
Divulgação/Paramount+
O que chega no streaming: Confira 40 estreias desta semana
Seleção reúne os principais lançamentos de Netflix, Prime Video, Disney+, Max, Apple TV+, Paramount+, Globoplay, Crunchyroll, Mubi e VoD até 11 de julho
A temporada de verão do Japão continua a congestionar o streaming, elevando o número de destaques da semana a nada menos que 40 títulos – metade deles animes. Não por acaso, a época do ano é a mais esperada pelos otaku, trazendo as principais estreias do gênero. A lista inclui o retorno de algumas séries favoritas, como “The Rising of the Shield Hero”, “A Couple of Cuckoos” e “Doctor Stone: Science Future”, além de novidades muito esperadas, entre elas “Tougen Anki”, “Leviatã” e “Gachiakuta”. Para completar, a programação apresenta a estreia de “Dexter: Ressurreição”, novas temporadas de “Fundação” e “Rensga Hits!”, e muitos filmes. Confira a seleção do que já pode ser visto, o que chega ainda hoje e o que será disponibilizado até o próximo sábado (12/7) nas principais plataformas digitais.
AGORA
🎞️ GUERREIRAS DO K-POP | Netflix
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Fenômeno de audiência e sucesso musical, “Guerreiras do K-Pop” combina o brilho do K-pop com fantasia heroica. A trama segue Rumi, Mira e Zoey, trio de estrelas do pop sul-coreano que formam o grupo de sucesso HUNTR/X. Fora dos palcos lotados, porém, elas levam uma vida dupla como caçadoras de demônios, herdando um legado ancestral de mulheres com poderes musicais para proteger a humanidade. Quando um novo boy group rival – formado secretamente por demônios – surge para ameaçá-las, as três precisarão equilibrar fama e dever heroico em meio a uma Seul vibrante e ultratecnológica.
Dirigido pela dupla Maggie Kang (que trabalhou na animação de “Minions 2”) e Chris Appelhans (diretor de “Din e o Dragão Genial”), o filme conta com vozes de Arden Cho (“Teen Wolf”), May Hong (“Crônicas de San Francisco”) e Ji-young Yoo (“Expatriadas”), além do ator e cantor Ahn Hyo-seop (“Pretendente Surpresa”) como o enigmático líder do grupo demoníaco. Nos bastidores, a produção impressiona: a direção de arte mescla influências de anime e webtoons, criando um visual colorido e expressivo – com figurinos detalhados e criaturas inspiradas em folclore coreano. As sequências musicais são outro destaque, embaladas por canções produzidas por veteranos do K-pop (colaboradores de BLACKPINK e BTS). Não por acaso, as músicas originais já figuram entre as mais tocadas do streaming musical, com refrães “grudentos” tanto na versão legendada quanto dublada.
“Guerreiras do K-Pop” dialoga com tendências atuais ao celebrar a cultura pop sul-coreana e incluir referências explícitas a grupos reais como TWICE, EXO e BTS. A narrativa também lembra histórias de “magical girls” de anime e super-heroínas, mas inova ao integrar o glamour do entretenimento pop – há críticas sutis à fama e à pressão artística – com ação sobrenatural. Visualmente, o filme é comparado a animações ousadas como “Homem-Aranha no Aranhaverso”, inclusive pela paleta vibrante e pelo experimentalismo estilístico.
O resultado foi estrondoso: atingiu 96% de aprovação no Rotten Tomatoes e rapidamente virou o filme mais assistido da Netflix, originando rumores de sequência.
🎞️ BATMAN NINJA CONTRA LIGA YAKUZA | Max
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O anime produzido em parceria com o estúdio Kamikaze Douga reflete a aposta da Warner Bros. em narrativas originais para seus heróis, unindo o melhor da cultura pop oriental e ocidental. A produção segue o estilo do Kamikaze Douga, estúdio conhecido por animação gerada por computador (CG) e por mesclar essa técnica com animação tradicional 2D – entre seus trabalhos mais famosos estão “Star Wars: Visions” e a abertura de “JoJo’s Bizarre Adventure”.
Os bastidores marcam um reencontro da equipe de “Batman Ninja” (2018), incluindo o diretor Junpei Mizusaki. Toda a identidade visual dos personagens ficou novamente a cargo do designer Takashi Okazaki, criador do icônico “Afro Samurai”, o que garante designs marcantes e autênticos que combinam a mitologia do Batman com a tradição samurai, enquanto a trilha sonora foi composta por Yūgo Kanno, renomado por composições em séries como “Psycho-Pass”, assegurando que a música acompanhe as cenas de combate com a devida grandiosidade e emoção.
A produção mantém o visual extravagante que marcou o longa anterior, com batalhas estilizadas, ambientações inspiradas em gravuras tradicionais japonesas e movimentos coreografados em 3D. Na trama, Bruce Wayne retorna momentaneamente à Gotham City dos dias atuais, acreditando ter deixado para trás as bizarras aventuras no Japão feudal do primeiro filme. Contudo, a cidade sofre as consequências de uma nova distorção temporal quando uma ilha flutuante, formada pelos restos do Japão destruído, aparece sobrevoando a cidade. A partir dela, uma onda de ataques yakuza atinge o solo americano. Para enfrentar o caos, Batman parte em uma nova missão ao lado de Robin, descobrindo que vários membros da Liga da Justiça foram corrompidos e agora atuam como vilões, formando a chamada “Liga Yakuza”.
🎞️ DORA E A BUSCA PELO SOL DOURADO | Paramount+
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Celebrando 25 anos da franquia “Dora, a Aventureira”, o filme traz de volta a icônica exploradora latina em uma nova aventura live-action voltada a toda família. Produzido pela Nickelodeon Films em parceria com a Paramount, o filme posiciona Dora como uma adolescente de 16 anos – interpretada por Samantha Lorraine (revelada na comédia “Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá”) – embarcando em sua missão mais desafiadora. Sob a direção do mexicano Alberto Belli (“Travessuras de Natal”), a produção incorpora elementos clássicos do desenho animado (como o macaco Botas falante) a uma trama inédita que se passa na floresta amazônica, mesclando fantasia e ação juvenil em cenários tropicais autênticos.
Na história, Dora descobre um antigo bracelete mágico que pertenceu aos incas. Determinada a evitar que tal poder caia em mãos erradas, a jovem aventureira parte numa jornada pela Amazônia, acompanhada de seu primo fiel Diego (papel de Jacob Rodriguez) e novos amigos. Juntos, eles enfrentam armadilhas de ruínas ancestrais, enigmas deixados por civilizações perdidas e a perseguição de um grupo de mercenários liderados pela arqueóloga ambiciosa Camila, “a Desbravadora” (vivida por Daniella Pineda, de “Jurassic World: Domínio”). Pelo caminho, Dora conta com a ajuda crucial de Botas – novamente ao seu lado, agora dublado pelo comediante Gabriel “Fluffy” Iglesias –, cujo humor alivia os momentos de tensão. O filme aposta num tom aventureiro e lúdico reminiscente de clássicos como “Indiana Jones” adaptados ao público infantojuvenil, com direito a tirolesas sobre abismos e perseguições, embora se sustente também como símbolo de representatividade latina e bravura feminina.
🎞️ DIAMANTE BRUTO | Mubi
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O representante do novo cinema de autor francês chega ao streaming após chamar atenção no Festival de Cannes 2024. Escrito e dirigido por Agathe Riedinger em sua estreia em longas-metragens, o filme é um drama de amadurecimento que retrata com crueza e empatia a vida de Liane, uma jovem de 19 anos determinada a escapar de sua realidade dura através do mundo reluzente das redes sociais. Malou Khebizi, em atuação visceral, vive a protagonista – uma aspirante a influenciadora digital que mora com a mãe instável e a irmã caçula na periferia ensolarada de Fréjus, sul da França. Entre bicos e sonhos de fama online, Liane tenta lapidar a si mesma como um “diamante bruto” em meio ao concreto da vida real. A narrativa mergulha no seu cotidiano sem filtros, com roupas chamativas e poses para a câmera, enquanto frequenta festas e comete pequenos furtos para financiar intervenções estéticas (próteses de silicone, preenchimentos labiais) que acredita serem seu passe de entrada para um reality e a fama.
A diretora Agathe Riedinger expande a trama de um curta de 2017 para construir um retrato da atual geração focada em aparências, usando câmera na mão e planos fechados que enfatizam tanto a rebeldia quanto a vulnerabilidade de Liane. A influência da estética TikTok é visível na montagem ágil e em sequências em que a personagem ensaia coreografias ou confessa seus anseios direto para o celular, buscando validação virtual enquanto a realidade ao redor se complica. Ao lado de Liane está Dino (Idir Azougli), amigo e cúmplice nos pequenos crimes, cuja química oscilante com a protagonista acrescenta tensão sexual e emocional à trama.
