Roman Polanski chama movimento #MeToo de “histeria coletiva” e “hipocrisia”
O cineasta Roman Polanski chamou o movimento #MeToo de “histeria coletiva” e “hipocrisia”, em uma entrevista para a edição polonesa desta semana da revista Newsweek. “Parece-me que é uma histeria coletiva, do tipo que acontece nas sociedades de tempos em tempos”, disse o diretor de 84 anos, em entrevista realizada poucos dias antes de ser expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, devido ao código de ética implementado justamente após demandas do #MeToo. Polanski comparou o movimento à histeria criada em outros momentos históricos da civilização. Para ele, tais fenômenos “às vezes tomam um rumo mais dramático, como a Revolução Francesa ou a noite de São Bartolomeu na França (massacre de protestantes em 1572), e às vezes menos sangrenta, como em 1968 na Polônia (revolta estudantil e campanha antissemita) ou o macarthismo nos Estados Unidos”, disse Polanski. “Todos, impulsionados principalmente pelo medo, se esforçam para se juntar a esse movimento. Quando observo isso, me faz lembra da morte de um amado líder norte-coreano, que fez todo mundo chorar terrivelmente, e alguns choravam tão forte que não pudemos deixar de rir”. “Então, é puramente hipocrisia?”, pergunta-lhe o jornalista da publicação. “Na minha opinião, é tudo hipocrisia”, confirma o diretor. Além do caso em que assumiu o estupro de Samantha Geimer, de 13 anos, em 1977, outras quatro mulheres, algumas delas atrizes, sentiram-se encorajadas pelo movimento #MeToo a acusar Polanski de outros abusos cometidos no mesmo período. Ele nega as novas acusações, que não foram à julgamento por terem prescrito. Após a entrevista, mas antes que Newsweek polonesa chegasse às bancas, Polanski foi expulso da Academia. “O Conselho continua a encorajar padrões éticos que exigem que membros mantenham os valores da Academia de respeito pela dignidade humana”, afirmou a instituição em nota.
Veja três cenas do filme vencedor do Festival de Berlim 2018
A Manekino Film divulgou o pôster e três cenas de “Touch Me Not”, filme vencedor do Festival de Berlim 2018. As prévias demonstram porque a obra foi considerada divisiva. Além de embaralhar fronteiras entre ficção e documentário, as imagens enfatizam corpos humanos, não necessariamente em harmonia com os padrões mais tradicionais de beleza e sexualidade. “Touch Me Not” é o primeiro longa de ficção da romena Adina Pintilie, que também assinou o roteiro e apareceu na trama como ela mesma. O filme é resultado de um projeto de pesquisa pessoal da cineasta, que quis reaprender sobre intimidade sexual. A trama acompanha personagens que buscam respostas para suas obsessões ou fobias ligadas ao contato íntimo, como Laura (Laura Benson), uma cineasta que não gosta que lhe toquem, e Tómas (Tómas Lemarquis), que participa de terapia corporal com pessoas com deficiências congênitas. Com direito a muitas cenas de nudez e masturbação, a obra dividiu opiniões desde sua primeira projeção, tanto entre o público quanto entre a crítica, a ponto de levar pessoas a abandonar a sessão antes de seu final. “O que o filme propõe é: abra-se para o diálogo que o mundo a sua volta está oferecendo”, disse a diretora de 38 anos, ao receber o Urso de Ouro no festival alemão. “Foi um longo processo, durante o qual a equipe inteira assumiu vários riscos, e agradeço a coragem deles. É uma oportunidade de mostrar uma forma diferente de fazer filmes”. Confira abaixo do que se trata – sem medo, pois não há nudez explícita, que por sinal existe no filme – , enquanto aguarda-se pelo cronograma de seu lançamento internacional.
