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Divulgação/TF1 Vidéo

Filme|28 de dezembro de 2025

Brigitte Bardot, um dos maiores mitos do cinema, morre aos 91 anos

Símbolo de beleza dos anos 1950 e 1960, atriz estava aposentada há meio século e faleceu em sua casa no sul da França

Pipoque pelo Texto ocultar
1 A despedida de um mito
2 Os primeiros passos
3 E Deus Criou Brigitte Bardot
4 Nasce a síndrome de Lolita
5 A busca por prestígio e o trabalho com Godard
6 O fenômeno mundial
7 O refúgio brasileiro em Búzios
8 Da cultura pop para a música pop
9 Filmografia final
10 Aposentadoria precoce
11 Décadas dedicadas à causa animal
12 De mito sexual à mãe desnaturada
13 A inversão da imagem

A despedida de um mito

Brigitte Bardot, a atriz, cantora e ícone de estilo que definiu os padrões de beleza e comportamento do pós-guerra em todo o mundo, morreu neste domingo (28/12) em sua residência no sul da França, aos 91 anos. A confirmação foi dada por Bruno Jacquelin, representante da Fundação Brigitte Bardot, organização dedicada à proteção animal à qual ela se dedicou integralmente nas últimas cinco décadas. Embora a causa exata do óbito não tenha sido revelada pelos familiares ou pela fundação, a estrela havia passado por um período de hospitalização no mês passado. Até o momento, os detalhes sobre o funeral e cerimônias de despedida permanecem em sigilo.

Os primeiros passos

Nascida Camille Javal em uma família parisiense de classe média alta, a jovem Brigitte demonstrou talento artístico desde cedo, focando inicialmente na dança. Ela estudou ballet clássico no Conservatório de Paris e frequentou escolas privadas de elite. Sua entrada no mundo da imagem aconteceu aos 15 anos, quando, por recomendação de um amigo, posou para a capa da revista Elle. Foi essa capa que chamou a atenção do diretor Marc Allegret, que buscava um novo rosto para o cinema em 1950. Ela fracassou no teste, mas foi acolhida pelo assistente de Allegret, Roger Vadim, que se tornaria seu mentor e marido.

O casamento com Roger Vadim em 1952 foi um evento midiático que ajudou a projetar seu nome antes mesmo de ela se tornar uma estrela. O cineasta conseguiu papéis de figurante para Bardot em diversos filmes, inclusive no americano “morte/" class="tag-link" title="Ver mais sobre Mais Forte que a Morte">Mais Forte que a Morte” (1953), rodado na França, até escrever o roteiro de “A Mais Linda Vedete” (1955) e convencer Allegret a finalmente dirigi-la na comédia.

E Deus Criou Brigitte Bardot

Vadim finalmente virou diretor em 1956, escalando-a como protagonista no filme que mudaria a vida dos dois. “E Deus Criou a Mulher” (1956) apresentava Bardot como Juliette, uma órfã de 18 anos com uma sensualidade natural e desenfreada que escandalizava a pequena e conservadora cidade de Saint-Tropez. A obra capturou a essência de uma juventude que rompia com os valores tradicionais do pós-guerra, e deu início à Bardomania, transformando a adolescente francesa no símbolo da liberdade sexual e na face de uma nova onda de filmes europeus sexualmente ousados para os padrões da época.

Nasce a síndrome de Lolita

O impacto de Brigitte Bardot no cinema foi profundo ao introduzir um novo arquétipo feminino: a loira rebelde e natural, em contraste direto com a imagem de loira madura e escultural personificada por Marilyn Monroe. Bardot ajudou a estabelecer um culto à sexualidade juvenil que se tornou onipresente em toda a mídia ocidental. Além disso, sua presença nas telas desafiou a censura rígida que dominava os Estados Unidos e outros países conservadores nos anos 1950, sinalizando o fim de décadas de restrições narrativas e estéticas no cinema comercial e abrindo caminho para uma abordagem mais realista do desejo.