“Diamante Bruto” transita entre o hiper-realismo social e uma sensibilidade contemporânea ao explorar a influência das redes na autoimagem da juventude. A fotografia de Noé Bach (“Loucos por Cinema!”) alterna o brilho artificial das telas de smartphone com a luz natural implacável do Mediterrâneo, quase sem sombras, expondo cada detalhe das paisagens e dos rostos sem retoques. Isso reforça o contraste entre o mundo idealizado dos filtros digitais e a verdade nua da vida real.
🎞️ ANIMALE | Vod*
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O thriller feminista segue a jovem Nejma (Oulaya Amamra) de 22 anos, que treina intensamente para vencer a tradicional corrida de touros (course camarguaise) da região da Camargue, no sul da França, uma competição que envolve desafiar touros na arena. Seu objetivo é tornar-se a primeira mulher a vencer essa competição, subvertendo as normas de um ambiente predominantemente masculino. Tudo muda quando ela é atacada por um touro após uma festa. Esse incidente marca o início de alterações perturbadoras em seu corpo e mente, levando-a a questionar sua própria natureza e os limites entre o humano e o animal. Quando homens jovens começam a ser encontrados mortos, a comunidade local é tomada pelo medo diante da possibilidade de um touro selvagem estar à solta.
O filme utiliza o cenário das touradas para explorar temas como poder, identidade de gênero e transformação. À medida que Nejma enfrenta os desafios físicos e sociais impostos por sua profissão, ela também lida com as consequências do ataque e as mudanças que ocorrem dentro de si, mergulhando em uma narrativa que mistura realismo social com elementos de horror corporal.
A diretora estreante Emma Benestan constrói uma narrativa visual rica e visceral, especialmente em cenas não-verbais. Para isso, aposta em planos amplos dos campos da Camargue e sequências intensas nas arenas, sublinhando contrastes entre o apelo estético do ritual das touradas e o medo que ronda as personagens. Exibido como filme de encerramento da Semana da Crítica de Cannes 2024, “Animale” foi bem recebido pela crítica, atingindo 92% de aprovação no Rotten Tomatoes.
🎞️ LOVE ME | Vod*
Primeiro longa dirigido e roteirizado pelos irmãos Sam e Andy Zuchero, a sci-fi indie apresenta Kristen Stewart (“Spencer”) como uma boia com chip eletrônico e Steven Yeun (“Não! Não Olhe!”) como um satélite, que se encontram muito tempo após a extinção da humanidade. Com a internet como única guia, os dois personagens exploram sua conexão inesperada, o significado de estar vivo, suas identidades e o que é amar em um cenário inusitado.
A premissa original foi reconhecida no Festival de Sundance de 2024 com o Prêmio Alfred P. Sloan, concedido a produções que destacam temas de ciência ou tecnologia, mas o consenso crítico é que sua narrativa ambiciosa é maior que a capacidade dos cineastas iniciantes.
DOMINGO
📺 GACHIAKUTA | Crunchyroll
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Um dos animes mais aguardados do ano, “Gachiakuta” faz uma combinação de ação punk e crítica social em meio a montanhas de lixo. A adaptação do mangá de Kei Urana (vencedor do prêmio Next Manga Awards) se passa em um mundo dividido verticalmente: nas cidades flutuantes do céu vivem os cidadãos “honestos”, enquanto abaixo, no abismo, jaz o “Buraco”, uma terra repleta de detritos onde são jogados criminosos e todo o lixo da sociedade superior. O protagonista é Rudo, um jovem órfão dos subúrbios aéreos, conhecido por fuçar nos descartes – um “catador de lixo” talentoso. Acusado injustamente de um crime hediondo, Rudo é condenado e lançado do céu rumo ao Buraco. Lá, em meio às pilhas de sucata, ele sobrevive miraculosamente à queda apenas para descobrir que o “inferno de lixo” esconde monstruosidades: criaturas formadas pela poluição, conhecidas como “Feras Maculadas”, vagam devorando qualquer um. Acuado, Rudo descobre um poder latente – ele pode canalizar energia nos objetos descartados, transformando sucata em armas mortais. Resgatado por um grupo de guerreiros renegados chamados Zeladores, que se dedicam a limpar o Buraco dessas feras, Rudo embarca numa missão de vingança: ele quer escalar de volta até a cidade celeste e punir quem o condenou injustamente.
Produzido pelo estúdio Bones, “Gachiakuta” impressiona pela estética vibrante e rebelde. A direção de arte, abraça o grafite urbano: diversas cenas apresentam visuais que remetem à arte de rua – não por acaso, o mangá teve um designer de grafite colaborando na criação. As sequências de luta são enérgicas e com animação fluida: Rudo utiliza tampas de bueiro como escudos e canos enferrujados como lança, em coreografias inovadoras contra monstros gigantes de lixo. A trilha sonora mescla hip-hop e rock industrial, reforçando o clima de subcultura. A narrativa traz forte crítica social: o abismo do Buraco simboliza a marginalização dos indesejados, e a figura dos Zeladores – incluindo o destemido Enjin, que usa um guarda-chuva turbinado como arma – representa a rebelião dos oprimidos.
Com um anti-herói de visual sujo, longe dos heróis bonitos convencionais, a obra promete ser uma das experiências mais radicais da animação este ano, com uma mensagem de luta de classes em meio a pancadaria estilosa.
📺 HANAKO-KUN E OS MISTÉRIOS DO COLÉGIO KAMOME | Crunchyroll
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A aguardada 2ª temporada retoma as aventuras sobrenaturais de Nene Yashiro e Hanako-kun na Kamome Academy, aprofundando a história do garoto misterioso que habita o banheiro da escola. Inspirada no mangá de AidaIro, a série acompanha Nene Yashiro, uma estudante do colégio Kamome que, após ouvir a lenda urbana do espírito que habita o terceiro box do banheiro feminino do prédio antigo da escola, decide invocá-lo na esperança de realizar um desejo amoroso. Para sua surpresa, o famoso espírito é, na verdade, um garoto fantasmagórico conhecido como Hanako-kun.
A partir desse encontro, Nene acaba se envolvendo no universo dos Sete Mistérios da escola, fenômenos sobrenaturais que desafiam as regras do mundo espiritual e do colégio. Hanako-kun, um dos Sete Mistérios, se torna seu protetor e parceiro em investigações, enquanto segredos sobre seu passado e os motivos de sua permanência na escola vão sendo revelados. Cada episódio traz novos enigmas e criaturas místicas, com a dupla enfrentando monstros, maldições e espíritos que ameaçam os alunos. A série combina terror leve, humor e elementos de romance, utilizando a atmosfera escolar para explorar amizade, culpa, redenção e aceitação.
📺 APOCALYPSE BRINGER MYNOGHRA | Crunchyroll
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A série adapta o universo sombrio da light novel escrita por Fefu Kazuno e ilustrada por Jun, a respeito do jovem Takuto Ira, que após morrer renasce em Eternal Nations — seu RPG online favorito. Reencarnado como governante do reino de Mynoghra, Takuto encontra ao seu lado Atou, demônio e serva fiel, com quem cria laços fortes e inicia um pequeno assentamento no meio da floresta.
Logo o reino se torna refúgio para diversas raças, perseguidas por nações humanas racistas, e o protagonista — que é visto pelas pessoas de forma distorcida, como um ser de “fumaça escura” — precisa defender seu povo do ódio crescente. A adaptação, produzida pelo estúdio Maho Film e dirigida por Yūji Yanase (“Vou me Tornar uma Vilã que Entrará para a História”), mistura fantasia sombria, política e isekai com discurso de defesa da diversidade em um mundo hostil. Paleta estética densa, cores arrojadas e trilha orquestral se juntam para criar uma atmosfera de apocalipse iminente.
📺 HOTEL INHUMANS | Crunchyroll
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Enquanto o universo de John Wick explora hotéis para assassinos em live-action, o mangá “Hotel Inhumans”, de Ao Tajima, traz conceito similar nos quadrinhos e agora também no anime. A história se passa no enigmático Hotel Inhumans, um estabelecimento de luxo clandestino especializado em hospedar assassinos profissionais em missão. A propriedade é administrada pela dupla Ikuro Hoshi e Sara Haizaki, dois ex-matadores lendários que penduraram as armas para se dedicarem a esse negócio incomum. Eles impõem apenas uma regra de ouro: dentro do hotel, não se pode matar – terreno neutro total.
Cada episódio da série funciona quase como um caso autônomo, apresentando um novo hóspede letal com demandas específicas. Por exemplo, no episódio inaugural, um assassino veterano chega exigindo proteção total enquanto se recupera de ferimentos, pois teme que seus inimigos o sigam até ali. Cabe a Ikuro e Sara garantirem seu repouso – nem que para isso precisem eles mesmos entrar em confronto com outros matadores nas sombras do corredor.
Produzido pelo estúdio Bridge e dirigido pelo experiente Tetsurō Amino (“Macross 7”), o anime investe em suspense e estilo noir, enquanto explora a relação de Ikuro e Sara. Ambos têm passados sombrios que são revelados aos poucos, inclusive seu verdadeiro laço pessoal. A trilha sonora suave de jazz completa a produção com um tom clássico, contrastando de forma interessante com as cenas de ação cheias de tiros e lâminas reluzentes.
