Globo vai exibir primeiro episódio da minissérie Assédio sem intervalos na TV
A minissérie “Assédio”, lançada para assinantes do Globoplay, terá o seu primeiro capítulo exibido na TV aberta. A Globo marcou a estreia para segunda (15/10), após sua novela “Segundo Sol”, com transmissão sem intervalos comerciais. A iniciativa é uma reprise da tática utilizada para divulgar outra atração do serviço de streaming da emissora, a série americana “Good Doctor”, que teve seus dois primeiros episódios exibidos como “telefilme” também numa segunda – 27 de agosto. A Globo também pretende transmitir os demais episódios, que já estão disponíveis no Globoplay, mas ainda não divulgou a data para a TV. “Assédio” é inspirada na história real do médico Roger Abdelmassih. Condenado a 181 anos de detenção pelo estupro de 48 pacientes, Abdelmassih ficou conhecido como “médico das estrelas” e chegou a ser considerado um dos principais especialistas em reprodução assistida do país, antes de ser acusado por dezenas de pacientes por abuso sexual. A atração tem roteiro de Maria Camargo (“Nise: O Coração da Loucura”) e direção de Amora Mautner (novela “A Regra do Jogo”). O elenco conta conta com Adriana Esteves, Paolla Oliveira, Mariana Lima, Hermila Guedes, João Miguel e Vera Fischer (no papel de Hebe Camargo), além de Antonio Calloni como o médico estuprador. Como pode ser visto abaixo, pelo trailer da minissérie, “Assédio” também repete um cacoete narrativo da escola do “Fantástico”, já visto em outras produções de ficção da emissora, que trazem declarações de personagens no meio da história, como se o público estivesse acompanhando uma reportagem com eventos reencenados para ilustrar depoimentos. A Globo fez isso até quando transformou o filme “Tim Maia” em minissérie. A diferença para obras anteriores, como “Carcereiros”, é que desta vez os depoimentos também são ficcionais.
Benzinho retrata relações familiares de maneira honesta e emocionante
O drama nacional “Benzinho”, filme mais premiado do recente Festival de Gramado, conta a história de Irene (Karine Teles), uma mãe de família que cuida dos quatro filhos e faz alguns bicos para complementar a renda, enquanto o marido, Klaus (Otávio Müller), conta as moedas no seu negócio falido. Vivendo numa casa com diversos problemas estruturais, Irene controla esses problemas à medida que eles aparecem, apertando a torneira que está vazando ou saindo pela janela quando a fechadura da porta não abre mais. Desta forma, ela consegue criar uma rotina mais ou menos funcional em meio a tantas adversidades – que ainda envolvem o acolhimento da irmã, Sônia (Adriana Esteves), após esta ter sido agredida pelo marido. Porém, a rotina de Irene muda quando seu filho mais velho, Fernando (Konstantinos Sarris), recebe uma proposta para ir estudar na Alemanha. A notícia causa uma variação na organização da família e assuntos que antes haviam sido deixados de lado – como a venda da casa de praia – precisam voltar à tona, por mais que Irene se esforce para ignorá-los. Assustada com a quebra dos seus hábitos diários, ela se retrai, internalizando um turbilhão de sentimentos, tentando – nem sempre com sucesso – manter uma aparência calma diante dessas mudanças. E nisso, é necessário destacar a excelente atuação de Karine Teles, premiada como Melhor Atriz no Festival de Gramado, que explicita todos esses sentimentos sem dizer nenhuma palavra, apenas com o olhar. Sabendo do talento da sua protagonista, com quem já foi casado por mais de uma década, o cineasta Gustavo Pizzi (que também a dirigiu em “Riscado”) aproxima a sua câmera do rosto da atriz, com o intuito de captar e compartilhar com o público toda a expressividade dela. É notável, por exemplo, que no momento em que fica sabendo que o filho vai sair de casa, Irene expressa orgulho e tristeza ao mesmo tempo. Da mesma maneira, existe um alívio em seu olhar quando um atraso burocrático pode atrapalhar os planos do jovem. São pequenos detalhes, que só se tornam perceptíveis por conta da abordagem do diretor, cuja câmera parece penetrar na intimidade daquelas pessoas. Pizzi opta por filmar cenas que narrativamente não têm importância para a história (como aquela das crianças tomando banho ou delas brincando no quintal), mas que servem para estabelecer uma conexão maior com o espectador. O realizador também faz uso constante de metáforas. A quebra da torneira, que acontece logo após o recebimento da notícia de Fernando, simboliza um problema que não pode mais ser contornado. A própria degradação da casa pode ser vista como a “destruição” daquela estrutura familiar, ao passo que a