Filme mais polêmico vence Festival de Berlim 2018, que consagra obras femininas
O filme mais polêmico e divisivo do Festival de Berlim 2018 acabou consagrando-se vencedor do Urso de Ouro. “Touch Me Not”, da romena Adina Pintilie, que discute sexualidade, foi considerado o Melhor Filme pelo júri presidido pelo cineasta alemão Tom Tykwer, em cerimônia realizada na noite deste sábado (24/2) na capital da Alemanha. Resultado de uma pesquisa pessoal da realizadora, o filme usa personagens reais (entre eles, a própria diretora) dentro de uma narrativa ficcional, que buscam respostas para suas obsessões e fobias relacionadas ao contato íntimo. Com direito a muitas cenas de nudez e masturbação, a obra dividiu opiniões desde sua primeira projeção, tanto entre o público quanto entre a crítica, a ponto de levar pessoas a abandonar a sessão antes de seu final. Como se não bastasse, também é lento, contemplativo e semidocumental, o que o deixou de fora da maioria das listas compiladas pela imprensa dos 10 (isto mesmo, dez) melhores filmes do festival. “O que o filme propõe é: abra-se para o diálogo que o mundo a sua volta está oferecendo”, disse a diretora de 38 anos, estreante na ficção, ao receber seu prêmio. “Foi um longo processo, durante o qual a equipe inteira assumiu vários riscos, e agradeço a coragem deles. É uma oportunidade de mostrar uma forma diferente de fazer filmes”, concluiu. Além do Urso de Ouro, “Touch Me Not” também levou o prêmio de Melhor Filme de Diretor Estreante. A vitória de um filme dirigido por uma mulher alinha-se com a pauta dos movimentos reivindicatórios femininos, que ecoaram em paralelo durante todo o festival. E não foi o único destaque “de gênero” na premiação. O Grande Prêmio do Júri, segundo troféu mais importante do festival, foi para um longa de outra cineasta: “Mug”, da polonesa Malgorzata Szumowska, sobre um racista falastrão que literalmente arrebenta a cara. “Estou muito feliz de ser cineasta mulher”, ela exaltou, em seu agradecimento. A conquista dos principais troféus da premiação por “Touch Me Not” e “Mug” teve gosto especial para suas cineastas por se tratar justamente dos dois únicos filmes dirigidos por mulheres de toda a mostra competitiva. “Las Herederas”, do paraguaio Marcelo Martinessi, mas só com mulheres no elenco central, foi outro destaque da premiação com dois troféus: Melhor Atriz para Ana Brun e Novas Perspectivas. Uma curiosidade é que “Las Herederas” também tem uma diretora em seus bastidores, ao contar com coprodução da cineasta brasileira Júlia Murat (“Pendular”). O prêmio de Melhor Direção, porém, foi para um homem. E um velho conhecido. O cineasta americano Wes Anderson levou o Urso de Prata pela animação “Ilha de Cachorros”, que abriu o festival deste ano. Já o troféu de Melhor Roteiro ficou com a dupla mexicana Alonso Ruizpalacios e Manuel Alcalá por “Museo”, filme estrelado por Gael García Bernal, sobre o assalto a um museu em 1985. Para completar, o troféu de Melhor Ator ficou com o francês Anthony Bajon, protagonista de “La Prière”, em que interpreta um dependente de heroína que se se interna em uma comunidade religiosa para tratar do vício. “Las Herederas” era o único representante “brasileiro” na mostra competitiva do festival, mas outros quatro filmes nacionais se destacaram em premiações paralelas. Confira aqui. Vencedores do Festival de Berlim 2018 Melhor Filme: “Touch Me Not”, de Adina Pintilie Prêmio Especial do Júri: “Mug”, de Malgorzata Szumovska Prêmio Alfred Bauer para “filme que abre novas perspectivas”: “Las Herederas”, de Marcelo Martinessi Melhor Direção: Wes Anderson, por “Ilha de Cachorros” Melhor Atriz: Ana Brun, por “Las Herederas” Melhor Ator: Anthony Bajon, por “La Prière” Melhor Roteiro: Manuel Alcalá e Alonso Ruizpalacios, por “Museo” Prêmio Especial por “desempenho artístico excepcional”: Elena Okopnaya, pelo cenário de “Dovlatov” Melhor Filme de Diretor Estreante: “Touch Me Not”, de Adina Pintilie Melhor Documentário: “Waldheims Walzer”, de Ruth Beckermann Melhor Curta-metragem: “The Men Behind the Wall”, de Ines Moldavsky
Filmes brasileiros vencem os principais prêmios paralelos do Festival de Berlim 2018
Dois longas nacionais e uma coprodução brasileira foram consagradas no Festival de Berlim 2018 com os principais prêmios paralelos do evento. “Tinta Bruta”, dos gaúchos Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, venceu o prêmio Teddy, concedido por um júri independente aos melhores filmes com temática LGBTQ da seleção oficial do Festival de Berlim. O filme acompanha um jovem que usa o codinome GarotoNeon para trabalhar como camboy, fazendo performances eróticas com o corpo coberto de tinta para milhares de anônimos ao redor do mundo, pela internet. O mesmo júri selecionou “Bixa Travesty”, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, sobre a cantora e ativista transexual Linn da Quebrada, com o Teddy de Melhor Documentário. Para completar, a Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci) elegeu “Las Herederas”, de Marcelo Martinessi, com o vencedor do Prêmio da Crítica. E por coincidência o filme também tem temática LGBTQ. Em sua apresentação do prêmio, a comissão de críticos afirmou que escolheu o filme de estreia de Martinessi pela “descrição de um assunto secreto e proibido: a homossexualidade feminina na sociedade paraguaia”. A trama gira em torno de um mulher sexagenária (Ana Brun, aplaudidíssima em Berlim) separada de sua parceira de toda a vida, enquanto precisa se desfazer dos móveis e obras de arte da família para pagar as contas da casa em que viveram juntas, atualmente em estado de ruína. As dívidas se acumulam, após uma delas ser presa por fraude bancária, deixando a outra sozinha no casarão. Até que, aos poucos, a senhora solitária cede aos convites da vizinha mais jovem, que gosta de sair para jogar pôquer com as amigas, e transforma o antigo Mercedez Bens herdado do pai em transporte particular. Primeiro longa paraguaio selecionado para a Berlinale, a obra é sutil, mas lida com temas poderosos, como amor e companheirismo entre mulheres, decadência da classe média, crise econômica, Terceira Idade, etc, tudo num microcosmo doméstico. E ganhou críticas elogiosas da imprensa internacional durante a exibição no festival alemão. Coproduzido pela diretora carioca Julia Murat (“Pendular”), “Las Herederas” também conta com apoio de produtoras do Uruguai, da França e da Alemanha. A coprodução internacional, segundo o cineasta Marcelo Martinessi, é a única forma de se fazer cinema de qualidade no Paraguai. Leia a entrevista de Martinessi aqui.