A influência da atriz inspirou a filósofa feminista Simone de Beauvoir a publicar o ensaio intitulado “Síndrome de Lolita">Brigitte Bardot e a Síndrome de Lolita”, uma das análises intelectuais mais profundas já feitas sobre uma estrela de cinema. No texto de 1959, Beauvoir argumentava que Bardot representava um novo tipo de mulher que subvertia os padrões tradicionais da feminilidade francesa. Para a escritora, Brigitte não se encaixava no papel da “mulher fatal” clássica ou da esposa submissa. Ela personificava uma liberdade instintiva e uma indiferença às convenções sociais que era, ao mesmo tempo, fascinante e perturbadora para a sociedade conservadora da época.

Beauvoir cunhou o termo “Síndrome de Lolita” para descrever a combinação paradoxal de inocência infantil e sensualidade agressiva que Bardot exibia nas telas. Segundo a análise, a atriz tratava o sexo de forma tão natural quanto o ato de comer, o que eliminava o mistério burguês e a “culpa” tradicionalmente associada ao desejo feminino. A filósofa destacava que, enquanto outras estrelas tentavam parecer sofisticadas ou divinas, Bardot era uma figura “terrena”, que andava descalça e exibia um desleixo planejado que servia como um motor de emancipação comportamental para as mulheres daquele período.

Ao virar assunto acadêmico, Bardot se provou mais que uma celebridade. Ela foi um “choque” cultural.

A busca por prestígio e o trabalho com Godard

Apesar de ser a atriz mais bem paga da França e uma potência de bilheteria com comédias e dramas leves como “O Príncipe e a Parisiense” (1957) e “Quer Dançar Comigo?” (1959), Bardot buscou ser reconhecida como uma atriz séria. Ela se esforçou para provar seu talento em produções de peso, como “Babette Vai à Guerra” (1959), onde interpretou uma integrante da Resistência Francesa, e “A Verdade” (1960), de Henri-Georges Clouzot. Entretanto, sua colaboração mais memorável ocorreu em 1963, no filme “O Desprezo”, do mestre da nouvelle vague Jean-Luc Godard. A obra não apenas utilizou sua fama mundial, mas serviu como uma crítica brilhante e metalinguística sobre a exploração da sua própria imagem pública.

O fenômeno mundial

“O Desprezo”, que a mostrou como veio ao mundo, não foi o único filme a usar metalinguagem para falar da atriz. Na década de 1960, a influência de Brigitte Bardot era tão onipresente que ela se tornou o tema central de uma produção de Hollywood, mesmo sem ser a protagonista. “Minha Querida Brigitte” (1965) girava em torno de um menino de 8 anos, um pequeno gênio da matemática, que desenvolve uma fixação platônica pela estrela francesa e começa a lhe enviar cartas desesperadas. O filme serve como um registro histórico do “fenômeno Bardot” nos Estados Unidos, onde ela era vista como a personificação máxima do charme e da liberdade europeia, despertando uma curiosidade que atravessava gerações.

Embora o nome de Bardot estivesse no título, sua participação no longa foi uma aparição especial, interpretando ela mesma. O momento mais aguardado da produção ocorre quando o menino finalmente viaja à França para conhecê-la em sua própria casa. Essa cena capturou a imagem de “estrela acessível” que ela projetava na época: uma diva que, apesar de ser a mulher mais famosa do mundo, recebia um fã mirim com doçura e naturalidade. A presença de Bardot no filme, contracenando com o menino Billy Mumy (de “Perdidos no Espaço”) e o veterano James Stewart (“A Felicidade Não Se Compra”), ajudou a solidificar sua transição de “ameaça aos bons costumes” para uma figura icônica e admirada pela cultura de massa americana.

