PIPOCAMODERNA
Pipoca Moderna
  • Filme
  • Série
  • Reality
  • TV
  • Música
  • Etc
  • Filme
  • Série
  • Reality
  • TV
  • Música
  • Etc

Nenhum widget encontrado na barra lateral Alt!

Divulgação/Columbia Pictures

Filme|24 de setembro de 2025

Claudia Cardinale, símbolo do cinema italiano, morre aos 87 anos.

Atriz de “O Leopardo”, “8 1/2” e “Era uma Vez no Oeste” marcou época com sua presença em grandes clássicos do cinema europeu

Pipoque pelo Texto ocultar
1 Morte ao lado dos filhos/h2>
2 Um mito com mais de 130 filmes
3 O início em festivais
4 A chegada na Cinecittà
5 A consagração internacional
6 Era uma vez em… Hollywood
7 Bangue-bangue à italiana
8 Musa da cultura pop
9 Os anos seguintes
10 Últimos filmes
11 Reconhecimentos finais e legado

Morte ao lado dos filhos/h2>

A atriz Claudia Cardinale, uma das maiores estrelas do cinema italiano, morreu na terça (23/9) aos 87 anos em Nemours, nos arredores de Paris. Ela faleceu em sua casa acompanhada dos filhos, informou seu agente nesta quarta (24/9), sem comunicar nenhuma causa específica para a morte.

Um mito com mais de 130 filmes

Claudia Cardinale surgiu na cena internacional no início dos anos 1960 e se tornou, junto com Sophia Loren e Anna Magnani, uma das atrizes que simbolizaram o cinema italiano de sua época, graças à participação em inúmeros clássicos, incluindo “O Leopardo”, “8 1/2” e “Era uma Vez no Oeste”. Com mais de 130 filmes no currículo, ela atravessou seis décadas de carreira e foi premiada três vezes com o David di Donatello (o Oscar italiano), além de ter recebido um Leão de Ouro honorário no Festival de Veneza em 1993.

A ironia em sua relação com a Cinecittà é que a atriz só aprendeu a falar italiano no cinema. Nascida em Túnis, capital da Tunísia, em 15 de abril de 1938, ela cresceu falando francês, árabe e o dialeto siciliano dos pais imigrantes.

O início em festivais

Ela entrou no cinema por acaso. Enquanto estudava na Escola Paul Cambon, em Túnis, Cardinale e algumas colegas foram escaladas para atuar no curta-metragem “Anneaux d’or”, do francês René Vautier. O filme foi exibido no Festival de Berlim de 1958, onde ela chamou atenção e foi convidada a fazer sua estreia em longa em “Goã”, de Jacques Baratier, com um jovem Omar Sharif, exibido em Cannes no mesmo ano.

Mas o que parecia o começo de um conto de fadas se tornou precocemente um pesadelo. A atriz foi vítima de um estupro por um produtor de cinema e engravidou. Ela tomou a decisão de criar o filho. Enquanto muitas atrizes jovens encarariam isso como fim de carreira, para ela foi o começo, levando-a a querer “ganhar a vida e sua independência” com o cinema, embora sua chegada nas telas tenha sido sem planejamento.

A chegada na Cinecittà

Sua transição para o cinema italiano veio logo em seguida. Tudo o que precisou foi aparecer de biquíni durante o Festival de Veneza, onde enlouqueceu produtores e despertou interesse imediato da indústria local. Ela assinou contrato com o produtor Franco Cristaldi, uma relação profissional que se estendeu por quase duas décadas e virou casamento em 1966.

O primeiro longa italiano foi “Os Eternos Desconhecidos” (1958), de Mario Monicelli, em que coadjuvou com Vittorio Gassman, Marcello Mastroianni e Totó. Foi um enorme sucesso que rendeu continuação, “Golpe dos Eternos Desconhecidos” (1959), com um importante diferencial: o maior destaque dado à atriz nos créditos da produção e no pôster do lançamento.

Em 1960, virou protagonista de vez com a comédia picante “O Belo Antonio”, de Mauro Bolognini. No filme que a transformou em sex symbol, ela viveu a esposa virgem de Marcello Mastroianni, numa relação que dava o que falar na vizinhança. No mesmo ano, também estrelou o clássico neorrealista “Rocco e Seus Irmãos”, de Luchino Visconti, sua primeira parceria com o galã Alain Delon.