Festival de Berlim: Steven Soderbergh elege celular como sua câmera de cinema favorita
A volta do cineasta americano Steven Soderbergh ao circuito dos festivais rendeu muito assunto, ainda que o resumo da ópera seja um comercial da Apple e seus caros aparelhos de telefonia móvel. Soderbergh presentou no Festival de Berlim 2018 o longa-metragem “Unsane”, que foi inteiramente gravado por meio de um iPhone. A trama acompanha uma mulher (Claire Foy, da série “The Crown”) que sofre o assédio de um psicopata e de uma clínica psiquiátrica que pratica fraudes sistemáticas. Pela forma como foi realizado, Soderbergh revelou, durante a entrevista coletiva do evento, que inicialmente não pretendia lançar “Unsane” nos cinemas, visando negociar um acordo de distribuição com uma plataforma de streaming. No entanto, mudou de ideia ao ver o filme pronto. “Quando encerramos as gravações e assisti ao filme pela primeira vez, pensei que talvez devêssemos tentar os cinemas e a conversa mudou completamente”. “Não é um filme sutil”, ele explicou, comparando as diferenças entre câmera de cinema e de celular. “Nunca tinha trabalhado tão perto de um rosto como agora”, disse o cineasta, que defendeu o iPhone pelo “absoluto imediatismo” que permite na captação de imagens, o que combinava com sua abordagem da trama. Todo o roteiro foi inteiramente gravado em duas semanas e Soderbergh ressaltou que a grande vantagem do iPhone foi sua capacidade de colocar a lente em qualquer lugar “em questão de segundos”. “A capacidade de assistir a um ensaio e depois entrar imediatamente na gravação da cena mantém o nível de energia”, disse ele, acrescentando que será “complicado voltar a uma maneira mais convencional de filmagem”. A atenção em torno do uso do iPhone acabou repercutindo mais que o tema do assédio. O diretor lembrou que as gravações ocorreram antes da explosão dos escândalos por abusos sexuais e a campanha #MeToo, que sacode Hollywood. “Gravamos o filme antes do início do #MeToo. Mas, certamente, o assédio é um tema muito presente no filme”, situou o cineasta, ressaltando que o psicopata da história ignora a rejeição da vítima para forçá-la a aceitar seu assédio. “Essas são questões que sempre existiram, então foi pura coincidência o tema ter se tornado tão relevante, mas estou interessado nesses tipos de dinâmica. Não apenas a dinâmica de gênero, mas a dinâmica de poder, o que acontece com as pessoas quando elas são presas em um sistema projetado para tirar a identidade das pessoas”, acrescentou. Ele também abordou sua alardeada aposentadoria do cinema em 2013, e o fato de ter retornado ao circuito no ano passado com “Logan Lucky”. “Eu acho que confundi parte da minha frustração com a indústria cinematográfica… e em seguida fiz uma série (‘The Knick’) em que senti mais prazer de trabalhar. Mas uma vez que voltei ao cinema, decidi continuar trabalhando para quebrar barreiras e este filme, mais do que qualquer outro trabalho recente, me fez sentir como se tivesse retomado uma espécie de cinema a que me entreguei quando era adolescente, então foi um prazer”, concluiu. Entusiasmado pela liberdade permitida pelo iPhone, ele revelou que seu próximo projeto, com gravações marcadas já para a próxima semana, também será feito com celular. Só não disse qual seria esse projeto – ele está em envolvido num drama sobre o escândalo financeiro dos Panamá Papers e o thriller “Planet Kill”.
