Morreu a atriz Frances Sternhagen, de “Plantão Médico” e “Sex and the City”
A atriz americana Frances Sternhagen morreu pacificamente na segunda-feira (27/11) de causas naturais, em sua casa em New Rochelle, Nova York, aos 93 anos. Ela era conhecida dos fãs de séries como a sogra de Charlotte (Kristin Davis) em “Sex and the City” e avó do Dr. Carter (Noah Wyle) em “Plantão Médico” (E.R.). Ela estabeleceu sua carreira de sucesso no teatro, muitos anos antes de passar para a televisão. Sternhagen estreou na Broadway em 1955 e recebeu seu primeiro Tony (o Oscar do teatro) em 1974 por seu trabalho em “The Good Doctor”, de Neil Simon. Ela voltou a ganhar novamente o troféu em 1995 por interpretar a viúva Tia Lavinia em um revival de “The Heiress”. Filmes marcantes A chegada no cinema aconteceu em 1967 como a bibliotecária perspicaz Charlotte Wolf em “Subindo por Onde se Desce”, de Robert Mulligan, produzido por Alan J. Pakula, com quem mais tarde retomou a parceria em “Encontros e Desencontros” (1979) e “See You in the Morning” (1989), ambos também produzidos e dirigidos por Pakula. Entretanto, seu papel cinematográfico mais lembrado é como a médica Dr. Marian Lazarus, que ajuda Sean Connery a resolver uma série de assassinatos em um remoto campo de mineração espacial no thriller de ficção científica “Outland: Comando Titânio” (1981). Ela ainda interpretou uma policial no famoso terror “Louca Obsessão” (1990), adaptação de Stephen King dirigida por Rob Reiner. Personagens televisivos Sua participação televisiva se intensificou a partir de 1986, quando foi escalada para viver a mãe do carteiro Cliff (John Ratzenberger) na 5ª temporada de “Cheers”. O papel se tornou recorrente e ela recebeu duas indicações ao Emmy de Melhor Atriz Convidada pelo desempenho. Em 1997, ela virou Milicent Carter, a avó do Dr. John Carter, grande protagonista da série “Plantão Médico”, gerando um participação que se estendeu por cinco temporadas e um total de 21 episódios. Paralelamente, a partir de 2000 também virou Bunny MacDougal, cuja proteção pelo filho Trey (Kyle MacLachlan) tornou a vida da nora Charlotte (Kristin Davis) um inferno em “Sex and the City”. Sem senso de limites, ela chegou a invadir o quarto dos recém-casados para entregar muffins frescos, apenas para encontrá-los no meio do sexo matinal. E foi novamente indicada ao Emmy por isso. Seu último papel marcante nas telas foi o de outra mãe, Willie Ray Johnson, genitora de Brenda Leigh Johnson (Kyra Sedgwick), líder do Departamento de Polícia de Los Angeles na série “Divisão Criminal” (The Closer), de 2006 a 2012.
David Giler (1943 – 2020)
O produtor e roteirista David Giler, um dos criadores da franquia “Alien” e autor de filmes de grande sucesso nos anos 1970 e 1980, morreu de câncer em 19 de dezembro em sua casa em Bangkok. Ele tinha 77 anos. “Se você conhecia David, sabia que ele era especial”, pronunciou-se o diretor Walter Hill, seu parceiro de longa data, nas redes sociais. “A magia de sua personalidade é difícil de descrever: engraçada, raivosa, extremamente culta, extremamente lida. Tive o privilégio de escrever e produzir com ele e, mais importante, de ter sua amizade íntima e profunda por quase 50 anos.” Giler começou sua carreira escrevendo episódios de séries dos anos 1960, como “A Lei de Burke”, “O Agente da UNCLE” e “A Garota da UNCLE”, e foi estrear no cinema em 1970 com “Homem e Mulher Até Certo Ponto” (Myra Breckinridge), um dos filmes mais polêmicos de sua época, em que Rachel Welch vivia uma transexual determinada a ensinar submissão aos executivos de Hollywood. Fracassou nas bilheterias, mas rendeu amizade entre o roteirista e o escritor da obra original, Gore Vidal. O roteirista não teve muito tempo para amargar o fracasso, porque em seguida escreveu o thriller político “A Trama” (The Parallax View, 1974), dirigido por Alan J. Pakula e estrelado por Warren Beatty, e as comédias “Adivinhe Quem vem para Roubar” (Fun With Dick And Jane, 1977), com Jane Fonda e George Segal, e “Um Dia a Casa Cai” (The Money Pit, 1986), um dos primeiros sucessos de Tom Hanks. Os três filmes marcaram época, mas no meio das duas comédias, Giler lançou outro título ainda mais famoso, ao iniciar sua parceria com Walter Hill, via fundação da produtora Brandywine Productions – que virou basicamente a produtora de uma única franquia. O primeiro sucesso da dupla de produtores foi nada menos que “Alien – O Oitavo Passageiro”, que Giler ajudou a conceber. Uma disputa legal com o escritor Dan O’Bannon fez com que este recebesse os créditos exclusivos do roteiro original, mas Giler foi reconhecido como autor dos roteiros das sequências seguintes, o excepcional “Aliens” (1986) e “Aliens 3” (1992). Ele continuou envolvido como produtor da franquia até o lançamento mais recente, “Alien: Covenant” de 2017. Giler também escreveu o intenso thriller “O Confronto Final” (Southern Confort, 1981), um dos melhores filmes dirigidos por seu sócio Walter Hill. Mas depois de trabalhar, sem receber créditos, na história de “Um Tira da Pesada 2” (Beverly Hills Cop II, 1987), ele e Hill se voltaram para a televisão, onde produziram a série “Contos da Cripta” (Tales from the Crypt, 1989-1996), um dos primeiros sucessos da HBO. Eles também produziram as adaptações cinematográficas da série, “Os Demônios da Noite” (1995) e “O Bordel de Sangue” (1996). Seu último roteiro foi um thriller dirigido pelo velho parceiro Hill, “O Imbatível” (Undisputed, 2002), com Wesley Snipes.
