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Giorgio Armani, que revolucionou a moda, morre aos 91 anos
Estilista faleceu serenamente em Milão, cercado pela família, segundo comunicado oficial do grupo Armani
Giorgio Armani morreu nesta quinta-feira (4/9), aos 91 anos. A notícia foi confirmada em nota oficial divulgada pelo grupo Armani, que comunicou o fato com “infinito pesar”. O comunicado destacou que o estilista faleceu serenamente, cercado por familiares, após dedicar-se à empresa e às coleções até seus últimos dias.
O texto da grife ressaltou: “Incansável, trabalhou até os últimos dias, dedicando-se à empresa, às coleções, aos diversos e sempre novos projetos em andamento e por vir.”
Das vitrines ao império da moda
Filho de um contador, Armani iniciou os estudos em Medicina, mas não se formou. Após servir no Exército, teve sua primeira experiência no comércio de moda como vitrinista na loja La Rinascente, em Milão. Incentivado por seu companheiro Sergio Galeotti, morto em 1985, ingressou na Nino Cerruti, onde desenvolveu seu olhar para alfaiataria com tecidos fluidos, cortes suaves e jaquetas desconstruídas.
Segundo o próprio estilista, sua transformação da jaqueta foi o ponto de virada de sua carreira. “Removendo toda a rigidez da roupa e descobrindo uma naturalidade inesperada”, afirmou. “Esse foi o ponto de partida para tudo o que veio depois.”
O que veio depois foi uma alfaiataria minimalista, que redefiniu o conceito de elegância ao priorizar linhas limpas, paleta de cores neutras e tecidos que privilegiavam a leveza. Essa abordagem simplificada, mas sofisticada, transformou seus ternos em símbolos de poder e discrição, consagrando sua estética como referência internacional da moda contemporânea.
A consagração em Hollywood
Em 1975, Armani lançou sua primeira coleção masculina e, cinco anos depois, alcançou reconhecimento internacional ao vestir Richard Gere no filme “Gigolô Americano” (1980). Todas as peças do astro no longa eram da marca, e a parceria marcou o início de uma associação duradoura com Hollywood.
O próprio Armani declarou: “Ninguém veste Armani como Richard Gere”. O sucesso no cinema expandiu sua fama, levando suas criações do círculo da alta-costura europeia ao público mundial.
A atriz Michelle Pfeiffer também se tornou musa da grife, sendo a primeira atriz a usar exclusivamente roupas de Armani em diversos eventos, incluindo o Oscar, o que inspirou outras estrelas a seguirem a tendência. Diane Keaton, Jodie Foster, Julia Roberts, Cate Blanchett, Halle Berry, Viola Davis, Renée Zellweger, Laura Dern, Jennifer Lopez e Michelle Yeoh estão entre as estrelas que usaram Armani em premiações, consolidando a marca como sinônimo de tapete vermelho.
Moda, esporte e cultura pop
Armani também virou sinônimo de elegância de personagens famosos da cultura pop, ao desenhar ternos exclusivos para Bruce Wayne nos filmes de Christopher Nolan sobre o Batman, interpretado por Christian Bale. Ele também vestiu a equipe olímpica italiana, as seleções de futebol da Inglaterra e Austrália, além de times ingleses como o Chelsea e principalmente o Liverpool, que em 1996 chamou atenção ao entrar em campo em Wembley com ternos creme assinados pelo estilista.
O criador também desenhou figurinos para turnês de Lady Gaga e Beyoncé, além de inaugurar hotéis de luxo em Dubai e Nova York. Entre suas iniciativas corporativas, fundou marcas como Emporio Armani, Armani Exchange, Armani Jeans e Armani Privé, mantendo controle integral sobre o conglomerado.
Legado e despedida
Armani foi pioneiro ao banir modelos excessivamente magras de seus desfiles e fez doações para causas ambientais e o combate à Covid-19. Em 2024, declarou ao jornal Corriere della Sera que pretendia se aposentar em breve, após completar 90 anos.
A última nota do grupo Armani destacou: “Giorgio Armani criou uma visão que, partindo da moda, se estendeu a todos os aspectos do viver, antecipando os tempos com extraordinária lucidez e concretude. Foi guiado por uma curiosidade inesgotável, pela atenção ao presente e às pessoas. Sempre atento às necessidades da comunidade, envolveu-se em muitas frentes, sobretudo em favor de sua amada Milão.”
O comunicado concluiu: “Giorgio Armani sempre fez da independência, de pensamento e ação, a sua marca distintiva. A empresa é o reflexo, hoje e sempre, desse sentimento. A família e os funcionários levarão o Grupo adiante, no respeito e na continuidade desses valores.”