📺 NYAIGHT OF THE LIVING CAT | Crunchyroll
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De todas as calamidades imagináveis, “Nyaight of the Living Cat” apresenta uma das mais inusitadas: um apocalipse de gatos. Baseado no mangá cômico de Hawkman e Mecha-Roots, o anime estreia sob a direção executiva de ninguém menos que o lendário cineasta Takashi Miike (“13 Assassinos”), famoso por filmes ultraviolentos. No desenho, ele subverte o gênero zumbi com uma dose generosa de humor e fofura. A premissa: um misterioso vírus se espalha pelo mundo transformando qualquer humano que toque num gato em… outro gato. Em pouco tempo, cidades inteiras são tomadas por felinos de todas as raças e tamanhos, enquanto a população humana remanescente se esconde para não sucumbir ao contágio.
O protagonista é Kunugi, um jovem com amnésia que ama gatos e precisa relutar com a tentação de acariciá-los, enquanto atravessa Tóquio devastada em busca de suprimentos. Ao seu lado, também viaja Kaoru, que tinha um café dedicado a gatos. Ambos precisam aprender a odiar gatos para sobreviver.
A animação do estúdio GoHands utiliza ângulos dinâmicos e efeitos de câmera subjetiva nos momentos de horror, quase parodiando filmes do gênero. Contudo, a violência é praticamente zero – em vez de sangue, quando um humano é “atacado” por gatos, ele some sob uma montanha de felinos e no lugar sai mais um gatinho cambaleante. O terror reside na ideia absurda e nas referências satíricas a clichês de zumbis. Para fãs de humor nonsense e amantes de gatos (ou especialmente para quem odeia felinos), este anime é imperdível.
📺 UGLYMUG, EPICFIGHTER | Crunchyroll
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Em meio a tantos isekais protagonizados por heróis bonitos e virtuosos, “Uglymug, Epicfighter” traz uma proposta bem fora do padrão, com um “escolhido” de outro mundo extremamente feio e de habilidades bizarras. A série adapta o mangá homônimo (conhecido no Japão como “Busamen Gachi Fighter”), começando com a vida de Shigeru Yoshioka, um homem feio que cai em desgraça e tenta um ritual achado na internet para se transportar a um mundo de fantasia onde poderia recomeçar – e dá certo! O detalhe é que ele aceita se tornar ainda mais feio para ganhar mais poderes nesse novo mundo, baseando sua lógica em regras de videogame.
Ele surge em um reino típico de RPG e descobre que recebeu um poder absurdo relacionado a sua feiura. Mas Shigeru não chega sozinho a este novo mundo: ele é acompanhando por outros três aventureiros que toparam o desafio, só que todos – um galã e duas garotas – são bonitos. Para piorar, sua decisão de abrir mão de prazeres para se tornar superpoderoso resulta em dor toda vez que ele é tocado por uma garota bonita.
O anime produzido pelo estúdio White Fox (“Re:Zero”) abraça totalmente o tom cômico e fanfarrão do material original. Ainda assim, a ação não decepciona – a animação é competente nos momentos de combate corpo-a-corpo, mostrando a força descomunal de Shigeru, que vence qualquer luta de forma muito desproporcional. O contraste entre ele e os típicos heróis bishōnen é escancarado e rende situações satíricas. O protagonista sabe que é poderoso e não se importa de ser feio, contanto que possa curtir o novo mundo.
📺 CITY THE ANIMATION | Prime Video
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A primeira série original do estúdio Kyoto Animation em seis anos adapta o mangá cômico de Keiichi Arawi, com quem já tinha trabalhado em “Nichijou” (2011). A trama, passada em uma cidade interiorana vibrante e excêntrica, aposta no humor surreal e cotidiano enquanto acompanha um trio de jovens universitárias navegando pelas pequenas grandes aventuras do dia a dia. O diretor Taichi Ishidate (“Violet Evergreen”) investe numa animação detalhista e timing cômico refinado, elementos característicos do estúdio, realçando gags visuais e expressões exageradas para dar vida à energia caótica da cidade.
No centro da história estão Midori, Wako e Ayumu – três amigas cujas personalidades distintas alimentam situações hilárias. Midori Nagumo, aspirante a artista constantemente falida, vive inventando planos mirabolantes para pagar o aluguel atrasado, arrastando consigo a avoada Wako e a ingênua caloura Ayumu. As motivações banais, como achar moedas perdidas ou driblar um senhorio impaciente, transformam-se em pequenos épicos urbanos. Apesar do tom leve, a série explora a camaradagem feminina e a busca de jovens adultos por identidade e independência, temas universais embalados em piadas absurdas.
SEGUNDA
📺 DEKIN NO MOGURA: THE EARTHBOUND MOLE | Crunchyroll
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O novo anime sobrenatural de Natsumi Eguchi, criador de “Hoozuki no Reitetsu” (conhecido no Brasil como “Hozuki: O Espetacular”), bagunça a típica jornada do herói. O protagonista é Momoyuki “Mogura”, um autoproclamado ermitão esquisitão que, logo no início da série, comete um erro tão grave que é banido da vida após a morte. Ou seja, quando ele morre, é rejeitado tanto pelo céu quanto pelo inferno, condenado a vagar eternamente no mundo dos vivos. Preso nessa condição insólita – um morto-vivo imortal, porém não exatamente um zumbi –, Mogura decide ganhar tempo caçando fogo-fátuos e “luzes” perdidas de espíritos com sua lanterna encantada. Com isso, espera um dia juntar créditos suficientes para barganhar sua entrada no além. Acompanhado por um tanuki falante rabugento e outros seres do submundo, ele inicia uma espécie de “negócio paranormal”: atende pedidos de fantasmas que têm pendências na Terra e recolhe as essências espectrais resultantes.
Dirigido pelo veterano Hiroshi Ishiodori (“Dirty Pair Flash”) no estúdio Brain’s Base, o anime se destaca pelo tom cômico macabro e visual estilizado. O design de Mogura é peculiar: baixo, olhos cansados e carregando uma lanterna antiga – não exatamente o herói típico (até seu apelido “mogura” significa “toupeira feiosa”), e a animação enfatiza expressões exageradas e gags visuais, especialmente quando ele enfrenta situações absurdas.
📺 GRAND BLUE DREAMING | Crunchyroll
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Após um hiato de seis anos, a comédia universitária “Grand Blue Dreaming” finalmente ganha sua 2ª temporada, para deleite dos fãs do humor etílico e do mar. A 1ª temporada (2018) apresentou Iori Kitahara, um calouro que, ao se mudar para a casa de seus primos na costa de Izu, acaba envolvido com o excêntrico Clube de Mergulho da universidade – que se dedica bem mais a festas e bebedeiras do que ao esporte em si. Agora, os novos episódios retomam a vida de Iori com mais competições insanas entre Iori e seu melhor amigo/“rival” Kōhei, e, claro, incontáveis cenas dos veteranos musculosos Shinji e Ryuujirou realizando seu ritual favorito – ficar completamente nus após uns goles de álcool e pregar peças nos novatos.
A 2ª temporada traz de volta a mesma equipe criativa: direção de Shinji Takamatsu e animação pelo estúdio Zero-G, garantindo consistência no estilo. A marca registrada de “Grand Blue” são suas expressões faciais exageradas e abruptas mudanças de arte para enfatizar reações cômicas – algo que rende muitos memes. A beleza natural do cenário de Izu também volta a brilhar, com águas azul-turquesa e pores do sol bem animados – quando eventualmente eles caem na real e vão mergulhar de verdade, o anime mostra peixes e corais em sequências subaquáticas serenas, servindo de respiro contemplativo no meio do caos. Todos os dubladores originais retornam, mantendo a química que contribui para o timing cômico perfeito.
🎞️ OPPENHEIMER | Netflix
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O blockbuster de Christopher Nolan (“Tenet”), grande vencedor do Oscar 2024, é uma obra monumental sobre a vida de Julius Robert Oppenheimer, físico conhecido por sua participação na criação da bomba atômica durante a 2ª Guerra Mundial. Desafiando categorização, a produção é ao mesmo tempo um drama, um filme de guerra, um thriller e até mesmo um terror. E abre de forma ambivalente, em 1954 com um interrogatório destinado a desacreditar Oppenheimer, que, apesar de ser chamado de “o pai da bomba atômica”, tornou-se um oponente da arma por medo de uma reação em cadeia que poderia causar a destruição do mundo.
A história é contada a partir do ponto de vista de Oppenheimer, com flashbacks de seus estudos pré-guerra na Europa, seus encontros com grandes mentes da época, as mulheres que amou e a invenção que precipitou a humanidade na era atômica. Apesar de repleto de diálogos, o longa nunca se perde em conceitos científicos complexos. Em vez disso, Nolan apresenta essas sequências como cenas de ação cativantes, com a música de Ludwig Göransson (que também trabalhou em “Tenet” com o diretor) criando uma atmosfera pesada e envolvente.