No ano seguinte, foi protagonista do romance neorrealista “A Moça com a Valise”, de Valerio Zurlini, interpretando uma jovem pobre apaixonada por um rapaz da alta sociedade. Exibido em competição em Cannes, o filme deu a Cardinale renome internacional e seu primeiro David di Donatello.

A consagração internacional

1963 provou-se um ano chave em sua trajetória, trazendo a atriz em três clássicos. Ela voltou a trabalhar com Antonioni e Delon em “O Leopardo”, onde interpretou Angelica Sedara, que se apaixona pelo aristocrata progressista Tancredi Falconeri (Delon) em meio às transformações políticas da Sicília dos anos 1860. O drama épico venceu a Palma de Ouro em Cannes e é considerado a obra-prima de Visconti.

Durante as filmagens de “O Leopardo”, também atuou em “8 1/2”, de Fellini, como Claudia, a musa do cineasta Guido (Mastroianni). O filme venceu o Oscar de Filme Estrangeiro e em 2019 foi listado pela revista Sight & Sound como o 10º melhor filme de todos os tempos. Mas Visconti e Fellini queriam que a atriz tivesse aparências completamente diferentes em seus filmes.

Em entrevista ao Le Monde em 2017, Cardinale lembrou como foi intercalar os dois longas quase ao mesmo tempo. “Visconti era preciso e meticuloso, falava comigo em francês e queria que eu tivesse cabelos longos e castanhos”, disse. “Fellini era caótico e não tinha roteiro; falava italiano comigo, cortou meu cabelo curto e tingiu de loiro. Esses foram os dois filmes mais importantes da minha vida.”

Era uma vez em… Hollywood

Sua estreia em Hollywood ocorreu no mesmo período, no papel da princesa Dala em “A Pantera Cor-de-Rosa”, cujo diamante precioso vira alvo de um ladrão aristocrático vivido por David Niven. Enorme sucesso comercial, a comédia de Blake Edwards deu início a uma franquia com Peter Sellers, intérprete do atrapalhado policial encarregado do caso. Durante as filmagens, Niven chegou a lhe dizer: “Depois do espaguete, você é a maior invenção da Itália”.

O sucesso de três filmes num mesmo ano mudou a carreira de Cardinale, que passou a se alternar entre produções na Itália e nos Estados Unidos. Atuou nos westerns “O Mundo do Circo” (1964), com John Wayne e Rita Hayworth, e “Os Profissionais” (1966), ao lado de Burt Lancaster e Lee Marvin. Também estrelou a comédia “Não Faça Onda” (1967) com Tony Curtis e o drama de guerra “A Comando de Marginais” (1968) com Rod Taylor, ao mesmo tempo em que seguiu lotando cinemas italianos em comédias picantes, entre elas “A Gatinha que Eu Quero” (1968), com o galã americano Rock Hudson.

Bangue-bangue à italiana

Foi num western spaghetti que Cardinale viveu um de seus papéis mais lembrados. No clássico “Era uma Vez no Oeste” (1968), de Sergio Leone, interpretou Jill McBain, uma ex-prostituta que tenta preservar suas terras em meio à violência dos colonizadores, contracenando com três grandes ícones do gênero: Henry Fonda, no papel do cruel matador Frank; Charles Bronson, o misterioso pistoleiro conhecido apenas como Harmônica; e Jason Robards, o fora da lei Cheyenne.

Apesar do forte elenco masculino, a narrativa foi toda centrada na personagem de Cardinale, que após chegar a uma cidadezinha do Arizona, onde pretendia recomeçar a vida, descobre que o marido e os filhos foram assassinados por pistoleiros contratados por uma companhia ferroviária. A viúva se vê obrigada a enfrentar interesses políticos e econômicos, enquanto tenta preservar a terra herdada contra todos. Foi um dos primeiros westerns a colocar uma mulher no centro da narrativa, subvertendo o gênero acostumado a tratá-las como coadjuvantes românticas de personagens masculinos, e sua independência indomável na tela também se tornou uma marca registrada de sua carreira.