Filme sobre o impeachment de Dilma inspira mini-protesto no Festival de Berlim 2018
A exibição no Festival de Berlim 2018 do filme “O Processo”, documentário de Maria Augusta Ramos sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, atraiu um pequeno grupo manifestantes políticos. Mas se cerca de 200 pessoas “encheram” as redes sociais de disposição, cerca de 20 surgiram de fato nas ruas de Berlim, sob a temperatura de 2 graus, para protestar na Potsdamer Platz, praça próxima ao Palácio do Festival. O ato teve os já indefectíveis cartazes denunciando um “golpe” no país e manifestação de apoio ao ex-presidente Lula, condenado em segunda instância por corrupção e réu em diversos processos em andamento. Ao contrário do protesto da equipe de “Aquarius” no Festival de Cannes de 2016, o ato não tem ligação com a produção de “O Processo”. O documentário está entre os cinco longas brasileiros selecionados para a mostra Panorama. Quatro são documentários: “Aeroporto Central”, de Karim Aïnouz, “Ex-Pajé”, de Luiz Bolognesi, e “Bixa Travesty”, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman. O único filme de ficção selecionado foi “Tinta Bruta”, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher. Mas, pelo conteúdo político e politizável – certa revista já o denominou de “documentário contra o golpe do impeachment” – , “O Processo” é o que tem chamado mais atenção. Os manifestantes de Berlim aproveitaram a deixa, por exemplo, para ler uma carta pedindo “o resgate imediato do Estado democrático e de direito; o direito de Lula ser candidato; a volta da presidenta eleita; o enquadramento dos golpistas e imediata revogação dos seus atos; e por eleições limpas, transparentes e sem o aparelhamento dos golpistas”.
Festival de Berlim: José Padilha explica porque 7 Dias em Entebbe contradiz “história oficial”
Uma década após vencer o Urso de Ouro com “Tropa de Elite”, o diretor José Padilha voltou a ser assunto no Festival de Berlim 2018, com a projeção de seu novo filme fora de competição. “7 Dias em Entebbe” não despertou reações apaixonadas da crítica presente no evento, mas se mostrou fadado a virar polêmica. A produção é a quarta filmagem de uma das missões de resgate e de combate ao terror mais famosas de todos os tempos: o salvamento dos passageiros de um voo da Air France vindo de Tel Aviv, que teve sua trajetória desviada para Entebbe, em Uganda, por quatro sequestradores (dois palestinos e dois alemães) em 1976. Ameaçando matar a tripulação e os israelenses presentes no voo, os terroristas exigiam a libertação de dezenas de palestinos aprisionados por Israel, e contavam com o apoio do ditador de Uganda, Idi Amin Dada. Em resposta, o governo israelense mobilizou uma tropa de elite, composta por 100 combatentes, que após sete dias de impasse invadiu o aeroporto, enfrentou o exército ugandense, matou os sequestradores e libertou os passageiros, deixando um saldo de 53 mortos. Entre as baixas, contam-se apenas três passageiros e um único militar israelense, justamente o comandante da invasão. Toda a ação durou menos que a metragem da produção: 90 minutos. A história já rendeu um filme israelense, “Operação Thunderbolt” (1977), com direção de Menahem Globus (dono do estúdio Cannon), além dos telefilmes americanos “Resgate Fantástico” (1976), estrelado por Charles Bronson (“Desejo de Matar”) e dirigido por Irvin Kershner (“O Império Contra-Ataca”), e “Vitória em Entebbe” (1976), com Kirk Douglas (“Spartacus”) e Linda Blair (“O Exorcista”). Mas o filme de Padilha chamou atenção por enfatizar aspectos da política israelense e por pintar o comandante da operação, Yonatan Netanyahu, irmão do atual Primeiro Ministro de Israel Benjamin Netanyahu, de forma diferente da versão chapa-branca da “história oficial”. Por décadas, a família de Netanyahu se agarrou à versão de que Yonatan tivera papel-chave no salvamento dos 106 passageiros remanescentes, antes de ser morto por um dos militantes da Frente Popular Para a Libertação da Palestina. Mas o filme de Padilha reduz a participação do militar ao mínimo, mostrando-o alvejado logo no início da operação. O roteiro foi escrito pelo britânico Gregory Burke (de “71: Esquecido em Belfast”) e teve como base o livro “Operation Thunderbolt: Flight 139 and the Raid on Entebbe Airport”, do historiador Saul David. “Em minhas pesquisas, cheguei a ir a Israel encontrar testemunhas do que aconteceu no galpão do aeroporto de Entebbe. Cheguei inclusive a conversar com Jacques Le Moine, o engenheiro daquele voo da Air France. Eles chegaram, inclusive, a indicar a posição em que as vítimas das balas caíram no chão, que eram marcadas no set”, contou Padilha durante a entrevista coletiva do fetival, com a participação do próprio Le Moine. “Respeito a versão das pessoas que estiveram no centro da ação. A versão daquelas que não estiveram no local são apenas versões de pessoas que não estiveram lá”. A ação também releva temas como bravura, heroísmo e patriotismo, bem ao gosto dos filmes americanos do gênero, abrindo espaço para as motivações dos terroristas, a relação deles com os reféns, e as discussões políticas entre as autoridades israelenses, examinando as motivações morais e políticas de suas decisões. “Desde o primeiro esboço do roteiro, as motivações dos terroristas palestinos e alemães no episódio eram claramente diferentes. As dos palestinos eram pessoais, porque eles perderam famílias e amigos nas mãos dos iraelenses. Os dois alemães, parte de um grupo de extrema esquerda de inspiração marxista, estavam ali por ideologia”, explicou o diretor. “A maioria das versões que conhecemos sobre o