construção da casa nova é um recomeço. E as cenas em que Fernando é mostrado entrando embaixo de uma cabana feita com o lençol vermelho ou deitado em posição fetal sob a barriga da mãe representam o desejo desta de mantê-lo sempre por perto, e a tristeza diante da constatação de que isso não é possível. Ao buscar estes significados por meio das imagens, o diretor exclui a necessidade de verbalizar a relação daqueles personagens. O silêncio, neste caso, é muito mais importante do que as palavras. Assim, “Benzinho” retrata de maneira honesta e emocionante as complicadas relações familiares, relações estas que misturam sorrisos e lágrimas, alegrias e tristezas, gritos e silêncios. Mais do que isso, relações que são complexas demais para serem definidas por dicotomias. Não é à toa que venceu os prêmios do Público e da Crítica em Gramado.
Canastra Suja é filme importante desrespeitado pelos cinemas brasileiros
Para quê fazer cinema no Brasil, se o circuito exibidor trata a maioria dos filmes (os que não são derivados/produções de TV) com tanto desrespeito? Tudo bem que a fila precisa andar, levando em consideração a quantidade gigante de lançamentos. Mas a verdade é que os filmes brasileiros não estão sendo lançados; estão sendo arremessados. Muitos só encontram um único horário e se são lançados em cinema de shopping só duram mesmo uma semana em cartaz e pronto. Não há tempo para o boca a boca. Trata-se, infelizmente, do caso de “Canastra Suja”, terceiro longa de Caio Sóh, cineasta que não consegue projeção nacional porque seus filmes não chegam aos cinemas de todo o país. “Canastra Suja”, em particular, tem gerado um clamor justificado, pois se trata de um filme que tem despertado muitas paixões. Há, claro, o caso de algumas críticas negativas, em especial uma famosa publicada no jornal O Globo, e que alguns dizem ser responsável pelo fracasso comercial do lançamento, mas há, sem dúvida, pouco recurso para contra-atacar com marketing, já que as imagens de divulgação são de arrepiar, muito atraentes para quem não viu e muito significativas e emocionantes para quem já viu o filme. Mas falemos do filme em si, que já começa com uma câmera subjetiva de alguém adentrando uma casa humilde. Mais tarde, a história retoma a este ponto. Assim, logo em seguida, somos convidados a conhecer os dramas dos habitantes daquela casa, o pai Batista (Marco Ricca), a mãe Maria (Adriana Esteves) e os filhos jovens Emília (Bianca Bin) e Pedro (Pedro Nercessian) e a adolescente especial Ritinha (Cacá Ottoni). Entre os demais personagens importantes, há que se destacar o amigo da família Tatu (David Junior), namorado de Emília. Batista é alcoólatra e está tentando deixar o vício, e tem a intenção de levar o filho a seguir seus passos no trabalho de manobrista, já que o rapaz não quer saber de estudar e nem tem nenhuma formação profissional. Em clima de desgraça pouca é bobagem, mas também trazendo muito humor diante dos percalços de seus personagens, o filme vai aos poucos levando-os a uma espiral de descida aos infernos, com seus dramas se acentuando cada vez mais. O diretor e seu elenco têm a habilidade de manter a trama envolvente, por vezes divertida (como não se divertir com as cenas de Pedro e Tatu em um clube muito especial?), mas por vezes devastadora. Daí, as várias semelhanças que alguns críticos têm feito com a obra de Nelson Rodrigues, embora do ponto de vista do cinema possamos lembrar tanto do neorrealismo italiano (“Rocco e seus Irmãos”!) quanto do cinema brasileiro dos anos 1970 e 1980, quando os nossos filmes tinham de fato a intenção de destoar das telenovelas. no que se refere à exploração e explicitação dos problemas sociais. Aliás, falando em telenovelas, que bom que é poder ver Bianca Bin, uma atriz linda e talentosa, saindo um pouco da TV e enriquecendo o nosso cinema. O longa foi feito de forma bastante independente. Até a distribuidora é desconhecida, provavelmente própria. O elenco ajuda com a produção e o simbolismo da cena do karaokê é representativo deste espírito de união da equipe para a realização da obra. Assim, chegar até o final da narrativa é chegar a um ponto de extravasamento das emoções, acumuladas diante de tantas situações ruins vividas por aqueles personagens de quem aprendemos a gostar em pouco tempo de metragem, mas também pelas dificuldades econômicas da produção. Por isso é fácil entender a aposta que todo o elenco fez no filme, abrindo mão de seus cachês por acreditar na proposta de Sóh. Agora é torcer por ao menos uma maior visibilidade nos serviços de streaming. O importante é que este filme seja visto. Muito visto.
