana. É esta turma premiadíssima que o brasileiro Kleber Mendonça Filho irá enfrentar, com a exibição de “Aquarius” na mostra competitiva. Rodado em Recife, o filme também marca a volta de Sonia Braga ao cinema nacional, no papel de uma viúva rica em guerra contra uma construtora que quer desaloja-la do apartamento onde vive. O Brasil levou a Palma de Ouro apenas uma vez na história, com “O Pagador de Promessas”, em 1962. E o cinema nacional estava meio esquecido no festival. “Aquarius” interrompe um hiato de oito anos desde que uma produção brasileira competiu pela Palma de Ouro pela última vez – com “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas, em 2008. Por sinal, o país também está representado na disputa da Palma de Ouro de curta-metragem, com “A Moça que Dançou com o Diabo”, do diretor João Paulo Miranda Maria, incluído na competição oficial. Além da disputa da Palma de Ouro, o festival terá diversas mostras paralelas, que incluem a exibição do documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha (“Campo de Jogo”), programado na mostra Cannes Classics, dedicada a filmes clássicos e à preservação da memória e do patrimônio cinematográfico mundial. O filme vai concorrer ao prêmio L’Oeil d’Or (Olho de Ouro), entregue ao melhor documentário do festival, em disputa que se estende a todas as mostras. O júri deste ano conta com a participação do crítico brasileiro Amir Labaki, diretor do Festival É Tudo Verdade. A programação do festival ainda exibirá, fora de competição, a já citada nova comédia de Woody Allen, “Café Society”, a volta de Steven Spielberg (“Ponte dos Espiões”) ao cinema infantil, com “O Bom Gigante Amigo”, adaptado de uma história de Road Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”), o thriller financeiro “Jogo do Dinheiro”, de Jodie Foster (“Um Novo Despertar”), a comédia “Dois Caras Legais”, de Shane Black (“Homem de Ferro 3”), e o thriller “Herança de Sangue”, do francês Jean-François Richet (“Inimigo Público nº 1”), que marca a volta de Mel Gibson (“Os Mercenários 3”) como protagonista de filmes de ação. Sem mencionar dezenas de outras premières mundiais em seções prestigiadas como Um Certo Olhar, Quinzena dos Diretores, Semana da Crítica e Cine-Fundação.
Festival de Cannes terá novos filmes de Almodóvar, irmãos Dardenne, Sean Penn, Xavier Dolan e Paul Verhoeven
A edição 2016 do Festival de Cannes será a mais competitiva dos últimos anos. A organização do evento fez uma seleção de cineastas prestigiadíssimos, verdadeiros mestres do cinema, para a disputa da Palma de Ouro. Para dar uma ideia inicial do que representam os 20 cineastas selecionados, o menos experiente é o brasileiro Kleber Mendonça Filho, que mesmo assim conquistou prêmios internacionais com sua obra de estreia, “O Som ao Redor” (2014). A grande maioria dos selecionados já foi reconhecida por troféus no próprio Festival de Cannes. Quatro deles, por sinal, levaram a Palma de Ouro. Os maiores campeões são os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, duas vezes vencedores com “Rosetta” (1999) e “A Crianca” (2005). Eles retornam com o drama “La Fille Inconnue” (ou, no título internacional, “The Unknown Girl”), estrelado por Adèle Haenel, a jovem estrela francesa de “Lírios d’Água” (2007) e “Amor à Primeira Briga” (2014). Dois outros cineastas que já conquistaram a Palma de Ouro também estão de volta à competição. Vencedor pelo impactante “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” (2007), o romeno Cristian Mungiu apresenta “Bacalaureat”, enquanto o britânico Ken Loach, laureado por “Ventos da Liberdade” (2006), exibe “I, Daniel