episódio é contada pela perspectiva dos militares israelenses. O país vive em estado constante de medo por causa de sua relação com a Palestina, estimulado por políticos que são eleitos dizendo: ‘Votem em mim que eu defendo vocês’”. Em meio às cenas de ação e de drama de gabinete, em que políticos debatem entre si, a narrativa de “7 Dias de Entebbe” também é entrecortada por ensaios de um grupo de dança, exibindo a coreografia “Echad mi Yodea”, criada pelo coreógrafo israelense Ohad Naharin, em 1990. Nela, os dançarinos da companhia Batsheva Dance Company dançam em torno de cadeiras enfileiradas no palco, e vão se despindo de roupas de judeus ortodoxos a medida em que cantam e dançam. A coreografia evoca o fluxo de judeus em direção à Palestina antes e depois da 2ª Guerra Mundial. “Metaforicamente, eles se despem de sua ortodoxia, das contradições de suas crenças e tradições. A coreografia é uma forma de mostrar algo belo da cultura israelense. É uma tentativa de fazer arte. Israel deveria investir também em arte, em cultura”, afirmou Padilha. “No meu entender, a coreografia de Naharin fala sobre deixar de lado os preconceitos, única forma de conviver pacificamente com alguém diferente de você”. “7 Dias em Entebbe” é coproduzido pela Particpant Media, que tem uma filmografia repleta de projetos de ressonância política e social, como “Syriana – A Indústria do Petróleo” (2005) e “Spotlight – Segredos Revelados” (2015). A estreia está marcada para 16 de março nos Estados Unidos e apenas em maio no Brasil.
Kim Ki-duk se defende no Festival de Berlim, mas se recusa a pedir desculpas por agredir atriz
O cineasta sul-coreano Kim Ki-duk, condenado por agressão e acusado de assédio por uma atriz, durante as filmagens de “Moebius” (2013), defendeu-se da polêmica causada por sua participação no Festival de Berlim 2018, após Dieter Kosslick, o diretor do evento, afirmar que tinha barrado filmes de assediadores. O próprio Kosslick precisou se explicar porque o novo longa de Kim Ki-duk, “Human, Space, Time and Human”, não foi enquadrado em seu critério, e agora o cineasta aproveita o evento para se manifestar, em entrevista coletiva com a imprensa internacional. A vítima, cuja identidade é mantida em sigilo, acusou Kim no ano passado de lhe dar três tapas e forçá-la a realizar cenas sexuais sem roupa, que não estavam no roteiro. Sua acusação afirma que Kim forçou-a a pegar o pênis de um ator, apesar de uma garantia anterior de que uma prótese seria usada. Devido a seus protestos, ela foi substituída por outra atriz no filme. Mas não baixou a cabeça. Um tribunal sul-coreano multou Kim com US$ 4,6 mil por agressão, mas os promotores não consideraram as acusações de abuso sexual citando a falta de provas. A atriz já avisou que vai recorrer “Eu não concordo inteiramente com esta decisão, mas a reconheço e assumi a responsabilidade por isso”, disse Kim em Berlim, na tarde de sábado (16/1), após a primeira exibição de imprensa de seu novo longa, que está sendo exibido na seção Panorama do festival alemão. Kim se defendeu, afirmando que os tapas foram feitos como instruções de atuação. “O que estávamos fazendo era ensaiar uma cena”, disse ele. “Havia muitas pessoas presentes. Minha equipe na época não se opôs e não disse que aquilo era inapropriado… Estava relacionado à atuação artística, mas acredito que a atriz interpretou isso de maneira diferente do que eu fiz. ” Quando perguntado diretamente se ele gostaria de se desculpar por bater na atriz, Kim declinou. “Não, acho lamentável que isso tenha sido transformado em um processo judicial”, disse ele. A atriz disse à mídia sul-coreana que ficou desapontada com a sentença do tribunal e pela falta de consideração em relação à acusação de abuso sexual. Ela já deu entrada num recurso, que será julgado em breve. Diante da condenação, a inclusão do filme de Kim Ki-duk no Festival de Berlim gerou protestos de organizações civis da Coreia do Sul. E muitos perceberam hipocrisia no discurso de Kosslick, favorável do movimento #MeToo, simultaneamente ao apoio a Kim. “Estamos vivendo nesta realidade injusta, em que o agressor está trabalhando e sendo recebido em todas as partes como se não houvesse nada, enquanto a vítima que denunciou o abuso está sendo isolada e marginalizada”, diz o manifesto de uma coalização de 140 grupos de direitos humanos em protesto contra o cineasta. Seguindo a linha de violência e provação que o tornou famoso, o novo trabalho de Kim é uma meditação brutal e surrealista sobre a natureza do comportamento humano, incluindo várias cenas de estupro, assassinato e até mesmo canibalismo. O filme segue um pequeno grupo de pessoas que embarca em um cruzeiro turístico a bordo de um antigo navio de guerra, onde o inferno ganha vida. No final da entrevista, Kim abordou porque a violência tem sido um elemento tão recorrente no seu cinema, bem como no cinema sul-coreano em geral. “Já me perguntaram isso muitas vezes na minha carreira. Houve dois traumas na história recente da Coreia: o domínio colonial japonês e a Guerra da Coréia. Muitos cineastas coreanos carregam esses traumas com eles e, como a indústria cinematográfica sul-coreana começou a crescer, vocês veem muitos diretores lidarem com essas questões: muita violência, dor e elementos ditatoriais”. Kim fez questão de agradecer aos organizadores por convidá-lo e expressou apreciação pelas perguntas mais duras da imprensa. “Eu pude sentir que vocês estão muito preocupados com a violência e eu gostaria de agradecer por isso. Tento ser um bom ser humano. Vocês devem saber que na verdade não vivo minha vida como meus filmes”, concluiu.