Mesmo com um impressionante elenco de apoio, que inclui Matt Damon (“Jason Bourne”), Robert Downey Jr. (“Vingadores: Ultimato”) e Emily Blunt (“Um Lugar Silencioso”), o filme é praticamente carregado por Cillian Murphy (“Peaky Blinders”), intérprete do personagem-título e vencedor do Oscar de Melhor Ator, que facilita a transformação da narrativa épica, exaustiva e fascinante de Nolan numa reflexão sobre a origem do mundo moderno.
TERÇA
📺 A COUPLE OF CUCKOOS | Crunchyroll
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A divertida comédia romântica retorna em sua 2ª temporada dando continuidade à complicada novela de relacionamentos que cativou fãs em 2022. Adaptado do mangá de Miki Yoshikawa, o anime gira em torno de Nagi Umino e Erika Amano, dois adolescentes que descobrem ter sido trocados na maternidade ao nascer. Seus pais biológicos, em uma solução inusitada, decidem arranjar o noivado entre eles para unir as famílias “por casamento” já que não puderam criá-los – mas Nagi e Erika não se conheciam até então e possuem personalidades e amores próprios.
Na 1ª temporada, essa premissa já era complicada pelo fato de Nagi ser apaixonado por outra colega de escola, a estudiosa Hiro, e ainda ter de lidar com os sentimentos emergentes de Sachi, sua “irmã” de criação (filha biológica de seus pais adotivos). O resultado: um quadrado amoroso caótico e cheio de mal-entendidos cômicos. Agora, na nova temporada, as emoções ficam ainda mais intensas com a introdução de uma nova rival romântica e reviravoltas que prometem mexer com o status quo – incluindo a aproximação genuína entre Nagi e Erika, que passam a se entender melhor morando sob o mesmo teto.
A produção mudou. O estúdio Shin-Ei Animation foi trocado pelo Okuruto Noboru, com uma equipe totalmente nova mantendo o traço colorido e vibrante que combina com o tom leve da série. Muitos dos momentos de humor vêm de gags visuais exageradas e expressões faciais caricatas dos personagens quando encaram situações embaraçosas. Embora siga os clichês de harém romântico, “A Couple of Cuckoos” se diferencia por subvertê-los, dando bastante voz ativa às personagens femininas em vez de torná-las apenas estereótipos.
📺 TURKEY! TIME TO STRIKE | Crunchyroll
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A série do estúdio Bakken Record traz um sopro de originalidade nos animes de esportes ao enfocar um cenário pouco explorado: o boliche escolar. Trata-se de um projeto original da parceria entre o estúdio Bakken Record e a Pony Canyon, ambientado na pitoresca cidade de Chikuma (província de Nagano), buscando dar ao boliche o mesmo tratamento entusiasmado que o anime já deu ao vôlei, basquete e afins. A série segue a história de Mai Otonashi, uma estudante do segundo ano do ensino médio com um talento natural para o boliche, mas que enfrenta desafios em competições devido à ansiedade. Ela lidera o clube de boliche feminino da Escola Ikkokukan, que busca superar suas dificuldades e conquistar vitórias.
A trama se concentra no desenvolvimento das relações entre Mai e suas companheiras de equipe, que ficam felizes com qualquer resultado. A exceção é Sayuri Ichinose, que deixa claro que nunca ficará feliz com uma derrota, indicando seu desejo de romper com o grupo. Mai então resolve se dedicar para convencer Sayuri a continuar fazendo parte do time.
A direção é de Susumu Kudo (“Joran: The Princess of Snow and Blood”) e um detalhe curioso sobre a música-tema de abertura, “Hyakunichisou”, é que ela é interpretada pelas dubladoras originais do time, sob o nome Ikkokukan High School Bowling Club, Nagano Prefecture.
QUARTA
📺 JOGO CRUZADO | Disney+
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Mesclando futebol e humor de bastidores, a série brasileira leva aos gramados – e aos estúdios de TV – uma história de rivalidade e reinvenção profissional. A produção dirigida por Pedro Amorim (“Mato Sem Cachorro”) tem como protagonistas José Loreto (“Pantanal”) e Carol Castro (“Garota do Momento”), que interpretam, respectivamente, um astro do futebol baladeiro e uma jornalista esportiva que se torna sua crítica ferrenha. A narrativa transita entre o drama esportivo e a comédia de costumes, oferecendo um olhar inédito sobre o choque entre o mundo dos jogadores e o universo da imprensa esportiva.
Na trama, Matheus Reis (Loreto) é um ídolo do futebol que vira alvo de Elisa Fernandes (Carol Castro), uma comentarista experiente conhecida por sua língua afiada – especialmente ao comentar as polêmicas de Matheus fora dos campos. Com o fim da trajetória de Matheus nos campos, o destino os coloca lado a lado quando ambos são contratados para dividir a bancada do programa esportivo fictício “Jogo Cruzado”, do canal Antena Esportes. O que se segue é um embate direto: enquanto Matheus tenta provar que pode ser mais que “um ex-jogador bonitão” na televisão, Elisa precisa lidar com a presença do antigo desafeto agora como colega de estúdio. Os diálogos ácidos e cheios de ironia entre os dois logo se tornam a maior atração do programa, tornando-se responsável pela audiência, estimulados pela produtora entusiasmada vivida por Luciana Paes (“Férias Trocadas”).
Ao longo dos episódios, “Jogo Cruzado” explora os bastidores da mídia esportiva e a pressão por audiência, enquanto Matheus se desdobra para se manter relevante e Elisa lida com as dificuldades de ser uma mulher num ambiente dominado por homens. A série ainda conta com participações especiais de comentaristas e ex-jogadores reais (como Casagrande), em aparições como eles mesmos. Como parte do investimento do Disney+ em conteúdo local, a série destaca a cultura nacional do futebol e deve dialogar bem com o público brasileiro familiarizado tanto com as mesas-redondas televisivas quanto com as novelas estreladas por seus astros.
🎞️ COM UNHAS E DENTES | Netflix
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O primeiro filme tailandês de zumbis da Netflix leva o apocalipse para um cenário inusitado: um hospital em colapso. Dirigido por Kulp Kaljareuk – executivo veterano da indústria de entretenimento de Bangcoc –, o longa combina horror e artes marciais numa trama frenética. Em um mundo assolado pela fome extrema, o ex-lutador de Muay Thai Singh (vivido pelo astro de ação Mark Prin Suparat) vê-se preso em um hospital quando um surto viral transforma pacientes e médicos em mortos-vivos sedentos. Determinado a proteger sua namorada internada e escapar daquele inferno, Singh utilizará todas as técnicas do Muay Thai – cotovelos, joelhadas e golpes acrobáticos – para sobreviver aos mortos e abrir caminho entre corredores infestados. O elenco conta ainda com Nuttanicha Dungwattanawanich (“Ghost Lab”) como a namorada de Singh e o veterano Johnny Anfone no papel de um médico misterioso.
A produção marca um feito histórico como o primeiro terror zumbi da Tailândia a receber lançamento mundial simultâneo e apresenta um diferencial: nada de CGI exagerado. Em vez disso, há efeitos práticos caprichados, com maquiagem elaborada para os zumbis – uma escolha deliberada para dar peso físico às criaturas. “Com Unhas e Dentes” insere-se na tendência de reinvenção do gênero zumbi, adicionando um tempero local: as coreografias de luta típicas do cinema tailandês. A originalidade de golpes de Muay Thai contra zumbis rende tanto momentos de tensão visceral quanto alívio cômico em meio ao terror.
🎞️ O PARAÍSO DOS ESPINHOS | Netflix
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Vencedor de prêmios em festivais LGBTQ+ antes de chegar ao streaming, “O Paraíso dos Espinhos” é um drama tailandês que aborda com sensibilidade e contundência as injustiças enfrentadas por casais do mesmo sexo. A história, ambientada no interior rural da Tailândia, acompanha Thongkam (interpretado pelo cantor Jeff Satur) e Sek (Pongsakorn Mettarikanon), um casal gay que construiu ao longo de anos uma vida tranquila e próspera juntos numa fazenda de frutas durião. Seus sonhos, contudo, são despedaçados quando Sek morre tragicamente em um acidente. Por nunca terem podido se casar legalmente – dado que a legislação local ainda não reconhece uniões homoafetivas –, Thongkam descobre que não tem direito legal algum sobre os bens que ergueram lado a lado. A propriedade e a casa ficam por lei para a família de Sek, e logo a mãe dele muda-se para o local acompanhada da filha adotiva.
Determinado a não perder o que simboliza o amor de sua vida, Thongkam entra em uma silenciosa luta de nervos contra os novos residentes, enfrentando preconceito, jogos de poder e manobras judiciais cruéis. O clima vira suspense noir quando a filha adotiva percebe que também pode ficar sem nada, entrando numa guerra de duas frentes, contra Thongkam e a própria mãe em busca de uma assinatura que lhe transfira os bens.