Festival de Sundance seleciona três filmes brasileiros
Três filmes brasileiros foram selecionados para o Festival de Sundance, que acontece de 18 a 28 de janeiro nos Estados Unidos. Os títulos são “Benzinho”, do diretor Gustavo Pizzi (conhecido por “Riscado”), “Ferrugem”, de Aly Muritiba (“Para Minha Amada Morta”) e o documentário “The Cleaners”, que tem produtores brasileiros, mas direção dos alemães Moritz Riesewieck e Hans Block. Coprodução entre Brasil e Uruguai, “Benzinho” é estrelada por Adriana Esteves, Cesar Troncoso e Karine Teles, que também assina o roteiro com o diretor, seu ex-marido. A dupla volta a trabalhar junta depois do premiado longa “Riscado” (2010) numa trama inspirada em sua vida. A história gira em torno da personagem de Karine, uma mãe que precisa lidar com a partida prematura de seu filho mais velho, decidido a tentar a vida como jogador de handebol na Alemanha. “Ferrugem” é uma produção da Globo Filmes que também conta uma história de família, estrelada por Clarissa Kiste e Enrique Diaz. A trama reflete a falta de diálogo de uma família, tanto que, quando a mãe sai de casa, ninguém comenta o assunto. O pai fica com os filhos adolescentes, que estudam no mesmo colégio e precisam enfrentar a exposição de uma foto íntima nas redes sociais. “The Cleaners” é uma colaboração entre Brasil e Alemanha, produzida pelos brasileiros Mauricio e Fernando Dias, donos da Grifa Filmes, e dirigida por alemães, sobre a indústria secreta do apagamento de dados na internet. Os filmes participarão das mostras competitivas do festival voltadas a produções internacionais. Considerada grande vitrine do cinema indie americano, Sundance já premiou “Que Horas Ela Volta?” (2015) com troféus para a interpretação das atrizes Regina Casé e Camila Márdila. Karine Teles, que participa de “Benzinho”, fez parte daquele filme.
Brasil fica sem Emmy Internacional em premiação que privilegiou produções britânicas
País com mais indicados, o Brasil não venceu nenhum prêmio da Academia Internacional da Televisão durante a entrega do Emmy Internacional na noite de segunda (20/11), em Nova York. Produções brasileiras disputavam 9 troféus entre as 11 categorias da premiação (sendo que uma delas é exclusiva para produções dos Estados Unidos). “Justiça” era o único programa com mais de uma indicação na lista inteira, disputando como Melhor Série de Drama e Melhor Atriz (Adriana Esteves). Mas, no final, o Brasil não venceu nem a disputa de novela, onde concorria com dois títulos (“Totalmente Demais” e “Velho Chico”). A premiação acabou celebrando a TV britânica, premiando os astros mais conhecidos do público mundial nas categorias de atuação: Kenneth Branagh e Anna Friel, respectivamente Melhor Ator e Atriz pelas séries policiais “Wallander” e “Marcella”. A Melhor Comédia também foi uma produção britânica, o especial “Alan Partridge’s Scissored Isle”. Já o prêmio de Melhor Série de Drama ficou com a 2ª temporada do suspense nórdico “Mammon”, da Noruega. Além dos talentos na disputa, o diretor da Televisa, Emilio Azcárraga Jean, recebeu um prêmio especial na cerimônia, que previa homenagear também Kevin Spacey (série “House of Cards”). Mas, após os escândalos sexuais envolvendo o ator, esta homenagem foi cancelada. Confira abaixo a lista completa