Robert Pattinson e Mia Wasikowska estrelam primeiro western do #MeToo no Festival de Berlim
Na competição do Leão de Ouro do Festival de Berlim 2018, até o bom e velho western aparece sob a ótica contemporânea do movimento #MeToo. Dirigido pelos irmãos David e Nathan Zellner (“Kumiko, a Caçadora de Tesouros”), “Damsel” traz o inglês Robert Pattinson (“Bom Comportamento”) e a australiana Mia Wasikowska (“Alice Através do Espelho”) como um casal de noivos no Velho Oeste. O detalhe é que ela não quer ser a donzela do final feliz da novela. O personagem de Pattinson é um forasteiro que chega numa cidadezinha em busca de um pastor beberrão para oficializar seu casamento, enquanto a personagem de Wasikowsk luta para confrontar os anseios casamenteiros de um mundo de vaqueiros. “Não preciso ser salva de nada!”, avisa a jovem na trama, que tem mais tom de comédia que tiroteios ao meio-dia e cavalgadas ao por-do-sol. “Gostei de encontrar uma personagem que segue sua própria vontade sem se limitar a satisfazer as projeções de um homem”, disse Mia Wasikowska, na entrevista coletiva de Berlim. Ela afirmou ter gostado muito da proposta da produção. “Sempre tento dar espaço para o cinema independente nas minhas escolhas e aprender com experiências nas quais possa me conectar com pessoas dispostas a mudar o cinema”. Após explicar que passou o último ano inteiro na Austrália, ele contou que estava maravilhada por ver, à distância, as discussões em torno do assédio sexual e da igualdade de gêneros, mas que só percebeu o impacto cultural do momento durante a pré-estreia mundial de “Damsel” no Festival de Sundance. “Foi possível sentir a energia gerada pelos debates que o filme suscitou entre as pessoas que participaram do festival”, ela apontou. “Estamos vivendo um momento que vai trazer mudanças significativas para as mulheres, em todos os setores da sociedade”. Para a atriz, a campanha #MeToo não se restringe apenas à denúncia de assediadores, “é reflexo de uma mudança maior de comportamento – o que significa que certas posturas não serão mais toleradas, dentro e também fora do mundo do cinema”. Robert Pattinson comentou esse clima de mudanças, ao descrever como seu personagem “acredita que o amor permite qualquer atitude, mas não é assim que as coisas funcionam”. “Ele acha que pode tudo e acredito que isso é o que ocorre com a maioria dos homens”, ponderou o ator, para quem a trama reflete a encruzilhada que os homens precisam confrontar. O fato desse confronto de visões acontecer no gênero mais masculino de todos, o western, chama atenção, mas não é casual. “Somos fãs de western desde crianças. Mas a verdade é que alguns clichês nos deixavam entediados”, disse o cineasta David Zellner. “Nos clássicos do gênero, as personagens femininas eram vistas como elementos decorativos ou simples objetos do desejo dos homens. Eram elementos que não nos interessavam agora. Queríamos fazer da heroína um ser humano complexo, com conflitos emocionais. Hoje em dia é difícil fazer filmes como os de John Wayne”, completou.