Dirigido por Naruebet Kuno (conhecido pelo aclamado drama “I Told Sunset About You”), o filme se vale de belíssimas locações – os pomares verdejantes no norte do país – como contraponto visual à tensão crescente dentro da casa de fazenda. A cinematografia explora essa dualidade: cenas ensolaradas de flashback do casal colhendo frutas contrastam com a frieza da paleta azulada que domina após a morte de Sek. O ritmo da narrativa é deliberado, quase como um faroeste emocional: olhares afiados, conversas passivo-agressivas à mesa de jantar e confrontos legais enchem a tela de suspense silencioso. Conforme Thongkam luta com “unhas e dentes” pelo que é seu de direito, o roteiro – escrito pelo próprio Naruebet com base em fatos reais compilados de casos jurídicos – lança luz sobre as falhas do sistema legal.
“O Paraíso dos Espinhos” chega à Netflix num momento crucial: enquanto a Tailândia avança a passos lentos rumo à igualdade matrimonial (uma lei de uniões civis foi aprovada preliminarmente em 2025, mas aguarda implementação). Com isso, o filme se torna não apenas entretenimento de qualidade – exaltado pela crítica internacional – como também uma peça de discussão social.
📺 THE RISING OF THE SHIELD HERO | Crunchyroll
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A saga do Herói do Escudo, um dos isekais mais populares dos últimos anos, adentra seu quarto arco animado com a promessa de elevar ainda mais os desafios enfrentados por Naofumi Iwatani. O protagonista é um estudante comum que, junto com outros três jovens, é invocado para um mundo paralelo com a missão de se tornar um dos Heróis Lendários e enfrentar Ondas de Calamidade carregadas de monstros. Cada um dos jovens recebe um item que representa seu poder: Escudo, Lança, Espada e Arco. Enquanto os outros heróis recebem armas ofensivas poderosas, Naofumi é relegado a carregar apenas um escudo, o que faz com que seja visto como o mais fraco dos quatro.
A situação de Naofumi piora quando ele é traiçoeiramente acusado de um crime que não cometeu, sendo ostracizado e rejeitado pelos habitantes do reino. Sem apoio, ele começa sua jornada em busca de vingança, enfrentando desafios tanto contra a Onda de Calamidade quanto contra as forças políticas que conspiram contra ele. Mas logo começa a se destacar por atos de bravura e junta uma equipe formidável, a começar por Raphtalia, uma jovem demi-humana escravizada que ele compra e liberta, e Filo, uma filolial que cresce para se tornar uma poderosa aliada capaz de assumir forma humana. Naofumi decide, então, usar o poder do escudo para proteger a si mesmo e aos outros, ao invés de simplesmente atacar, e com isso começa a descobrir os segredos daquele lugar.
O anime explora temas de traição, justiça e a evolução dos laços de amizade e confiança, com Naofumi e seus companheiros se tornando uma equipe coesa. Na 4ª temporada, após enfrentar ondas de monstros e conspirações políticas, o Herói do Escudo se depara com assassinos enviados para matar sua primeira aliada, a valente Raphtalia. Refugiando-se em uma cidade de aventureiros demi-humanos, Naofumi e seu grupo entram em novos confrontos com nobres corruptos, porque Raphtalia foi identificada como herdeira legítima do trono.
A produção continua nas mãos do estúdio Kinema Citrus, que tem o desafio de retomar a popularidade da 1ª temporada, após críticas às temporadas 2 e 3 pela irregularidade narrativa. A direção também permanece sob responsabilidade de Hitoshi Haga, que entre as temporadas trabalhou em “Star Wars: Visions”.
📺 DEALING WITH MIKADONO SISTERS IS A BREEZE | Crunchyroll
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A comédia romântica animada acompanha a vida inesperadamente agitada de Yuu Ayase, um colegial comum que, após a morte precoce de sua mãe (uma famosa atriz), é acolhido pela rica família Mikadono. De uma hora para outra, Yuu passa a viver em uma mansão luxuosa com as três irmãs Mikadono: Kazuki, uma atriz prodígio e a primogênita carismática; Niko, atleta durona campeã de artes marciais; e Miwa, a irmã caçula, um gênio acadêmico e do shogi. Cada uma delas é extraordinária em sua área – e cada uma, a seu modo, acaba desenvolvendo um interesse amoroso pelo gentil Yuu, que cuida dos afazeres domésticos e traz calor para o lar. O título jocoso “lidar com as irmãs Mikadono é fácil” é obviamente irônico: para Yuu, conviver com três garotas brilhantes sob o mesmo teto gera confusões de todo tipo, de mal-entendidos a competição entre as irmãs.
Adaptado do mangá de Aya Hirakawa, o anime reflete um tom leve e travesso típico das comédias de harém, mas com a qualidade da produção do estúdio P.A. Works, conhecido por seu esmero visual. Os cenários são caprichados – a mansão Mikadono e a escola de elite que os personagens frequentam são retratadas com detalhes ricos – e a paleta de cores vibrantes torna as situações cômicas ainda mais divertidas. Embora a premissa de Harém passe longe de ser inovadora, a execução cuidadosa e o coração presente na narrativa a tornam “surpreendentemente fácil” de gostar, justificando o espirituoso título.
📺 I WAS REINCARNATED AS THE 7th PRINCE… | Crunchyroll
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A excêntrica série de isekai de título longo – “Reencarnei como o 7º Príncipe para Aperfeiçoar Minhas Habilidades Mágicas com Calma” – retorna em 2ª temporada, continuando a jornada absurda de Lloyd de Saloum. Outrora um grande mago ancião em outra vida, ele renasceu como o sétimo filho homem de uma família real. Livre da pressão de herdar o trono por ser “apenas” o sétimo príncipe, ele dedicou sua infância a estudar magia como um obcecado – realizando experimentos nada ortodoxos e adquirindo um poder mágico ridiculamente elevado. Agora adolescente, ele explora o reino em busca de grimórios raros e desafios dignos de suas habilidades, enfrentando inimigos que subestimam seu visual angelical.
Na 2ª temporada, Lloyd busca aprender magia sagrada, uma prática restrita aos religiosos. Isso o leva a uma igreja, onde encontra duas personagens cruciais para seu desenvolvimento: Escher, uma freira loira que adora cantar, e Saria, sua irmã ligeiramente mais velha e também princesa do Reino de Saloum, que é obcecada por música. Ambas são observadas de perto por um anjo pervertido que ronda o local, com capacidade de conceber mágica, mas cujo impulso é possuir Lloyd para se divertir com as duas.
A animação, produzida pelo Tsumugi Akita Animation Lab, mantém o estilo vibrante com design de personagens que contrastam com as sequências intensas de magia. O tom da série é de comédia satírica, onde as batalhas geralmente são rápidas e devastadoras, com o humor vindo da frustração de Lloyd por não encontrar oponentes à altura ou de seus métodos exagerados chocarem quem está ao seu redor.
📺 BALLARD | Prime Video
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O universo policial criado pelo escritor Michael Connelly ganha um novo capítulo com Ballard, série derivada de “Bosch” ambientada na Los Angeles contemporânea. A protagonista é a detetive Renée Ballard, vivida por Maggie Q (“Nikita”), personagem saída dos romances de Connelly que assume a recém-criada e subfinanciada divisão de arquivos mortos do Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD).
No enredo, Ballard lidera uma equipe de voluntários e conta com o apoio de seu mentor, o detetive aposentado Harry Bosch, novamente encarnado por Titus Welliver em participação especial, para investigar crimes antigos que desafiam solução há décadas. Ao reabrir investigações negligenciadas, ela descobre a atuação de um serial killer cujas mortes não haviam sido relacionadas pela polícia. Ao lado de sua equipe, Ballard precisa enfrentar traumas pessoais, obstáculos profissionais e ameaças constantes para desvendar a verdade.
Além de Maggie Q, o elenco traz Courtney Taylor (“Falando a Real”), John Carroll Lynch (“American Horror Story”), Michael Mosley (“Ozark”), Rebecca Field (“Assassinato na Casa Branca”), Victoria Moroles (“Teen Wolf”), Amy Hill (“Lilo & Stitch”), Ricardo Chavira (“Desperate Housewives”), Noah Bean (“12 Monkeys”), Alain Uy (“Helstrom”) e Hector Hugo (“Snowfall”).
📺 LOS GRINGO HUNTERS | Netflix
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A série policial subverte a lógica da política anti-imigrantes do governo Trump, que tem caçado supostos criminosos latinos nos EUA, mostrando autoridades mexicanas combatendo criminosos americanos em seu país. Inspirada em um artigo investigativo do Washington Post, a trama baseia-se em um esquadrão real da polícia mexicana especializado em capturar fugitivos norte-americanos que se escondem além da fronteira.