Musa da cultura pop

A fama fez com que Cardinale virasse adjetivo e entrasse na cultura pop. “Cardinales bonitas”, cantou Caetano Veloso em “Alegria, Alegria” (1968), enquanto Bob Dylan incluiu sua imagem num mosaico de fotos dentro do álbum “Blonde on Blonde” (1966).

Só na década de 1960, ela foi capa de quase 700 revistas em todo o mundo.

O mais interessante é que, embora belíssima e extremamente fotogênica, foi considerada uma atriz fora dos padrões de sua época. Enquanto as grande estrelas tinham curvas, como Anita Ekberg, Sophia Loren, Brigitte Bardot, Marilyn Monroe e Jayne Mansfield, Cardinale era considerada uma beleza natural, que podia ser a vizinha do lado. Por isso, encaixou-se em mais dramas de diretores proeminentes que as demais sex symbols de sua geração.

Os anos seguintes

Embora sem o mesmo impacto de seus anos dourados, Cardinale se manteve bastante ativa nas décadas seguintes. Ela começou os 1970 com tudo, vencendo outro David di Donatello por “Uma Italiana na Austrália” (1971), além de estrelar o spaghetti western “As Petroleiras” (1971) ao lado de Brigitte Bardot.

Após se divorciar de Cristaldi em 1975, passou a viver com o diretor Pasquale Squitieri até a morte dele em 2017. Juntos, tiveram uma filha, também chamada Claudia, e trabalharam em filmes como “I Guappi” (1974), “Corleone” (1977), “Claretta” (1984), que lhe rendeu o troféu de Melhor Atriz no Festival de Veneza, e “Atto di Dolore” (1990).

Ela filmou no Brasil duas vezes. Em 1967, rodou “Uma Rosa para Todos”, de Franco Rossi, nas favelas do Rio e, no início da década de 1980, foi para a Amazônia com “Fitzcarraldo” (1982), do alemão Werner Herzog.

Sua filmografia também inclui “Conversação Particular” (1974), último trabalho com Visconti e Burt Lancaster; “Fuga para Athens” (1979), onde voltou a se juntar a David Niven, “Henrique IV” (1984), de Marco Bellocchio, novamente com Mastroianni, e “O Filho da Pantera Cor-de-Rosa” (1993), retornando à franquia de Blake Edwards como outra personagem.

Aos poucos, porém, foi deixando o cinema de lado para se aventurar no teatro, atuando em peças de Luigi Pirandello, Tennessee Williams e Neil Simon. Gravou ainda canções de disco music como “Love Affair” e “Sun… I Love You”, que tiveram repercussão na Europa e no Japão.

Últimos filmes

Nos últimos anos, voltou a ser requisitada por diretores de toda a Europa. Atuou em “Amantes & Infiéis” (2002) do francês Claude Lelouch, “O Gebo e a Sombra” (2012) do português Manoel de Oliveira, “Effie Gray – Uma Paixão Reprimida” (2014) do britânico Richard Laxton, “Todos os Caminhos Levam à Roma” (2015) da sueca
Ella Lemhagen, e “Bronx” (2020), thriller do francês Olivier Marchal para a Netflix.

Seu derradeiro papel foi em “The Island of Forgiveness” (2022), do diretor tunisiano Ridha Behi. A trama acompanha um escritor ítalo-tunisiano em busca de reconciliação com o passado, ao realizar os últimos desejos de sua mãe “italiana”: espalhar as cinzas dela na cidade onde nasceu. O papel completou um ciclo completo, com Cardinale encerrando a carreira num filme do país onde nasceu.

Reconhecimentos finais e legado

Ativista engajada na luta pelos direitos das mulheres, foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade da UNESCO em 2000, em reconhecimento ao seu compromisso com a causa feminina.

Seus últimos anos foram passados na França, que lhe premiou com a Legião de Honra pelas realizações artísticas em 2008 e a homenageou no cartaz do Festival de Cannes de 2017.

Claudia Cardinale deixa dois filhos, Patrick e Claudia, e uma filmografia que atravessa a história do cinema.

Sem posts relacionados

Pipoca Moderna

Acompanhe Pipoca Moderna (pipocamoderna.com.br) para mais notícias de entretenimento.

@Pipoca Moderna 2025
Privacidade | Cookies | Facebook | X | Bluesky | Flipboard | Anuncie