Blake”. A lista prestigiosa também tem diversas Palmas de Prata. O dinamarquês Nicolas Winding Refn, premiado no festival pela direção de “Drive” (2011), traz seu terror artístico “Neon Demon”, passado no mundo da moda e estrelado por Elle Fanning (“Malévola”), Bella Heathcote (“Orgulho e Preconceito e Zumbis”), Abbey Lee (“Mad Max: Estrada da Fúria”), Jena Malone (franquia “Jogos Vorazes”), Keanu Reeves (“De Volta ao Jogo”) e Christina Hendricks (série “Mad Men”). O espanhol Pedro Almodóvar, que recebeu de Cannes o troféu de Melhor Roteiro por “Volver” (2006), comparece com “Julieta”, drama sobre perda e abandono que acompanha uma mulher (interpretada em diferentes fases por Emma Suarez e Adriana Ugarte) ao longo de três décadas. O canadense Xavier Dolan, que venceu o Prêmio do Juri por “Mommy” (2014), revela “Juste la Fin du Monde” (título internacional: “It’s Only the End of the World”), seu primeiro longa estrelado por astros franceses. E que astros! O elenco inclui Léa Seydoux (“007 Contra Spectre”), Marion Cotillard (“Macbeth”), Vincent Cassel (“Em Transe”) e Gaspard Ulliel (“Saint Laurent”). O festival, claro, continua a destacar o cinema francês, e este ano selecionou quatro obras da “casa”. Olivier Assayas vai disputar a Palma de Ouro pela quinta vez com “Personal Shopper”, por coincidência outra história sobrenatural passada no mundo da moda (como “Neon Demon”), que volta a reunir o diretor com a atriz Kristen Stewart após o premiado “Acima das Nuvens” (2014). Nicole Garcia (“Um Belo Domingo”), por sua vez, concorre pela terceira vez com “Mal de Pierres” (“From the Land of the Moon”), que junta Marion Cotillard com Louis Garrel (“Dois Amigos”) num romance de época que atravessa gerações. Bruno Dumont, que já levou duas vezes o Grande Prêmio do Júri (por “A Humanidade”, em 1999, e “Flandres”, em 2006), compete com “Ma Loute” (“Slack Bay”), uma combinação de mistério gótico e romance gay juvenil passado no litoral francês em 1910, no qual Juliette Binoche (“Acima das Nuvens”) interpreta a matriarca de uma antiga família decadente. E Alain Guiraudie, vencedor da Mostra um Certo Olhar com “Um Estranho no Lago” (2013), traz “Rester Vertical” (“Staying Vertical”), cuja história está sendo mantida em sigilo. Além da já citada obra de Nicole Garcia, a competição terá mais dois filmes dirigidos por mulheres: o road movie “American Honey”, da inglesa Andrea Arnold, que venceu o Prêmio do Juri com “Aquário” (2009), e “Toni Erdmann”, um drama sobre relacionamento familiar da alemã Maren Ade, anteriormente premiada no Festival de Berlim por “Todos os Outros” (2009). O cinema americano, como sempre, também se destaca na seleção, comparecendo com três representantes. Sean Penn, que já foi premiado em Cannes como ator por “Loucos de Amor” (1997), dirige “The Last Face”, drama humanitário passado na África e estrelado por sua ex-mulher Charlize Theron (“Mad Max: Estrada da Fúria”). Jim Jarmusch, vencedor do Prêmio do Júri por “Flores Partidas” (2005), lança “Paterson”, em que Adam Driver (“Star Wars: O Despertar da Força”) é um motorista de ônibus poeta. E Jeff Nichols, que disputou a Palma de Ouro com “Amor Bandido” (2012), retorna com “Loving”, no qual Joel Edgerton (“Aliança do Crime”) e Ruth Negga (série “Agents of SHIELD”) vivem um casal inter-racial nos anos 1950. Outro cineasta bastante conhecido em Hollywood, o holandês Paul Verhoeven, que disputou a Palma de Ouro por “Instinto Selvagem” (1992), traz seu primeiro filme falado em francês, “Elle”, estrelado pela atriz Isabelle Huppert (“Amor”). Refletindo sua filmografia, o longa deve se tornar um dos