Criada pelo roteirista Jorge Dorantes (“O Eleito”), a obra aposta em um realismo brutal e contemporâneo. A trama acompanha Nico (Harold Torres, de “Assassino sem Rastro”), comandante da unidade de elite da polícia de Tijuana incumbida de rastrear gringos que cometeram crimes nos EUA e fugiram para o México. Com recursos limitados e sob pressão política, os agentes precisam provar sua competência invertendo a dinâmica típica de caçador e presa entre México e Estados Unidos. Cada episódio explora a caçada a um desses foragidos, revelando tanto as táticas policiais em solo mexicano quanto as motivações dos fugitivos para atravessar a fronteira. Paralelamente à ação das buscas, um enredo de suspense se desenvolve nos bastidores: suspeitas de corrupção e um complô criminoso dentro da força policial ameaçam minar a operação por dentro.
A lista de diretores traz Natalia Beristáin (“Ruído”) e Adrian Grunberg (“Rambo: Até o Fim”), enquanto o elenco central se completa com Mayra Hermosillo (“Narcos: México”), Manuel Masalva (também de “Narcos: México”), Sebastian Roché (“1923”) e José María Yazpik (“Narcos”).
📺 1923 | Netflix
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A série original da Paramount+ chega à Netflix num acordo de redistribuição, levando a produção a novo público. Segundo spin-off de “Yellowstone”, a atração é estrelada por ninguém menos que Helen Mirren (“A Rainha”) e Harrison Ford (o “Indiana Jones”). Os dois trabalharam juntos pela primeira vez há 39 anos, como rebeldes antissociais em “A Costa do Mosquito”, e agora voltam a viver um casal, os donos da fazenda Yellowstone no começo do século 20, um período difícil da história dos EUA, quando precisam enfrentar especuladores como o antagonista vivido por Timothy Dalton (“Patrulha do Destino”).
Depois de “1883”, passada no Velho Oeste, a nova atração derivada de “Yellowstone” acompanha a família Dutton no período entre a 1ª Guerra Mundial e a Grande Depressão, marcado pela pandemia, seca histórica, crise econômica, Lei Seca e a ascensão dos gângsteres, que substituíram os cowboys foras-da-lei no noticiário criminal – além de ter uma trama paralela encenada na África. Concebida como uma produção limitada, a série tem duração de duas temporadas, compostas por oito episódios cada.
O elenco também inclui Brandon Sklenar (“Westworld”), Darren Mann (“O Mundo Sombrio de Sabrina”), Michelle Randolph (“A Noite da Bruxa”), James Badge Dale (“O Mensageiro do Último Dia”), Marley Shelton (“Pânico 4”), Brian Geraghty (“Big Sky”), Aminah Nieves (“V/H/S/99”), Julia Schlaepfer (“The Politician”) e Jerome Flynn (“Game of Thrones”). Todas as séries do universo “Yellowstone” são criações de Taylor Sheridan, indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original por “A Qualquer Custo” (2016).
QUINTA
📺 RENSGA HITS! | Globoplay
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Fenômeno do streaming nacional, “Rensga Hits!” retorna em sua 3ª temporada aprofundando os dramas e rivalidades no universo feminino da música sertaneja. Produzida pelo Globoplay e ambientada em Goiânia – berço do feminejo e do sertanejo universitário –, a produção conquista fãs ao misturar humor regional, romances turbulentos e, claro, canções originais contagiantes.
Nas temporadas anteriores, o público acompanhou a ascensão de Raíssa (Alice Wegmann), jovem interiorana talentosa que precisou enfrentar as armadilhas da indústria fonográfica e a competição feroz de Gláucia (Lorena Comparato), com quem formou uma rivalidade digna de duetos e duelos, e que a trama novelesca revelou ser sua meia irmã desconhecida. Na nova temporada, a trama avança alguns anos para encontrar Raíssa no topo das paradas e Gláucia reclusa gerenciando um pequeno bar sertanejo, numa dinâmica que se inverte parcialmente. O reencontro ocorre em circunstâncias inesperadas e dramáticas: o funeral do pai das duas serve de catalisador. É na leitura do testamento que o destino delas volta a se entrelaçar — especialmente quando Gláucia descobre que herdou uma gravadora, dando início a uma nova fase repleta de conflitos.
Tematicamente, a série continua a explorar o empoderamento feminino no meio musical, mas também questões de sororidade versus competitividade.
📺 DR. STONE: SCIENCE FUTURE | Crunchyroll
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A grandiosa saga científica de Dr. Stone leva os personagens até a Amazônia. Depois de reviver a civilização do zero, ao despertar sozinho de uma catástrofe que petrificou o mundo por milênios, o gênio adolescente Senku Ishigami segue trazendo pessoas de volta à vida, enquanto lidera seus aliados do pós-apocalipse em sua missão mais ambiciosa: construir uma nave espacial e viajar até a Lua, na esperança de desvendar o mistério do Raio Petrificante que transformou a humanidade em pedra.
Na primeira parte da temporada, batizada de “Science Future” e exibida no início do ano, Senku e seus aliados do Reino da Ciência cruzaram o oceano até os Estados Unidos em busca de petróleo (para combustível) e outros recursos vitais, onde se deparam com outro grupo desperto que desenvolveu tecnologias ainda mais evoluídas. Agora, nos episódios inéditos, a narrativa se desloca para a América do Sul. O cenário muda para a densa floresta amazônica, onde Senku, enfrentando perseguição dos novos inimigos americanos, coleta recursos para avançar em seus planos científicos, aproveitando os elementos naturais da Amazônia como parte do desenvolvimento da trama.
Os episódios mantêm o espírito educativo e empolgante que consagrou a série. Sob supervisão do estúdio TMS Entertainment, a animação chama atenção por explorar os processos científicos das invenções de Senku em detalhes didáticos, ilustrando cada passo da introdução de novas tecnologias na idade da pedra para demonstrar como tudo é cientificamente plausível. Mas não faltam lutas pelo domínio do novo mundo e cenas de ação. Esta combinação tornou “Dr. Stone” uma das séries mais populares da Crunchyroll, elogiada por tornar a ciência divertida e acessível.
📺 LEVIATÃ | Netflix
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A Netflix une forças com o prestigiado estúdio japonês Orange (de “BEASTARS” e “Trigun: Stampede”) para adaptar “Leviatã”, saga steampunk baseada na série de romances de Scott Westerfeld. Ambientado em 1914, às vésperas de uma guerra mundial alternativa, o anime acompanha um improvável duo: o príncipe austro-húngaro Alek, fugitivo após o assassinato de seus pais, e a piloto escocesa Deryn, que esconde sua identidade feminina para servir na Força Aérea Britânica. Os dois se encontram a bordo do Leviatã – um dirigível vivo, criado por cientistas britânicos – e embarcam numa jornada épica para impedir que a Grande Guerra destrua o mundo.
Sob a direção do francês Christophe Ferreira (veterano animador no Japão), a animação impressiona pela técnica: é inteiramente feita em CGI de alta qualidade, marca registrada do Orange, mesclando design de personagens estilizado com cenários ricamente detalhados. A ambientação contrasta duas estéticas: as potências “Darwinistas”, que manipulam engenharia genética para criar criaturas viventes (como o próprio Leviatã, um enorme ser voador), e as nações “Clankers”, que desenvolvem máquinas a vapor gigantescas. Esse choque entre biotecnologia e metal cria sequências visuais deslumbrantes – de baleias voadoras a mechas inspirados em tanques da Primeira Guerra.
A trilha sonora conta com o lendário Joe Hisaishi (colaborador de Hayao Miyazaki). A equipe e a qualidade da produção, aliados ao tema do romance – que mistura fatos históricos com grande imaginação – tem rendido enorme expectativa, a ponto de seu trailer virar trending topic no Japão.
📺 SOLO CAMPING FOR TWO | Crunchyroll
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Surfando na onda dos animes de campismo (como “Yuru Camp”), porém com um viés mais adulto e realista, “Solo Camping for Two” convida o espectador a acampar sob as estrelas e rir das dinâmicas de um inusitado par mentor-aprendiz. Uma série live-action exibida no início do ano no Japão ajudou a popularizar a história, e a versão animada expande algumas tramas.
O protagonista Gen Kinokura tem 34 anos e é um campista veterano que preza absolutamente a paz e a solidão de montar sua barraca na floresta longe de tudo e de todos. Já a jovem Shizuku Kusano, de 20 anos, é uma universitária novata no mundo do campismo, determinada a aprender a ser independente na natureza. Eles se juntam por acaso, quando Shizuku aparece sem equipamento no acampamento de Gen e sugere virar sua pupila, até que adquira habilidades suficientes para acampar sozinha. Assim, com o título “solo camping”, os dois saem em jornadas juntos, mas tentando manter a vibe de “cada um no seu canto”. O resultado são situações ternamente cômicas: Shizuku, inexperiente, comete gafes, e Gen, ranzinza porém de bom coração, sempre socorrendo a jovem, ao mesmo tempo em que lhe dá broncas e lições.
