Guillermo del Toro chora com 14 minutos de aplausos a “Frankenstein” no Festival de Veneza
Adaptação da obra de Mary Shelley levou o diretor e Jacob Elordi às lágrimas após ovação recorde na estreia mundial
Compositor do último Missão Impossível assume a trilha de Viúva Negra
O adiamento da estreia de “Viúva Negra” está permitindo à Marvel fazer ajustes na pós-produção do longa, como se pode observar por uma grande mudança na equipe criativa. Segundo o Film Music Report, o estúdio trocou o compositor da trilha sonora do filme. Em vez do premiado Alexandre Desplat, vencedor do Oscar por seu trabalho em “A Forma da Água” (2017) e “O Grande Hotel Budapeste” (2014), o escocês Lorne Balfe irá assinar a trilha da produção. Recentemente, ele foi responsável pela música de “Missão Impossível: Efeito Fallout”, “Esquadrão 6” e “Bad Boys Para Sempre”. A razão para a troca não foi informada. A trama de “Viúva Negra” acompanha Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) após fugir dos EUA, passando-se entre os eventos de “Capitão América: Guerra Civil” e “Vingadores: Guerra Infinita”. O longa tem roteiro de Jac Schaeffer (“As Trapaceiras”) e direção da australiana Cate Shortland (“A Síndrome de Berlim”), e sua estreia estava marcada para 30 de abril, antes de ser adiada indefinidamente pela crise sanitária.
Rogue One: Spin-off de Star Wars sofre troca de compositor de última hora
Como se os bastidores de “Rogue One: Uma História Star Wars” não estivessem rendendo fofocas suficientes, o compositor francês Alexandre Desplat foi substituído, de última hora, na criação da trilha sonora do filme. Segundo o The Hollywood Reporter, Michael Giacchino, que assina a trilha da franquia “Star Trek” desde o reboot de 2009, entrou à bordo do projeto para ajudar os rebeldes a combater as forças do Império. Desplat, que venceu o Oscar pela trilha de “O Grande Hotel Budapeste” (2014), estava escalado para musicar o filme desde o ano passado. Mas as filmagens de cenas adicionais tumultuaram todo o cronograma da produção e podem ter criado conflito de agenda. As refilmagens de “Rogue One” visariam, segundo rumores, deixar o tom do filme mais leve, após os executivos da Disney desaprovarem o corte inicial apresentado. E uma mudança de compositor ajudaria neste quesito. No entanto, a produtora Kathleen Kennedy e o diretor Gareth Edwards negaram que este teria sido o motivo da inclusão de novas cenas. Claro, os produtores também podem ter odiado o trabalho de Desplat, já que não houve comentários a respeito da troca. Giacchino, por sua vez, também tem um Oscar, por “Up – Altas Aventuras” (2009), e já chegou até a aparecer como um Stormtrooper em “Star Wars: O Despertar da Força” (2015), devido à sua amizade com o diretor J.J Abrams. Aquele filme foi musicado pelo autor da trilha clássica original da franquia, John Williams. A troca tão em cima da hora deixa pouco tempo para o trabalho de criação de Giancchino, uma vez que o filme estreia em apenas três meses. No Brasil, o lançamento acontece em 15 de dezembro.