mais comentados do festival pelo tema polêmico. Na trama, a personagem de Huppert é estuprada e fica fascinada pelo homem que a atacou, passando a persegui-lo. A seleção também inclui dois cineastas asiáticos conhecidos por trabalhos polêmicos. O filipino Brillante Mendoza, já premiado em Cannes pela direção de “Kinatay” (2009), traz o drama “Ma’ Rosa”, sobre uma família que possui uma loja de conveniência numa região pobre de Manilla. Por sua vez, o sul-coreano Park Chan-wook, que ganhou o Grande Prêmio do Juri por “Oldboy” (2003), conta, em “The Handmaiden”, um romance lésbico ambientado na Inglaterra vitoriana. É esta turma premiadíssima que o brasileiro Kleber Mendonça Filho irá enfrentar, com a exibição de “Aquarius” na mostra competitiva. Rodado em Recife, o filme também marca a volta de Sonia Braga ao cinema nacional, no papel de uma viúva rica em guerra contra uma construtora que quer desaloja-la do apartamento onde vive. Além da disputa da Palma de Ouro, o festival anunciou a programação de suas principais mostras paralelas, incluindo as exibições, fora de competição, do novo filme de Steven Spielberg (“Ponte dos Espiões”), a fábula infantil “O Bom Gigante Amigo”, adaptado de uma história de Road Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”), o thriller financeiro “Jogo do Dinheiro”, de Jodie Foster (“Um Novo Despertar”), e a comédia “Dois Caras Legais”, de Shane Black (“Homem de Ferro 3”). O festival começa em 11 de maio, com a première mundial do novo filme de Woody Allen, “Café Society”, mas ainda não anunciou qual filme será exibido em seu encerramento, previsto para o dia 22. Portanto, outros longas podem ser confirmados nos próximos dias. Confira abaixo a lista completa dos filmes anunciados para o Festival de Cannes, identificados por seus títulos internacionais (isto é, em inglês). Festival de Cannes 2016 Competição da Palma de Ouro “Aquarius” (Kleber Mendonça Filho) “American Honey” (Andrea Arnold) “Bacalaureat,” (Cristian Mungiu) “Elle” (Paul Verhoeven) “From the Land of the Moon” (Nicole Garcia) “The Handmaiden” (Park Chan-wook) “I, Daniel Blake” (Ken Loach) “It’s Only the End of the World” (Xavier Dolan) “Julieta” (Pedro Almodovar) “The Last Face” (Sean Penn) “Loving” (Jeff Nichols) “Ma’ Rosa” (Brillante Mendoza) “The Neon Demon” (Nicolas Winding Refn) “Paterson” (Jim Jarmusch) “Personal Shopper” (Olivier Assayas) “Slack Bay” (Bruno Dumont) “Staying Vertical” (Alain Guiraudie) “Toni Erdmann” (Maren Ade) “The Unknown Girl” (Jean-Pierre and Luc Dardenne) Mostra Um Certo Olhar After the Storm” (Hirokazu Kore-eda) “Apprentice” (Boo Junfeng) “Beyond the Mountains and Hills” (Eran Kolirin) “Captain Fantastic” (Matt Ross) “Clash” (Mohmaed Diab) “The Dancer” (Stephanie Di Giusto) “The Disciple” (Kirill Serebrennikov) “Dogs” (Bogdan Mirica) “The Happiest Day in the Life of Olli Maki” (Juho Kuosmanen) “Harmonium” (Fukada Koji) “Inversion” (Behnam Behzadi) “The Long Night of Francisco Sanctis” (Andrea Testa) “Pericle Il Nero” (Stefano Mordini) “Personal Affairs” (Maha Haj) “The Red Turtle” (Michael Dudok de Wit) “The Transfiguration” (Michael O’Shea) “Voir du Pays” (Delphine Coulin, Muriel Coulin) Sessões da meia-noite “Gimme Danger” (Jim Jarmusch) “Train to Busan” (Bu-San-Haeng) Sessões especiais “Le Cancre” (Paul Vecchiali) “Exil” (Rithy Panh) “Hissein Habre” (Mahamat-Saleh Haroun) “The Last Beach” (Thanos Anastopoulos, Davide Del Degan) “Last Days of Louis XIV” (Albert Serra) Fora de competição “O Bom Gigante Amigo” (Steven Spielberg) “Goksung”, (Hong-jin Na) “Jogo do Dinheiro” (Jodie Foster) “Dois Caras Legais” (Shane Black)