O anime produzido pelo estúdio SynergySP tem um ritmo contemplativo, valorizando os cenários naturais do interior do Japão, que quase funcionam como um guia turístico das paisagens. A direção de Jun Hatori (“Kawaisugi Crisis”) acerta em misturar essas sequências tranquilas com momentos de humor provocativo entre os protagonistas.
🎞️ BRICK | Netflix
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O suspense alemão propõe um claustrofóbico jogo de sobrevivência que vem sendo descrito como um cruzamento entre “Cubo” e “O Poço”. Na trama, o jovem casal Tim e Olivia – interpretados respectivamente por Matthias Schweighöfer (“Exército de Ladrões”) e Ruby O. Fee (“Próxima Parada: Lar Doce Lar”) – interrompe uma briga de separação ao descobrir que seu prédio inteiro foi inexplicavelmente cercado por um muro monolítico preto, feito de um material impenetrável e de origem desconhecida. Junto com os demais vizinhos, eles se veem completamente isolados do mundo exterior, sem comunicação e com suprimentos de comida e água rapidamente diminuindo. Conforme os dias se passam e nenhuma ajuda chega, a tensão entre os moradores confinados aumenta exponencialmente – logo fica claro que o perigo maior talvez esteja dentro das próprias paredes, na forma de desconfiança, pânico e conflitos violentos que emergem.
Dirigido e roteirizado por Philip Koch (criador da série “Tribos da Europa”), “Brick” se destaca por uma direção de arte minimalista porém eficaz: o muro negro ao redor do edifício evoca terror pelo absurdo. Dentro dos apartamentos, a câmera explora buracos cavados pelos moradores para ir a diferentes andares e rostos suados pela ansiedade, ampliando a sensação de sufocamento. Koch revelou em entrevistas que a ideia nasceu durante a pandemia e reformas prediais que o deixaram “selado” em casa, experiência que ele converteu criativamente nesta obra.
📺 TOO MUCH | Netflix
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A minissérie marca o retorno da criadora Lena Dunham (“Girls”) à TV numa tentativa de revitalizar a comédia romântica moderna. A história segue Jessica (vivida por Megan Stalter, revelação da série “Hacks”), uma nova-iorquina de trinta e poucos anos viciada em trabalho que, após um término de relacionamento devastador, decide recomeçar do zero em Londres. Inspirada pelas irmãs Brontë e desejando isolamento para se curar, Jessica planeja viver como uma reclusa na nova cidade – porém o destino (e o gênero da comédia romântica) têm outros planos. Logo ela cruza o caminho de Felix (papel de Will Sharpe, de “The White Lotus”), um britânico excêntrico e espirituoso que traz uma série de alertas emocionais (ele também carrega traumas e idiossincrasias). A química inevitável entre os dois desafia a protagonista a repensar suas convicções sobre amor, carreira e independência.
Indo da metrópole pulsante de Nova York para a Londres tradicional, a série explora o choque cultural de forma leve – há piadas sobre as diferenças de linguagem e costumes entre americanos e britânicos, e participações especiais de peso: figuras como Andrew Scott (“Fleabag”), Jessica Alba (“Quarteto Fantástico”), Richard E. Grant (“Loki”), Naomi Watts (“Bem-Vindos à Vizinhança”), Adèle Exarchopoulos (“Azul É a Cor Mais Quente”), Emily Ratajkowski (“Sexy por Acidente”), Andrew Rannells (“Girls”), Dean-Charles Chapman e Kit Harington (ambos de “Game of Thrones”) aparecem em papéis coadjuvantes, enriquecendo o universo cosmopolita da trama. A produção conta ainda com Jennifer Saunders (lendária comediante britânica) como a barwoman conselheira no pub local e a cantora Rita Ora interpretando uma amiga de Jessica.
Dunham atua como showrunner e dirige a maioria dos episódios (8 de 10), imprimindo seu estilo característico: diálogos ácidos, referências pop e uma sinceridade quase desconfortável nas cenas de vulnerabilidade emocional.
SEXTA
📺 FUNDAÇÃO | Apple TV+
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A superprodução retorna em sua 3ª temporada elevando ainda mais sua escala épica. Desenvolvida pelos roteiristas David S. Goyer (“Batman: O Cavaleiro das Trevas”) e Josh Friedman (“Avatar: O Caminho da Água”), a adaptação da trilogia clássica de Isaac Asimov é focada na queda do Império Galáctico, a civilização mais poderosa do universo. Na trama, o matemático Hari Seldon (encarnado por Jared Harris, de “Chernobyl”) desenvolve uma fórmula que prevê que os dias do Império estão contatos. Ele descobre que a atual forma de governo vai entrar em colapso e mergulhar a humanidade numa era de trevas, na qual todo o conhecimento será perdido e o homem voltará à barbárie. A descoberta o transforma em inimigo do Império e também origina um grupo conhecido como A Fundação, criado para preservar o conhecimento humano do inevitável apocalipse.
Após os eventos cataclísmicos da temporada anterior, a galáxia encontra-se à beira da convulsão: o equilíbrio de poder entre o Império Galáctico, governado pela dinastia de clones dos irmãos Day/Dawn/Dusk, e a crescente Fundação começa a ruir. O novo ciclo de episódios finalmente destaca um personagem icônico aguardado pelos fãs: O Mulo, um mutante de origem misteriosa com habilidades psíquicas capazes de subjugar planetas inteiros, interpretado com intensidade por Pilou Asbæk (“Game of Thrones”). O Mulo desponta como a maior ameaça já vista: um conquistador imprevisível que não estava nos cálculos da psico-história de Seldon, pondo em xeque todo o plano secular do protagonista, cuja presença ainda guia a narrativa, seja em flashbacks ou consciência digital.
Esta temporada expande o escopo visual e narrativo: do trono imperial em Trantor, onde o novo Imperador (Brother Day, vivido por Lee Pace, de “Guardiões da Galáxia”) lida com paranoia e fragilidade de seu império fragmentando, até os confins da Orla Estelar, onde as colônias da Fundação enfrentam dilemas morais ao se armarem para guerra, a produção exibe cenários majestosos – cidades inteiras criadas em CGI com realismo – sem perder de vista o drama humano. Lou Llobell e Leah Harvey voltam como Gaal e Salvor, respectivamente, agora lutando lado a lado para interpretar os últimos insights deixados por Seldon sobre o Segundo Império. Há um senso de urgência palpável, com episódios cheios de reviravoltas políticas e batalhas espaciais dignas de cinema, com design de som imersivo e trilha sinfônica de Bear McCreary elevando a tensão.
Os diálogos permanecem densos e filosóficos – discutindo destino vs. livre-arbítrio, fé vs. razão –, honrando o material de Asimov ao mesmo tempo que adaptam livremente eventos para surpreender até quem leu os livros. A recepção crítica até o momento aponta esta temporada como a melhor da série: a complexidade política atingiu patamar comparado a “Game of Thrones”, enquanto as linhas narrativas convergem de forma satisfatória.
📺 DEXTER: RESSURREIÇÃO | Paramount+
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O anti-herói mais perturbador da televisão retorna em nova série após os chocantes eventos de “Dexter: New Blood” (2021). A premissa surpreende ao revelar que Dexter Morgan – interpretado novamente por Michael C. Hall – sobreviveu por pouco ao tiro desferido pelo próprio filho no final do revival anterior. Agora, semanas depois, o ex-perito forense acorda no hospital, com o jovem Harrison desaparecido sem deixar pistas, e com a visita de Angel Batista (David Zayas), ex-colega da polícia de Miami. Batista, que descobriu que Dexter era o famoso “Carniceiro de Bay Harbor”, confronta o protagonista, que decide fugir outra vez, escolhendo Nova York como novo esconderijo.
A ambientação nova-iorquina imprime um ar inédito à franquia, tirando Dexter de sua zona de conforto. Desprovido de identidade e cercado por milhões de habitantes, ele precisa adaptar seu código mortífero a um cenário urbano impessoal. A série explora esse deslocamento: cenas de Dexter perambulando anônimo pela noite banhada por neon de Manhattan contrastam com o passado ensolarado de Miami. Notícias de um novo assassino em série na cidade – cujos métodos remetem perigosamente ao estilo do Passageiro das Trevas de Dexter – puxa o protagonista de volta ao jogo.
Sob a supervisão do showrunner Clyde Phillips, que comandou as temporadas clássicas de “Dexter”, “Ressurreição” traz o protagonista em nova jornada, em busca do filho para que não siga seu caminho. O que ele encontra, porém, é uma espécie de liga de serial killers, interpretados por Uma Thurman (“Kill Bill”), Neil Patrick Harris (“How I Met Your Mother”), Krysten Ritter (“Jessica Jones”), Eric Stonestreet (“Modern Family”) e David Dastmalchian (“O Esquadrão Suicida”). Dexter é apresentado ao grupo por um milionário excêntrico, vivido por Peter Dinklage (“Game of Thrones”), que se diz orgulhoso de encontrar os melhores assassinos em cada campo.