Alvin Sargent (1927 – 2019)
Morreu o roteirista Alvin Sargent, que escreveu três filmes do “Homem-Aranha” e venceu dois Oscars por “Julia” (1977) e “Gente como a Gente” (1980). Ele faleceu na quinta-feira (9/5), de causas naturais em sua casa em Seattle, nos Estados Unidos. Ao todo, Sargent assinou mais de duas dúzias de roteiros de longa-metragens desde a década de 1960. Seus créditos também incluem “Lua de Papel” (1973), pelo qual foi indicado ao Oscar. Ele começou sua carreira como vendedor de anúncios da revista Variety nos anos 1950 e sonhava em virar ator. Sua estreia no cinema foi como figurante no clássico “A um Passo da Eternidade” (1954), de Fred Zinnemann. E, por coincidência, Zinnemann também dirigiu “Julia”, que Sargent foi escrever mais de duas décadas depois. A dificuldade para encontrar novos papéis – e vender anúncios – fez com que transformasse um passatempo em carreira. Ele costumava escrever histórias para si mesmo. Um dia, seu agente pegou uma delas e mostrou para produtores de TV. E assim Sargent foi convidado a escrever episódios de séries dramáticas. Ele assinou, entre outras, “Ben Casey”, “Rota 66”, “As Enfermeiras” e “The Alfred Hitchcock Hour” . Seu primeiro roteiro para o cinema foi a comédia de assalto “Como Possuir Lissu” (1966), com Shirley MacLaine e Michael Caine, que fez grande sucesso e chamou atenção de vários cineastas. Isso rendeu novos trabalhos, em que precisou mostrar versatilidade para abordar diferentes gêneros, como o western “A Noite da Emboscada” (1968), a cultuada comédia romântica “Os Anos Verdes” (1969), estrelada pela jovem Liza Minnelli, e o violento policial “O Pecado de um Xerife” (1970). Seus roteiros estavam sendo filmados por jovens diretores em transição para o patamar de mestres – como Robert Mulligan, Alan J. Pakula e John Frankenheimer. E isto atraiu o astro Paul Newman, que chamou o roteirista para escrever “O Preço da Solidão” (1972), adaptação de um peça premiada de Paul Zindel, que o próprio ator dirigiu. A consagração veio logo em seguida, com três indicações à premiação da Academia, rendendo-lhe troféus em duas oportunidades. “Lua de Papel” acabou transformando Tatum O’Neal na mais jovem vencedora do Oscar, aos 10 anos de idade. Mas foram “Julia”, baseada na vida da escritora Lillian Hellman e sua luta contra o Holocausto, e principalmente “Gente como a Gente”, retrato dramático do impacto da morte de um jovem sobre sua família, que lhe deram status de gênio. Assim como fez seu amigo Paul Newman, Robert Redford requisitou o talento de Sargent para escrever a história que marcaria sua estreia no cinema. E “Gente como a Gente”, estrelado por Mary Tyler Moore e Timothy Hutton, venceu, além de Melhor Roteiro, os Oscars de Melhor Direção para o estreante Redford e até o troféu de Melhor Filme do ano. Entre as muitas pessoas influenciadas por aquela obra, o cineasta JJ Abrams (“Star Wars: O Despertar da Força”) frequentemente cita “Gente como a Gente” como inspiração para “Uma Segunda Chance” (1991), o roteiro que deslanchou a sua carreira (quando ele era Jeffrey Abrams). Sargent ainda incluiu “O Cavaleiro Elétrico” (1979), estrelado por Redford, entre esses filmes. E o sucesso dessas produções o tornou um dos roteiristas mais requisitados do período. Especializou-se em dramas e comédias de prestígio de grandes estúdios. “Querem me Enlouquecer” (1987), com Barbra Streisand, “Loucos de Paixão” (1990), com Susan Sarandon, “Nosso Querido Bob” (1991), com Bill Murray, e “Herói por Acidente” (1992), com Dustin Hoffman, fizeram bastante sucesso comercial. Mas nada em sua carreira foi comparável à bilheteria dos dois filmes do “Homem-Aranha” que ele escreveu para o diretor Sam Raimi. O roteirista assinou “Homem-Aranha 2” (2004) e “3” (2007), quando a franquia era estrelada por Tobey Maguire e Kirsten Dunst, e também “O Espetacular Homem-Aranha” (2012), de Marc Webb, protagonizado por Andrew Garfield e Emma Stone. Ele tinha 85 anos quando entregou “O Espetacular Homem-Aranha”, seu último trabalho. A aposentadoria não foi consequência da idade, mas da morte de sua grande parceira. Por 25 anos, Sargent teve a seu lado a produtora e escritora Laura Ziskin, com quem escreveu alguns de seus sucessos. Eles se casaram em 2010, um ano antes de Ziskin perder sua batalha contra o câncer de mama. E Sargent perdeu a vontade de continuar escrevendo.