Coprodução brasileira na disputa do Leão de Ouro em Berlim agrada a crítica internacional
Única produção brasileira na disputa do Urso de Ouro do Festival de Berlim 2018, “Las Herederas” recebeu críticas elogiosas da imprensa internacional que cobre o evento alemão. O filme é uma parceria sul-americana e europeia, dirigida por um jovem paraguaio, Marcelo Martinessi, curtametragista premiado que assina seu primeiro longa. A trama gira em torno de um mulher sexagenária (Ana Brun, aplaudidíssima) separada de sua parceira de toda a vida, enquanto precisa se desfazer dos móveis e obras de arte da família para pagar as contas da casa em que viveram juntas, atualmente em estado de ruína. As dívidas se acumulam, após uma delas ser presa por fraude bancária, deixando a outra sozinha no casarão. Até que, aos poucos, a senhora solitária cede aos convites da vizinha mais jovem, que gosta de sair de casa para jogar pôquer com as amigas, e transforma o antigo Mercedez Bens herdado do pai em transporte particular. O filme é sutil, mas lida com temas poderosos, como amor e companheirismo entre mulheres (LBGTQ, mesmo), decadência da classe média, crise econômica, Terceira Idade, etc, tudo num microcosmo doméstico. “Comecei a pensar nessa casa como uma pequena prisão para essa mulher, que luta por mais liberdade. Queria contar uma história dentro de um espaço fechado, que refletisse um pouco a situação em que a sociedade paraguaia está atravessando. É uma metáfora para o país”, contou Martinessi durante entrevista coletiva no festival. Coproduzido pela diretora carioca Julia Murat, “Las Herederas” também conta com apoio de produtoras do Uruguai, da França, da Alemanha, entre outros países. A coprodução internacional, segundo o cineasta, é a única forma de se fazer cinema de qualidade no Paraguai. “O Paraguai é quase invisível, em termos de cinema. Não temos leis de incentivo lá. Outros países do continente também atravessam momentos difíceis, como o México e o Brasil, mas pelo menos eles tem incentivo e seus cineastas estão contanto histórias fantásticas sobre sua sociedade. Em um certo sentido, nosso filme reflete a obscuridade em que o Paraguai vive. Ninguém sabe o que acontece por lá”.
Wes Anderson abre o Festival de Berlim com cães animados
O Festival de Berlim 2018 foi aberto pela primeira vez com uma animação, “Ilha de Cachorros”, de Wes Anderson. Assim como o primeiro trabalho animado do diretor, “O Fantástico Dr. Raposo” (2009), trata-se de uma obra realizada com as velhas técnicas de stop-motion, em que bichos falam, mas humanos não os entendem. A trama se passa num futuro distópico, após uma epidemia de gripe canina levar os cachorros a serem isolados numa ilha do Japão, que serve de depósito para lixo. Mas o prefeito de Megasaki, amante de gatos, não se contenta e pretende implementar uma política de extermínio dos cães remanescentes. Até o cachorrinho do sobrinho do político corrupto é exilado, o que faz o menino partir numa odisseia para encontrar e resgatar seu pet perdido. Ao chegar na ilha, ele acaba conquistando a confiança de um grupo de cachorros de diferentes espécies, que, sensibilizados, resolvem ajudá-lo em sua busca. O problema é que, como eles falam inglês, não entendem o que diz o menino japonês. Ao falar com a imprensa internacional sobre a produção, Anderson listou as influências que o levaram a filmar essa fábula. “Dois diretores japoneses nos serviram de inspiração: Akira Kurosawa, em termos de ação e personagem, e Hayao Miyazaki”, disse, citando dois mestres. “‘Ilha de Cachorros’ aspira aos detalhes e silêncios dos desenhos animados de Miyazaki. Ele é um mestre em reproduzir a natureza e momentos de paz que não encontramos na tradição americana de animação. A ideia original era fazer um filme sobre cães abandonados que sobrevivem com sobras de um lixão. Acrescentamos nosso amor pelo cinema japonês e os filmes de Akira Kurosawa, no que é uma versão fantasiosa do Japão”. Apesar de se tratar de uma animação, Anderson afirma que “Ilha dos Cachorros” é o seu primeiro filme com viés abertamente “político”. “No início do processo, precisávamos criar uma política para a cidade fictícia de Megasaki. Sabíamos que teríamos um prefeito corrupto e tudo o mais, dentro desse lugar que nós inventamos. Mas o mundo mudou radicalmente ao longo do tempo, então a vida real acabou encontrando o seu caminho na história do filme. A trama virou uma situação que pode acontecer em qualquer lugar do mundo, e a qualquer momento”. Com quem explica a piada, ele acrescenta: “Os cães, claro, são pessoas, são exilados devido a um movimento político. O filme não é apenas inteiramente sobre cães”.