O refúgio brasileiro em Búzios

A relação de Brigitte Bardot com o Brasil é um dos episódios mais marcantes de sua biografia. Em 1964, buscando escapar da exposição massacrante da mídia internacional, ela viajou ao Rio de Janeiro e, após negociar um trégua com a imprensa carioca, refugiou-se em Armação dos Búzios. Na época, o local era apenas uma pequena vila de pescadores pertencente a Cabo Frio. Bardot visitou a cidade em duas ocasiões naquele ano: a primeira em janeiro, quando ficou quatro meses hospedada em Manguinhos com o namorado Bob Zagury, e a segunda em dezembro, quando sua presença já era de conhecimento global e atraía jornalistas de todos os continentes.

A temporada da atriz em solo fluminense teve consequências irreversíveis para a região. A visibilidade gerada por sua presença fez com que Búzios entrasse definitivamente no mapa do turismo mundial, atraindo investimentos e impulsionando a abertura das primeiras pousadas da cidade. Décadas depois, a conexão é celebrada diariamente na Orla Bardot, onde uma estátua de bronze em tamanho real da atriz observa o mar. A passagem da francesa é considerada o “marco zero” da sofisticação local, transformando o vilarejo em um dos destinos mais cobiçados da América Latina, onde sua memória é preservada como parte da identidade cultural da cidade.

Da cultura pop para a música pop

Ao atingir o auge da cultura pop, ela também acabou virando cantora pop. A estrela construiu uma carreira musical significativa, gravando aproximadamente 80 canções durante as décadas de 1960 e 1970. A sua transição para os estúdios de gravação não foi apenas um capricho de celebridade, mas uma extensão da sua imagem pública de “loira nubile” e descontraída. As suas canções eram frequentemente marcadas por um tom leve, pop e, por vezes, sussurrado, que complementava perfeitamente a estética da French Pop e do movimento Yé-yé que dominava a Europa na época.

Os seus trabalhos musicais mais icónicos foram realizados em colaboração com o lendário Serge Gainsbourg. No final da década de 1960, os dois viveram uma paixão intensa que resultou em temas que se tornaram clássicos absolutos, como “Bonnie and Clyde”, “Harley Davidson” e “Comic Strip” – em que ela recitava onomatopeias de quadrinhos. A música de Bardot capturava o espírito de rebeldia e a liberdade sexual que ela já personificava no cinema, utilizando ritmos modernos e letras que celebravam a independência feminina. A sua voz, embora não fosse tecnicamente potente, possuía um carisma e uma sensualidade natural que cativaram o público.

Um dos episódios mais famosos da sua carreira musical envolve a canção “Je t’aime… Moi non Plus”. Gainsbourg escreveu o tema especificamente para ela, e chegaram a gravar uma versão altamente provocadora e sussurrada em 1967. No entanto, temendo o escândalo e a reação do seu então marido, o playboy Gunter Sachs, Bardot pediu que a gravação não fosse lançada. Gainsbourg acabou por regravar o tema com sua nova paixão, Jane Birkin, tornando-o um sucesso mundial, enquanto a versão original de Bardot permaneceu guardada durante décadas.

Filmografia final

Ela estrelou diversos sucessos nos anos 1960, incluindo dois filmes de Louis Malle, a comédia western “Viva Maria!” (1965) e a antologia de terror “Histórias Maravilhosas” (1968), além de ter contracenado com Sean Connery (então o 007 do cinema) no western “Shalako” (1968). Mas seus filmes seguintes, como “As Mulheres” (1969), “As Petroleiras” (1971) e “Se Don Juan Fosse Mulher” (1973) foram explorações assumidas de sua fama e corpo. Apesar de marcar seu reencontro com Vadim e incluir uma cena sáfica com Jane Birkin, “Se Don Juan Fosse Mulher” foi um fracasso comercial que abalou a confiança da atriz.

Após as filmagens de outra comédia sexual, “L’histoire Très Bonne et Très Joyeuse de Colinot Trousse-Chemise” (1973), ela simplesmente declarou que não trabalharia mais em filmes, cumprindo essa promessa rigorosamente até o fim da vida.