dos premiados. VENCEDORES DO PRÊMIO EMMY INTERNACIONAL 2017 Melhor Série de Drama “Mammon II” – Noruega Melhor Comédia “Alan Partridge’s Scissored Isle” – Reino Unido Melhor Telefilme ou Minissérie “Ne m’abandonne pas” – França Melhor Ator Kenneth Branagh em “Wallander” – Reino Unido Melhor Atriz Anna Friel em “Marcella” – Reino Unido Melhor Série Curta “Familie Braun” (“The Braun Family”) – Alemanha Melhor Novela “Kara Sevda” (“Endless Love”) – Turquia Melhor Documentário “EXODUS: Our Journey to Europe” – Reino Unido Melhor Programa Artístico “Hip-Hop Evolution – The Foundation” – Canadá Melhor Programa de Variedades/Reality Show “Sorry Voor Alles” (“Sorry About That”) – Bélgica Melhor Programa Americano em Língua Estrangeira “Sr. Ávila” – EUA
Brasil é o país com mais indicações no Emmy Internacional, dominado pela Globo
A Academia Internacional da Televisão divulgou a lista de indicados ao Emmy Internacional de 2017, premiação que acontece em 20 de novembro, em Nova York. E o Brasil é o país com mais indicações, disputando 9 troféus entre as 11 categorias da premiação (sendo que uma delas é exclusiva para produções dos Estados Unidos). Entre as indicações brasileiras, seis são para produções ou talentos da Globo. Foi o canal com mais nomeações, entre todos os concorrentes. Outra curiosidade: “Justiça” é o único programa com mais de uma indicação na lista inteira, disputando como Melhor Série de Drama e Melhor Atriz, com Adriana Esteves. A lista ainda destaca “Alemão”, a versão minissérie do filme de José Eduardo Belmonte, e a comédia “Tá no Ar”, que renovou o humor da Globo. A indicação confirma o acerto de tom. Também é descarado o domínio da emissora carioca na categoria de novelas, manifestado pela presença de duas realizações: “Totalmente Demais” e “Velho Chico”. Mas já surgem os primeiros reflexos da renovação esboçada pela Lei da TV paga, com a indicação de Julio Andrade como Melhor Ator pela série da Fox “Um Contra Todos”, e “Crime Time”, produção do Studio+ para dispositivos portáteis, indicada como Melhor Série de Curta Duração. Para completar, o humorístico “Porta dos Fundos” disputa como Melhor Programa Artístico pelo espetáculo “Portátil”. Os concorrentes internacionais mais famosos vem do Reino Unido. Kenneth Branagh e Anna Friel foram nomeados nas categorias de Melhor Ator e Atriz, respectivamente pelas séries policiais “Wallander” e “Marcella”. Além dos talentos na disputa, o ator Kevin Spacey (série “House of Cards”) e o diretor da Televisa, Emilio Azcárraga Jean, receberão prêmios especiais na cerimônia. Confira abaixo a lista completa dos indicados. INDICADOS AO PRÊMIO EMMY INTERNACIONAL 2017 Melhor Série de Drama “Justiça” – Brasil “Mammon II” – Noruega “Moribito: Guardian of the Spirit” – Japão “Wanted” – Austrália Melhor Comédia “Alan Partridge’s Scissored Isle” – Reino Unido “Callboys” – Bélgica “Rakugo The Movie” – Japão “Tá No Ar” – Brasil Melhor Telefilme ou Minissérie “Alemão” – Brasil “Ne m’abandonne pas” – França “Reg” – Reino Unido “Tokyo Trial” – Japão Melhor Ator Julio Andrade em “Um Contra Todos” – Brasil Kenneth Branagh em “Wallander” – Reino Unido Zanjoe Marudo em “Maalaala Mo Kaya” (“Remembering”) – Filipinas Kad Merad em “Baron Noir” – França Melhor Atriz Adriana Esteves em “Justiça” – Brasil