Novo trailer de Okja destaca os elogios da crítica internacional
A Netflix divulgou um novo trailer da fantasia sul-coreana “Okja”, que destaca os elogios da crítica durante sua exibição no Festival de Cannes 2017. Além de saudar o trabalho do diretor e roteirista Bong Joon Ho (“Expresso do Amanhã”), as frases de impacto aplaudem a sempre ótima Tilda Swinton (“Doutor Estranho”) e o desempenho da pequena Ahn Seo Hyun, que, apesar de ter apenas 13 anos, já possuiu uma dezena de títulos em seu currículo, inclusive o drama premiado “A Empregada” (Hanyo, 2010). Na trama, Okja é uma espécie de “superporco” criado em laboratório pela empresa Mirando, dirigida pela personagem de Tilda Swinton, com o objetivo de acabar com a fome mundial. O problema é que o bicho é fofo demais e vira o animal de animação de uma garotinha, que se desespera ao vê-lo ser levado para o abatedouro e se junta a um grupo de ativistas para libertá-lo. Produzido pela Plan B, empresa de Brad Pitt, em parceria com o serviço de streaming, o filme também traz em seu elenco os atores Jake Gyllenhaal (“O Abutre”), Lily Collins (“Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos”), Paul Dano (“12 Anos de Escravidão”), Devon Bostick (série “The 100”), Steven Yeun (série “The Walking Dead”) e a dupla Byeon Hie-bong e Yun Je-mun, que trabalhou com o diretor em vários filmes, entre eles “O Hospedeiro” (2006), primeiro filme de monstros de Bong Joon Ho. “Okja” estreia em streaming no dia 28 de junho.
Testemunha diz que Johnny Depp foi lesado em milhões por seus empresários
A batalha legal entre Johnny Depp e seus ex-empresários ganhou um novo round com o depoimento de uma ex-funcionária da agência TMG, que afirmou em juízo que o ator foi lesado em milhões pela empresa. Depp decidiu processar a TMG em janeiro, após verificar o estado quase falimentar de suas finanças e acusar seus diretores, Joel e Robert Mandel, de tratarem seu dinheiro como se fosse deles, sem prestar contas e tomar decisões que lhe custaram boa parte de sua fortuna. Seus ex-empresários responderam à ação alegando que Depp ficou insolvente porque gastava em ritmo vertiginoso, sem o menor controle. O depoimento da ex-funcionária da empresa, Janine Rayburn, foi dado em março, mas só agora veio à público por decisão da juíza do caso, Teresa Beaudet. Segundo o site The Hollywood Reporter, a TMG tentou impedir que o sigilo dos autos fosse levantado, afirmando que o testemunho era falso e difamatório, além de ferir um contrato de confidencialidade. Mas a juíza contestou a alegação, ao dizer que não poderia haver confidencialidade num caso em que os dados financeiros são a razão do litígio. Além disso, o caso seria de interesse público e não deveria correr em sigilo. Rayburn foi gerente de contas na TMG entre 2008 e 2010, e um dos clientes que administrava era Depp. Ela diz que seu trabalho envolvia processamento de contas bancárias, depósito de cheques, registro de investimentos e a satisfação de outras necessidades do cliente. E que sua demissão se deu na época em que ela se recusou a fazer coisas que considerava anti-éticas e até ilegais, como reconhecer a assinatura de Depp num documento sem o seu conhecimento e alterar números nas demonstrações financeiras. “Eu não acredito que Johnny tenha percebido sua situação financeira”, declarou Rayburn no processo. “Pelo meu conhecimento, as demonstrações financeiras não lhe foram enviadas”. Rayburn afirmou ainda que a empresa estava usando o dinheiro de Depp para pagar as despesas pessoais de sua irmã, que trabalha na sua produtora – incluindo o casamento da filha dela, viagens e uma nova piscina – sem a permissão expressa do ator. Ela diz que questionou Christi Dembrowski, a irmã, sobre os gastos em duas ocasiões e “sua resposta foi, ele é meu irmão. Meu dinheiro é o dinheiro dele. O dinheiro dele é meu”. A TMG sustenta que Rayburn é uma “mentirosa” descontente com a empresa. “Em interrogatório, Janine Rayburn admitiu que não fazia parte da equipe da TMG que confeccionou as demonstrações financeiras da Depp e que ela não tem absolutamente nenhum conhecimento pessoal sobre o que a TMG disse à Depp sobre suas finanças”, afirmou o advogado dos empresários, Michael Kump ao THR. “A confiança de Depp nas declarações altamente especulativas de Rayburn é ridícula. Na verdade, a única conversa que Rayburn afirma ter ouvido foi quando os empresários e seus assessores discutiram os tremendos problemas de gastos de Depp, que se estendiam por pelo menos uma década”. Já os advogados de Depp revelam que contadores independentes verificaram a alteração dos demonstrativos financeiros, com o objetivo de levantar empréstimos bancários no nome do ator, que ele nunca solicitou, para pagar por serviços que ele nunca soube quanto custavam e funcionários com preço acima do mercado. Depp encerrou seu relacionamento com a TMG em 2016, pouco depois que a empresa o aconselhou a começar a liquidar ativos imobiliários para pagar suas contas. Ele então contratou uma auditoria independente, que descobriu uma suposta má conduta dos empresários em relação às suas finanças. O caso deve ouvir várias outras testemunhas, pois o julgamento final está previsto apenas para 2018.