Aposentadoria precoce

Na época, Brigitte tinha apenas 39 anos e ainda era a maior estrela da França.

A principal explicação para a desistência reside na asfixia causada pela fama. Bardot sentia-se tratada como um “objeto” ou um “produto” pela indústria, que não lhe dava os filmes “sérios” que ela queria fazer. Seus últimos lançamentos foram tentativas “pálidas” de continuar explorando sua sexualidade. Ela também começou a afirmar que tinha dado sua juventude e beleza aos homens e ao cinema, mas que dedicaria sua sabedoria e maturidade aos animais. Bardot descreveu a indústria do entretenimento como “superficial” e “cruel”, encontrando no ativismo da causa animal a “autenticidade” que não via nos sets de filmagem.

Décadas dedicadas à causa animal

Após deixar o cinema, Bardot canalizou toda a sua energia e visibilidade para o ativismo, criando a Fundação Brigitte Bardot em 1986. Ela se tornou uma defensora incansável dos direitos dos animais, chegando a protestar publicamente e aceitar ser presa em defesa de causas ambientais e de proteção a espécies ameaçadas. Pelo seu empenho, o governo francês ofereceu-lhe a Legião de Honra, mas ela recusou a distinção, mantendo sua postura de independência em relação às instituições estatais. Sua dedicação era tamanha que ela frequentemente utilizava sua própria fortuna pessoal para financiar as operações de resgate e conscientização da fundação.

De mito sexual à mãe desnaturada

A vida amorosa de Bardot sempre foi alvo de escrutínio público, desde seus inúmeros casos amplamente divulgados pela imprensa até seus casamentos formais. Além de Roger Vadim, ela foi casada com o ator Jacques Charrier a partir de 1959 e com o playboy alemão Gunter Sachs no final dos anos 1960.

A atriz renegou o único filho, de seu casamento com Charrier, seu colega de “Babette Vai à Guerra”. Ela odiou a gravidez, chegando a se socar repetidamente na barriga e implorar a um médico por morfina para induzir um aborto espontâneo. Nicolas-Jacques Charrier nasceu em 11 de janeiro de 1960, sete meses após o casamento. A atriz estava tão receosa da imprensa que decidiu dar à luz em casa. Após o nascimento, ficou deprimida e tentou suicídio. Ela se recusou a amamentar Nicolas e, sempre que o segurava, ele percebia sua agitação e começava a chorar.

Após o inevitável divórcio, Nicolas não viu sua mãe por décadas. Ele processou Bardot por danos morais quando ela publicou uma autobiografia na qual afirmou que teria preferido “dar à luz um cachorrinho”. Ela também acrescentou: “Não nasci para ser mãe. Não sou adulta o suficiente — sei que é horrível ter que admitir isso, mas não sou adulta o suficiente para cuidar de uma criança.”

Em 1993, ela se casou pela última vez, com o industrial Bernard d’Ormale, um conhecido apoiador da extrema-direita na França.

A inversão da imagem

Apesar de sua imagem ser fortemente associada à defesa da natureza, os anos finais de Bardot foram marcados por polêmicas severas envolvendo inclinações políticas de direita. Ela foi multada diversas vezes por tribunais franceses sob a acusação de incitar o ódio racial. Essas condenações foram resultado de declarações recorrentes onde a ex-atriz criticava duramente imigrantes e, especificamente, a comunidade muçulmana no país. Suas opiniões geraram um forte contraste com a imagem de liberdade que ela projetou na juventude, tornando-a uma figura divisiva na sociedade francesa contemporânea, embora ela nunca tenha recuado em seus posicionamentos.

Essas posições, somadas ao seu isolamento em sua propriedade no sul da França, reforçaram na mídia contemporânea a figura de diva reclusa, que pouco lembrava a Brigitte Bardot de outrora.

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