Anna Friel em “Marcella” – Reino Unido Sonja Gerhardt em “Ku’damm 56” (Ku’damm 56 – Rebel With a Cause) – Alemanha Thuso Mbedu em “Is’thunzi” – África do Sul Melhor Série Curta “Ahi Afuera” – Argentina “The Amazing Gayl Pile” – Canadá “Crime Time” – Brasil “Familie Braun” (“The Braun Family”) – Alemanha Melhor Novela “30 Vies – Isabelle Cousineau” – Canadá “Kara Sevda” (“Endless Love”) – Turquia “Totalmente Demais” – Brasil “Velho Chico” – Brasil Melhor Documentário “EXODUS: Our Journey to Europe” – Reino Unido “The Phone of the Wind: Whispers to Lost Families” – Japão “Le Studio de la Terreur” – França “Tempestad” – México Melhor Programa Artístico “Hip-Hop Evolution – The Foundation” – Canadá “Never-Ending Man: Hayao Miyazaki” – Japão “Portátil” – Porta dos Fundos – Brasil “Robin de Puy – Ik ben het allemaal zelf” (Robin’s Road Trip) – Holanda Melhor Programa de Variedades/Reality Show “Escuela Para Maridos Colombia” – Colômbia “Fan Pan Tae Super Fan” – Tailândia “Sorry Voor Alles” (“Sorry About That”) – Bélgica “Taskmaster” – Reino Unido Melhor Programa Americano em Língua Estrangeira “Hasta Que Te Conocí” (“Until I Met You”) – EUA “La Voz Kids” – EUA “Odisea de los Niños Migrantes” (“South to North: Migrant Children”) – EUA “Sr. Ávila” – EUA
Vúva de Domingos Montagner se emociona ao aceitar prêmio de Melhor Ator do marido
A viúva do ator Domingos Montagner se emocionou durante a cerimônia do Prêmio Extra de Televisão, que foi entregue na noite de terça (29/11), no Rio de Janeiro. Luciana Lima subiu ao palco para receber o troféu de Melhor Ator concedido ao marido por sua atuação como Santo na novela “Velho Chico”. Montagner foi eleito pelo público em votação na internet. O elenco de “Velho Chico”, que estava reunido no evento, também não segurou a emoção. Emocionada com o reconhecimento, ela disse que foi ao evento em homenagem ao marido e como forma de agradecer ao apoio que vem recebendo. O ator morreu em setembro após se afogar no rio São Francisco, onde a novela era gravada. “Peço desculpas pelas falas trêmulas, mas é muito emocionante estar aqui nessa noite, representando o Domingos. Não é fácil. É muito talento, é muita dedicação, é muito empenho, muito trabalho… São muitos anos de batalha. E é bom vir aqui e, aos poucos, ir reconhecendo o talento dele”, ela pontuou, contendo o choro, antes de acrescentar: “Domingos não foi só um grande ator, mas um pai dedicado e amoroso, um marido companheiro e um ótimo colega de trabalho. Esse reconhecimento, que veio do público, não veio só pela dedicação à arte e ao ofício. Ele era assim, desse jeito.” Luciana era casada com o ator desde 2001 e eles são pais de três filhos: Leo, Dante e Antonio. O Prêmio Extra de Televisão é realizado desde 1998 pelo jornal carioca Extra, premiando os melhores da televisão brasileira. A publicação pertence ao grupo Globo e tradicionalmente só premia atrações da rede Globo, como foi novamente o caso neste ano. Além de Montagner, foram premiados Adriana Esteves como Melhor Atriz por seu papel na minissérie “Justiça”, Selma Egrei como Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel como a vilã Encarnação em “Velho Chico”, Irandhir Santos como Melhor Ator Coadjuvante por viver Bento, também de “Velho Chico”. Mas apesar do domínio de “Velho Chico”, na hora de entregar o prêmio à melhor novela, o título anunciado foi… “Êta Mundo Bom!”