Tudo Vai Ficar Bem é volta triste de Wim Wenders à ficção
O veterano cineasta alemão Wim Wenders avança pelo século 21 mostrando a vitalidade de um verdadeiro artista – seja por meio de suas mais diversas experiências tecnológicas, com destaque para a bela filmagem em 3D de “Pina” (2011), seja através das tentativas de variação estilístico/temática do seu cinema. O que “Tudo Vai Ficar Bem” vem demonstrar, no entanto, é que os acertos do velho mestre em seus recentes documentários (“Pina”, “O Sal da Terra”) não se confirmam em sua volta para a ficção, sete anos após seu último drama, “Palermo Shooting” (2008). Sem música indie e com exteriores reduzidos em relação a alguns dos seus registros mais característicos, Wenders apoia-se na trilha sonora orquestral do francês Alexandre Desplat (“O Grande Hotel Budapeste”) para desenvolver uma fantasia dramática em tons mais convencionais. Baseado num roteiro do norueguês Bjorn Olaf Johannessen (que chamou atenção com o sucesso de “Nowhere Man”, em Sundance), “Tudo Vai Ficar Bem” conta a história de um escritor (o americano James Franco) em crise existencial, particularmente no casamento e na carreira, que vê a sua situação agravada pela culpa, após um acidente de trânsito com vítima fatal. Wenders continua fascinado por filmar em 3D e, se tal propósito ajuda a sacudir a poeira da idade, “Tudo Vai Ficar Bem” vem falhar no outro polo da sua proposta – a tentativa de contar uma história relativamente linear. A leveza dos movimentos e os fade-outs (e algumas soluções inventivas, como a câmera que sai detrás de um monte de gelo no acidente) são acompanhados por uma fotografia em 3D que visa esmiuçar visualmente o interior dos personagens – num jogo onde os disfarces e os truques dos atores não são permitidos. O problema é que os distribuidores brasileiros não levaram em conta esse detalhe, ao programarem apenas projeções convencionais, em 2D, do longa-metragem. O que ajuda a fazer com que as “almas” dos personagens revelem-se brutalmente desinteressantes. Parte da culpa pela falta de profundidade também cabe ao roteiro de Johannenssen: na sua tentativa de evitar os lugares comuns de uma trama, que bem poderia ser a base de um dramalhão-clichê, o roteirista criou um conjunto de sequências isoladas, em que as elipses constantes parecem uma forma desesperada de compensar a falta de inspiração com novos recomeços. As tantas idas e vindas do enredo transitam do penoso para o exasperante e, se a familiaridade com algumas soluções das obras de Wenders (“Paris, Texas”, por exemplo) permite adivinhar o final, a certa altura isto já não interessa, desde que ele chegue depressa.
A Garota Dinamarquesa transforma tema atual em filme à moda antiga
“A Garota Dinamarquesa” traz um diretor e um protagonista que já venceram o Oscar, respectivamente Tom Hooper (por “O Discurso do Rei”) e Eddie Redmayne (por “A Teoria de Tudo”), ambos com produções de época bem conservadoras. Por sorte, ambos são eclipsados no filme pela atriz sueca Alicia Vikander (“O Amante da Rainha”), que se posiciona como um dos grandes nomes da temporada de premiações. Ela surpreende num papel que é maior do que faz supor sua indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante, e evita que o longa sucumba aos exageros cafonas do cineasta e do protagonista. Na trama, o casal de pintores Gerda (Alicia Vikander) e Einar (Eddie Redmayne) vive uma vida relativamente tranquila na Dinamarca dos anos 1920, ainda que não seja nada fácil viver de arte. Gerda, principalmente, só vai conseguir sucesso com seus retratos quando pede que o marido pose para ela com um vestido. A pintura vira um sucesso e novos quadros são encomendados para uma exposição em um museu de arte de Copenhague. Só que a experiência de posar como mulher mexe com a cabeça de Einar, que percebe de imediato, ao usar um vestido, o quanto sua feminilidade estava prestes a aflorar. Trata-se de um assunto interessante e curioso, que culmina na primeira intervenção cirúrgica para mudança de sexo no mundo. Mas, apesar de baseada numa história verídica, há muita ficção no roteiro escrito por Lucinda Coxon (“Matador em Perigo”), que simplifica a questão de gênero sexual, a ponto de aproximar o caso de Einar/Lili do surto de Norman Bates em “Psicose” (1960), um homem que também se vestia de mulher. O embate interior entre as personalidades de Einar e Lili, o nome que ele adota ao decidir virar mulher, não deixa de ser interessante. Redmayne incorpora essa transformação por meio de lembranças da imagem da mãe e pela observação do gestual feminino, até que termina rejeitando seu órgão sexual masculino. Mesmo assim, mantém seu amor por Gerda. Vikander, por sinal, tem uma personagem tão interessante quanto Einar/Lili, no apoio e na frustração que acompanha a transformação de seu marido. Neste sentido, o ponto alto de “A Garota Dinamarquesa” acaba sendo o diálogo final entre o casal, que pode levar muitos espectadores às lágrimas. No mais, o longa incomoda pela utilização melodramática de sua trilha sonora (composta por Alexandre Desplat) e no modo exagerado com que Redmayne interpreta seu personagem. Junto à fotografia requintada e a reconstrução apurada do período, são fatores que contribuem para que “A Garota Dinamarquesa” se pareça, apesar do tema tão atual, com um filme à moda antiga.




