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Trump comemora cancelamento do “The Late Show” e sindicato pede investigação por pressão política
O presidente dos EUA ironizou saída de Stephen Colbert da CBS, fortalecendo questionamento sobre a decisão da emissora
Trump ironiza fim do “The Late Show” e provoca rivais na TV
Donald Trump reagiu ao anúncio do cancelamento do “The Late Show With Stephen Colbert”, previsto para maio de 2026, com mensagens de escárnio e provocações direcionadas a outros apresentadores. “Eu absolutamente adoro que Colbert foi demitido. Seu talento era ainda menor que sua audiência. Ouvi dizer que Jimmy Kimmel será o próximo. Tem ainda menos talento que Colbert! Greg Gutfeld é melhor que todos juntos, incluindo o imbecil da NBC que arruinou o outrora grandioso Tonight Show”, publicou Trump em sua conta no Truth Social.
Na noite anterior, Jimmy Kimmel respondeu ao anúncio da CBS em tom de deboche nas redes sociais: “Amo você, Stephen. F*da-se você e todos os seus Sheldons, CBS”.
O cancelamento de “The Late Show” surpreendeu o mercado americano. A CBS anunciou que a última temporada será exibida até maio de 2026, encerrando a trajetória do talk show de maior audiência dos EUA.
Sindicato de roteiristas pede investigação contra CBS
Diante da postagem de Trump, o Sindicato dos Roteiristas (WGA) solicitou que a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, abra uma investigação sobre “possível má conduta” da Paramount Global, controladora da CBS, após a decisão de encerrar o talk show. A entidade questiona se a decisão pode ter relação com pressões políticas, especialmente após recentes disputas judiciais entre Trump e a emissora.
Segundo a WGA, “cancelamentos fazem parte do negócio, mas o fim de um programa em má-fé por pressão política explícita ou implícita é perigosa e inaceitável em uma sociedade democrática”. O sindicato ressalta ainda a coincidência do fim do programa com o avanço da fusão entre a Paramount Global e a Skydance Entertainment, negócio de US$ 8 bilhões ainda sob análise da Comissão Federal de Comunicações (FCC), órgão regulador do governo, que estaria retardando a aprovação do negócio.
A própria WGA cita como precedente a investigação do Senado da Califórnia sobre um acordo da Paramount com Trump envolvendo a edição de uma entrevista com Kamala Harris para o programa “60 Minutes”, que resultou em um pagamento de US$ 16 milhões, apesar do setor considerar o processo do presidente sem base legal. O sindicato pede que autoridades “cobrem explicações” e responsabilizem eventuais envolvidos em quaisquer irregularidades, subentendo suposto pagamento de propina.
Executivos negam influência política e justificam decisão financeira
Em nota oficial, George Cheeks (co-CEO da Paramount Global), Amy Reinsenbach (vice-presidente de entretenimento da CBS) e David Stape (presidente da CBS Studios) afirmaram que o cancelamento de “The Late Show” foi “uma decisão financeira diante de um cenário desafiador para o formato na TV americana”, negando qualquer ligação com questões de conteúdo, desempenho, pressão política ou “outras questões acontecendo na Paramount”.
As próprias “questões acontecendo na Paramount” foram alvo de críticas de Stephen Colbert, que, nesta semana, classificou o acordo milionário da empresa com Trump no caso do “60 Minutes” como “um grande suborno” para que a fusão com a Skydance fosse logo aprovada.
Especulações sobre o real motivo do cancelamento
O encerramento do programa, conhecido por sua postura crítica ao governo Trump, levantou dúvidas sobre a real motivação da emissora.
Em um texto editorial publicado no The Hollywood Reporter, o jornalista Daniel Feinberg criticou o momento conturbado na CBS: “Motivos oficiais e aparência pública são coisas diferentes, e se o pessoal da CBS não soubesse qual era a aparência dessa situação, não teria divulgado um comunicado dizendo que o que achamos que vemos com nossos olhos e inferimos com o nosso bom senso definitivamente não é a verdade. A aparência aqui pode não ter ligação com os fatos, mas, cara, a aparência aqui é péssima — e é péssima em vários níveis, todos mencionados no comunicado como coisas que não deveríamos estar pensando, mas que é impossível não pensar.”