. Veja a lista completa dos vencedores abaixo: Prêmio Extra de Televisão 2017 Melhor Ator Domingos Montagner (“Velho Chico”) Melhor Atriz Adriana Esteves (“Justiça”) Melhor Ator Coadjuvante Irandhir Santos (“Velho Chico”) Melhor Atriz Coadjuvante Selma Egrei (“Velho Chico”) Melhor Ator Mirim Gabriel Palhares (“Liberdade, Liberdade”) Revelação Masculina Lee Taylor (“Velho Chico”) Revelação Feminina Lucy Alves (“Velho Chico”) Melhor Apresentador Marcio Garcia (“Tamanho Família”) Melhor Série “Justiça” Melhor Programa Humorístico “Escolinha do Professor Raimundo” Melhor Novela “Êta Mundo Bom!” Melhor Programa de Competição “The Voice Kids”
Polícia Militar do Rio protesta contra minissérie Justiça
A Polícia Militar do Rio de Janeiro divulgou um comunicado, via rede social, manifestando repúdio ao fato de a minissérie “Justiça”, da rede Globo, trazer um policial militar como vilão. “Justamente aquele profissional que defende a sociedade com a própria vida, que zela pela segurança do cidadão, que garantiu a tranquilidade dos Jogos Olímpicos”, diz a nota, assinada pelo coordenador de comunicação social da polícia, Oderlei Santos. “O que estará pensando a viúva ou um órfão de policial, herói de verdade, que perdeu sua vida no combate ao crime?”, questiona a nota. Na minissérie, o ator Enrique Diaz interpreta Douglas, um policial que planta drogas na casa da vizinha Fátima (Adriana Esteves) para se vingar do tiro que a mulher deu em seu cachorro, matando o animal. Fátima fica sete anos presa por causa da armação. Vale observar que a história se passa em Recife e não traz nenhuma referência à polícia do Rio. Mas para a PM carioca, esse tipo de programa “deseduca” as pessoas e estimula o desrespeito aos policiais. O comunicado termina sugerindo que os policiais militares e seus familiares mudem de canal e não assistam à minissérie. O protesto é válido, desde que se limite ao convite ao boicote. Mas já imaginou se vira moda e acirra? Vilão advogado: OAB ameaça tirar canal do ar com ação de inconstitucionalidade. Vilão jornalista: imprensa golpista faz chamamento para manifestação na Av. Paulista. Vilão operário: sindicato promete greve geral se tiver comparação com Lula. Vilão político: não passarão. Vilão na comissão do Oscar 2017: cineastas retiram candidaturas e pressionam por saída de membros. Já pensou?
Justiça: Minissérie com Cauã Reymond ganha trailer dramático
A Rede Globo divulgou o trailer da minissérie “Justiça”, mostrando as quatro histórias paralelas da trama, que se cruzam numa delegacia de polícia. Na prévia, é possível ver os personagens de Marjorie Estiano (minissérie “Ligações Perigosas”) e Cauã Reymond (“Alemão”) ponderando vingança e eutanásia, depois que a personagem da atriz, uma bailarina, sofre um acidente de carro e se torna tetraplégica. Há também tiros, gritos e muito choro na história dramática, que ainda destaca Marina Ruy Barbosa (novela “Totalmente Demais”), Jesuíta Barbosa (“Praia do Futuro”), Débora Bloch (“À Deriva”) e Adriana Esteves (“Real Beleza”) em seu elenco. Escrita por Manuela Dias (minissérie “Ligações Perigosas”), “Justiça” terá 20 capítulos com direção de José Luiz Villamarim (novela “O Rebu”).