📺 TOUGEN ANKI | Netflix e Crunchyroll
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Uma das apostas da temporada de animes, “Tougen Anki” chega simultaneamente pela Netflix e Crunchyroll, reflexo da crescente popularidade do mangá de Yura Urushibara, que apesar de recente (lançado em 2020) ganhou base de fãs leais pela abordagem madura e sangrenta. A história apresenta o jovem rebelde Shiki Ichinose que, após ver seu pai adotivo ser assassinado diante de seus olhos, descobre carregar o sangue de um Oni ancestral. Isso o coloca no meio de uma guerra secreta que perdura há séculos: de um lado, os Oni (demônios) – alguns vivendo escondidos entre humanos –, e do outro, os descendentes de Momotarō (o lendário caçador de demônios), que formam uma ordem de guerreiros empenhada em exterminá-los. Sedento por vingança e dominado por um poder assustador que desperta em seu interior, Shiki é recrutado por um professor Oni carismático, Mudano Naito, para treinar na Academia Rakshasa – uma escola clandestina que ensina jovens Oni a aumentarem seus poderes e resistirem aos caçadores.
Com produção do estúdio Hibari e direção de Ato Nonaka (“Fate/Zero”), a atração exibe um visual estilizado que combina elementos de horror (os demônios têm designs grotescos e criativos, com chifres e poderes baseados em sangue) com a ação frenética típica dos shōnen modernos. As cenas de batalha são um ponto alto, coreografadas com fluidez e violência gráfica moderada, garantindo impacto. O roteiro equilibra essa ação com momentos de humor colegial e camaradagem entre os alunos Oni, lembrando o clima de “Jujutsu Kaisen” em alguns aspectos.
🎞️ DE VOLTA AO MAR | Max
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A premiada atriz irlandesa Saoirse Ronan (“Blitz”) assume um de seus papéis mais introspectivos neste drama, que explora o delicado processo de reabilitação pessoal. Dirigido por Nora Fingscheidt (cineasta alemã revelada em “Transtorno Explosivo”), o filme é baseado nas memórias de Amy Liptrot sobre sua luta contra o alcoolismo e seu retorno às raízes na remota região das ilhas Orkney, na Escócia.
Ronan interpreta Rona, uma jovem que após sair de uma clínica de reabilitação em Londres volta à casa da família nas isoladas paisagens litorâneas, buscando reconstruir os laços familiares e a própria identidade em meio ao vento frio e ao mar revolto do norte. A narrativa alterna entre o presente – com Rona lidando com a tentação constante da bebida enquanto readapta-se à rotina rural – e flashbacks de sua vida agitada em Londres, onde a personagem experimentou liberdade e desamor em igual medida. Paapa Essiedu (“I May Destroy You”) interpreta Daynin, ex-namorado de Rona que surge nas lembranças, ilustrando o auge e a queda de seu relacionamento marcado pelos excessos da cidade grande. Já de volta à ilha, Rona encontra apoio inesperado em figuras locais, incluindo o pai distante.
Ao longo de um inverno rigoroso, a protagonista reencontra a sobriedade por meio da paisagem – mergulhando nas águas geladas como ritual de purificação. “De Volta ao Mar” distingue-se pelos aspectos visuais pungentes: a fotografia de Yunus Roy Imer (também de “Transtorno Explosivo”) capta a beleza bruta das falésias e praias desertas de Orkney, contrastando com as cenas vibrantes (embora sombrias) da vida noturna londrina em flashback. Essa dualidade visual reforça os temas do filme – solidão versus pertencimento, ruído urbano versus silêncio da natureza. Exibido pela primeira vez no Festival de Sundance 2024, o longa foi recebido positivamente pela crítica, reafirmando Nora Fingscheidt como voz promissora no cinema europeu.
🎞️ ZOMBIES 4: A ERA DOS VAMPIROS | Disney+
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A franquia musical adolescente de sucesso do Disney Channel chega ao quarto capítulo com novas criaturas sobrenaturais e números musicais. Após unir humanos, zumbis, lobisomens e até alienígenas nos filmes anteriores, o casal protagonista Zed (Milo Manheim) e Addison (Meg Donnelly) agora enfrenta o desafio de mediar a rivalidade entre vampiros tradicionais e “daywalkers” – dois clãs conflituosos. Eles se tornam monitores de um acampamento de verão onde esses dois grupos declaram guerra e, com a ajuda da lobisomem Willa (Chandler Kinney) e a zumbi Eliza (Kylee Russell), precisam convencer os inimigos jurados a se unirem contra uma ameaça maior que coloca todos em perigo.
Dirigido pelo veterano Paul Hoen (responsável por todos os filmes anteriores), o longa mantém a mensagem de inclusão da série. Agora, ao colocar dois grupos sobrenaturais em pé de guerra, a história aborda conflitos interculturais e a importância de diálogo e empatia. Tudo, claro, de forma leve e divertida, e embalado por coreografias de 13 novas canções.
SÁBADO
🎞️ OS RADLEYS | Prime Video
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Na comédia sombria britânica dirigida por Euros Lyn (“Heartstopper”), o cotidiano de uma família aparentemente comum ganha contornos sobrenaturais e sangrentos. Baseado no romance homônimo de Matt Haig, o filme segue os Radley, clã de classe média que esconde um segredo inusitado: são vampiros que optaram por viver como abstêmios, rejeitando seu instinto por sangue
A história transcorre numa tranquila cidadezinha inglesa, onde pai, mãe e dois filhos adolescentes lutam para suprimir sua natureza vampírica e se encaixar entre os vizinhos mortais. Com humor ácido e pitadas de horror, o longa faz uma releitura bem-humorada do mito dos vampiros ao colocá-los em meio a churrascos de família e reuniões de pais e mestres. Damian Lewis (“Homeland”) e Kelly Macdonald (“Onde os Fracos Não Têm Vez”) interpretam Peter e Helen Radley, o casal que há anos leva uma vida pacata sob luz solar, mantendo em segredo sua verdadeira identidade.
O conflito central emerge quando a sede reprimida ameaça vir à tona: os filhos adolescentes, negados de sangue desde o nascimento, começam a manifestar os instintos vampíricos na escola e na vizinhança, forçando os pais a intervir para proteger a estabilidade da família e preservar seu disfarce na comunidade. A situação se complica quando a filha adolescente (Bo Bragason, de “Nell, a Renegada”) perde o controle e mata um colega, o que coincide com a chegada do tio Will, um vampiro sanguinário também vivido por Lewis.
A direção de Euros Lyn dosa bem os momentos de terror e humor negro, evocando a atmosfera de clássicos como “Os Garotos Perdidos” e a irreverência de séries recentes como “What We Do in the Shadows”. Visualmente, Os Radleys aposta em cenografia realista – casas suburbanas, escolas ensolaradas – contrastando com sutis elementos góticos, que reforçam a piada interna do vampiro doméstico.
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Depois de reviver a franquia “Halloween”, o diretor David Gordon Green aplicou a mesma premissa ao revival de “O Exorcista”, filmado como uma sequência direta do primeiro filme como se as sequências anteriores não tivessem existido. Para isso, ele traz de volta Ellen Burstyn no papel de Chris MacNeil, a mãe da menina possuída no filme original de 1973. Ela entra em cena para ajudar um pai desesperado.
A trama segue Victor Fielding (Leslie Odom Jr.), um fotógrafo viúvo e pai superprotetor, cuja filha Angela (Lidya Jewett) e sua amiguinha Katherine (Olivia Marcum) desaparecem após uma tentativa de realizar um ritual para contatar a mãe falecida de Angela. Três dias depois, as meninas são encontradas em uma fazenda distante, sem memória do que aconteceu. Logo, sinais de possessão demoníaca começam a aparecer em ambas.
O que começa como um mistério sobrenatural meticulosamente construído, levantando questões sobre o que realmente aconteceu com as meninas, sofre uma queda abrupta quando Victor, inicialmente cético, aceita rapidamente a ideia de possessão demoníaca e busca a ajuda de Chris MacNeil. A partir deste ponto, a narrativa abandona a ambiguidade e o ritmo cuidadoso que estabeleceu, optando por sustos fáceis, efeitos digitais e discursos inspiradores.
Enquanto o terror icônico de 1973, dirigido por William Friedkin, foi um sucesso de bilheteria e recebeu 10 indicações ao Oscar, esta continuação falhou miseravelmente em agradar o público do gênero e a crítica de cinema. Para dar ideia, o clímax apressado e pouco assustador vê Victor montando uma equipe de “caçadores de demônios” de várias religiões, reduzindo o que poderia ter sido uma homenagem inteligente e respeitosa a “O Exorcista” a um pastiche superficial. A crítica americana vomitou, resultando em apenas 24% de aprovação no Rotten Tomatoes.
* Os lançamentos em VoD (Video on Demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Claro TV+, Loja Prime, Microsoft Store, Vivo Play e YouTube, entre outras que funcionam como locadoras digitais sem a necessidade de assinatura mensal.