Mundo Cão faz suspense com Lázaro Ramos assustador
Uma pena que certos lançamentos brasileiros, por não terem um apelo tão popular quanto as “globochanchadas”, estejam sendo tratados como vira-latas: é uma semana em cartaz e rua! Tende a ser o caso de “Mundo Cão”, o retorno à boa forma de Marcos Jorge, até hoje mais lembrado pelo ótimo “Estômago” (2007). No novo filme, Jorge retoma a parceria com Lusa Silvestre, roteirista de seu longa de estreia, numa trama bem construída. Claro que, quem esperar algo tão bom quanto “Estômago” pode se desapontar, mas a força de “Mundo Cão”, sua eficiência como suspense e o desempenho espetacular do elenco são inegáveis. O filme começa apresentando Nenê, personagem de Lázaro Ramos (“O Vendedor de Passados”), um sociopata que agencia máquinas eletrônicas de bingo de bar e que usa seus cachorros adestrados para impor medo. E é por causa do que acontece com um de seus cães que Nenê entra na vida de Santana, vivido por Babu Santana (“Tim Maia”), empregado de uma empresa prestadora de serviços ao Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo. Nenê quer vingança após um de seus cães, capturado pela carrocinha, ser sacrificado. A história também apresenta a família de Santana, que é um homem simples casado com Dilza (Adriana Esteves, de “Real Beleza”), evangélica que confecciona calcinhas para ajudar nas despesas da casa e que cuida de dois filhos, uma moça surda-muda e um garotinho que quer torcer pelo Palmeiras, para tristeza do pai corinthiano. Toda essa família acabará prejudicada pelo encontro fatídico entre Nenê e Santana. Saber isso da trama já é mais do que suficiente. Como há reviravoltas, qualquer outra revelação pode estragar as surpresas do filme – independente de serem ou não previsíveis. A construção do personagem de Lázaro Ramos é um dos pontos altos da produção. Em alguns momentos, ele beira o grotesco, mas de vez em quando se manifesta com alguns tons de cinza, principalmente nos momentos em que contracena com o filho de Santana, o que permite que deixe de ser meramente um antagonista. É um papel sob medida para Ramos se provar um dos grandes atores do cinema brasileiro contemporâneo. A moça que faz a filha (Thainá Duarte, da novela “I Love Paraisópolis”) também vai ganhando força ao longo da narrativa, configurando-se numa bela revelação. Já a personagem evangélica de Adriana Esteves, por outro lado, é bem caricata. Mas apesar dos desempenhos, fica a impressão de que o filme poderia resultar bem melhor, especialmente após mostrar situações capazes de deixar o espectador paralisado. Em parte por conta de uma indecisão estilística, entre seguir o suspense até o limite ou buscar alívio pela comédia. De todo modo, trata-se de um trabalho eficiente, preocupado em amarrar os menores detalhes que servirão para a conclusão de sua trama.
Zootopia é a maior e melhor estreia em semana repleta de bons lançamentos no cinema
Numa semana repleta de bons lançamentos, o mais amplo é “Zootopia – Essa Cidade É o Bicho”, nova animação da Disney, que chega em 950 salas (600 em 3D e 12 em Imax). O estúdio de Walt Disney, que tem como símbolo um animal falante que se veste como gente, trouxe a premissa antropomórfica à sua maturidade com “Zootopia”, uma obra repleta de intertexto, capaz de lidar com preconceitos e estereótipos, e trazer uma mensagem relevante de inclusão, enquanto diverte como poucas. Não só a coelha Judy Hopps e o raposo Nick Wilde são ótimos personagens, mas o ambiente elaborado em que vivem, repletos de coadjuvantes hilários, vira do avesso a história dos desenhos antropomórficos, gênero que, no passado, serviu para perpetuar inúmeros preconceitos raciais. Ágil, esperta, vibrante e bastante engraçada, a produção é simplesmente a melhor animação de bicho falante da Disney desde que os curtas do Mickey Mouse se tornaram falados. Não há como elogiá-la mais que isso. O épico “Ressurreição” tem a segunda maior distribuição da semana, ocupando 470 salas no vácuo do sucesso de “Os 10 Mandamentos”. Entretanto, apesar de sua narrativa estar fortemente ligada à origem do cristianismo, a produção é menos estridente em sua pregação religiosa. Na verdade, opta pela abordagem oblíqua, como “O Manto Sagrado” (1953), “Ben-Hur” (1959) e “Barrabás” (1961), clássicos do gênero sandália e espada que incluem histórias de Jesus. Na trama, Joseph Fiennes (que já foi “Lutero”) vive um centurião romano cético, que tem a missão de averiguar a ressurreição de Jesus e desmentir o boato do milagre. O resultado é uma aventura bem melhor que o esperado, com direito a um Jesus finalmente retratado como (Yeshua) um homem de pele mais escura e sem olhos azuis (o maori Cliff Curtis, da série “Fear the Walking Dead”). Em 86 salas, o suspense brasileiro “Mundo Cão” marca o reencontro do diretor Marcos Jorge com o roteirista Lusa Silvestre, que fizeram juntos o ótimo “Estômago” (2007). Mas os clichês de gênero e a dificuldade com que o clima tenso se encaixa no início mais leve e cômico deixam o filme nas mãos do elenco, que impressiona por sua capacidade de fazer o espectador embarcar na sua história de vingança setentista, sobre um homem violento, em busca de justiça pela morte de seu cachorro nas mãos de um funcionário do Departamento de Controle de Zoonoses (a popular carrocinha). Lázaro Ramos (“O Vendedor de Passados”) e Babu Santana (“Tim Maia”) estão ótimos como protagonistas, Adriana Esteves (“Real Beleza”) perfeita como a esposa evangélica, mas a surpresa fica por conta da jovem Thainá Duarte, em sua estreia no cinema, poucos meses após debutar como atriz na novela “I Love Paraisópolis” (2015). O circuito limitado destaca mais dois filmes brasileiros, ambos documentários. “Eu Sou Carlos Imperial” resgata uma figura histórica, fomentador da Jovem Guarda e cafajeste assumido, que escreveu hits, estrelou pornochanchadas e foi jurado de calouros do Programa Sílvio Santos. Repleto de imagens de arquivo e entrevistas exclusivas com Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Eduardo Araújo, Tony Tornado, Dudu França, Mário Gomes e Paulo Silvino, o filme tem direção da dupla Renato Terra e Ricardo Calil, que já havia realizado um ótimo resgate da história musical brasileira em “Uma Noite em 67” (2010). Chega em apenas três salas do Espaço Itaú, no Rio e em São Paulo. Por sua vez, “Abaixando a Máquina 2 – No Limite da Linha” é desdobramento de um documentário anterior sobre a ética do fotojornalismo, do “uruguaio carioca” Guillermo Planel. Com imagens muito potentes (de fato, sensacionais) e tom crítico, o filme mergulha nos protestos que se seguiram à grande manifestação de junho de 2013, questionando a cobertura da mídia tradicional, ao mesmo tempo em que abre espaço para a autoproclamada “mídia ninja”, buscando refletir o jornalismo na era das mídias sociais – que, entretanto, é tão ou até mais tendencioso. Desde que o filme foi editado, por sinal, aconteceram as maiores manifestações de rua do Brasil, que, além de historicamente mais importantes, politizaram o país com um debate que escapou da reflexão filmada – e que a tal “mídia ninja” faz de tudo para menosprezar. Será exibido em apenas uma sala, no Cine Odeon no Rio. Entre os filmes de arte que pingam nos cinemas, o que chega mais longe é “Cemitério do Esplendor”, nova obra climática do tailandês Apichatpong Weerasethakul, que venceu a Palma de Ouro em 2010 com “Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas”. Ocupa oito salas – quatro no Rio e as demais em Niterói, Maceió, Porto Alegre e São Paulo. A trama se desenvolve em torno de um hospital na Tailândia que recebe 27 soldados vítimas de uma estranha doença do sono. O drama francês “A Linguagem do Coração”, de Jean-Pierre Améris (“O Homem que Ri”) faz o público chorar em apenas seis salas (quatro em São Paulo, mais Porto Alegre e Campinas). Passada em 1885, mostra a dedicação de uma freira para ajudar uma menina nascida surda e cega a ter convívio social. A história é baseada em fatos reais. Por fim, a comédia dramática argentina “Papéis ao Vento” ocupa uma única sala, o Cine Belas Artes em Belo Horizonte. Trata-se da mais recente adaptação do escritor Eduardo Sacheri (“O Segredo dos Seus Olhos”), que a direção de Juan Taratuto (“Um Namorado para Minha Esposa”) transforma em filme sensível e envolvente, comprovando a qualidade atual do cinema argentino. A história gira em torno de três amigos que decidem recuperar o investimento do quarto integrante da turma, recém-falecido, que apostou tudo o que tinha num jogador de futebol decadente. Divertido e humanista, pena o lançamento ser invisível pra a maioria dos brasileiros, pois é questão vital aprender como o cinema de nuestros hermanos consegue ser popular e artístico simultaneamente. Estreias de cinema nos shoppings Estreias em circuito limitado










